Foto: acervo do Grupo Kalena - Porto União da Vitória
A guerra da
Rússia contra a Ucrânia, compreendidas as suas causas históricas, nos trará
efeitos danosos, prejuízos que somente serão recuperados em décadas de
reconstrução, tanto pelas perdas materiais em razão de bombardeios da primeira
em território da segunda, quanto pelos danos morais, pela dor, pelo sentimento
de impotência, tanto de ucranianos como de russos.
Convivi com
descendentes de ucranianos, poloneses e russos nos meus tempos de universidade,
em União da Vitória e Porto União. Vinham acadêmicos de Rio Azul, Mallet,
Irati, Rebouças, São Mateus do Sul, Paula Freitas e Paulo Frontin, Cruz
Machado, Porto Vitória, Canoinhas e Mafra. Eram pessoas dóceis, afáveis, com boa conduta
pessoal e moral. Gente honesta, cujos pais ou avós vieram de seus países de
origem durante a Primeira Guerra Mundial, e continuaram vindo até então, meio
século e pouco depois. Pessoas trazem parentes, que vão ficando, estudam,
trabalham, conhecem muito de agricultura, ajudam a alimentar o mundo. Não
existe desarmonia entre eles, frequentam os mesmos meios escolares, sociais e
de trabalho.
Hoje, pensar nas
famílias com quem convivi, nos meus colegas queridos, lembrar da maneira como
falavam, de seus costumes, daquilo que aprendi com eles, faz-me sentir-me
emocionado. Trabalharam e estudaram, invertendo a ordem atual da atividade
humana. Criaram-se frequentando suas igrejas, seus clubes, influenciaram as
gerações atuais. E, aqui, rendo minha homenagem aos que participavam e os que
participam das lides da Igreja Ucraniana, em União da Vitória, pelas suas
pessoas e até mesmo pela capela que edificaram, que se situa ali após o campo
do Ferroviário, a Paróquia de São Basílio Magno. E os que participam do Clube
Ucraniano de União da Vitória, localizada ali na Marechal Deodoro, na ida do
Centro para o campo do Ferroviário, pertinho deste. Minha homenagem ao Grupo de
Folclore Ucraniano Kalena, que está prestes a completar 53 anos de atividades
culturais, executando a dança ucraniana com maestria, tendo, inclusive,
participado de festivais na Ucrânia e nos Estados Unidos, em agosto e setembro
de 2010.
Quanta cultura,
tradição e talento em suas comemorações. Banda e fanfarras com exibições
estupendas nos desfiles do Sete de Setembro. Uma vez, com seu grupo Kalena, vieram
a Capinzal, trazidos pela professora Seila Eliane Ribeiro e o Luiz Alcides
Dambrós, e sua trupe, para participação no evento “Babados em Arte”, um dos
mais concorridos e badalados da História do Vale do Rio do Peixe. Também, mais
recentemente, apresentaram-se aqui em Piratuba. Só quem conhece a capacidade de recuperação
moral dos descendentes de ucranianos e poloneses, principalmente, sabe que a
Ucrânia vai se recuperar em médio e longo prazo.
A guerra poderia
ter sido evitada. Bastaria que Putin não fosse tão ambicioso e que Zelesnki não
fosse tão prepotente. O primeiro, dá asas à sua ambição, nutrida desde quando
seu pai era cozinheiro das autoridades comunistas russas, até a chegada ao
cargo máximo em seus país, que pretende governar até 2036. E o outro, o ator
que imitava presidentes, que virou um deles, que não soube administrar a
questão separatista com habilidade, não abrindo a possibilidade de plebiscitos
ou referendos.
Meu professor de
Latin, o multititulado Leo Host, nos mostrava, no início da década de 1970, na
FAFI, que plebs seria o povo e cito a manifestação ou citação deste. O site
“ETIMOLOGIA”, traz as definições de plebiscito, que aqui cito para o leitor
compreender melhor o termo: “Um
plebiscito consiste em colocar um tema específico como questão perante o
conjunto da sociedade para conhecer o sentimento da maioria, permitindo
orientar o caminho dos g
Sangue derramado, ucranianos em fuga,
população russa também sofrendo em razão das sanções econômicas impostas por
países do Ocidente, inflação alta, falta de itens básicos de sobrevivência,
guerra de informações, a maioria oriundas da capacidades de os governos
ucraniano e russo de criarem as narrativas que lhes interessam. Todos continuam
perdendo, mesmo que houver um cessar fogo sempre haverá quem o burle e a
encrenca vai continuar por muito tempo ainda.
Euclides
Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com