segunda-feira, 14 de março de 2022

Tempos de incertezas – a guerra que nós não queremos

 



       A guerra entre a Ucrânia e a Rússia está indo muito mais longe do que imaginávamos. Pessoas estão morrendo, a economia global sofre grandes abalos, o crescimento mundial está prejudicado e todos estão perdendo. A Rússia é um importante produtor de petróleo, vendendo inclusive para os Estados Unidos. Para a Europa, vende gás natural e petróleo. Putin, o czar da Rússia, é ambicioso e sanguinário, e  o presidente da Ucrânia não teve muita habilidade em lidar com a situação, é um tanto arrogante e também tem suas ambições. Enquanto isso, as incertezas sobre como vai ficar a situação e de quando a guerra acabar  fazem com que a economia do mundo derreta.

       As sanções impostas pelos EUA e os integrantes da OTAN à Rússia, e o revanchismo desta contra o Ocidente estão causando o maior rebuliço nas economias de muitos países. O Brasil está perdendo por não poder importar os fertilizantes russos para a agricultura e está deixando de exportar-lhes carnes de frango e suínos, além de manufaturas. O preço da ureia e da amônia no mercado vai ficar muito alto e o petróleo, que estava com o preço de US$ 82.00 por barril, foi para próximo de US$ 140.00. Para nós, brasileiros, o cenário deve nos servir de lição!

       Acompanho a questão do petróleo desde 1972, quando na aula inaugural de minha faculdade, a FAFI, de União da Vitória, houve a presença do Superintendente da Usina de Extração e Processamento do Xisto, de São Mateus do Sul, Paraná. Ele nos dizia que o Brasil produzia 800.000 barris de petróleo por dia, mas que precisávamos de 1.000.000, que tínhamos reservas conhecidas para dez anos e prováveis para mais dez. Já se passaram 50 anos e temos muitas reservas, ainda. Isso significa que não sabemos, realmente, quanto do óleo precioso temos embaixo do solo terrestre e do mar. Hoje produzimos mais de 3 milhões de barris por dia e consumimos o mesmo tanto. Então, por que continuamos dependente do petróleo estrangeiro? É que nossas usinas não estão adequadas para refinar o que produzimos. Assim, exportamos um milhão de litros e importamos o mesmo tanto. Petrobras, que dá bilhões de lucro por ano e diverte seus acionistas, não pode investir em suas  próprias usinas, adequando-as para o produto bruto disponível?

       No início da década de 1970  houve a Guerra de Israel, criaram a OPEP, Organização dos Países Produtores do Petróleo, o preço por barril subiu muito. O Brasil tinha um déficit de 200 mil barris.  Aumentamos a produção, mas aumentamos o consumo. O Proálcool era um programa que visava a compensar o que nos faltava, fabricaram-se os carros movidos a álcool, depois os flexfuel, vendemos reservas do pré-sal a preço de banana, não conseguimos adequar os equipamentos para o refino, acabamos não autossuficientes em energia fóssil e nem compensamos com energia renovável.  Na fertilização, desprezamos a utilização de adubos naturais e ficamos à mercê de fornecedores problemáticos. Os interesses que determinam os rumos do mundo nos prejudicam e nós não aprendemos nada. Agora, nos vem a lição de que deveríamos ter um planejamento melhor, buscado a suficiência em termos de alimentos, energia e fertilizantes. Avançamos em tecnologias para as manufaturas e nos descuidamos daquilo que nos é básico e essencial. Ainda por cima, temos um ano eleitoral, quando as decisões governamentais e legislativas se pautam no raciocínio do voto. Não sabemos o que vai acontecer!

       Enquanto isso, as pessoas estão abandonando a Ucrânia. Vão-se velhos, mulheres e crianças, mas os homens de menos de 60 anos não podem deixar aquele país: precisam empunhar armas, compondo os exércitos para enfrentar o inimigo invasor. Trinta mil homens estrangeiros já estão na Ucrânia, voluntariando-se para ajudar a expulsar os russos. Enquanto isso, o medo se espalha pelo mundo e as pessoas até estão se esquecendo que ainda estamos submetidos a uma situação de pandemia. Os estragos estão feitos, não se sabe até quando irão acontecer e nem de que forma o mundo vai se recuperar. Então, orações ao senhor e andar mais a pé e menos de carro!

E a taça vai para...Artur Do Val! – Deputado do Podemos, pelo estado de São Paulo, e metido a “influencer”, falou as piores impropriedades que um cidadão poderia proferir, referindo-se às mulheres ucranianas como “fáceis de pegar porque são pobres”! O Nonno Frederico Richetti iria resolver isso com ele no relho, certamente. E merecidamente!

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

 

Um comentário:

  1. Antes de tudo, a guerra é um grande negócio, principalmente, para os EUA e seu complexo industrial militar. A intenção dos EUA é empobrecer a União Europeia, destruindo sua indústria e o euro, tornando-a completamente dependente.
    Através da Ucrânia, tenta encurralar o Urso russo, impedindo as trocas comerciais (petróleo, gás), principalmente. A intenção do decadente império americano é impedir que China-Rússia avancem sobre a Europa com sua nova Rota da Seda (One Belt and road).
    As sanções americanas, tão em moda, para tentar conter o avanço da Eurásia não será suficiente para melhorar a condição do império, Pior para a Europa, quando apoia uma ideia contra ela própria. Hoje mesmo, o Ministro de Energia da Alemanha, Robert Hebeck, adverte que o boicote à Rússia pode causar pobreza em massa. Alguns começam a ver onde tudo isso pode chegar...
    No Brasil, a questão da falta de fertilizantes é muito fácil de explicar: temer e bolsonaro fecharam nossas fábricas de fertilizantes e pararam as plantas que estavam planejadas.
    Essa política neoliberal desempregou milhares de brasileiros, impediu a produção nacional, e nos obriga a comprar o produto no mercado internacional, pagando em dólar.
    Com a gasolina, o diesel e o gás aconteceu a mesma coisa, venderam a preço vil nossas refinarias para importar os produtos americanos. Tem fundamento isso? Depois o povo que se informa por essa mídia venal não entende porque tudo está tão caro.
    É obsceno observar o enorme lucro da Petrobas, que deveria beneficiar o Brasil e os brasileiros, indo para meia dúzia de acionistas gringos, os sócios maiores e meia dúzia de acionistas caboclos, os sócios menores.
    José Martí, herói cubano, em sua sua sabedoria disse: "Os povos da América são mais livres e prósperos à medida em que mais se afastam dos Estados Uniodos.
    Incrível! Isso hoje vale para o mundo inteiro, a Europa que o diga...
    Assim o nosso Brasil será sempre o "país do futuro". Que pena!

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