sábado, 20 de fevereiro de 2016

Se eu soubesse pintar...

 
Se eu soubesse pintar
Começaria pelo teu rosto contente
Pincelaria teu corpo envolvente
Poria vermelho nas unhas de  teus pés...

Se eu pudesse pintar
Pintar-te-ia com roupas pretas
Que te tornam bonita, atraente
Que te deixam morena fascinante...

Se eu soubesse pintar
Pintar-te-ia como és:
Com toda a tua exuberância
Com tua beleza e elegância.

Se eu pudesse pintar
Pintaria teu rosto com tinta clara
Cor da primavera que chegara
E o próprio verão cobrir-te-ia com verniz...

Mas,  todo o teu corpo
Idealizado, desejado
Eu jamais conseguiria concretizar!
Não eu, nem outro:
Ninguém conceberia o ideal de tua perfeição...

Mas teu beijo
Sensual, gostoso, (ardoroso?)
Eu levaria!
Tuas palavras
Doces, amáveis, (adoráveis?)
Eu também as levaria!

E teus olhos fugidios teriam que fitar os meus e dizer:
"Eu te amo!"

Euclides Riquetti
02-07-97

Todos os poemas que eu te fiz

Todos os poemas que eu te fiz durante anos
Com os versos verdadeiros e  sentimentais
Um poema cor de rosa e todos os demais
Alguns bem românticos, outros mundanos...

Todos os poemas com rosas lindas, amarelas
E aqueles em que as rimas bem se definem
Ou em que elas se escondem, se comprimem
Guarda-os, não os jogues pelas tuas janelas...

Atrás da janela do tempo deves guardá-los
Como eu os guardo dentro de meu coração
Pois com rosas champanhe eu quero  dá-los
Para quem me legou a mais forte paixão...

Porque ninguém irá  te amar como te amei
E ninguém te fará todos os versos que eu fiz
Ninguém te dará as doces palavras que te dei
Ninguém te desejará tanto que sejas feliz!

Euclides Riquetti
2O-02-2014





Sábado de sol e de cor


Sábado de sol e de cor
Dia de alegria desmedida
De andar livre na vida
Nada de trizteza, nem dor.

Sábado com muita euforia
Dia das doces sensações
De dar asas às emoções
Nada de melancolia.

Sábado dos corpos sarados
Dos corações atirando setas
Dos corações sendo flechados.

Dia de comemoração
Nas almas de todos os poetas
Que escrevem com amor e paixão!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Quando os primeiros frios chegarem


Quando os primeiros frios  chegarem
Nas noites sedutoras  do mês de abril
Depois de um dia de sol e céu de anil
E nossos pensamentos se encontrarem...

Quando, depois da jornada cansativa
Estiver exausta, sentindo a dor no corpo
E se perder no seu pensamento absorto
Lembre de que, além de sua janela,  há vida.

Seja flexível com as coisas de seu coração
Inquieta, busque alivio para sua alma
Criativa para encontrar formas de solução.

Busque, incessantemente a sua felicidade
Conduza sua vida pela estrada calma
Viva com alegria e com intensa paixão.

Euclides Riquetti

Quanto vale a experiência?

 
  Replay: 
         Sempre tive em mim que a experiência é um fator  fundamental em tudo. Quando era jovem ia jogar futebol e, sendo magro e alto, corria muito. Chegava à bola antes que os adversários. Mas, de posse dela, queria me livrar, pois tinha receio de que ma roubassem. Então dava chutões para a frente.

          Nos tempos do Grêmio Lírio, em Zortéa, comecei a jogar futsal junto com os colegas do GEMCRA (Grêmio Esportivo Major Cipriano Rodrigues Almeida), de nossa escola. Dois professores, eu e o Izaías Bonato. E alguns jovens, nem todos eram nossos alunos. Lembro do "Baxo"  (Leonildo de Andrade) e o irmão dele, Preto;  havia o Tarugo (Ulisses Gonçalves)  o Nene, irmão dele.  Eu tinha 24 anos e me achava velho. Era reserva. Um dia entrei ao final e dei dois passes perfeitos: foram dois gols e viramos para 2 a 1. Passei a ter confiança e a jogar bem. Mas,  no futebol de campo,  ainda era de me livrar da bola.

          Melhorei isso quando o Sady Brancher virou treinador do Grêmio Lírio. Ele foi um grande jogador do Arabutã FC em Capinzal, nos tempos do Campo Municipal, ali no centro da cidade. Viu-me no futsal e me convidou a treinar no campo. Eu era firme na marcação e desarme. Colocou-me na lateral direita. Joguel na posição por mais de 20 anos. Aprendi a dar os passes certos, a reter a bola e a bater escanteio na ponta esquerda, em curva. Eu resistia mais no gramado com 40 anos do que quando tinha 18, pois aprendi a dosar a energia e a distribuir melhor o jogo. Passei a valer-me da experiência!

          Na semana passada,  fui a uma borracharia para ver o que vinha acontecendo com um pneu do carro de minha filha. Estava anoitecendo e indicaram-me uma que atende depois da hora, ali na entrada da Vila Cordazo, em Joaçaba. Cheguei lá e havia um senhor moreno, de pequena estatura (do tamanho do Pedro Lima, nosso boiadeiro de Ouro e Capinzal), cabeleira cheia e se agrisalhando. Aparentava mais de 60 anos, o que vi confirmado adiante. Descobri que era irmão do Alduíno Silva Amora. Enquanto ele e o filho iam concluído o serviço já iniciado em pneus de duas motos, fui conversando e tentando descobrir fatos sobre a família deles. O Amora foi um dos pioneiros do Bairro São Cristóvão, em Capinzal. Adquiriu uma área onde era uma casa do pomar do saudoso Ermindo Viecelli e estabeleceu-se com sua "Recauchutadora Amora". De  origem humilde, trabalhou como borracheiro em Joaçaba e teve a visão empreendedora de estabelecer-se em capinzal, bem no local que mais cresceu nos últimos 30 anos, próximo à antiga Perdigão, agora BRF.

          Fiquei muito amigo dele quando eu era Presidente do Conselho da Paróquia de São Paulo Apóstolo, em Capinzal. Se precisássemos, nos trazia 20, 30 homens de confiança para prepararem o churrasco. Foi uma das mais fortes lideranças da história de Capinzal, embora não tenha vivido muitos anos. Numa das enchentes do Rio do Peixe, possívelmente em 1989, o Amora foi visitar uma filha em Lacerdópolis. Ao voltar, na ponte sobre o Rio lajeado dos Porcos, ali na propriedade dos Tessaro, na divisa entre Ouro e Lacerdópolis, a água havia passado sobre a ponte. Deixou a caminhonete no lado de Lacerdópolis e atravessou o pela água. Adiante, um Km mais ou menos, a então Rodovia SC 303 tem uma baixada onde sai uma estrada de chão para o Ramal Lovatel. O asfalto estava com mais de um metro de água e com correnteza. Três dias depois de dada sua falta, quando o rio baixou seu nível, foi encontrado lá, na sarjeta da rodovia, sem vida. vestia blusa de lã tricotada e botas de couro. No barranco, as marcas dos dedos das mãos tentando subir, salvar-se, mas não foi possivel...  Algum tempo depois, nova desgraça: Um incêncio destruiu a Recapadora Amora. (Isso motivou as lideranças a lutarem para a implantação do Corpo de Bombeiros de Capinzal e Ouro).

          Relembramos, saudosamente, com o Sr. Lauri, da família do "Amora". Disse-me que, há três anos, a viúva também faleceu. E que outro irmão também perdeu a vida por afogamento.

          E o pneu? Bem - o pneu - quando percebi, ele já estava afundando-o no tanque de água e mostrando-me que havia um furo por onde o ar saía. Perguntei-lhe por que os outros borracheiros diziam que o pneu estava bem, enchiam-no,  mas em uma semana ficava vazio, e ele respondeu-me: "É que a piazada nova coloca trinta libras e põe pra ver onde está vazando. Eu coloco sessenta libras. Se o pneu resiste, é seguro e aparece o furo. Depois que arrumo, coloco um "macarrão", baixo para trinta libras e o serviço fica garantido.

          Agora, lembro-me do primeiro dia de meu estágio no Colégio Estadual Túlio de França, em União da Vitória: Saí escrevendo no meio do quadro, não utilizei bem o espaço e coube uma observação do professor Breyer ( o do mel), secundada pelo professor  Geraldo Feltrin: "Cuide da distribuição da matéria no quadro!".

          Trinta e um anos escrevendo no quadro negro e  quadro-verde, mas sempre aproveitando bem o espaço. A experiência, no futebol, no trabalho, e nas emergências, conta muito! Por isso mesmo, não desprezar as pessoas que têm muitos anos de estrada... Ouvir o conselho dos mais velhos e observar como eles fazem as coisas.  Até o sermão do padre fica melhor com os anos!

Euclides Riquetti
20-11-2013

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Para o amor não há fronteiras


Sintonizam-se pensamentos lado a lado 
Na transposição dos limites do universo
No sobrepor-se às fonteiras das paredes
Onde se escondem os corpos e o pecado
Nos  desejos, nos afagos  tão diversos.

Para o amor, não há fronteiras, acredite
Para nosso amor, só o céu é o limite"-

Sintonizam-se almas gêmeas que se buscam
Dos parceiros na  distância imensurável
Nas fontes de prazer apenas saciar as sedes.
Nem as trevas e tempestades os ofuscam
Porque há um  amor puro, um sentimento inabalável.

Para o amor não há fronteiras, acredite
Para nosso amor, só o céu é o limite!


Euclides Riquetti

Num lugar especial...


Num lugar especial de sua sala você sorri
Enquanto admiro a leveza de seus cabelos
Enquanto me provoca os meus desejos
Com seus lábios rosados que quero tê-los...

Num mundo de sonhos você me seduz
Enquanto divago nos tênues pensamentos
Enquanto me escondo de meus tormentos
E admiro o seu olhar, o seu sorriso de luz...

E em todos os lugares que eu possa imaginar
Você está presente com seu corpo elegante
Com todo o seu charme a me provocar...

E seus encantos que me envolvem e me fascinam
Na aura de sua imagem doce e  provocante
Inspiram-me as palavras que no soneto rimam.

Euclides Riquetti

Contorno Viário de Capinzal e Ouro vai virar realidade!

         Com forte presença de público, o governador Raimundo Colombo assinou, na tarde desta quinta-feira, 18, no Centro Educacional Celso Farina, a ordem de serviço para que seja iniciada a obra de implantação e pavimentação do contorno viário de Capinzal e Ouro. É um sonho que vem sendo acalantado há pelo menos duas décadas e que agora, em dois anos, deverá estar concretizado.

         Participamos,  ao longo dos anos, de toda a ação em prol de sua implantação. Efetivamente, a partir de 2005, no mandato de José Camilo Pastore em Ouro e de Nilvo Dorini em Capinzal, o projeto começou a ganhar corpo. Vínhamos reivindicando a obra por entendermos que as cidades gêmeas, ligadas apenas pela ponte Irineu Bornhausen, corriam o sério risco de terem sua economia e trafegabilidade abaladas em caso de calamidades resultantes de desastres climáticos.

         Numa tarde, percorremos as comunidades de Caravággio, Galdina, Residência e São Roque, nos municípios de Ouro, Campos Novos e Capinzal, para escolhermos um possível traçado. Fazíamo-nos acompanhar pelo prefeito Ourense, José Camilo Pastore, pelo Diretor de transportes Eloir Zeferino de Oliveira, o Baixinho, e pelo Engenheiro José Euclides Albuquerque, do Deinfra (antigo DER), da regional de Joaçaba. Lembro-me que o Dr. Euclides tinha consigo mapas resultantes de fotos aéreas e ia-nos mostrando um possível traçado. No caminho, nos altos da Linha Residência, encontramos o cidadão Ivo Dambrós, com quem conversamos.

          Dias depois, elaboramos um documento que foi assinado pelos prefeitos das duas cidades e por algumas lideranças políticas regionais e apresentado ao Governo do Estado. Mas quero destacar a importante atuação do Engenheiro José Euclides Albuquerque na condução do pleito e acompanhamento da elaboração do projeto.

        Paralelamente, nos anos seguintes, também envolvendo as administrações de Neri Luiz Miqueloto, em Ouro,  e de Leonir Boareto, de Capinzal. continuamos a nos fazer presentes em TODAS AS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS DO ORÇAMENTO ESTADUAL REGIONALIZADO, votando as propostas das prioridades regionais, incluindo o dito projeto. Num dos eventos, contamos com o apoio articulado do cidadão José de Abreu, de Treze Tílias, que defendia uma subestação de energia e uma UTI neonatal para Teze Tílias, e do atual vereador Davi Froza, de Herval D ´Oeste, que defendia a instalação da UDESC para Joaçaba. Nos articulamos com diretores de escolas da  rede estadual, com técnicos da Epagri e da Cidasc, e conseguimos o intento. Edson Cassiano, então secretário da Administração em Capinzal, e outras lideranças dos dois municípios, também foram nossos aliados. Lembro do médico veterinário Antônio Maria Hermes, da Cidasc, e do Engenheiro Agrônomo Túlio Dassi, da Epagri. Ainda, Hélio Basei e Adelto Miqueloto, da Epagri e Cidasc de Ouro, e da professora Denize Maria Sartori, dentre outros.

          A aprovação do traçado definitivo deu-se nas dependências da UNOESC de Capinzal, numa reunião rápida em que estávamos com os prefeitos Miqueloto e Boaretto, o secretário Edson Cassiano, o Engenheiro do Dinfra e outros da empresa que elaborou o projeto. O mesmo foi apresentado em audiência pública, no Centro de Eventos de Linha Caravággio, em Ouro, numa tarde em que as dependências do mesmo ficaram lotadas. O Governador Raimundo Colombo fez a parte dele, prometeu que, no andamento da obra da Rodovia Ouro/Jaborá, autorizaria a obra do contorno viário. Deputados da região, como Valdir Cobalchini, Reno Caramori, Neodi Saretta, Moacir Sopelsa, Romildo Titon e César Valduga também deram muita força ao projeto, que passa de sonho para possível realidade.

        Adiante, mesmo antes de eleito, o atual prefeito Ourense Vítor Faccin, que sempre participava  das audiências públicas, também apoiou e defendeu a execução.  Depois, como prefeito, juntamente com o de Capinzal, Andevir Isganzela, durante os seus mandatos, também defenderam a implantação. Alías, quero agradecer ao Prefeito Faccin por ter-me convidado a participar do evento, a quem agradeci e parabenizei, pois eu tinha um compromisso aqui em Joaçaba para a tarde e a noite de hoje.

          O contorno viário de Capinzal e Ouro constitui-se na obra mais importante para o Baixo Vale do Rio do Peixe no presente milênio, pois facilitará a mobilidade da sua população, encurtando as distâncias de Norte a Sul, de Leste a Oeste.

         Agora, aguardamos que as lideranças de Joaçaba, Herval d ´Oeste e Luzerna partam, efetivamente, para a adequação dos antigos projetos se seu anel viário, que andam empacados. Precisamos dele e somente com sua implantação melhoraremos a mobilidade por aqui.

Parabéns a Capinzal e Ouro, parabéns também a todas as pessoas que não mencionei, mas que tiveram sua participação para que esse começasse a se realizar.

Euclides Riquetti
18-02-2016

A chuva da manhã de outono


Na manhã chuvosa de outono me chega a canção
Que me vem trazida pelo vento
Pousa, suavemente, em meu pensamento
E se aloja em meu frágil  coração.

Vem, num carrossel de anjos que vêm
Com sua melodia indescritível
Canção de sabor aprazível
Vem me deliciar também.

Na manhã chuvosa de outono vem a canção que me afaga
A canção da noite, que você repete
E que me acalenta, me confunde e me embriaga.

Na manhã chuvosa de outono meu coração silencia
Enquanto se acalma, pensa, reflete:
Quer esperar você, cheio de uma doce  nostalgia.

Euclides Riquetti

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Amizades Verdadeiras - laços duradouros

Replay:
          Celebramos, neste dia 14 de fevereiro, o Dia da Amizade! Tão importante quanto o Dia do Amigo, é o da Amizade. Afinal, o ato de cultivar amizades é uma habildiade, uma arte. É algo que torna você merecedor da confiança das pessoas. A Amizade, digamos, é uma substância de valor inestimável. Quem consegue angariar amizades, pelo jeito sincero de ser, é um merecedor da felicidade. Só por isso já vale a pena propor-se a travar conhecimento com pessoas e construir amizades.

          A convivência com pessoas  gera em nós a necessidade de diálogo e este é o caminho para que a amizade se efetive entre os seres. Demonstrações de amizades entre os humanos são muito comuns, e isso independe da idade que tenham. Até entre os animais ela é muito evidenciada. Seguidamente, verificamos que animais bem distintos, que teoricamente poderiam ser considerados inimigos, cultivam entre si a amizade. É comum vermos fotos e vídeos de gatos e cahorros convivendo pacificamente, estabelecendo entre si ações de respeito e ajuda mútua. O ser humano também se entrega à amizade com animais de uma forma surpreendentemente extraordinária.  A natureza, como se vê, é magnífica, mágica.

          Sempre tive facilidade em fazer amigos, tanto que nos lugares onde trabalhei e vivi,  fui aumentando meu leque de amizades. Desde minha infância no Leãozinho ou na Linha Bonita, (Ouro), até minha adolescência e juventude em Capinzal, fui aumentando meu círculo de amigos, dos quais ainda hoje guardo muitas lembranças e saudades. Sempre que tenho oportunidade, estabeleço contado com alguns deles, as redes sociais me permitem isso, o telefone também. Os estudos no Mater Dolorum, no Padre Anchieta, no Juçá Barbosa Callado, na Escola Técnica de Comércio Capinzal. O trabalho nos armazéns do Clarimundo Bazzi, do  Arlindo Baretta, no Posto Dambrós e no Ipiranga.

          Minha mocidade em Porto União e União da Vitória, quando estudei Letras na FAFI e trabalhei na Mercedes-Benz, ou mesmo quando lecionei no Yázigy e no Colégio Cid Gonzaga, mesmo que por pouco tempo, deixei muitos e muitos amigos. Hoje, quase quatro décadas depois, ainda lembro com muitas saudades de meus colegas e professores. Consegui restabelecer contato com alguns deles, que se espalharam pelo País, mas que hoje me comunico facilmente com eles, passando-lhe recados pelo facebook. Eventualmente, em passagens pelas duas cidades, visito alguns deles.

           Os anos em que morei no antigo Distrito de Duas Pontes, hoje Zortéa, logo após o casamento em União da Vitória,  me possibilitaram construir laços com os professores, com  meus alunos e meus colegas de trabalho. Vivíamos, alegremente, participando dos eventos da Escola Major Cipriano Rodrigues Almeida, da Capela de Santa Catarina e do Grêmio Esportivo  Lírio. E do trabalho na Escola e na Zortea Brancher, na época a maior indústria da microrregião. Vivenciamos educação, esportes,  trabalho, religião e vida social.

          A atuação como professor na  Escola Sílvio Santos, em Ouro; no CNEC e no  Mater Dolorum, em Capinzal, e na Prefeitura do Município de Ouro, onde fui Secretário em diversas pastas e, aos 35 anos Prefeito Municipal, também me permitiram conhecer muito bem as pessoas com quem convivi e guardo  muitas boas lembranças delas. As atividades na Paróquia de São Paulo Apóstolo, em Capinzal;na Associação dos Professores de Ouro e Capinzal, e em diversas outras entidades, também me trazem ótimas lembranças. O futebol no Palmeirinhas da "Rua da Cadeia" (Ouro),  no Grêmio Esportivo Lírio (Zorte), no  Arabutã FC (Ouro e Capinzal), no Grêmio Navegantes, também foram somando amizades em minha vida.

          Agora, a convivência numa nova cidade, Joaçaba, uma vizinhança muito boa, o respeito mútuo, a alegria de escrever no Jornal Cidadela e no meu blog,  a de andar pela cidade, correr na Pista do Clube Comercial, caminhar pelas ruas da Cidade Alta e do Centro da Cidade, tudo isso me deixa contente.

          E, se chegamos até esta época de nossa vida somando tanta experiência e vivência, só temos que agradecer à Deus, à Família e às Amizades. Que deus nos permita continuar a fazer isso por muitos e muitos anos ainda.

          Salve 14 de fevereiro - Salve o Dia da Amizade!

Euclides Riquetti

De repente, a saudade...

 
De repente, a saudade:
Saudade da infância
Das bolicas de vidro
Do meu primeiro livro
De ser criança!

Saudade, saudade:
Saudade do pão caseiro
Do mel e da nata
Do marmelo e do marmeleiro
E da marmelada.
Do café na caneca esmaltada
Do leite quente e das torradas.

Saudade, sempre saudade:
Saudade dos chinelos de couro
Das valetas de água correndo
Do joelho esfolado e doendo
De brincar de caça ao tesouro.

Saudade, muita saudade:
De brincar de couboy
Com revolvinho de espoleta de rolo
De gritar "camóin"
"Está preso, levante as mãos, seu tolo"!

Saudade, doce saudade:
De levantar cedo pra ir pra escola
De encontrar os amigos na rua
De gritar de noite pra lua
E de jogar muita bola.

Saudades, cada um sente de um jeito:
Pouca, muita, quase nada, demais
Mas todo mundo sente!

Do amor que nem bem chegou
E já se foi...
Da personagem que nos cativou
Marcou
E foi-se logo depois.
Saudade, tão vaga como uma oração
Sem sujeito
Que invade meu peito
Mas que ocupa extenso lugar no meu, no teu
No nosso coração!

Euclides Riquetti

Em qualquer estrada sinuosa

Em qualquer estrada sinuosa
Em uma rua defeituosa
Podem andar veleidades
Acima e abaixo, nas cidades
Com sua mente prodigiosa.

Em cada céu azulado
Pássaros grandes, alados
Planarem alegremente
Sem direção aparente
Seguindo os destinos traçados.

Em cada dia, cada jornada
Em cada rua já traçada
No turbilhonar das mentes
As pessoas diferentes
Andam, absortas, nas calçadas.

E assim é o ser humano
Que vaga pelo cotidiano
Vai satisfazer seus anseios
Como se fosse num passeio
Pelo universo mundano!

Euclides Riquetti
17-02-2016


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O sol da noite escura


O sol da noite brilhou de repente
Intensamente
Depois  foi embora
Suavemente
Com seus raios transparentes.

Ele veio apenas para clarear os espaços
Pavimentar a avenida do amor e da paixão...

Foi o amor-sol que brilhou
E que me aliciou
Dentro de seu coração
E que me guiou até  seus braços.

O sol da noite escura  se fez sol de prata
E, no encanto da serenata
Brilhou!
Brilhou na noite como brilha no dia
Por pura magia...

O sol da noite
Forte, magnânimo
Reenergizou o meu ânimo
E fez rebrotar em mim plantinhas que estavam amedrontadas.

Agora, pedir que nossas almas sejam reconfortadas
Iluminadas pelo sol da noite
E por Deus abençoadas!

 Euclides Riquetti
 

Quando tudo parecer ruir ( A mão do Mestre Divino)

Quando tudo parecer ruir, como que a desabar
Quando sumirem os nossos sonhos acalentados
Porque, talvez, nunca foram bem alimentados 
E nosso mundo, trêmulo, nos parecer desandar...

Quando tudo parecer impossível, difícil demais
E as coisas estiverem muito longe, inatingíveis
Como que se os céus se tornassem incoloríveis
E virmos  que as esperanças não retornam mais...

Quando as cortinas alvas deixarem de balançar
Porque foram trocadas por panos escurecidos
E o canto dos pássaros forem todos substituídos
Dando lugar à desafinação de uma tempestade...

Quando se dissiparem os nossos largos sorrisos
Porque nossos rostos se perdem nas lembranças
E, mesmo as crianças, perceberem as mudanças
Diante de nossos olhares frios  e entristecidos...

Então deverá nos vir a Mão do Mestre Divino
Sobrepondo-se a nosso corpo e nossa alma
Trazendo a bênção que nos anima e acalma
E que mandará embora nossos desatinos!

Euclides Riquetti
16-02-2016



As lembranças de Dona Noila

 
          Conheci a Dona Noeli Lorenzetti Gabriel num jogo de "voleibol câmbio", na Colônia de Férias do Hotel SESC do Cacupé, em Florianópolis, na tarde do dia 07 de novembro deste ano. Estava ali, ao lado da quadra, vendo o jogo. Convidei-a a entrar no jogo, pelo nosso time. Justificou-se, disse que não estava acostumada a jogar. Era educada, demonstrava ser uma pessoa muito respeitosa e sensível. Acabou aceitando o convite e participou das brincadeiras que nos eram oferecidas pelos recreadores do SESC. No seu crachá, o nome: Noeli. As amigas a chamavam de Noila!

          No dia 9, sábado,  nos encontramos na fila do Restaurante, na hora do almoço. Já havíamos retirado as bagagens dos alojamentos, deveríamos voltar a Joaçaba logo depois.  E, nessas ocasiões, costumamos fazer amizades com pessoas que trazem si  seus segredos, suas histórias, seus dramas.  E, assim, nem me lembro como, começamos a conversar, eu e a Noila,  como se fôssemos amigos de longa data. Foi imediata empatia. Falamos de família, de filhos. Ela é de Concórdia, eu disse que morava em Joaçaba, então  passou a me relatar sobre um filho que morara em Joaçaba quando ele tinha 22 anos, era piloto de aviões e instrutor de voo. Viera para Joaçaba para dar aulas de voo no Aeroclube.

          Dona Noila falava-me com alegria do filho, com muito orgulho. Disse-me que aqui ele viera jovem e surpreendeu os Srs. Beló e Avelino Dorini Primo, pois estes não imaginavam que alguém tão jovem pudesse vir ensiná-los a pilotar aviões.

          Perguntei-lhe onde ele estava e seu rosto serenou, mas sem perder o brilho do semblante de uma mãe que fala com orgulho do filho: "Meu filho morreu, foi em 23 de dezembro de 2009, no Maranhão. Ele estava pilotando um helicóptero, que caiu numa mata. Ele e o co-piloto morreram  só foram achados quatro dias depois... "

          Fiquei enternecido. Aquela senhora bondosa, que deixava simpatia transbordar de seu coração, falava com alegria do filho que perdera. Contou-me sobre o drama de esperar, por quatro dias,  notícias sobre a localização do filho desaparecido nos céus de Carolina, uma cidade do Maranhão, para onde fora pilotar depois que foi embora de Joaçaba.  E, quando a notícia veio, apenas a confirmação de que ele, Enndel Gabriel, e seu co-piloto Aloysio, havia perdido a vida, seus corpos foram encontrados carbonizados.

          Imaginei o sofrimento daquela mãe, que tudo fez para que seu filho tivesse uma boa educação, apoiando-o na realização de seus sonhos. E ela me dizia que não estava triste, pois sabia que ele estava fazendo aquilo de que gostava. Disse que ele estava num grande momento da vida, muito feliz com o relacionamento que mantinha com a noiva, Daniele Leite, e com o seu trabalho. Pediu-me que quando encontrasse o Primo lhe falasse que a conhecera, perguntasse sobre a vida o  Enndel Gabriel aqui em Joaçaba.

          Pois tive contato com o Primo, meu amigo dos tempos de adolescência, lá de Capinzal. Encontrei-o nesta semana numa loja no centro de Joaçaba, ele mora e trabalha aqui.  Disse-me que o piloto era formidável, que foi o melhor instrutor que conhecera. Que o rapaz morou no centro de Joaçaba, tinha muitos amigos por aqui. Aprendera muito sobre aviões com ele. Fez seu serviço e depois foi embora..,

          Uma das coisas que muito me marcou foi o reconhecimento de Dona Noeli com relação ao pessoal aqui de Joaçaba. Disse que, mesmo depois de mais de uma década, foram lá confortar a família quando da tragédia. E reafirmava-me que, mesmo tendo perdido o filho, aos 36 anos, tinha saudades, mas estava feliz, pois sabia que ele fora um piloto feliz e realizado.

          Na viagem de volta, conversamos sobre outros assuntos, sobre "viver a vida", sobre ter família, sobre gostar das pessoas, admirá-las. Pois, que este Natal seja para ela e seus familiares um belo momento, o de celebrar as lembranças boas que lhe ficaram no coração.

Abraço bem afetuoso, Noila!

Euclides Riquetti
23-12-2013

Busque encontrar um porto seguro


Quando em seu coração houver turbulência
Estiver abalada, ferida de agonia
Busque reencontrar a calmaria
Faça seu pensamento navegar com maestria
E vá  buscar motivação para a existência.

Quando sentir que o céu de seu dia ficou escuro
E que o chão parecer ter-se aberto de repente
Cuide de analisar o que seu íntimo sente
Tome a atitude que precisar, firmemente
Para ir de volta ao seu porto seguro.

Busque encontrar quem lhe dê apoio
Irrestrito, amplo, incondicional
Pois quem ama, a ninguém quer o mal.

Procure agir de modo simples e natural
Na tarefa de separar o trigo do joio...

E se a tarefa lhe parecer difícil e espinhosa
Pense em mim, delicie-se com meus beijos
Na noite silenciosa, longa, silenciosa...

Euclides Riquetti

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Houve um dia um sol

Houve um dia um sol que brilhou em você
Mas que, talvez, por alguma razão
Com o tempo apagou-se e foi embora
Um sol que nasceu em seu coração
Isso já faz tanto tempo, é coisa de outrora...

Houve um dia um sol que cativou você
Mas que se traduziu apenas numa mera ilusão
Talvez seus raios não fossem tão fortes
E acabaram deixando-a sem chão
Assim perdida, sem rumo e sem norte...

Acho que foi um sol de inverno com raios tímidos
Ou de verão com os raios agressivos
Só não foi o sol que aqueceu você...

Acho que foi um sol falso, sem firmeza, nem cor
Não foi o da beleza, nem  o da franqueza
Que não lhe deu amor, que não lhe deu amor
Apenas dor, decepção,  muita dor...

Mas poderão vir outros dias de sol e de fulgor
Trazendo alegria, carinho e  afeto
Nas manhas amenas e nas tardes de calor!
O carinho esperado, o afago certo:
O sol que vai merecer você!

Euclides Riquetti

O que sua mãe lhe deixou, amiga?

Para relembrar...

          "Que legado uma mãe pode deixar para uma filha? Que tipo de lembranças, de lições, ensinamentos?"

          Imagino que a amiga leitora deve estar  remetendo seu pensamento de volta ao seu tempo de criança. Às   saudosas lembranças daquele ser que a pôs  no mundo, deu-lhe educação, orientou-a, ajudou-a  de alguma fora. Até a amparou na hora em que teve  filhos. Muitas, felizmente, ainda as têm por perto, muitas vezes dividindo  com elas o mesmo teto. Mas mesmo meninos e  rapazes seguem os ensinamentos de suas mães, pois são elas que estão presentes na maioria do nosso "tempo de criança".

          Perguntei a uma jovem senhora que lembranças ela tinha de sua mãe, que hoje já está velhinha:

         "Minha mãe teve uma presença muito forte e marcante em minha vida, embora eu tenha saído de casa muito jovem, antes de meus dezoito anos. Ela me deixou alguns príncípios e valores que sempre procuro seguir. Respeitar as pessoas e dar-lhes o devido valor. Não ter nada do que não é legitimamente nosso. E, se alguém nos der algo, fazer um serviço para retribuir. Oferecer-se para fazer-lhe alguma coisa. Todos podem pagar por aquilo que recebem".

          Certamente que, seguindo essas orientações, ela se deu bem, constituiu sua familia, estudou, trabalhou e pode-se considerar uma pessoa realizada e feliz.  Claro que também aprendeu os afazeres do lar, os cuidados com a casa, com a comida, com as roupas. E, aquilo que se aprende com a mãe se internaliza, fixa, preserva-se.

          Ora, como é bonito ver uma pessoa dizer:  "Esta cuca me faz lembrar das cucas que minha nona fazia. E que, depois, minha mãe também fazia!"  E, agora, certamente que esta mãe, que pode já estar também sendo avó, ensinará suas filhas ou netas a fazer. Mas também poderia dizer em relação à macarronada  com seu delicioso e incomparável molho, o bolo de anivesário carinhosamente preparado ou enfeitado, a bolacha pintada com açúcar cristal colorido ou  com aqueles chumbinhos de confeitos. Ou a toalha bordada, o jogo de cama bordado e crocheteado, a blusa tricoteada, a toalha franjeada.

           Por falar em toalha, quando fui para a Faculdade e mudei-me para Porto União, minha mãe me fez uma toalha de algodão com uma belas franjas bem  trabalhadas. Era macia, gostosa, linda! Mas, naquele tempo, eu não entendia muito desse valor que as coisas têm, que trazem na sua elaboração o carinho das mãos dadivosas ou mesmo as lágrimas de uma saudade que ainda virá... E, para mim, veio, muitas, muitas vezes, fazendo brotarem-me lágrimas de saudades!

          Ah, cara leitora, que bom ter tido uma mãe presente, mesmo que morando longe dela!  Ou podido partilhar com ela todas as emoções de ter gerado os filhos, ver chegarem  os netos!

          Pois convido você a meditar. A voltar ao passado. A lembrar, relembrar. A analisar, com profundidade, quantas e quantas belas lições ela lhe deixou. Quantas vezes foi ombro para você chorar e, com sabedoria, ensinou-lhe a dar tempo ao tempo, aguardar a chegada de soluções para os problemas, respostas para suas angústias?  E, se ela não está mais aqui, faça-lhe uma bela e silenciosa oração. Deixe seu coração rezar por você. Se ainda vive, ligue pra ela, agradeça por aquilo que ela lhe deixou e lhe ensinou. Ou, se ela está perto de você, dê-lhe um abraço, enregue-lhe uma flor, deixe que ela perceba que você é aquela filha que ela quis ter.

          Hoje, em especial, da forma que for possível, dê-lhe seu mais profundo carinho!

Euclides Riquetti
05-12-2013

Meu sorriso foi-se com o vento

Foi-se embora meu sorriso, foi-se com o vento
Saiu de mim e foi-se de repente
Deixou-me no infortúnio e no lamento
Foi-se, assim, infelizmente!

Não sei onde meu sorriso foi campear
Mas sei que não voltou, desapareceu
Nada mais que me leve a comemorar
Onde será que ele se escondeu?

Foi-se meu sorriso, foi-se pra chorar
Ausente, oculto, sem a maior reação
Talvez buscando novo porto pra ancorar
Buscando um novo porto-coração!

Não sei se é ainda é possível recobrá-lo
O que fazer para que retorne, enfim
Mas bem que eu pretendia recuperá-lo
E tê-lo aqui bem junto a mim!

Euclides Riquetti
15-02-2016





Canção para Eduarda

 
Ao cantar esta canção
Me lembro, com emoção
Da praaaaia!...

Foi lá que eu te conheci
Me encantei quando te vi
Na praaaaia!...

Encontrei-te junto ao mar
Com a  areia a te queimar
Da praaaaia!...

/Hoje eu canto esta canção/Que me traz tanta emoção/
Ao lembrar o som do mar/Ao lembrar o som do mar... do mar!/
(duas vezes)

Foi amor, foi alegria
Foi amor naquele dia
Na praaaaia!...

Eu me lembro bem feliz
Do ceú claro, azul aniz
Da praaaaia!...

Na verdade eu nunca tinha
Visto algo tão bonito
Na praaaaia!...

/Hoje eu canto esta canção/Que me traz tanta emoção/
Ao lembrar o som do mar/Ao lembrar o som do mar... do mar!/
(duas vezes)

Foi  minha vez primeira
A pisar naquela areia
Da praaaaia!...

Não me deste o telefone
Mas escreveste teu nome
Na areeeeia!...

Até hoje te procuro
Seja claro, seja escuro
Na areeeeia!...

/E hoje eu canto esta canção/Que me traz tanta emoção/
Ao lembrar o som do mar/Ao lembrar o som do mar... do mar!/
(duas vezes)

Nota:

Canção poética composta especialmente para a filha da prima
Vero Richetti, Eduarda, de Cascavel-PR. Decendente de meu Tio
Marcelino Richetti.
Euclides Riquetti
07-11-2013

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Se quiser a liberdade, conquiste-a

Se quiser a liberdade, conquiste-a
Faça tudo sem magoar ninguém
Mas nunca perca isso de vista:
Pessoas sofrem se perdem alguém!

Se quiser a liberdade, busque
Conquiste-a, sim, gradativamente
Mesmo que sua luz facial se ofusque
Outra virá para brilhar novamente!

A liberdade é um direito de todos
Como é direito do poeta poetar
Libertar-se dos enganos e engodos
É uma forma de se auto-amar!

Mas, quando a liberdade aprisiona
Que vantagem há em tê-la?
Se muita dor ela gera e ocasiona
Será que ela vale mesmo a pena?!

Euclides Riquetti
14-02-2016


Sonhos errados

Sonhos errados que se tornam pesadelos
Sempre que sejam por nós sonhados
E, depois, não haverá como desfazê-los
Não haverá como serem apagados...

Sonhos errados, caminhos e rumos errados
Trajetória incerta, viagem sem direção
Decepção nos corações já abandonados
Perda da lógica, do equilíbrio, da razão...

Sonhos errados,  geram o arrependimento
Como fincarem-se estacas em areia movediça
Confusão nas ideias e nos pensamentos.

Sonhos errados, que geram os lamentos
Prisão perpétua com janelas de treliça
Sonhos herdados que nos legam sofrimentos!

Euclides Riquetti
14-02-2016

Sonhei porque você me permitiu sonhar...

  
Sonhei com você na noite estrelada
Sonhei o sonho que meu coração ditava
Foi desde o anoitecer, até de madrugada
E acho que você também sonhava...

Sonhei o sonho do fogo e da perdição
Sonhei com você que me queria demais
Foi um sonho de amor, de verdadeira paixão
Como eu nunca sonhara jamais....

Alimentamos nossos sonhos neste verão
E juntos bailamos um gostoso bailar
Embalados na melodia da doce canção.

Sonhei com você o sonho do meu desejo
Sonhei porque você me permitiu sonhar
Sonhei  com a alma, com o corpo e com beijos...

Euclides Riquetti

De Arte, de Marília e de Dirceu

         Em nossa passagem por Ouro Preto, em Minas Gerais, ao final de janeiro, visitamos a casa onde funcionava no século XVII, uma Ouvidoria. Localiza-se a poucos metros do obelisco erigido em memória aa Tiradentes. O prédio, da antiga colonização portuguesa, abriga uma entidade que congrega pessoas que liam com arte. No andar térreo, há uma feira de artesãos locais, onde senhoras de média ou de avançada idade, produzem peças belíssimas a partir de tecidos de algodão, dentre outras coisas. Lá, conheci uma jovem de nome Luzia, muito simpática e atenciosa, que é fã do saudoso cantor gaúcho Teixeirinha, que já esteve no Rio Grande do Sul para conhecer e falar com familiares do mesmo. Ela sabe cantar suas músicas, é uma grande fã dele, o que muito me impressionou. Natural daquela cidade, não imaginei que lá houvesse que gostasse da música do maior representante da música gaúcha de todos os tempos.

          Numa observação mais detalhada, o visitante verá que a edificação não é apenas um casarão antigo, que está sendo ocupado para projetos de finalidade cultural. Estará visitando a casa onde vivei, a partir de 1778, o jurista Tomás Antônio Gonzaga, nomeado como Ouvidor Geral da Comarca de Vila Rica, hoje Ouro Preto, que nasceu em 11 de agosto de 1744. Além de seus conhecimentos jurídicos e de administrador, Gonzaga, de 40 anos, escrevia poesias. Dedicava-as a uma bela moça que conhecera. Da Ouvidoria, olhando para o Noroeste, podia avistar a casa de Maria Doroteia Joaquina de Seixas, de apenas 17 anos, e lhe escrevia poesias que viriam a fazer parte do livro "Marília de Dirceu". A família da moça, muito tradicional, não aprovava o romance,  mas aos poucos a resistência foi-se dissipando e chegaram a marcar a data para o seu casamento. Eram apaixonadíssimos um pelo outro.

              Acusado de participar da Inconfidência Mineira, foi degredado para Moçambique, onde, por conveniência, acabou casando-se  com Juliana de Sousa Mascarenhas, filha de um rico comerciante de escravos, e teve um casal de filhos. É tique que ali faleceu no mês de fevereiro de 1810, sem se precisar o dia.  Adotou o nome arcádico "Dirceu" para escrever os poemas, que dedicava à amada Maria Dorotéia, a quem chamava de Marília. "Marília de Dirceu" é considerado o melhor poema árcade brasileiro e seu autor o melhor poeta do gênero por aqui. Antes da prisão, seus versos apresentam a ventura do amor e a satisfação com o momento presente. Depois, no degredo, trazem o infortúnio, a justiça e o destino.

           Estar na casa onde o poeta  viveu e dirigir o olhar para o local onde morava sua Marília, para quem gosta de literatura, é emocionante. Remeti meus pensamentos ao tempo em que os professores Filipak e Nivaldo, na FAFI, em União da Vitória, nas disciplinas de Teoria Literária e Literatura Brasileira, nos faziam viajar pelo mundo poético. E eu, sonhador, mergulhava na literatura, devorando livro de romances e de poemas, com muita paixão.

          Os moradores de Ouro Preto contam, aos visitantes, a bela história do poeta que se apaixonou pela bela moça, cuja família, muito bem situada economicamente, não aprovava o romance porque, sendo ele funcionário público, provavelmente seria transferido para outra cidade, e não queriam afastar-se da filha. Porém, o envolvimento dele com um grupo de escritores e intelectuais, que usavam pseudônimos para escrever cartas e documentos contra o Império, despertou a ira do Governo Português e ele foi deportado.

        De linguagem simples e descrevendo o ambiente bucólico, escolho extrair de "Marília de Dirceu!:

PARTE I

Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Valeu a pena conhecer uma cidade de tantos encantos, arte, e berço do arcadismo no Brasil.
 
Euclides Riquetti
14-02-2016