Acontece esta noite mais um pomposo espetáculo de carnaval em Joaçaba. Quatro escolas estarão na avenida, daqui a pouco, para brindar as cerca 15.000 pessoas que estarão ocupando os camarotes e arquibancadas da Avenida XV de Novembro. Ainda haverá centenas de pessoas acotoveladas nas janelas dos prédios ou confortavelmente abrigadas nas suas sacadas. E, talvez, umas duas mil pessoas que ficam perambulando por debaixo das arquibancadas, que não adquirem ingressos, mas assistem da mesma forma. Alguns chegam lá antes, levam seus banquinhos e cadeiras, seus isopores cheios de latinhas de bebida, salgadinhos, e fazem sua festa. Ninguém os impede, pois o carnaval recebe recursos públicos. Neste ano foram R$ 600.000,00 da Prefeitura e R$ 1.200.000,00 do Governo do Estado. É certo que as esolas, os foliões e a Liga colocam muito dinheiro na parada. Têm um eficiente método de comercialização de ingressos e camarotes e ainda muitos patrocínios publicitários de empresas que têm suas placas de propaganda fixadas nos lugares onde é possível. Duvido que se faça um carnaval assim com menos do que R$ 4.000.000,00. Mas pode ir para muito mais do que isso, não menos.
Durante a semana, emissoras de rádio vinham divulgando anúncios que ofereciam vagas para três pessoas para uma sacada bem localizada, somente para a noite de sábado, por R$ 1.500,00, ou R$ 4.200,00 para uma sacada em que caberiam cerca de 25 pessoas, também somente para a noite de sábado. Casas para serem utilizadas durante bo evento por R$ 3.000,00 de aluguel. Provavelmente que, para segunda, esses preços dominuam, uma vez que o sábado é a noite em que as escolas apresentam atores globais, principalmente a Aliança e a Vale Samba. A Unidos do Herval, de Herval D ´Oeste, e a estreante Acadêmicos do Grande Vale não têm o poder de fogo das duas escolas maiores, mas contam com coordenadores e artistas com muita experiência. E pessoas muito talentosas para desfilar. Vamos ver quem serão as surpresas deste ano. A Acadêmicos foi fundadas por dissidentes da Vale Samba e das outras escolas. Seu principal nome é o professor, ator e carnavaleco Jorge Zamoner. Seu companheiro João Paulo Dantas perdeu a vida recentemente, em acidente de carro precedido de problemas cardíacos. Eu, pessoalmente, o considero Zamoner o mais experiente na área.
Os jurados, a exemplo dos anos anteriores, vieram do Rio de Janeiro. As arquibancas e os camarotes metálicos se extendem nos dois lados da XV. Observei detalhes da segurança e verifiquei que os encaixes estão com sobreposição de reforço de arame para que não aconteça o caso de qualquer soltura. O Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval D ´Oeste, Engenheiro Felipe D ´Agostini, está surpreendendo em sua capacidade de articulação e liderança. E o item segurança é sempre a sua principal preocupação.
A concentração se dá na Avenida Rio Branco e Rua Francisco Lindner. Estive lá durante a tarde, fotografando os carros alegóricos. Naquele momento havia cessado uma chuva e acabavam de retirar as lonas que cobriam os carros. Mas havia alguns que foram molhados da mesma forma. Equipes de apoio das escolas davam os retoques finais na maquiagem das alegorias. Um colava flores nas bordas de um enfeite. Outro soldava ferros. Outro conferia o sistema de iluminação do carro alegórico. Carrinhos conduziam fardos de bebidas para serem colocadas para gelar.
Neste momento, quase 20 19 horas, o céu está um tanto escuro. Há visível ameaça de chuva. Tomara que não aconteça isso. Seria uma maldade para com todas aquelas milhares de pessoas que estarão desfilando e os que pagaram ingressos para assistir. E com os que, carinhosamente, confeccionaram fantasias, ensaiaram e estruturaram tudo.
Acompanhei já mais de uma dezena de eventos desses em Joaçaba e, a cada ano, estão melhores. Assisti ontem ao desfile de São Paulo. Posso garantir a você, leitor (a), que nosso carnaval tem alegorias melhores do que os de lá. E os sambistas daqui são espetaculares. Há uma avassaladora paixão pelo carnaval aqui. As pessoas que não puderem fazer-se presente poderão acomapnhar pela TV Bandeirantes do âmbito estadual. É claro que Joaçaba também será notícia em nível nacional porque em Florianópolis não haverá desfile. Querelas políticas levaram a isso.
Vamos torcer para que o nosso seja um sucesso. Amanhã estarei relatando mais sobre isso.
Bom divertimento a todos, com serenidade, calma e evitando os excessos de todas as formas.
Euclides Riquetti
09-02-2013
sábado, 9 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Barbeiros e topetes
Não sei por que chamam os barbeiros de barbeiros. Ora, poucos são os que vão às barbearias para cortar a barba. Vão, sim, para cortar o cabelo. Antigamente havia preconceitos contra cabeleireiros, acho que era por isso. E a maioria dos homens, hoje, prefere cortar os cabelos com as cabeleireiras. Muitas mulheres preferem cabeleireiros. Então tudo está empate. Eu pouco me importo, corto o meu pelo menos duas vezes por semana, sagradinho. Às vezes três, é uma questão de hábito...
Antigamentre, e eu sou bem antigo, eu não gostava de ir ao barbeiro por alguns motivos: primeiro, porque cortavam os cabelos com aquelas máquinas metálicas, e doía. Pouco usavam as tesouras. Tesoura era mais para quem tinha cabelão de galã. Nós, crianças, tínhamos que nos contentar com um corte bem raso. E deixavam um topete na frente, este sim moldado pela tesoura. Era um corte militar, como o dos soldados. Os italianos, lá da roça, chamávamos esse topete de sthufet. Para mim, um sthufet é um montinho de cabelos na frente, na testa. E também porque eu tinha medo da navalha que usavam para o acabamento, os aparos finais. Parecia que iriam cortar meu pescoço fora. Eu tinha medo.
O mais famoso topete de que se ouviu falar foi o do Presidente Itamar Franco. Uma vez o topete dele ficou muito comentado porque, junto com o topete, esticou os olhos para olhar para uma certa modelo que estava com ele num camarote de carnaval, acho que no Rio de Janeiro. (Ele não faria isso em Juiz de Fora...) Um fotógrafo, esperto, flagrou uma pontinha, só uma pontinha bem tiquitinha de uma peça da roupa de baixo da "peça", e foi uma azaração só. Zoaram muito daquela situação, mas a moça teve seus minutos de fama. E não foram apenas quinze, porque, adiante ela tirou umas fotos para uma revista...e ficou famosa até que ele deixou o cargo.
Lembro com saudades dos meus barbeiros: O Estefenito, no Leãzinho. Meu pai, na Linha Bonita e na cidade, cortava os cabelos dos amigos por puro amadorismo, não cobrava nada. Quando cresci fui cliente do Alcides Spielmann e do Surdi, que atendia lá no "redondo", perto da Igreja de Capinzal. Na Barbearia do Spielmann, ele tinha um quadrinho na parede com uma gravura em que aparecia o "Amigo da Onça", personagem assinada pelo Stanislaw Ponte Preta. O Amigo da Onça era um barbeiro e estava com a navalha na mão, cortando a barba de um cliente, que olhava asustado. Pudera, ele olhava para um totó e dizia: "Calma, Totó, vai sobrar um pedaço de orelhinha pra você também"! Era mais ou menos isso. O Spielmann nos contava belas histórias, entretinha os que estavam na espera da vez.
Em Capinzal, ali na esquina da XV com a Ernesto Hachmann, havia a Barbearia do Eurides Gomes da Silva. Era um barbeiro muito gentil também. Dava conselho para nós, jovens e sempre tinha uma filosofia nova para incutir. Seu auxiliar era o Maneco. Mais tarde, o Schwantes, que era nosso inquilino, foi trabalhar com eles. Aos fundos havia uma sala de jogos de mesa. O melhor jogador era o Roque Manfredini. Visitei ele aqui em Porto União nesta tarde. Está vizinho de seu irmão Alvadi e do Fernando Martini, meu colega de chapa no Diretório da Fafi. Sua alma está lá em cima. Mas eles agora são vizinhos aqui. A Barbearia do Eurides era um lugar simples, mas muito bom para passar o tempo. Os anos passaram e essas pessoas também passaram, foram morar lá em cima. Que pena!
Quando fui morar em União da Vitória, meus colegas da República Esquadrão da Vida já foram me orientando: Melhor lugar para cortar cabelo, aqui, é no Salão dos Estudantes, perto do Hotel Flórida. Recebi trote atrasado na Faculdade e no outro dia, cedo, fui raspar o cabelo naquele salão. Virei cliente. Foi bom porque meu cabelo deixou de ser liso e ficou encaracolado. Eu me sentia o tal! Até arrumei uma namorada e casei com ela. Passei por lá hoje e conversei com um barbeiro. Está trabalhando do Salão do Estudante desde 1977, justamente o ano que saí da cidade.
Quando o Spielmann morreu, seu salãozinho passou a ser atendido pelo Sr. Calgaro, que veio de Curitiba. O Calgaro também era muito calmo e tinha boas histórias para nos contar. Ficamos amigos. Quando ele partiu, jovem, seu filho Neguito o sucedeu. Ele e a sua mãe atendem até hoje.
Uma das características indispensáveis para um barbeiro ou uma cabelereira é ser um bom papo. Estar atualizado (a) ajuda a manter uma boa conversa. Mas não é só isso, tem ser muito bom em seu serviço. Quem os procura vai porque quer ser sentir mais atraente, mais bonito. Isso vale tanto para ele quanto para ela.
As mulheres sabem que um lugar para ficar sabendo "o que vai pela cidade" é nos salões de estética. Lá se sabe de tudo. O que elas não sabem é que nos salões para os homens ou barbearias os assuntos são os mesmos! Nós também ficamos sabendo muito sobre elas...
Euclides Riquetti
07-02-2013
Antigamentre, e eu sou bem antigo, eu não gostava de ir ao barbeiro por alguns motivos: primeiro, porque cortavam os cabelos com aquelas máquinas metálicas, e doía. Pouco usavam as tesouras. Tesoura era mais para quem tinha cabelão de galã. Nós, crianças, tínhamos que nos contentar com um corte bem raso. E deixavam um topete na frente, este sim moldado pela tesoura. Era um corte militar, como o dos soldados. Os italianos, lá da roça, chamávamos esse topete de sthufet. Para mim, um sthufet é um montinho de cabelos na frente, na testa. E também porque eu tinha medo da navalha que usavam para o acabamento, os aparos finais. Parecia que iriam cortar meu pescoço fora. Eu tinha medo.
O mais famoso topete de que se ouviu falar foi o do Presidente Itamar Franco. Uma vez o topete dele ficou muito comentado porque, junto com o topete, esticou os olhos para olhar para uma certa modelo que estava com ele num camarote de carnaval, acho que no Rio de Janeiro. (Ele não faria isso em Juiz de Fora...) Um fotógrafo, esperto, flagrou uma pontinha, só uma pontinha bem tiquitinha de uma peça da roupa de baixo da "peça", e foi uma azaração só. Zoaram muito daquela situação, mas a moça teve seus minutos de fama. E não foram apenas quinze, porque, adiante ela tirou umas fotos para uma revista...e ficou famosa até que ele deixou o cargo.
Lembro com saudades dos meus barbeiros: O Estefenito, no Leãzinho. Meu pai, na Linha Bonita e na cidade, cortava os cabelos dos amigos por puro amadorismo, não cobrava nada. Quando cresci fui cliente do Alcides Spielmann e do Surdi, que atendia lá no "redondo", perto da Igreja de Capinzal. Na Barbearia do Spielmann, ele tinha um quadrinho na parede com uma gravura em que aparecia o "Amigo da Onça", personagem assinada pelo Stanislaw Ponte Preta. O Amigo da Onça era um barbeiro e estava com a navalha na mão, cortando a barba de um cliente, que olhava asustado. Pudera, ele olhava para um totó e dizia: "Calma, Totó, vai sobrar um pedaço de orelhinha pra você também"! Era mais ou menos isso. O Spielmann nos contava belas histórias, entretinha os que estavam na espera da vez.
Em Capinzal, ali na esquina da XV com a Ernesto Hachmann, havia a Barbearia do Eurides Gomes da Silva. Era um barbeiro muito gentil também. Dava conselho para nós, jovens e sempre tinha uma filosofia nova para incutir. Seu auxiliar era o Maneco. Mais tarde, o Schwantes, que era nosso inquilino, foi trabalhar com eles. Aos fundos havia uma sala de jogos de mesa. O melhor jogador era o Roque Manfredini. Visitei ele aqui em Porto União nesta tarde. Está vizinho de seu irmão Alvadi e do Fernando Martini, meu colega de chapa no Diretório da Fafi. Sua alma está lá em cima. Mas eles agora são vizinhos aqui. A Barbearia do Eurides era um lugar simples, mas muito bom para passar o tempo. Os anos passaram e essas pessoas também passaram, foram morar lá em cima. Que pena!
Quando fui morar em União da Vitória, meus colegas da República Esquadrão da Vida já foram me orientando: Melhor lugar para cortar cabelo, aqui, é no Salão dos Estudantes, perto do Hotel Flórida. Recebi trote atrasado na Faculdade e no outro dia, cedo, fui raspar o cabelo naquele salão. Virei cliente. Foi bom porque meu cabelo deixou de ser liso e ficou encaracolado. Eu me sentia o tal! Até arrumei uma namorada e casei com ela. Passei por lá hoje e conversei com um barbeiro. Está trabalhando do Salão do Estudante desde 1977, justamente o ano que saí da cidade.
Quando o Spielmann morreu, seu salãozinho passou a ser atendido pelo Sr. Calgaro, que veio de Curitiba. O Calgaro também era muito calmo e tinha boas histórias para nos contar. Ficamos amigos. Quando ele partiu, jovem, seu filho Neguito o sucedeu. Ele e a sua mãe atendem até hoje.
Uma das características indispensáveis para um barbeiro ou uma cabelereira é ser um bom papo. Estar atualizado (a) ajuda a manter uma boa conversa. Mas não é só isso, tem ser muito bom em seu serviço. Quem os procura vai porque quer ser sentir mais atraente, mais bonito. Isso vale tanto para ele quanto para ela.
As mulheres sabem que um lugar para ficar sabendo "o que vai pela cidade" é nos salões de estética. Lá se sabe de tudo. O que elas não sabem é que nos salões para os homens ou barbearias os assuntos são os mesmos! Nós também ficamos sabendo muito sobre elas...
Euclides Riquetti
07-02-2013
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
A Era do Rádio
Na minha infância, quando raras famílias podiam dar-se ao luxo de ter um televisor ou uma geladeira em casa, havia um aparelho indispensável: o rádio. Ah, o rádio era a invenção mais cobiçada de todos. A maioria deles eram grandes, uns energizados com baterias, na área rural; outros a luz, nas áreas urbanas, e os acionados a pilha. ´
Ter um rádio era o sonho de nossa família. Meu pai conseguiu comprar um quando eu tinha doze anos. Imagine uma casa sem um rádio! Era um aparelho que fora remontado pelo Sr. Ernesto Fontana, em Barra Fria. O caixão, em madeira, media aproximadamente 60 centímetros. Mas o miolo ocupava metade do espaço, no máximo. Porém, pegava de tudo. Era um "caixão de abelhas". Quando alguém tinha um pequeno, era um "caixão de mirinzinho". Quando um rádio não pega bem, dizem que é uma "beiera", que traduzo para vocês como uma "abelheira"!
Aliás, as pessoas inventavam piadinhas assim: "O seu rádio pega Pato Branco? Pega? Então reserve um casal pra mim... (Alguns trocavam pato por Arapongas...) Os pedreiros sempre trabalhavam ( até hoje o fazem), com um rádio ligado. Um portátil. Diziam que pedreiro que não tem rádio portáteil "não é pedriro". O receptour a suportar o trabalho pesado sob o sol. Ter um rádio portátil era um luxo. O Breno Montanari era pedreiro e tinha um que levava ao campo nos jogos do Arabutã. Levava para escutar o Gre-nal. Quando saía um gol ele erguia o volume e todos perguntavam: "Gol de quem?"
Já o saudoso meu vizinho Idalécio Antunes de Souza, pai da Helena, era torcedor o Internacional. Quando dos tempos da Máquina Colorada, qu tinha o Falcão, o Figueroa, o Batista, ele colocava a vitrola na janela da casa e com todo o volume. Até lá do outro lado do Rio do Peixe, em Capinzal, se escutava. E, quando o Inter fazia gol, tinha foguete.
O importante era ter um rádio em casa. Um que sintonizasse pelo menos as emissoras mais cobiçadas: Bandeirantes, Record e Tupi, em São Paulo; Globo, Tupi e Nacional, no Rio; Guaíba, Farroupilha e Gaúcha, em Porto Alegre. E, os mais americanizados e europeizados, dentre os quais eu incluo meu pai, gostavam de ouvir "A Voz da América" e a BBC, de Londres. No âmbito regional, as Rádios Fátima, de Vacaria, Catarinense e Herval D ´ Oeste, de Joaçaba, Cultura, de Campos Novos, e Rural de Concórdia. E havia os que gostavam da Rádio Aparecida, de São Paulo, onde escutavam missas e pregações. Passei minha juventude ouvindo rádio.
Antes disso, quando era bem pequeno, um rapaz chegava a cavalo na casa de meu padrinho para nanorar uma das filhas dele, após a janta do sábado o programa era "ouvir rádio". E sobrava pra mim. Todos iam dormir e me deixavam cuidando deles para que nada de mal lhes acontecesse. Pegavam suas cadeiras empalhadas e ligavam, na Farroupilha para escutar "os caipiras". Ela, gentilmente, colocava um pelego ao chão e um travesseirinho para que eu ficasse mais confortável na tarefa de vigiar o casal. Eu vigiava uns minutos, mas a maciez do pelego me levava ao sono profundo. No outro dia, perguntado, eu dizia que não acontecera nada entre os namorados, que eles se portaram bem. Eu não mentia, porque, mesmo, nada havia visto, só dormira!
Em Capinzal havia, na década de 1950, a Rádio Sulina, com o Celso Farina como locutor. Também trabalhavam nela o Aderbal Gaspar Meyer (Barzinho), a Alda Viecelli e outras pessoas. Sobre a Sulina e a Clube vou escrever, oportunamente.
No final da década de 1960, à noite, costumávamos, eu e meu irmão mais velho, escutar o Paulo Giovani, na Globo, do Rio. Era um grande comunicador. Ao final, lá próximo da meia noite, apresentava uma paradinha com as mais solicitadas no dia. Eu ficava encantado com o que ele dizia.
Pela manhã, ouvíamos "Primeira Hora", na Bandeirantes. Havia um locutor, Vicente Leporace, que era muito bom. Eron Domingues apresentava o "Répórter Essso" (Alô, alô, Repórter Esso, aloooo!!!!), acho que numa cadeia de emissoras. Ao meio-dia, o noticiário Herval D´Oeste ou da Rural. Depois o rádio era desligado e só religávamos à noite, que era para não gastar muita luz... Na hora de "A Voz do Brasil" ficava desligado, porque seria um noticiário que só falava o que interessava ao Governo e nós não queríamos ouvir o que eles tinham a nos dizer.
Contou-me uma vez a saudosa Dona Elza Colombo, italiana que veio por duas vezes ao Brasil e viveu mais de 96 anos, que, durante a Segunda Guerra Mundial, os colonos do Ouro, quando iam para a cidade, chegavam à casa dela para saber notícias sobre a Guerra, que o marido, André, acompanhava. Muitas vezes ficavam lá para esperar por um noticiário, para que pudessem ouvir as pretendidas notícias, pois muitos tinham parentes lá na Europa lutando.
Quando veio a TV, diziam que o rádio ia pras cucuias. Não aconteceu isso. E você, certamente, deve ter muitas boas lembranças do rádio. Tem certeza de que nunca mandou uma cartinha e ofereceu uma música para alguém? Mesmo que tenha usado pseudônimo?
Hoje, mesmo com as emissoras de TV, os computadores e todas as mídias possíveis, o rádio ainda é nosso companheiro inseparável. E há de todos os modelos, de todos os tamanhos e para todos os bolsos. Com menos de R$ 10,00 você pode ter um. Mas é difícil encontrar um caixão de abelhas...
Euclides Riquetti
07-02-2013
Ter um rádio era o sonho de nossa família. Meu pai conseguiu comprar um quando eu tinha doze anos. Imagine uma casa sem um rádio! Era um aparelho que fora remontado pelo Sr. Ernesto Fontana, em Barra Fria. O caixão, em madeira, media aproximadamente 60 centímetros. Mas o miolo ocupava metade do espaço, no máximo. Porém, pegava de tudo. Era um "caixão de abelhas". Quando alguém tinha um pequeno, era um "caixão de mirinzinho". Quando um rádio não pega bem, dizem que é uma "beiera", que traduzo para vocês como uma "abelheira"!
Aliás, as pessoas inventavam piadinhas assim: "O seu rádio pega Pato Branco? Pega? Então reserve um casal pra mim... (Alguns trocavam pato por Arapongas...) Os pedreiros sempre trabalhavam ( até hoje o fazem), com um rádio ligado. Um portátil. Diziam que pedreiro que não tem rádio portáteil "não é pedriro". O receptour a suportar o trabalho pesado sob o sol. Ter um rádio portátil era um luxo. O Breno Montanari era pedreiro e tinha um que levava ao campo nos jogos do Arabutã. Levava para escutar o Gre-nal. Quando saía um gol ele erguia o volume e todos perguntavam: "Gol de quem?"
Já o saudoso meu vizinho Idalécio Antunes de Souza, pai da Helena, era torcedor o Internacional. Quando dos tempos da Máquina Colorada, qu tinha o Falcão, o Figueroa, o Batista, ele colocava a vitrola na janela da casa e com todo o volume. Até lá do outro lado do Rio do Peixe, em Capinzal, se escutava. E, quando o Inter fazia gol, tinha foguete.
O importante era ter um rádio em casa. Um que sintonizasse pelo menos as emissoras mais cobiçadas: Bandeirantes, Record e Tupi, em São Paulo; Globo, Tupi e Nacional, no Rio; Guaíba, Farroupilha e Gaúcha, em Porto Alegre. E, os mais americanizados e europeizados, dentre os quais eu incluo meu pai, gostavam de ouvir "A Voz da América" e a BBC, de Londres. No âmbito regional, as Rádios Fátima, de Vacaria, Catarinense e Herval D ´ Oeste, de Joaçaba, Cultura, de Campos Novos, e Rural de Concórdia. E havia os que gostavam da Rádio Aparecida, de São Paulo, onde escutavam missas e pregações. Passei minha juventude ouvindo rádio.
Antes disso, quando era bem pequeno, um rapaz chegava a cavalo na casa de meu padrinho para nanorar uma das filhas dele, após a janta do sábado o programa era "ouvir rádio". E sobrava pra mim. Todos iam dormir e me deixavam cuidando deles para que nada de mal lhes acontecesse. Pegavam suas cadeiras empalhadas e ligavam, na Farroupilha para escutar "os caipiras". Ela, gentilmente, colocava um pelego ao chão e um travesseirinho para que eu ficasse mais confortável na tarefa de vigiar o casal. Eu vigiava uns minutos, mas a maciez do pelego me levava ao sono profundo. No outro dia, perguntado, eu dizia que não acontecera nada entre os namorados, que eles se portaram bem. Eu não mentia, porque, mesmo, nada havia visto, só dormira!
Em Capinzal havia, na década de 1950, a Rádio Sulina, com o Celso Farina como locutor. Também trabalhavam nela o Aderbal Gaspar Meyer (Barzinho), a Alda Viecelli e outras pessoas. Sobre a Sulina e a Clube vou escrever, oportunamente.
No final da década de 1960, à noite, costumávamos, eu e meu irmão mais velho, escutar o Paulo Giovani, na Globo, do Rio. Era um grande comunicador. Ao final, lá próximo da meia noite, apresentava uma paradinha com as mais solicitadas no dia. Eu ficava encantado com o que ele dizia.
Pela manhã, ouvíamos "Primeira Hora", na Bandeirantes. Havia um locutor, Vicente Leporace, que era muito bom. Eron Domingues apresentava o "Répórter Essso" (Alô, alô, Repórter Esso, aloooo!!!!), acho que numa cadeia de emissoras. Ao meio-dia, o noticiário Herval D´Oeste ou da Rural. Depois o rádio era desligado e só religávamos à noite, que era para não gastar muita luz... Na hora de "A Voz do Brasil" ficava desligado, porque seria um noticiário que só falava o que interessava ao Governo e nós não queríamos ouvir o que eles tinham a nos dizer.
Contou-me uma vez a saudosa Dona Elza Colombo, italiana que veio por duas vezes ao Brasil e viveu mais de 96 anos, que, durante a Segunda Guerra Mundial, os colonos do Ouro, quando iam para a cidade, chegavam à casa dela para saber notícias sobre a Guerra, que o marido, André, acompanhava. Muitas vezes ficavam lá para esperar por um noticiário, para que pudessem ouvir as pretendidas notícias, pois muitos tinham parentes lá na Europa lutando.
Quando veio a TV, diziam que o rádio ia pras cucuias. Não aconteceu isso. E você, certamente, deve ter muitas boas lembranças do rádio. Tem certeza de que nunca mandou uma cartinha e ofereceu uma música para alguém? Mesmo que tenha usado pseudônimo?
Hoje, mesmo com as emissoras de TV, os computadores e todas as mídias possíveis, o rádio ainda é nosso companheiro inseparável. E há de todos os modelos, de todos os tamanhos e para todos os bolsos. Com menos de R$ 10,00 você pode ter um. Mas é difícil encontrar um caixão de abelhas...
Euclides Riquetti
07-02-2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
O belo que a mão de Deus esculpiu
Nosso Brasil tem uma pródiga e indescritível natureza. É uma grande aldeia natural a abrigar o homem, a inspirar o poeta. Em todas as suas regiões, mesmo que não houvesse tido a intervenção do homem, teríamos belezas a apresentar, pois há as naturais para nos encantar e encantar nossos visitantes. Duzentos, quatrocentos milhões de anos a nos fazer bem, a moldar nosso relevo de forma a se tornar, por si só, algo que nos fascina.
A orla brasileira, com seus rochedos nas encostas, ou mesmo com as milhares de praias paradisíacas, surpreendem ao visitante que vem pelo mar. A paisagem verdejante, entrecortada pelas águas dos caudalosos rios e dos mansos lagos a embasbacar os que vêm pelo céu. Os vales por onde correm sinuosamente esses rios, emoldurados por paredões de rochas, configuram paisagens singulares.
Em cada lugar, cada canto, cada ponto de nosso país, sempre há algo natural a ser admirado. Por quem nos visita e por nós mesmos. Nossa natureza é simplesmente espetacular.
Nossa Região Sul, que tem reconhecimento nacional pela sua força produtiva e de trabalho, não foge à regra brasileira. São três estados e muitas semelhanças. Estados celeiros.
No Paraná, além de toda a sua serra litorânea, de suas belas praias, há dois recursos que chamam a atenção do mundo: O Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa; e o Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu. São dois momumentos naturais de reconhecimento mundial.
No Parque do Iguaçu, onde tivemos a oportunidade de estar algumas vezes, destaco as Cataratas do Rio Iguaçu, aquela imensidão de águas que a natuureza habilmente para ali conduz, com quedas de até 80 metros de altura. Um mar de águas. E a localização numa área de terras que comporta sítios naturais e de preservação biológica. Milhares de animais e plantas, das mais variadas e raras espécies formam sua fantástica bodiversidade.
Em Vila Velha, nos Arenitos, em múltiplas formas; nas três Furnas, com até 80 metros de profundidade, ou na Lagoa Dourada, não há como não ficar embevecido com o que a natureza nos legou ali. É muito capricho! Parece que Deus tirou muitas de suas horas daqueles sete dias na Criação do Mundo para projetar aquilo qu está ali hoje. Lembro-me de que, durante muitos anos, quando se compravam fósforos da marca Irati, estampava a caixinha uma gravura de um cálice de arenito, muito conhecido. Animais raros podem ser localizados naquele parque.
Aqui em Santa Catarina, um dos grandes monumentos naturais é a Serra do Rio do Rastro, que liga a Serra Catarinense ao Planalto Serrano, basicamente nos territórios dos Municípios de Lauro Müller e Bom Jesus da Serra. A a intervenção humana fez pavimentar 12 Km da Rodovia que a corta com milhares de metros cúbicos de concreto, mas tudo projetado de forma a adequar-se á paisagem sem causar-lhe muitos danos. Motociclistas do Meio Oeste de Santa Catarina e gaúchos, nos finais de semana, costumam dirigir-se para ali só para poder sentir aquelas sensação de liberdade que só eles sabem sentir e curtir. A estrada possui quiosques na sua extensão, onde servem comida e oferecem banheiros aos passantes.
Outro lugar que muito me atraiu, e volto para lá sempre que é possível, é a Guarda do Embaú, ao Sul de Palhoça. Ali, um rio vem paralelo à praia e alcança o mar num ponto próximo a um morro, dando-nos a impressão que a grande faixa de areia branca, aquele paraíso dos surfistas, seja uma ilha. A vila, pequena e com suas ruas estreiras, lembra-nos aquelas aldeias indianas ou jamaicanas, onde, no verão, as cabeleiras rastafári tomam conta do visual local.
O ponto mais famoso da Guarda do Embaú é a Pousada do Zulu. O Zulu, além de modelo e ator que já participou de produções Globais, é um "homem do mar". Nada e surfa. Em qualquer época do ano, mesmo no inverno, os surfistas estão presentes com suas pranchas e encantam os poucos visitantes. mas, no verão, a vila de ruas estreitas fica intransitável. Mas vale a pena ir até lá. Numa das vezes que lá estive, andando nas trilhas de um morro de um pontal, escutei uma voz: "Estou procurando um homem do Ouro!" Olhei, era meu amigo Hermes Susin, colega de adolescência. Eu jurava que jamais iria encontrar um conhecido ali, mas encontrei. Divertimo-nos rindo de nosso encontro.
No Rio Grande do Sul há umas cachoeiras muito bacanas, como por exemplo uma que serviu de pano de fundo na filmagem de O Quatrilho, na Serra Gaúcha. A Cachoeira do Caracol, em Canela, e os cânions de Cambará do Sul são expressivas belezas naturais.
A Lagoa dos Patos, no RS e a de Laguna, em Santa Catarina, dão excelência à paisagem litorânea. A Ilha de Santa Catarina, com suas mais de 50 praias, é outro grande monumento natural. Os rios Guaíba, Das Antas, Pelotas e Uruguai, no Rio Grande do Sul; Canoas, do Peixe, Chapecó, Peperi-guaçu e Itajaí, em Santa Catarina; Guaíra, Iguaçu e Paraná, no Paraná, desenham a paisagem hídrica exuberante de nossa Região Sul.
Nossa natureza é abençoada. Temos 4 estações climáticas bem definidas no ano. Nossos invernos são frios, nossos verões quentes. No outono caem as folhas e recomeçam os ventos. Na primavera os campos florescem, o clima é ameno. Só resta ao homem preservar aquilo que ganhou, de graça, e que foi construído pela mão divina. Deus salve o Sul, Deus salve o Brasil.
Euclides Riquetti
05-02-2013
A orla brasileira, com seus rochedos nas encostas, ou mesmo com as milhares de praias paradisíacas, surpreendem ao visitante que vem pelo mar. A paisagem verdejante, entrecortada pelas águas dos caudalosos rios e dos mansos lagos a embasbacar os que vêm pelo céu. Os vales por onde correm sinuosamente esses rios, emoldurados por paredões de rochas, configuram paisagens singulares.
Em cada lugar, cada canto, cada ponto de nosso país, sempre há algo natural a ser admirado. Por quem nos visita e por nós mesmos. Nossa natureza é simplesmente espetacular.
Nossa Região Sul, que tem reconhecimento nacional pela sua força produtiva e de trabalho, não foge à regra brasileira. São três estados e muitas semelhanças. Estados celeiros.
No Paraná, além de toda a sua serra litorânea, de suas belas praias, há dois recursos que chamam a atenção do mundo: O Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa; e o Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu. São dois momumentos naturais de reconhecimento mundial.
No Parque do Iguaçu, onde tivemos a oportunidade de estar algumas vezes, destaco as Cataratas do Rio Iguaçu, aquela imensidão de águas que a natuureza habilmente para ali conduz, com quedas de até 80 metros de altura. Um mar de águas. E a localização numa área de terras que comporta sítios naturais e de preservação biológica. Milhares de animais e plantas, das mais variadas e raras espécies formam sua fantástica bodiversidade.
Em Vila Velha, nos Arenitos, em múltiplas formas; nas três Furnas, com até 80 metros de profundidade, ou na Lagoa Dourada, não há como não ficar embevecido com o que a natureza nos legou ali. É muito capricho! Parece que Deus tirou muitas de suas horas daqueles sete dias na Criação do Mundo para projetar aquilo qu está ali hoje. Lembro-me de que, durante muitos anos, quando se compravam fósforos da marca Irati, estampava a caixinha uma gravura de um cálice de arenito, muito conhecido. Animais raros podem ser localizados naquele parque.
Aqui em Santa Catarina, um dos grandes monumentos naturais é a Serra do Rio do Rastro, que liga a Serra Catarinense ao Planalto Serrano, basicamente nos territórios dos Municípios de Lauro Müller e Bom Jesus da Serra. A a intervenção humana fez pavimentar 12 Km da Rodovia que a corta com milhares de metros cúbicos de concreto, mas tudo projetado de forma a adequar-se á paisagem sem causar-lhe muitos danos. Motociclistas do Meio Oeste de Santa Catarina e gaúchos, nos finais de semana, costumam dirigir-se para ali só para poder sentir aquelas sensação de liberdade que só eles sabem sentir e curtir. A estrada possui quiosques na sua extensão, onde servem comida e oferecem banheiros aos passantes.
Outro lugar que muito me atraiu, e volto para lá sempre que é possível, é a Guarda do Embaú, ao Sul de Palhoça. Ali, um rio vem paralelo à praia e alcança o mar num ponto próximo a um morro, dando-nos a impressão que a grande faixa de areia branca, aquele paraíso dos surfistas, seja uma ilha. A vila, pequena e com suas ruas estreiras, lembra-nos aquelas aldeias indianas ou jamaicanas, onde, no verão, as cabeleiras rastafári tomam conta do visual local.
O ponto mais famoso da Guarda do Embaú é a Pousada do Zulu. O Zulu, além de modelo e ator que já participou de produções Globais, é um "homem do mar". Nada e surfa. Em qualquer época do ano, mesmo no inverno, os surfistas estão presentes com suas pranchas e encantam os poucos visitantes. mas, no verão, a vila de ruas estreitas fica intransitável. Mas vale a pena ir até lá. Numa das vezes que lá estive, andando nas trilhas de um morro de um pontal, escutei uma voz: "Estou procurando um homem do Ouro!" Olhei, era meu amigo Hermes Susin, colega de adolescência. Eu jurava que jamais iria encontrar um conhecido ali, mas encontrei. Divertimo-nos rindo de nosso encontro.
No Rio Grande do Sul há umas cachoeiras muito bacanas, como por exemplo uma que serviu de pano de fundo na filmagem de O Quatrilho, na Serra Gaúcha. A Cachoeira do Caracol, em Canela, e os cânions de Cambará do Sul são expressivas belezas naturais.
A Lagoa dos Patos, no RS e a de Laguna, em Santa Catarina, dão excelência à paisagem litorânea. A Ilha de Santa Catarina, com suas mais de 50 praias, é outro grande monumento natural. Os rios Guaíba, Das Antas, Pelotas e Uruguai, no Rio Grande do Sul; Canoas, do Peixe, Chapecó, Peperi-guaçu e Itajaí, em Santa Catarina; Guaíra, Iguaçu e Paraná, no Paraná, desenham a paisagem hídrica exuberante de nossa Região Sul.
Nossa natureza é abençoada. Temos 4 estações climáticas bem definidas no ano. Nossos invernos são frios, nossos verões quentes. No outono caem as folhas e recomeçam os ventos. Na primavera os campos florescem, o clima é ameno. Só resta ao homem preservar aquilo que ganhou, de graça, e que foi construído pela mão divina. Deus salve o Sul, Deus salve o Brasil.
Euclides Riquetti
05-02-2013
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Histórias com Bilboquês e Petecas
Revirando minhas bagunças aqui em casa encontrei um bilboquê. Belo brinquedo que comprei há uns 4 anos em Porto Alegre, numa feirinha lá do Parque Farroupilha. O Parque Farroupilha é uma enorme área verde daquela cidade. Os portoalegrenses podem orgulhar-se de terem um parque assim, como os curitibanos têm o seu Bariguí, também acolhedor. São extensas áreas onde as pessoas buscam o lazer junto à natureza, fazendo suas caminhadas diárias. Lugares aprazíveis.
Os bilboquês e as petecas eram os brinquedos mais disponíveis que tínhamos em nossa adolescência. Também tínhamos bolicas, as de vidro. São as bolas de gude. Também jogávamos muita bola. No Colégio nos oportunizavam o "jogo de caçador" nas aulas de Educação Física, que eram raras. No primário, a própria professora regente nos dava a bola para jogar e arbitrava. No ginásio, o Frei Gilberto, Diretor, fazia-nos execitar e depois nos deixava jogar bola. Isso nos sábados pela manhã. Dava-nos exercícios militares que aprendera na Itália. Fora soldado na Segunda Guerra Mundial. E era muito severo. Depois jogávamos futsal. Uma vez o Edovilho Andreis, o Vino, descascou o dedão do pé no piso áspero. É que poucos tinham tênis para jogar. E as congas eram muito frágeis. Se jogasse com uma, estragava-se.
Como não tínhamos muitas opções, então precisávamos encontrar nossa maneira de brincar, criando nossos brinquedos ou comprando-os. Poucas opções havia.
O bilboquê é um brinquedo de origem francesa e dizem que tem 500 anos. Existem muitos tipos deles, a maioria de madeira: são umas pequenas torres de cujo topo sai um cordão, normalmente de algodão, que se liga num suporte, também de madeira, parecido com um picolé. Há os redondos que exigem muita habilidade da gente, é ficícil pontuar com eles. Outros são parecidos com cones, ou então com sinos de igrejas. Eu não podia comprar um, então pegava uma latinha de fermento Royal ou Fleischmann, fazia um furo com um prego, passava um barbante, amarrava num pauzinho e tinha o meu.
Na escola, na época do Padre Anchieta havia uns feras no jogo. Compravam os brinquedos na Casa Barraquinha, no centro da XV. O Zé da Barraquinha nos vendia. Alguns compravam na Marcenaria São José o no D ´Agnoluzzo, que tinham torno para madeiras e os confeccionavam.
Acho que os melhores bilboqueiros da época eram o Ézio Andrioni (o Bijujinha, já falecido); o Volmir Costenaro, o Gauchão, que está no Ceará; o Adelmir, irmaõ dele, que chamávamos de Gauchinho; o Antoninho Carleto, que era conhecido como Volpatinho e voltou recentemente para o Ouro; o Severino Mário Thomazoni, que foi para Araruna-PR, o Vilmar Matté, que está em Campos Novos. Esses davam-nos shows. Pontuavam, faziam piruetas e "passavam recibos" como poucos. Mas havia muitos outros bons jogadores e jogadoras na época. Nunca me dei bem com o bilboquê. Acertava poucas piruetas.
As petecas foram a "novidade esportiva" que os europeus encontraram no Brasil. Era um jogo dos índios, que só levaram para a Alemanha em 1936. Lá jogam muita peteca ainda, havendo diversas competições. Os índios as confeccionavam com madeiras envoltas em peles de animais ou palha e com penas de aves. Hoje não é muito diferente.
Nossa geração jogou muita peteca. Meu último jogo foi numa competição escolar em que formei dupla com a colega professora Neusa Bonamigo, da Escola Sílvio Santos. Jogamos no Abobrão. Ganhamos os mata-mata e ficamos campeões. Éramos os mais girafudos, tínhamos braços longos e isso ajudou muito. Acho qu fui um razoável jogador de peteca.
Uma peteca qualquer pessoa podia ter. Era só pegar umas palhas e arrancar uma penas dos rabos dos galos e fazer. Os rabichos, os mais longos, davam uma bela aparência para a peteca. Ter um bilboquê, naquela época, era bem mais difícil do que ter um telefone celular com câmera, hoje.
Lembrar dessas pequenas coisas me dá prazer e gosto de dividir isso com as pessoas com que divido minhas amizades. Hoje, quando os brinquedos nas mãos das crianças são, em sua maioria vindos da China, tenho saudades daqueles brinquedinhos simples com que nos divertíamos. Por isso gosto de meu bilboquê. Foi o primeiro que consegui comprar e só fiz isso após aposentar-me como professor. O único que eu tive. Tenho certeza de que muitos de meus leitores e leitoras também viveram isso. E sentem, como eu, muitas saudades. Mesmo que tenham celulares, tablets e Iphones....
Euclides Riquetti
04-02-2013
Os bilboquês e as petecas eram os brinquedos mais disponíveis que tínhamos em nossa adolescência. Também tínhamos bolicas, as de vidro. São as bolas de gude. Também jogávamos muita bola. No Colégio nos oportunizavam o "jogo de caçador" nas aulas de Educação Física, que eram raras. No primário, a própria professora regente nos dava a bola para jogar e arbitrava. No ginásio, o Frei Gilberto, Diretor, fazia-nos execitar e depois nos deixava jogar bola. Isso nos sábados pela manhã. Dava-nos exercícios militares que aprendera na Itália. Fora soldado na Segunda Guerra Mundial. E era muito severo. Depois jogávamos futsal. Uma vez o Edovilho Andreis, o Vino, descascou o dedão do pé no piso áspero. É que poucos tinham tênis para jogar. E as congas eram muito frágeis. Se jogasse com uma, estragava-se.
Como não tínhamos muitas opções, então precisávamos encontrar nossa maneira de brincar, criando nossos brinquedos ou comprando-os. Poucas opções havia.
O bilboquê é um brinquedo de origem francesa e dizem que tem 500 anos. Existem muitos tipos deles, a maioria de madeira: são umas pequenas torres de cujo topo sai um cordão, normalmente de algodão, que se liga num suporte, também de madeira, parecido com um picolé. Há os redondos que exigem muita habilidade da gente, é ficícil pontuar com eles. Outros são parecidos com cones, ou então com sinos de igrejas. Eu não podia comprar um, então pegava uma latinha de fermento Royal ou Fleischmann, fazia um furo com um prego, passava um barbante, amarrava num pauzinho e tinha o meu.
Na escola, na época do Padre Anchieta havia uns feras no jogo. Compravam os brinquedos na Casa Barraquinha, no centro da XV. O Zé da Barraquinha nos vendia. Alguns compravam na Marcenaria São José o no D ´Agnoluzzo, que tinham torno para madeiras e os confeccionavam.
Acho que os melhores bilboqueiros da época eram o Ézio Andrioni (o Bijujinha, já falecido); o Volmir Costenaro, o Gauchão, que está no Ceará; o Adelmir, irmaõ dele, que chamávamos de Gauchinho; o Antoninho Carleto, que era conhecido como Volpatinho e voltou recentemente para o Ouro; o Severino Mário Thomazoni, que foi para Araruna-PR, o Vilmar Matté, que está em Campos Novos. Esses davam-nos shows. Pontuavam, faziam piruetas e "passavam recibos" como poucos. Mas havia muitos outros bons jogadores e jogadoras na época. Nunca me dei bem com o bilboquê. Acertava poucas piruetas.
As petecas foram a "novidade esportiva" que os europeus encontraram no Brasil. Era um jogo dos índios, que só levaram para a Alemanha em 1936. Lá jogam muita peteca ainda, havendo diversas competições. Os índios as confeccionavam com madeiras envoltas em peles de animais ou palha e com penas de aves. Hoje não é muito diferente.
Nossa geração jogou muita peteca. Meu último jogo foi numa competição escolar em que formei dupla com a colega professora Neusa Bonamigo, da Escola Sílvio Santos. Jogamos no Abobrão. Ganhamos os mata-mata e ficamos campeões. Éramos os mais girafudos, tínhamos braços longos e isso ajudou muito. Acho qu fui um razoável jogador de peteca.
Uma peteca qualquer pessoa podia ter. Era só pegar umas palhas e arrancar uma penas dos rabos dos galos e fazer. Os rabichos, os mais longos, davam uma bela aparência para a peteca. Ter um bilboquê, naquela época, era bem mais difícil do que ter um telefone celular com câmera, hoje.
Lembrar dessas pequenas coisas me dá prazer e gosto de dividir isso com as pessoas com que divido minhas amizades. Hoje, quando os brinquedos nas mãos das crianças são, em sua maioria vindos da China, tenho saudades daqueles brinquedinhos simples com que nos divertíamos. Por isso gosto de meu bilboquê. Foi o primeiro que consegui comprar e só fiz isso após aposentar-me como professor. O único que eu tive. Tenho certeza de que muitos de meus leitores e leitoras também viveram isso. E sentem, como eu, muitas saudades. Mesmo que tenham celulares, tablets e Iphones....
Euclides Riquetti
04-02-2013
domingo, 3 de fevereiro de 2013
De sapateiros e de sapatos
Sapateiros estiveram presentes na vida das pessoas desde que inventaram as sandálias, os primeiros calçados disponíveis ao homem. O objetivo, primordialmente, era o de proteger as solas dos pés, não o de adorno. Isso há mais de 10.000 anos. Depois vieram as botas, os botinões, as botinas, os coturnos, os sapatos. A proteção aos pés, nas marchas para as guerras, era um fator de sobrevivência. Quem tinha os pés mais protegidos, conseguia encurtar as distâncias. Nos desertos, as sandálias, nas montanhas nevadas, os mocassins. Em minha adolescência, todo o cara "bacana" tinha um sapato "Passo Doble", da Vulcabrás.
Naquela época eu gostava de frequentar alfaiatarias e sapatarias. Tinha parentes alfaiates e amigos sapateiros. Aliás, quando eu morava no Leãozinho, na época que tinha anos, um filho de meu padrinho, o Aristides, era sapateiro. E eu ficava entretido em ver que as pessoas traziam seus sapatos gastos para por uma meia-sola. Em Capinzal, os mais tradicionais, de que me lembro, eram o Betinardi e os Zuanazzi. Adiante, na sapataria do Oneide Andrioni, em Capinzal, ele, os irmãos Severino e Antoninho, mais seu cunhado Valdir Souza, o Coquiarinha, tinham uma sapataria muito forte. Os fazendeiros e os colonos traziam suas botas velhas para fazer um remonte. Agora, o Tata Dambrós, ali ao lado da Praça Pio XII é meu "shoe assistant".
O remonte, numa bota, consistia em substituir todo "sapato" da mesma, aproveitando-se apenas o cano do par velho. E, com uma boa pintura, daquela tinta a pincel que só o sapateiro tinha, ficava novinha. Meu sonho era ter uma bota, nem que fosse de remonte. Acho que nunca tive um par delas, só botinas.
O Riciere Caldart, conhecido como "Seu Nini", era uma fera na área, ali no Ouro. Assim como os Surdi, em Capinzal, os Andrioni, na Linha São Paulo, os Tonini, em Novo Porto Alegre, os Frank, na Linha Sete, o Valduga, na Barra do Leão, e outros. Todas as cidades e vilas tinham que ter uma boa sapataria, pelo menos, e em algumas comunidades rurais. Na verdade, nestas, além de lidar com calçados cuidavam dos arreiames dos cavalos, das selas e dos selins. E as mulheres levavam seus sapatos para trocar o salto, conforme a moda exigia. "Quero cortar meu salto e por um médio!" "Quero que tire esse salto grosso e coloque um mais alto, que tenho que ir a um casamento no sábado!"
Era tão bonito ver as mulheres com os cabelos bem arrumados, roupas elegantes, alçadas sobre belos sapatos de salto.
E os sapatos foram ganhando importância tamanha na vida das pessoas que hoje existem de todos os tipos, de todos os materiais e para todos os gostos. Pode-se dizer que, para a mulher, as bolsas, igualmente, situam-se não mais como acessórios, mas sim como componente básico da vida diária. E a combinação sapato-bolsa-cinto, quando bem articulada, lhes atribui um elevadíssimo grau de charme e elegância. É encantador ver uma mulher que sabe vestir-se e harmonizar suas vestes com os seus acessórios.
E nós, homens, também fomos aprendendo com elas. Aprendemos a combinar as cores das cintas com a dos sapatos. Às vezes, até com a carteira. Eu, particularmente, não dispenso isso. Mas o grande consumo em termos de calçados, hoje, é o tênis, que na minha infância chamavam de "sneakers". As primeiras marcas mundiais foram, sucessivamente, Reebok, Puma/Adidas e Nike. Estão há quase 100 anos protegendo e dando conforto aos pés dos atletas.
Em termos de sapatos femininos, várias atrizes, a exemplo de Sofia Loren, cultivaram belas coleções de sapatos. Mas, o que mais chamou a atenção do mundo, nesse quesito, foi o que aconteceu com a esposa do Presidente Ferdinando Marcos, hoje viúva, ditador das Filipinas, que chegou a possuir 3.000 pares de luxuosos exemplares, enquanto que os compatriotas filipinos passavam fome.
Ainda, bem recentemente, o investidor financeiro norteamericano Daniel Shak teve uma baita querela na Justiça de seu país em razão de ter descoberto que sua belíssima ex-esposa, Beth Shak, armazenava, num apartamento, uma coleção de luxuosos1.200 pares de sapatos, avaliada em mais de sete mil e quinhentos dólares, comprada com dinheiro dele. A gata, jogadora profissional de poker, possui até um blog sobre sapatos.
E você, já teve muitos pares? Então, convido a lembrar dos primeiros calçados que lhe deram quando criança. Vale contar também aqueles com número bem maior, para que não lhe escapassem e pudesse usar durante pelo menos dois anos. E das congas que usou para ir ao seu Colégio. E das bambas. E dos kichutes.
E, hoje, quando você passar pela vitrine de uma loja e embasbacar-se com os tênis de marca, mocassins, sandálias, peep toes e scarpins, ou quando olhar para aquele Valentino, Louis Vitton, Chanel, Prada, Christian Loubatin, Charlotte Olympia, Dior, Arezzo e tantos outros, e você puder comprar pelo menos um, lembre-se daqueles senhores que um dia, no seu anonimato, ajudaram seus pés a fazer sucesso no bailinho ou na festinha de aniversário.
Euclides Riquetti
03-02-2013
Naquela época eu gostava de frequentar alfaiatarias e sapatarias. Tinha parentes alfaiates e amigos sapateiros. Aliás, quando eu morava no Leãozinho, na época que tinha anos, um filho de meu padrinho, o Aristides, era sapateiro. E eu ficava entretido em ver que as pessoas traziam seus sapatos gastos para por uma meia-sola. Em Capinzal, os mais tradicionais, de que me lembro, eram o Betinardi e os Zuanazzi. Adiante, na sapataria do Oneide Andrioni, em Capinzal, ele, os irmãos Severino e Antoninho, mais seu cunhado Valdir Souza, o Coquiarinha, tinham uma sapataria muito forte. Os fazendeiros e os colonos traziam suas botas velhas para fazer um remonte. Agora, o Tata Dambrós, ali ao lado da Praça Pio XII é meu "shoe assistant".
O remonte, numa bota, consistia em substituir todo "sapato" da mesma, aproveitando-se apenas o cano do par velho. E, com uma boa pintura, daquela tinta a pincel que só o sapateiro tinha, ficava novinha. Meu sonho era ter uma bota, nem que fosse de remonte. Acho que nunca tive um par delas, só botinas.
O Riciere Caldart, conhecido como "Seu Nini", era uma fera na área, ali no Ouro. Assim como os Surdi, em Capinzal, os Andrioni, na Linha São Paulo, os Tonini, em Novo Porto Alegre, os Frank, na Linha Sete, o Valduga, na Barra do Leão, e outros. Todas as cidades e vilas tinham que ter uma boa sapataria, pelo menos, e em algumas comunidades rurais. Na verdade, nestas, além de lidar com calçados cuidavam dos arreiames dos cavalos, das selas e dos selins. E as mulheres levavam seus sapatos para trocar o salto, conforme a moda exigia. "Quero cortar meu salto e por um médio!" "Quero que tire esse salto grosso e coloque um mais alto, que tenho que ir a um casamento no sábado!"
Era tão bonito ver as mulheres com os cabelos bem arrumados, roupas elegantes, alçadas sobre belos sapatos de salto.
E os sapatos foram ganhando importância tamanha na vida das pessoas que hoje existem de todos os tipos, de todos os materiais e para todos os gostos. Pode-se dizer que, para a mulher, as bolsas, igualmente, situam-se não mais como acessórios, mas sim como componente básico da vida diária. E a combinação sapato-bolsa-cinto, quando bem articulada, lhes atribui um elevadíssimo grau de charme e elegância. É encantador ver uma mulher que sabe vestir-se e harmonizar suas vestes com os seus acessórios.
E nós, homens, também fomos aprendendo com elas. Aprendemos a combinar as cores das cintas com a dos sapatos. Às vezes, até com a carteira. Eu, particularmente, não dispenso isso. Mas o grande consumo em termos de calçados, hoje, é o tênis, que na minha infância chamavam de "sneakers". As primeiras marcas mundiais foram, sucessivamente, Reebok, Puma/Adidas e Nike. Estão há quase 100 anos protegendo e dando conforto aos pés dos atletas.
Em termos de sapatos femininos, várias atrizes, a exemplo de Sofia Loren, cultivaram belas coleções de sapatos. Mas, o que mais chamou a atenção do mundo, nesse quesito, foi o que aconteceu com a esposa do Presidente Ferdinando Marcos, hoje viúva, ditador das Filipinas, que chegou a possuir 3.000 pares de luxuosos exemplares, enquanto que os compatriotas filipinos passavam fome.
Ainda, bem recentemente, o investidor financeiro norteamericano Daniel Shak teve uma baita querela na Justiça de seu país em razão de ter descoberto que sua belíssima ex-esposa, Beth Shak, armazenava, num apartamento, uma coleção de luxuosos1.200 pares de sapatos, avaliada em mais de sete mil e quinhentos dólares, comprada com dinheiro dele. A gata, jogadora profissional de poker, possui até um blog sobre sapatos.
E você, já teve muitos pares? Então, convido a lembrar dos primeiros calçados que lhe deram quando criança. Vale contar também aqueles com número bem maior, para que não lhe escapassem e pudesse usar durante pelo menos dois anos. E das congas que usou para ir ao seu Colégio. E das bambas. E dos kichutes.
E, hoje, quando você passar pela vitrine de uma loja e embasbacar-se com os tênis de marca, mocassins, sandálias, peep toes e scarpins, ou quando olhar para aquele Valentino, Louis Vitton, Chanel, Prada, Christian Loubatin, Charlotte Olympia, Dior, Arezzo e tantos outros, e você puder comprar pelo menos um, lembre-se daqueles senhores que um dia, no seu anonimato, ajudaram seus pés a fazer sucesso no bailinho ou na festinha de aniversário.
Euclides Riquetti
03-02-2013
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