É muito
possível que, quando você vê uma notícia na Televisão, estejam, de alguma
forma, querendo fazer a sua, a minha cabeça. E, agora, nesses tempos de
pandemia, é vergonhosa a insensatez de muitos jornalistas que trabalham na TV
aberta, e mesmo em alguns canais que atendem aos seus assinantes, quando tentam
fazer valer aquilo que eles pensam, que tentam nos vender como verdades
absolutas. Daí, necessário que o cidadão busque a pluralidade das fontes de
informação, que busque ter um razoável nível de entendimento das questões, que
procure se certificar se aquilo que querem lhe dizer tem algum cunho de
verdade. Aliás, o tempo disponível que as pessoas têm hoje em suas casas, pode
ser usado para a releitura de alguns livros que se encontram adormecidos lá na
estante num compartimento de sua casa.
Não à toa, o
experiente jornalista Alexandre Garcia tem propagado conhecer pesquisas que
indicam que a Imprensa Brasileira, em especial a grande imprensa, tenha menos
popularidade que o Presidente Jair Bolsonaro, consequentemente mais rejeição do
que este. Se chegamos a esse ponto, é porque há um crescente descrédito dela. E
isso é perceptível a quem tem muitas relações com a sociedade, conversa,
constata. Houve um tempo em que as instituições Imprensa, Judiciário, Igreja e
Família eram as mais respeitadas. Agora, o quadro se altera...
O espaço que é dado para questões de pouca importância, ou
para análise em debates de coisas que não ajudam em nada o telespectador, mas
lhe geram apenas estresse e nervosismo, bem que poderia ser aberto para
questões mais sérias. Por exemplo, pouco se fala ou escreve sobre a importância
do agronegócio, principalmente para economia do Brasil, que é movimentado nas
regiões Sul e Centro-Oeste. Nas questões de saúde,
não buscam mostrar como está o comportamento
da população dos três estados sulinos, onde diversas atividades foram sendo
gradativamente liberadas. Deixam de colocar informações sobre como anda o
atendimento a pacientes acometidos por diversas outras outras doenças que não a
Covid 19.
A ladroeira, o tráfico, os
acidentes nas estradas e a violência doméstica parece que nem estejam
acontecendo.
Sempre entendi,
e constatei
que,
enquanto se dá importância a determinado fato,
e o debate gira em torno dele e de suas personagens, há outra parte que age
despudoradamente, há comportamentos condenáveis. Há, em muitos hospitais, a
falta de insumos básicos, os funcionários trabalham desprotegidos, a
remuneração para aos da base de serviços é muito baixa e a indenização ou paga
pelos serviços que hospitais e prestadores de serviços recebem pelo que prestam
ao SUS é vergonhosa. Canais que transmitem ou reportam sobre esportes, mostram
tapes de eventos já passados. E poucas vezes debatem sobre os valores
astronômicos que jogadores de futebol recebem, enquanto os clubes brasileiros,
administrados pelo coração e o fígado de seus dirigentes, vivem o clima da
quebradeira.
Aqui no Sul,
neste momento, está em curso uma forte estiagem. O nível das águas dos rios
está baixíssimo. Os produtores rurais precisam adquirir alimento para os
animais para suprir os que sua lavoura própria não garante.
E escuto uma pessoa da Defesa Civil do nosso
Estado dizer que os Relatórios de Avaliação de Danos, os AVADANs emitidos pelas
comissões municipais de defesa civil não são aprovados quando não se registra a
falta de água para consumo humano. E que vão mandar cestas básicas para as
prefeituras distribuírem para os atingidos. Isso revela grande desconhecimento
da realidade da agricultura e despreparo para enfrentarem a situação atual.
Vale lembrar que a Defesa Civil de nosso Estado vem sendo praticamente
comandada por pessoas de Florianópolis ou do Vale do Itajaí, e
Isso me faz lembrar de uma vez em que a Anita
Dacaz Rossa era prefeita de Lacerdópolis, e a Defesa Civil mandou dois sacos de
feijão para serem distribuídos dentre os atingidos por desastres naturais aqui
nos municípios da AMMOC. E, as prefeituras deviam fazer a entrega de alguns Kg
para cada família, promover a entrega, pegando em documento o número da Cédula
de identidade, do CPF, e do número de pessoas da família contemplada.
A despesa e o serviço para isso, para cumprir
a logística e a burocracia era muito alta. Disse a Prefeita: “Podem ficar com
seus dois sacos de feijão que eu dou de meu próprio dinheiro muito mais do que
isso para eles, se necessário for”. Agora, duas décadas depois, parece que
nossas autoridades não aprenderam nada, que não vão visitar os pontos em que há
o problema, e que as soluções que têm são de nos envergonharem.
Ora, os
municípios, em sua maioria, investiram na perfuração de poços artesianos
profundos, em projetos de redes de distribuição de águas nas comunidades,
enfrentaram as dificuldades burocráticas, deixaram as propriedades recebendo água
potável em suas casas e, a maioria delas, a suficiência de água para a criação
de animais. Também, pretendem disponibilizar dinheiro para a contratação de
caminhões pipas para levar água onde há falta dela. Normalmente, os municípios
já dispõem ou já dispuseram de caminhão do gênero, é um item que precisa fazer
parte da frota municipal. Então, não seria a hora de a Secretaria de
Agricultura e a Defesa Civil terem um cadastro com os equipamentos de produção
de cada município, qual a estrutura desenvolvida para garantir o abastecimento
de água em todas as propriedades agrícolas e qual a necessidade diária de água
para cada propriedade? Para mim, caminhão pipa na hora da desgraça é o mesmo
que falar em implantar hospitais de campanha aqui e ali...
É hora de
termos um planejamento em cada estado, de modo que se estruturem as cidades,
que se independam do Governo Central, que se invista naquilo que realmente gera
o alimento, o trabalho e o bem-estar.
Euclides Riquetti –
Escritor –
www.blogdoriquetti.blogspot.com