Aconteceu em Capinzal, na noite de ontem, 09 de junho, um evento de singular importância para aquele município, dentro das comemorações dos seus 73 anos de emancipação político-administrativa. Os anfitriões, Prefeito Nilvo Dorini, e aa Vice Noemia Bonamigo Pizzamiglio, receberam os homenagfeados ou representantes, e seus familiares, no Labarra Gastrobar, em casa com um ambiente muito acolhedor, localizada nas imediações do Ginásio de Esportes Dileto Bertaiolli. Na ocasião, foram homenageados todos os ex-prefeitos, ex-vice-prefeitos e ex-presidentes da Câmara Municipal de Vereadores, que ocuparam os cargos desde o ano de 1949. Em oportunidade próxima, estarei descrevendo e comentando sobre o evento.
Fizemo-nos presentes, na condição de convidados, e colaboramos com a redação de texto relativo ao período anterior à data de emancipação, que foi utilizado pelo condutor do cerimonial, Marlo Matiello. Aqui o transcrevo:
"Bem antes de as
terras onde se localiza Capinzal se tornarem uma organização política e
administrativa, consignada como Distrito de Rio Capinzal, que pertencia a
Campos Novos, e que foi criado pela Lei número 206, 18 de novembro de 1914, a
região fora povoada pelos índios Kainganges e, em seguida, foi sendo ocupada
por paulistas e paranaenses que vinham pelo Norte e o Noroeste catarinense; e por gaúchos que vinham do Rio Grande do Sul,
durante as revoluções Farroupilha e Federalista. As terras que se chamaram
Campo Bonito, e que acabaram nas mãos de Manoel Lopes Abreu, foram palco para a
implantação de belas fazendas e de um povoado progressista.
A partir da
construção e a inauguração da Estrada de Ferro Paraná-Santa Catarina, que se
deu em 1910, começou a receber imigrantes gaúchos, a maioria de origem
italiana, que vieram após adquirirem terras nas margens esquerda e direita do
Rio do Peixe. Rio Capinzal foi local de paragens de tropeiros que vinham do Rio
Grande do Sul e se deslocavam para São Paulo, tropeando o gado bovino. O capim
abundante servia de pasto para os animais, que também se serviam das águas de
um riacho tributário do Rio do Peixe.
O antigo
Distrito foi rota de passagem e acampamento de revoltosos da Guerra do
Contestado, que aconteceu de 1912 a 1916, e
que vinham de Curitibanos e Campos Novos para chegarem ao Irani, onde se
travou grande e sangrenta batalha. A defesa da cidade foi liderada pelo
farmacêutico Cavalcanti, com QG na própria farmácia, ali onde se situa o prédio
dos familiares de Pedro Beviláqua.
Rio Capinzal
manteve essa denominação até 1948, quando foi aprovada a sua emancipação,
passando a chamar-se Capinzal. Margeando
o Rio do Peixe e recebendo as águas do atual Rio Capinzal, a sede distrital era
uma pequena área relativamente plana, onde se localizava a estação férrea,
tornou-se um povoado muito importante nas quatro primeiras décadas do Século
XX, pois aqui se instalou um comércio diversificado, indústrias que
beneficiavam madeiras e erva-mate, olarias, fábricas de esquadrias, ferrarias,
oficinas mecânicas, hotéis e pousadas, uma paróquia da Igreja Católica
Apostólica Romana, bom colégio, hospital, abatedouros de animais, selarias e
sapatarias, barbearias, farmácia, e até se construiu uma usina hidrelétrica
privada, esta pela Família Zortéa. A instalação do Frigorífico Ouro, nas
proximidades da linha férrea, em modalidade cooperativa, foi um dos grandes
pilares de nosso desenvolvimento.
As primeiras
travessias do Rio do Peixe se davam com cavalos, muares ou carroças tracionadas
a boi, uma meia dúzia de quilômetros ao sul do povoado. Depois veio o uso de
balsa, que unia Rio Capinzal ao Distrito de Ouro, logo abaixo de onde se
localiza a ponte pênsil. Ouro chegou a se
denominar-se Abelardo Luz, mas pertencendo ao Município de Cruzeiro, hoje
Joaçaba. A construção da Ponte Pênsil Padre Mathias Michelizza, com recursos do
Governo do Estado e forte participação financeira da comunidade foi um grande
fato que merece registro."
Euclides Riquetti - Poeta e Cronista
10-06-2022