sábado, 29 de novembro de 2014

Quando a chuva molhou as roseiras

Quando a chuva molhou as tuas roseiras
E as gotículas pousaram sobre a tenra folha
Os  cravos bailaram, serenos, nas fileiras
Ali dispostos, solitários, sem ter quem os colha.

Jazem, felizes e exalam seu perfume masculino
A excitar o mais erótico pensamento
A mesclar-se em meio ao frescor matutino
Com seu doce aroma de encantamento.

Cravos e rosas, uma comunhão singular
Na manhã que chegou um tanto acabrunhada
Rosas e cravos, lembranças sutis a me atiçar.

Sonhos, lembranças, paixão e beleza
Na tarde que te deixa deslumbrada
Lembranças, sonhos, majestosa realeza.

Euclides Riquetti
29-11-2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Jujubinha: Vovó ou professora?

          A Jujubinha continua fazendo nossa alegria. Sempre tem novidades a nos contar. No domingo, 23, veio cedo cumprimentar-me pelo aniversário. Trouxe um "cartão de aniversário" que ela mesma confeccionou. Nele havia o desenho de um coração em azul e a frase:  "para Béns Vovô!" (sic). Fiquei animado com a desenvoltura e o desenvolvimento da netinha de 4 anos.  Perguntei-lhe se estava aprendendo a ler e ela me disse: "Claro! Não leio Lu...a;  leio lua, tudo junto"!   Muito falante, sempre tem resposta pra tudo...

         No domingo, fomos para o Clube 10 de Maio, na sua sede campestre, com o Tio Fá, a Tia Lu, a Mama Ine, o Vô Cride e a Vó Mi. É assim que ela nos trata. Piscina de manhã e de tarde, onde encontrou-se com coleguinhas da escola girassol e outros novos amiguinhos. Não se contentava com a piscina rasa, dizia: Vovô, quero mergulhar na piscina funda!" E lá ia o vovô e o Tio Fabrício para cuidar dela, que pulava na água, da mesma forma que faz na escolinha de natação. Depois, já na infantil, enturmou-se com meia dúzia de meninas e meninas.

          A Miriam, com aquele jeito de "vovó pedagoga", ia ensinando-os como deviam  movimentar os braços e as pernas para nadar. E gritavam: "Professora, me ensina!  Professora, aqui! Professora, me ajude!" A Jujubinha chegou para a vovó e falou: Vovó, por que chamam você de professora? A vovó riu e ela continuou: "Vovó, posso chamar você de vovó professora? Posso chamar você de professora?"

          Dia desses, eu estava na garagem de casa e escutei um barulho de algo caindo, tipo vidro quebrando, no andar de cima. E a Júlia: Vovó, foi mal...   Vovó... foi mal! A Vovó, com o barulho da máquina de lavar centrifugando, não percebera o que tinha acontecido: ela derrubara uma mesinha com tampo de vidro, que quebrou...  Certamente que, em algum lugar, aprende esse tipo de expressão, "foi mal" - falado por jovens e adultos.

          Ontem, terça, comprei um potinho de doce de abóbora. Deixei na mesa, ela foi lá, abriu e começou a comer. E a Vó: "Julinha, ai de você se sua mãe encontrar você comendo isso aí. Esconda antes que ela veja!" Hoje, bem cedo, fui pegar o doce na geladeira e nada. Não estava em nenhum lugar, não o encontrei. Ela escondeu não sei onde! Bem do jeito dela. Segue tudo na risca...

Euclides Riquetti
29-11-2014

          

Guardo em mim o direito de sonhar


Andas em busca de algo perdido
Não tens rumo certo, és um barco já sem  direção
Apenas te resta um coração partido
Um par de pés que caminham sem ter chão.

Restam-te, também, lembranças antigas
Bons e maus momentos no diário
Passagens que registram conflitos e brigas
Que podes guardar em mil chaves no armário.

Ora, cada um teu sua história, seus segredos
A tua eu bem posso imaginar
Guardas em ti tuas glórias e teus medos
E eu guardo em mim... o direito de sonhar!

Sonhar contigo
Com teus beijos
E com meu desejo:
Apenas sonhar!

Euclides Riquetti
 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sinfonia na manhã de novembro

A sinfonia do passaredo me acorda
Neste  primeiro sábado de novembro...
É o novembro das madrugadas quentes
É o novembro das almas  que se tocam
É o novembro dos pensamentos que atiçam as mentes...

Reviro as páginas antigas de meus bagunçados apontamentos
E me vêm à mente as  lembranças de momentos
De antigas primaveras, antigos verões
De antigos versos, antigas melodias e canções
Porque, simplesmente, é novembro!

É uma manhã pra  pensar em ti
É uma  manhã pra rezar por ti.
É uma manhã para olhar o céu e nada pedir
Apenas agradecer por estar aqui
Apenas me alegrar por existir!


Me voltam os embalos das noites e tardes dançantes
De corpos que bailam, que acalentam, que seduzem
Há  lábios rosados, azulados,  vermelhos que reluzem
Há  risos que me afagam e  mãos que me conduzem
Há um rosto num corpo, um corpo a me provocar...

Eu divago no despertar pela  soberana orquestra
Harmoniosa  na manhã de novembro, extensa aldeia em festa
Não haverá, jamais, outra sensação como esta:
Regida pela mão de Deus, habilidosa Maestra
Vem como a suave brisa,  vem me acariciar.

Euclides Riquetti

terça-feira, 25 de novembro de 2014

As Pedras e a Pedra - (Pedras de moinhos...)

          Pedras são teimosas por natureza. Quem já não deu uma topada numa delas?! Ah, coitado do dedão do pé! São tão teimosas,  que insistem em ficar no caminho das pessoas. Ou defronte ao seu olhar... Duvido que você, leitor, leitora, também não tenha uma história com pedras para lembrar.

          Pois eu lembro das pedras das taipas. No Leãozinho, onde nasci, e em Linha Bonita, onde morei um pouco de minha infância, lá na antiga Rio Capinzal, as taipas serpenteavam-se nos morros, feitas pelos descendentes de italianos que vieram da Serra Gaúcha. Também pelos "lageanos", que vinham da região dos Campos de Lages. O professor Cornélio Marcon refere-se, em seu livro, sobre as taipas da propriedade de sua família, ali entre o Novo Porto Alegre, o Leãozinho, São Pedro e Nossa Senhora das Graças, que são compreendidas nos territórios atuais de Ouro e Lacerdópolis.

          Mas têm as rodas dos moinhos nas minhas lembranças: Da Família Moresco, em Novo Porto Alegre;  do Viganó, em Linha São Paulo; Do Antônio Biarzi e depois do Ivo Broll, em Linha Vitória, dos Lago, em Santa Lúcia; do Clementino Toscan, que pertenceu aos Penso, em Nossa Senhora da Saúde; dos Rempel, no Pinheiro Baixo; do Zitro Brum, na Linha Carmelinda; do Clemente Vidi (que incendiou quando eu era criança)  e depois do Tonial, em Linha Bonita; dos Casagrande e depois do Fiorindo Bernardi, dos Costenaro, do Valdir Bonato e, por último, do Moresco e do João Luiz Beviláqua, no Parque e Jardim Ouro. Na Linha Dambrós o mais antigo, fora construído por eles junto a um núcleo de empreendimentos que comportava fábrica de cadeiras, açúcar mascavo, melado, cachaça e outros produtos de primeira necessidade para as três  primeiras décadas da colonização de nosso antigo "Distrito de Abelardo Luz". E outros mais, todos com muita importância para os antigos colonizadores.

          Depois as pedras da Barragem no Rio do Peixe, que até hoje estão ali, entre as cidades de Ouro e Capinzal, bem como das obras de artes correntes da Estrada de Ferro.

         Pois tenho uma história que aconteceu comigo na minha campanha a Prefeito, em 1988: Fui pedir votos no Bairro Nossa Senhora dos Navegantes e lá havia um casal de amigos com quem em me dava muito bem. Eu chamava o cara de "Kiko", porque ele era muito parecido com meu cunhado Anilton Carmignan, de saudosa memória. A filha deles, uma bel menina, era minha aluna. Ele me mostrou uma pedra enorme que estava depositada no meio do leito da rua. Coisa de mais de 30 toneladas. (Pedras pesam, sabe??!!). Disse-me que aquela pedra estava ali há tempos e que não conseguiam retirá-la, pois era muito pesada e não havia máquina com potência suficiente para fazerem isso. E que só votaria em quem tivesse uma ideia convincente  de como faria para remover ela dali. Detonar, impossível, pois detonariam também as casas com a explosão!

          Olhei para ele, abri um sorriso e pensei: "Levo os votos!"  E me lembrei de uma história que o taxista Santo Sartor me contou: "Lá em Capinzal, no Bairro São Luiz, uma pessoa tinha terra de uma escavação para ser levada embora, mas não podia pagar frete. Alguém lhe disse: "Faça um buraco e enterre a terra"! O homem ficou pensativo e julgou que podia fazer isso. Mas depois lembrou-se "O que fazer com a terra produzida para fazer o buraco?"

         Pois eu apresentei a solução na hora: "É só fazer um buraco grande no meio da rua, enterrar a pedra e levar a terra embora com a caçamba"! O cidadão me deu parabéns pela ideia criativa e me garantiu os votos.

         Depois de ganhar a eleição e tomar posse como Prefeito, chamei o Secretário Ademar Zóccoli e o Diretor de Obras, Amantino Garcia dos Anjos,  e pedi que fizessem o serviço lá. O Ade tinha muita experiência nessas coisas, foi lá e, com alguns furos e um pouco de pólvora, sem usar bananas de dinamite, partiu-a em diversos pedações de tamanho suficiente para serem carregados na pá carregadeira e transportados pela caçamba. Nem foi preciso fazer o buraco e enterrá-la...

          Sem muita força, nem muito esforço, é possível resolver muitas coisas, não acham?!

Euclides Riquetti
25-11-2014

     

Sobre as areias brancas

Puseste teus pés a deslizar sobre as areias brancas
Das dunas desprotegidas que bordam o mar
Puseste teu frágil coração a pulsar
Buscando no horizonte, quem sabe, um olhar
Em meio a santas lembranças, tantas!

Andaste minutos, horas, um dia inteiro
Pelo trajeto desconhecido que teu coração escolheu
Andaste sobre  pedras que vieram para o caminho teu
Procurando reviver o passado que se escondeu
Mas  não consegues  reencontrar  teu amor verdadeiro.

Para onde podem te levar teus  pés bonitos e elegantes?
Para onde podem te guiar os teus sentimentos mais sagrados?
Para onde querem olhar os teus olhos brilhantes?
Ah, para os braços de alguém que te tenha um dia amado...
Para que dois corações voltem a pulsar juntos, como antes...

Euclides Riquetti

domingo, 23 de novembro de 2014

Feche os olhos!


Feche seus belos olhos e navegue
Viaje pelos mares da ilusão
Feche seus  olhos distantes  e imagine
Estar trilhando os caminhos da paixão.

Feche seus olhos e pense, pense
Busque voltar para seus tempos de criança
Traga  tudo  do passado até o presente
E veja se eu estou em suas lembranças.

Se você notou-me um dia,  estarei entre os demais
Resgatado de um passado bem  remoto
Então,  valeu-me esperar, eu e meus ais
Ou não me passei de um pobre  moço, assim  ignoto?

E agora, poeta e sempre sonhador
Resta-me eternizar você em meus  pobres  versos
Viver as ilusões, propagar cantos de amor
Espalhar os meus poemas pro universo.

Euclides Riquetti

Sonhos prateados

 Quando você estiver desolada, sentindo-se diminuída de vez
Quando você estiver injuriada porque não lhe deram o devido valor
Recusaram seu coração, rejeitaram seu infinito amor
Pense que há, em algum lugar,  quem ainda esteja rezando por você.

Quando você estiver sem entender o porquê de algumas coisas acontecerem
Quando você estiver desesperançada porque seus projetos pessoais foram frustrados
Olhe para trás e veja que em muitos deles você teve bons resultados
Veja que nem tudo é ouro, mas você pode ainda ter seus sonhos realizados.

Quando você julgar que não tem mais um ombro para se amparar
Quando você estiver com o ânimo abalado, porque julga que tudo está perdido
Imagine quão grande é o mundo e que alguém ainda espera por seu sorriso
E que moveria montanhas apenas para seus lábios beijar.

Então, cuide bem de seus sonhos prateados
Eles ainda a levarão a algum lugar
E você poderá ver, com seus olhos encantados
Que valeu-lhe  a pena me  esperar!

Euclides Riquetti