Foto de 1972 - Carteirinha da FAFI
Escrevi em 11 de fevereiro de 2013 - Meu Deus! Já se passaram dez anos!;
Tirei dois dias para visitar meus amigos de Porto União e União da Vitória, cidades onde morei de 1972 ao início de 1977. Foram cinco anos de muitas realizações, muitas conquistas, as mais importantes de minha vida. Deram-me a base para tudo o que fiz, senti, vivi e realizei nos últimos 36 anos.
Reencontrei minha irmã e seu marido, o Luiz Fernando Ghidini a as filhas Rafaela e Roberta, no Restaurante X-Burger, que há 35 anos está lá estabelecido, provavelmente o mais antigo das cidades gêmeas do Iguaçu. Sempre é bom rever pessoas em bons momentos, não em ocasiões que se impõem. Depois, iniciei uma via-sacra: Fui à FAFI, onde formei-me em 1975 e à Mercedes-Benz, onde trabalhei durante todos os anos que lá morei.
Na FAFI, procurei pela Biblioteca, onde fui recebido pela atenciosa Juliana e a Sra. Rosana, que há alguns meses me enviou dois poemas meus que constam no livro Prismas, volume IV, editado pelo saudoso Nelson Sicuro, meu professor de Português. Não fiquei com nenhum exemplar desse livro porque os distribuí. E, na época, meu dinheiro permitiu-me apenas comprar cinco volumes... Peguei na mão, há um lá. Desfolhei as páginas, revi poemas de meus colegas de turma. Também obtive uma relação dos formandos de Letras/Inglês de 1975, facilidade que a informática nos proporciona.
Visitei a Mercedes-Benz, lá na BR, onde fui recebido pela Ildemara Bet, atenciosa. E reencontrei o Chuiquinho, amigo que trabalhou lá comigo há 40 anos. Está lá ainda como ferramenteiro, com limitação na vista, mas firme e forte. Agora é o "Seu Chico", não mais o Chuiquinho, irmão do Altamiro Beckert, com quem eu trabalhava também. É muito gratificante que uma pessoa simples como ele continue ali, tenha o carinho dos colegas. Também andei pela seção de peças, atendido pelo Anderson e pelo Karpinski, este trabalhando lá há mais de 30 anos. E revi o Toni Tonet, depois de 18 anos. Se as pessoas ficam tanto tempo assim numa empresa, é porque elas fizeram sua parte e por isso são valorizadas.
Tanto na FAFI quanto na empresa, fiquei emocionado e feliz ao mesmo tempo. Chegar lá e sentir a energia que deixamos há mais de três décadas, olhar para livros, objetos ou mesmo prateleiras, é voltar ao passado, trazer de volta aquele sentimento saudosista que se esconde em nossa alma. E isso, para mim, é impagável. Cada um valoriza as coisas pelo que sente por elas, e tenho forte sentimentos ligando-me àqueles lugares...
Depois, comecei minha peregrinação para encontrar amigos que trabalharam comigo. Reencontrei o Silvestre Schepanski, que me dicas de onde estão, agora, o Alcir Teixeira e o Osni Vila Nova e o Vilmar dos Santos. Marquei para fazermos um encontro com todos os outros colegas e vamos fazer isso logo.
Quando procurei pelo Alcir, fui até onde ele tem sua oficina mecânica e perguntei a umas pessoas que estavam ali: ´"Vocês poderiam me informar onde é a oficina do Sapo"? Fui colega dele, antigamente. Um me disse: "Ih, você chegou tarde, ele morreu faz um mês!" "Três meses", disse o outro! E começaram a teimar entre eles, seriamente. Eu, entristecido, pensava: "Se tivesse vindo um pouco antes, o teria encontrado!"
Depois de encenarem bastante, um deles falou: "Olha, não é bem assim, ele não morreu mas é a mesma coisa que tivesse morrido. Veja, está ali embaixo daquele caminhão fazendo um conserto. Olhe bem e veja se ele não tem cara de morto!" - Ri muito!!! Ele estava lá, envolvido em consertar um velho caminhão, com seu costumeiro macacão azul marinho sujo de graxa, como nos velhos tempos. Abraçamo-nos, rimos muito. Foi bem do jeito que costumávamos brincar em nosso tempos de jovens, quando tínhamos 40 anos a menos cada um e ele jogava bola no São Bernardo. Uma grande alegria reencontrá-lo...
Visitei outro colega que o Silvestre me indicou, o Osni Vila Nova. Cheguei em sua oficina e lá estava ele, com a mesma cara de 1977, quando vim embora, naturalmente que marcada por todos esses anos. E fui seguindo uma orientação que o Silvestre me deu: Era para chegar lá me apresentando como "Inspetor de Qualidade da Mercedes-Benz". Ele jamais iria me reconhecer, pois da última vez que nos vimos eu era um palito de magro e tinha aquele cabelão, bem diferente do que agora.
Pedi licença para falar com ele. Estava lidando com um caminhão, fazendo consertos mecânicos, com um ajudante. Lasquei, sério: " Boa tarde, estou realizando um estudo para avaliar o desgaste que ocorre nas coroas e pinhão do diferencial dos caminhões L-1113, aquele conjunto de nº 322 350 18 39, o senhor se dispõe a me ajudar? Não o atrapalho? Ele limpou as mãos com uma estopa e fez menção de deixar o serviço para me atender. Falei: "Não quero que pare seu serviço, pois sei que as horas são preciosas, pode continuar a trabalhar que eu faço as perguntas.... Mas não aguentei. Pus-me a rir, e ele disse que conhecia minha voz de algum lugar, mas que não sabia quem eu era. Identifiquei-me, nos abraçamos e rimos muito. Apresentou-me dois de seus três filhos que estavam lá trabalhando com ele, falou-me do irmão Vilson, que está em Joiville e que era meu colega. Foram minutos memoráveis para mim.
Tiramos fotos juntos, na oficina, e em frente a um caminhão seu. Fiquei contentíssimo em ter reencontrado aqueles amigos e nos prometemos fazer um encontro futuro. Disse-lhe que, quando trabalhávamos na Mercedes, ele era o único dos mecânicos que ia para a aula, fazia em então segundo grau. Com essa formação, ficou diferenciado e hoje possui sua própria empresa, bem estruturada.
Ele me mostrou o caminho para uma loja de peças onde trabalha o Vilmar dos Santos, meu colega de seção de peças lá no Mallon. Cheguei, reconheci-o. Não mais o menino de cabelo preto e comprido. Agora, um senhor grisalho, de óculos, que atendia com muito conhecimento os clientes que chegavam Combinei com o que me recebeu que ele não falaria quem eu era até que o Vilmar me atendesse. Saí pedindo peças pelo número delas, que guardo na minha memória até hoje. Ele não me reconheceu de imediato, mas depois acabou lembrando-se, disse que pela minha voz. Mudamos muito, todos nós, afinal, saí de lá em fevereiro de 1977, há exatos 36 anos. E só agora tive tempo para reencontrá-los. Fui matar a saudade...
As horas que passei com meus antigos colegas de trabalho foram gratificantes. Lembramos, com o Silvestre, dos mecânicos Miguel, Padilha, Justino, do chapeador Luiz Ribeiro, do ferreiro Pedro e seu genro Aírton, do Altamiro, do Mauro, do Eloi Cachoeira, do Solon Dondeo, do Carlos Konart, do Romeu da Silva, do patrão Jorge Mallon, do torneiro Mário, que tinha poucos cabelos mas que puxava os do lado para sobre o teto, para esconder sua careca. Lembramos das meninas, a Margarete, a Sueli, a Ivonete e até da Sandra Probst, a musa do escritório, que foi para fazer sua vida em Curitiba.
Foi só alegria o tempo que passei com meus colegas. E, na sexta-feira à noite, reuni-me com seis amigos da República Esquadrão da Vida. Relembramos e rimos muito das sacanagens que fazíamos uns com os outros. Mas isso é uma história que vai ter seu capítulo especial, em breve...
Euclides Riquetti
11-02-2013