sábado, 19 de junho de 2021

O suave barulho da chuva



Há um suave  barulho na chuva que cai lá fora
E que afaga suavemente meu pensamento
Enquanto o tempo segue  frágil e lento
Levando meus versos jogados ao relento
Na noite  fagueira que se vai  embora...

Há um barulho terno na chuva que cai
E um mergulhar no mar da imaginação
Que me transporta ao porto solidão
Ao cais do oceano da grande ilusão
Na busca do sonho que vem e que vai...

Ah, chuva que molha minha saudade
Chuva que apaga as marcas da nossa  vaidade
Que deixa seus cabelos úmidos e sensuais

Chuva que banha sua pele queimada
Que  refresca o cair da doce madrugada
Vem curar a dor dos meus ais!!!

Euclides Riquetti

No fim do último sábado outonal

 



No fim do último sábado outonal 

Choveu e fez muito frio por aqui

Avançou nosso ano tão anormal

Que igual a este jamais antes vi.


Foi um outono muito avassalador

Perdemos tantas pessoas queridas

Amigos tomados por tristeza e dor

Tomados por trágicas despedidas.


Pedir a Deus Sua Divina proteção

Rezar em favor de tantos vitimados

Esperar que com a força da oração

Tantos problemas sejam superados.


Esperar por novos e melhores dias

Para se reencontrar a tranquilidade

Nada de dores, apenas as alegrias

Com amor, carinho e felicidade!


Euclides Riquetti

19-06-2021










Os chineses precisam de nossa comida. Nós precisamos de seus insumos para as vacinas, mas apenas por enquanto!

 



       A China é um país de dimensões continentais. Sua população estimada é de pouco mais de 1.400.000.000 (um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes. Seu território é de 9.597.000 Km2.  O Brasil tem uma população estimada de 212.000.000 (duzentos e doze milhões)  de habitantes distribuídos num território de 8.516.000 Km2. Os três grandes produtores mundiais de alimentos são a China, os Estados Unidos e o Brasil. Nossas áreas terras agricultáveis são muito maiores do que as desses países. E, temos em nosso favor, um clima que nos favorece a produzir nos doze meses do ano.

       O Brasil é a esperança do mundo para que produza alimentos para suprir a falta deles no mundo nas próximas três décadas. Nos próximos 30 anos, a agricultura precisa colher 70 por cento a mais do que hoje para suprir a demanda mundial crescente. No Brasil, temos o avanço tecnológico que nos permite produzir em áreas antes não agricultáveis. Temos tudo para nos tornar uma nação ainda mais próspera e forte. Já passamos por muitas situações adversas e sobrevivemos. Vamos sobreviver também ao mal da pandemia do Coronavírus. Temos abundância de água que, se bem cuidada, o fator mais favorável a nossa economia. Produção de energia renovável, não poluente, mais barata do que as outras formas de produção que utilizam combustíveis fósseis.

       Quando falam que o Brasil precisa tratar muito bem a China porque ela é nosso grande parceiro comercial, não precisamos concordar. Tratar com respeito, sim, mas não podemos vender nossa alma nem a eles e nem aos demais. Os chineses estão investindo muito no Brasil, com empreendimentos, não apenas chegam até nós com a especulação financeira, como muitos outros o fazem. Temos que respeitar, mas precisamos ser respeitados. Antigamente diziam que quem tinha o petróleo nas mãos tinha o controle do mundo. Já não é mais possível pensar-se assim. Para os chineses damos comida e eles que nos deem os insumos para as vacinas, afinal, foi de lá que veio o vírus que se expandiu para o mundo.

       Também se dizia que os japoneses compravam nossos minérios e estocavam. Depois pegavam tudo aquilo e transformavam em relógios e nos vendiam. Algumas  toneladas de aço eram  pagas com apenas um relógio.  Hoje nós temos muito alimento que pode ser fornecido ao mundo, mas nosso principal cliente é a China, assim como a Rússia foi nosso grande comprador há uma década. Ter poucos clientes grandes, ao meu ver, não é um negócio sustentável. Melhor seria termos muitos clientes médios e pequenos do que uma minoria forte. O risco seria menor, não cairíamos em armadilhas comerciais. A China está comprando muitas comodities no nosso mercado futuro. Têm dinheiro e fazem o jogo que lhes interessa. Lembro que o Brasil já precisou comprar o petróleo brent  no exterior para cumprir contratos com os vizinhos aqui da América do Sul.

       Muitos países estão preocupados com os chineses. O Presidente Biden dos Estados Unidos, pacifica-se com a Rússia e está com seu olho crítico voltado à China. Esta vem ocupando espaços que eram deles. Seria ingenuidade pensar-se que seu comportamento viesse a ser totalmente contrário do de Donald Trump. Os norte-americanos fazem pequenas querelas entre si, mas na hora de lidar com os rivais estão sempre no mesmo barco. Nós damos comida aos chineses e eles nos dão insumos para nossas vacinas. Mas apenas por enquanto!

       Aqui no Brasil, a aplicação das vacinas contra o coronavírus está sendo acelerada em junho. Isso já provocou embates políticos entre o Governo de São Paulo e o Ministério da Saúde. A não ser que estados e municípios venham a adquirir imunizantes fora do PNI, haverá pouca diferença de prazos nos calendários de vacinação, uma vez que as prioridades e as idades seguem o Plano. A briguinha é boa porque, quanto mais queiram aparecer e serem pais da criança, mas rápido agem para trazer as doses ou os insumos do exterior. Mas nosso grande trunfo será a produção do insumo no âmbito nacional. Tanto a Fiocruz quanto o Instituto Butantã estão ampliando sua capacidade de produzir diversos tipos de vacinas. As pesquisas estão avançando e, em um ano, passaremos de importador a exportador. Bom para nós, bom para o Brasil.

       Nossos vizinhos Uruguai e Chile estão bem mais adiantados do que o Brasil  na aplicação de vacinas, mas o registro de óbitos, mesmo assim, está elevado em ambos. Estão com mais de 60% de aplicações contra 30% em nosso meio. Mas os registros de óbitos por cada milhão de habitantes aponta 16 no Uruguai, 13,3 na Argentina e 5,8 no Chile. Aqui no Brasil, são 9 mortes diárias para cada milhão de pessoas.

       Na semana passada, o Brasil perdeu o ex-Vice-Presidente Marco Maciel. Aqui em Joaçaba perdemos o ex-vereador Telismar Gewehr. Dois bons políticos, guardadas as devidas proporções. Duas pessoas muito discretas e confiáveis. Telismar, meu amigão, Maciel, um político que sempre admirei. Quando fui prefeito, tive um vice padrão Marco Maciel, meu companheiro Nadir Zanini, que partiu há dois anos. Quando você tem um vice discreto e confiável, tudo fica mais fácil. Que todos eles tenham as Bênçãos Divinas e o merecido descanso na Eterna Glória.

Euclides Riquetti – Escritor

Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba SC

Em 18-06-2121

 

Feche bem seus olhos

 






Feche bem seus olhos
E escute a música do vento
Ouça a canção do firmamento
Com seus olhos bem fechados...

Fecha bem seus olhos
E veja que cenário bonito
Com anjos cavalgando no infinito
Com seus corcéis alados...

Veja quantas coisas interessantes
Você pode ver
Com seus olhos fechados
E seu sorriso acalentado.
Veja o sol e as paisagens verdejantes
Sim, você pode ver...

E perceba que, muitas vezes
Com seus olhos bem abertos
Brilhantes, castanhos  e despertos
Você não vê nada!

Porque a gente vê somente aquilo que quer
Aquilo que não depende de termos olhos ou não
Como sente sua divina alma de mulher
Como sente meu frágil coração!

Então, feche bem seus olhos!

Euclides Riquetti

Celebrar a vida

 


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Suavemente, abra seus olhos, suavemente
Tente fazer isso com toda a calma possível
Quando estiver sentindo-se triste, vá, tente
Tal qual a garça que voa, plana e sensível
Vai singrando os ares em toda a imensidão
Tecendo a rede da harmonia de seu coração
Elemento que a propulsiona a viver somente!

Voar ao encontro do azul luzidio e infinito
Modular o corpo esbelto, exalar perfumes
Procurar pela paz, realizar um sonho bonito
Porque a noite escura clareia com os lumes
Voando com as asas livres da imaginação
Poder dizer ao mundo com a toda a emoção:
Amar sutilmente, declamar o poema escrito.

E, ao ler meus versos, as palavras escolhidas
Transpor o universo para mergulhar em mim
E, ao sentir neles a mensagem aqui inserida
Imaginar-se uma musa, cravo de meu jardim.
Acreditar em mil encantados contos de fadas
Perceber-me em meus poemas e minhas falas
Sentir-me em cada momento, celebrar a vida!

Euclides Riquetti

Na madrugada silente

 




Na madrugada silente


Perco-me, em pensamentos, na madrugada silente

Nas profundezas insólitas da meditação

Os redemoinhos fazem girar minha mente

E mergulho nas indefinições de minha imaginação.


Atiçam-me os pensares de minhas lembranças

Voltam-me ao radar tantas coisas já vividas

Da maturidade, juventude, adolescência e infância

Uma ampla e confusa dimensão a ser compreendida.


Papel, lápis e caneta, ou o insensível computador

Instrumentos de meus registros poéticos constantes

Também são meios de cantar a vida, cantar o amor.


Corpos, almas, abraços, beijos ou ruas bucólicas

Jamais haverá um depois,  se não tiver havido o antes

Não haveria asfaltos sem antes obras melancólicas...


Euclides Riquetti

19-06-2021









Será que os deuses estão loucos?

 







Espere um pouco
Observe o tempo
Ouça o lufar do vento
Será que os deuses estão loucos?

Pare e fique olhando
Olhe bem o sol dourado
O céu de anil azulado
Nuvens brancas flutuando.

Então, por que tanto venta?
Se já vem novembro
Foi-se o outubro nevoento
E o dia não esquenta?

O mundo está  solto
Jogado no espaço infinito
E meu coração em conflito
Acha que os deuses estão loucos!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Sinto, em ti, o sabor da uva madura

 






Sinto, em ti, o sabor da uva madura
Há, em ti, a energia do sol dourado
A força que brota do vinho tinto
A destreza de um animal alado
Um anjo de docilidade e formosura.

Sinto, em ti, o calor das areias do deserto
A calmaria da nuvem embranquecida
O perfume do lençol bem limpo
O aroma da baunilha  amarelecida
E o frescor do intenso vento do inverno.

Vejo, em ti, a agilidade de uma andorinha
A singeleza e a esperteza de uma criança
A beleza e a realeza da princesinha.

Então...
Reúno todos os teus predicativos
Os teus sabores e a tua energia
As qualidades, todas em harmonia
Todos os melhores dos adjetivos
Para te dizer, com toda a alegria
Que me inspiras no meu dia a dia!

Euclides Riquetti

Dublê em entrevista

 



          Quando voltei para passear um casa, num  feriado de 1972, fui à missa na Matriz de Capinzal, no domingo à noite. Depois, era ir ao Cine Glória, comprar um pacotinho de pipoca do carrinho do Gigi Gramázzio, e pegar um filme. Era o costumeiro programa de domingo. Formava-se uma extensa fila defronte ao cinema, todo mundo querendo comprar ingresso na mesma hora. Os mais espertos, já compravam o seu na sessão do sábado, para não se preocupar no domingo.

          Aquele domingo foi muito especial para mim, pois minha amiga Eloí Elisabete Santos, hoje Eloí Bocheco, escritora, colega na literatura, convidou-me para fazer uma das leituras da celebração. Deveria ler uma daquelas duas leituras que precedem o Evangelho, podia escolher a que quisesse. Tremi um pouco, mas procurei encorajar-me, pois sempre fora muito tímido. Teria de haver uma primeira vez. E eu não podia desapontar aquela bela e prendada colega, que cursava o Segundo Grau, recém inventado.

         Foi minha primeira leitura em público. Até uma freira veio conversar comigo, perguntou se eu sempre lia em missas, se eu queria fazer parte de um grupo litúrgico  formado por jovens. Agradeci, disse que não moarava mais na cidade. Eu era muito envergonhado, pois na escola sempre riam de mim quando eu lia. Mas aquela encarada ajudou-me a perder o medo, e já li milhares de vezes em público. Devo isso à Eloí, agora ela sabe!

         Tendo visto e ouvido minha leitura, após a missa,  vieram  o Márcio "Pimba" Rodrigues  e o Vilmar Nêne Matté e me fizeram uma proposta meio doida: O Arabutã tinha obtido uma bela vitória em Joaçaba, contra um time de lá, não lembro se o Comercial ou a ABCLESC e o Tio Pé, centroavante, tinha feito dois golaços. Queriam que eu desse uma entrevista dublando o Tio Pé para o programa de esportes  da Rádio Clube de Capinzal.

          Achei que isso era uma loucura, que as pessoas iriam ver que não era a voz dele e isso não ia dar certo. Argumentei também que eu não tinha visto o jogo, não sabia como foram os gols, etc. etc. Até me propus a dar uma orientação ao jogador, se eles me antecipassem as perguntas. Eu faria um treinamento com ele e era melhor uma entrevista fraca concedida pelo verdadeiro protagonista do que uma razoável respondida por um dublê. E os convenci a arrumarem outro dublê, mas ninguém aceitou esse desafio e acabaram eles mesmos, na segunda-feira, falando sobre a façanha do Tio Pé, filho do falecido Pé-de-angico.

          Pior que isso, somente aquela história que cotam sobre um jogador do Inter, o Claudiomiro, que costumava dar suas entrevistas recheadas de gafes. Uma vez, tendo jogado contra o Clube do Remo, no Pará, disse a um repórter que estava muito contente por ter jogado em Belém, a terra onde Jesus nasceu. Outra vez, escolhido melhor jogador em campo e tendo feito um gol, agradeceu à equipe esportiva de uma rádio de Porto Alegre por tê-lo escolhido como o melhor em campo, em especial por terem lhe dado uma "caixa de brahmas da Antáctica"...

Euclides Riquetti
22-02-2013

O seu sorriso, o meu sorriso!

 







          Tenho muitas amigas, conheço muitas pessoas. Vou a muitos lugares, converso com muita gente. De todos os tipos e comportamentos. Sou muito observador, tiro minhas conclusões sobre elas. Cada ser é um ser, cada pessoa é uma pessoa. Fico imaginando se são felizes, infelizes, se o que aparentam ser é o que realmente são. Não sou psicólogo, nem filósofo. Sou um cidadão comum, que sente, pensa, tem opinião sobre as coisas, escreve.

          Assim, procurei lembrar de pessoas e de como elas sorriem. Algumas, nem as conheço pessoalmente. Mas minha imaginação me permite até criar personagens com características que, se eu tivesse o domínio da arte de desenhar ou pintar, poderia dar-lhes o devido retrato. Então, estou propondo a meus leitores que tentem se enquadrar num dos tipos de sorriso que estou sugerindo. Mas não escolha a primeira opção, simplesmente. Procure ler todas e,  depois,  escolha as três que mais combinam com você. Então, dentre estas, escolha a primeira, aquela que "fecha" com seu perfil de sorrir. É uma atividade que pode empolgar, pois você pode até "classificar", pelos dados apresentados, pessoas que você conhece ou com quem mantém relações de trabalho, amizade, ou mesmo pessoais:

1. angelical: sorriso terno, mas não ingênuo, de moça que tem uma luz oculta na expressão de seus olhos e de seu rosto.

2. felino: sorriso de gata, normalmente nos olhos verdes e azuis, sobrancelhas bem delineadas, cílios
vistosos, jeito de quem está sempre pronta a dar o bote, unhas bem afiadas.

3.sutil: olha com graça, os músculos do rosto se movimentam levemente, há um charminho escondido propositalmente, como se fosse uma criança a sorrir.

4. provocador: o mesmo que provocante, a gatona sabe o que quer, sabe atrair o outro, vem e vai, ora olha, ora finge que não vê, mas quando olha procura chamar a atenção. O seu sorriso se alia a repentinos e estudados movimentos  do corpo.

5. praia-sol: sorrisão aberto, olhos escondidos por um óculos grande, de belo desenho. A condição dos cabelos ajuda a compor o quadro visual e a definir o conceito de mulher poderosa.

6. terno-apaixonado: muito tender, dócil, cordato, sem no entanto ser submisso. Olhares e sorrisos dirigidos somente para o amado.

7. loucamente apaixonado: tipo saia de perto que esse cara é meu, entusiasmado, arrojado, combina com movimentos rápidos do corpo em mulher desenvolta e que sabe defender o que é seu.

8. rebelde: mostra contrariedade se algo lhe é subtraído, quer exclusividade do outro e se vê que há perigo de concorrência mostra as garras e se rebela.

9. lascivo: olhar pecaminoso, sorriso que atrai, quer, deseja ardentemente possuir, não importa onde e quando e nem quais as consequências que podem advir.

10 - pecaminoso: cheio de pecado, convida a pecar ainda mais, esbanja desejo, perfuma o ar do entorno, está disposto a levar o outro à perdição.

11. clear eyes: muito atraente, encanta mesmo sem provocar, na dele, sabe que tem muito poder, mas demonstra ingenuidade e desproteção. Porém, é uma arma que pode tanto fazer feliz quanto destruir.

12. tímido: ligeiramente acanhado, dá a impressão de fragilidade, mas não de fraqueza, parecendo de bebê ingênuo, mas tem alto poder de contaminação de almas e corações.

13. ousado: capaz de arrasar quarteirões, parte para a ofensiva, não está preocupado com as consequências, o que importa é o resultado imediato.

14. debochado: muito dirigido à concorrência, demonstrando que a bela é muito segura de si, não permite que ousem sequer chegar perto do que é seu.

15. dissimulado: o disfarce está sempre presente, há perigo na área, muita culpa no cartório, a mentira é uma arma poderosa e ferina.

16. diabinho: sempre pronta a levar para o inferno, a queimar a alma de alguém, não sem antes tirar proveito do corpo da vítima, é uma tentação que deleita, mas que pode dar dor de cabeça depois.

17. namoradinha apaixonada: características  de estreante nas lidas do coração, alto índice de fidelidade, muito carinho e amor a dar, mas há um longo caminho a percorrer ainda.

18. cínico: reveste-se de intolerância, com olhar de desdém, faz qualquer coisa para mostrar insatisfação com a situação presente, é uma agressora em potencial.

19: abundante: largo sorriso, generoso, encantador, abre espaço para a chegada, mas isso não significa entrega. está mais para simpatia do que para convites...

20. generoso: o sorriso de quem costuma agradecer, de quem dá e recebe, de quem valoriza pequenas coisas, por mais simples que sejam.

21. anjo azul: sorriso de sereia, cheio de mistérios, mas inspira alguma confiança e até ingenuidade, fragilidade e necessidade de proteção.

22. sedutor: reúne muitas qualidades num único sorriso, sensualidade constante, movimentos do corpo que atiçam os olhos e instigam as mentes.


          Bem, agora minha parte está feita. Faça a sua: complete a lista, veja quais deixei de mencionar e escreva em algum lugar onde as pessoas possam ver.

Grande abraço! Sorria, ame, seja feliz sorrindo e recebendo sorrisos em troca dos seus!

Euclides Riquetti

Os Mistérios do Hotel Paraná (Em União da Vitória)

 



Reedição:

Resultado de imagem para fotos Porto União da Vitória




          As amizades que a gente faz têm um incomensurável valor. Às vezes fomos próximos de pessoas que nunca nos notaram e nem nós as notamos, não por orgulho, mas por que, ironicamente, podemos ter trilhado o caminho paralelo, mas não o mesmo. Podemos ter vivido no mesmo bairro, na mesma cidade, mas interesses distintos nos conduziram por distintos caminhos. Hoje, com a disponibilização das redes sociais, consegue-se  fazer novas amizades e redescobrir algumas que se guardaram, adormecidas, por longos anos.  Tenho buscado percorrer os caminhos por onde andei na minha juventude e, felizmente, tenho reencontrado muitas pessoas que também andaram por eles.  E, no mesmo trajeto, acabei formando outros novos amigos. A amizade é algo sensacional. Quando madura, bem construída, torna-se sólida e nos traz muita satisfação e alegria.

          Numa dessas incursões pelo facebook, conheci uma pessoa que me me suscitou ternas lembranças, devo ter passado milhares de vezes pelos caminhos em que ela passou. Agora, quatro décadas depois, descubro respostas para perguntas que nunca obtive.

          Já mencionei, nas crônicas anteriores, meu modo de vida de meus tempos de faculdade, quando eu morei em Porto União da Vitória. São duas cidades, separadas parte pelos trilhos da estrada de ferro, parte pelo Rio Iguaçu. Duas cidades e dois estados: Porto União, em Santa Catarina, a cidade onde se situava o 5º Batalhão de Engenharia de Combate. União da Vitória, no Paraná, onde se situava o Estádio Enéas Muniz de Queiroz, onde vibrei em muitas tardes de domingo, quando ia lá torcer pela A.A. Iguaçu, e na qual jogava meu conterrâneo e amigo Roque Manfredini, um dos melhores goleiros que Capinzal já produziu.

          Morei  quatro de meus cinco anos ali,  bem no centro de União da Vitória, na Rua Professora Amazília e, por último, na Avenida Manoel Ribas. Andava muito, a pé, na cidade plana, vivi ali o melhores anos de minha juventude.

          Dentre as lembranças que atraem meu pensamento, está o trajeto que fazia do "Esquadrão da Vida", a nossa república de estudantes, até a FAFI, onde eu estudava. Apenas quatro minutos a pé. Uma dobra de esquina, duas ruas,  e a Praça Coronel Amazonas, onde três prédios nos chamavam a atenção: a Catedral, a Fafi e o Hotel Paraná. A Catedral, uma edificação que dispensa comentários, uma obra de suntuosa arquitetura. A Fafi, uma edificação funcional e sem atrativos arquitetônicos. Mas tinha seu valor pela sua história e pelo nível de formação de seus acadêmicos. Na não menos histórica Praça Coronel Amazonas, a qual eu atravessava para chegar à aula. Ali, um lugar muito seguro à época, era o lugar em que as mães levavam as crianças para brincar num parquinho. Árvores centenárias marcavam aquela paisagem, eram o seu maior atrativo. E, dirigindo meu olhar de lá para a direita, o casarão do misterioso Hotel Paraná. Dezenas, quiçá centenas de  histórias rondavam aquele sobradão imponente, belo, aristocrático, mas ao mesmo tempo assustador...

          O Hotel Paraná, já na década de 1940, abrigava a elite de viajores que passavam pelo Passo do Iguaçu. A cidade era ponto final de linhas de ônibus que vinham de Curitiba, Canoinhas, Mafra, Joaçaba, Palmas, Pato Branco, Concórdia, Chapecó. E dos trens que vinham de Curitiba/Ponta Grossa, São Francisco do Sul e Marcelino Ramos. Então, para seguir viagem no dia seguinte, pernoitavam em Porto União da Vitória. Cerca de uma dezena de hotéis na cidade, mas o mais categorizado, com o melhor serviço e as melhores acomodações, mais luxo em seu interior era, certamente, o Hotel Paraná.

          Depois de reinar absoluto por muitas décadas, com o falecimento do proprietário que sucedeu os fundadores,  o hotel foi arrendado, quando sucederam-se, em seu interior, fatos que marcaram muito a história da cidade,  e que ensejaram todas as especulações em torno do mesmo. Eu perguntava, em 1972, aos colegas,   por que um prédio tão bonito e bem arquitetado, numa paisagem urbana bastante singular, estava ali abandonado, fechado. E me diziam que era um lugar mal-assombrado, que ocorreram  dois assassinatos ali e que, depois disso, nunca mais fora o mesmo. E me explicavam as coisas que eu nunca entendi direito. Mas olhar para tudo aquilo, principalmente à saída da Faculdade, não me causava medo, mas sim admiração, sentimento de perda... Não entendia o porquê de o Poder Público, a Prefeitura, o Estado, não adquirirem aquele exuberante imóvel para ali instalar o Museu da Cidade, uma Casa da Cultura. E nunca obtive respostas.

          Nos cinco anos que  morei na cidade ele permaneceu ali, aumentando seu mistério e suas histórias. (O tempo faz com que se perca a verdade e os fatos se deturpem...) Mas, nos últimos dias, através de uma das herdeiras do imóvel, Consuelo Portolan, fiquei conhecendo um pouco da sua história. O avô desta o adquiriu  nos áureos tempos de União da Vitória, na época em que as serrarias eram abundantes e o beneficiamento das madeiras movimentava, fortemente, a economia da região. O Hotel Paraná era o principal destino de empresários e autoridades que chegavam à cidade. Fora construído, não se tem data precisa disso, possivelmente por autoridades de Governo, justamente para abrigar as muitas autoridades que se dirigiam para a região, a qual era integrante do território contestado. Quando o avô faleceu, a família alugou-o para terceiros, tendo acontecido o assassinato de suas pessoas em seu interior. Então, a  mãe da herdeira, com um filho e duas filhas, todos menores, tentou  levar o empreendimento adiante mas, com o falecimento muito prematuro desta, os filhos fecharam o estabelecimento e foram embora.  Havia o sonho de se transformar o prédio numa casa de cultura, mas isso não aconteceu. E, adiante, houve a um incêndio que comprometeu a estrutura de alvenaria, resultando na ocupação do terreno para construção de prédios de apartamentos.  Ao revisitar a cidade, deparei-me, posteriormente, com aqueles prédios que ali estão agora...

       Sobre o Hotel, Soad Portolan, uma das duas moças herdeiras junto com um irmão, e irmã da Consuelo, diz: 

     "Meu avô, João Saade, proprietário do Hotel desde 1945, não faleceu antes do arrendamento à família Barth, que teve duas pessoas assassinadas no hotel.
Essa tragédia se deu lá por 1962, e meu avô retomou o hotel, juntamente com minha mãe, eu e meus dois irmãos, em 1964. Em julho de 1970 minha mãe faleceu, em fevereiro de 1971 eu e meus irmãos viemos para Brasília, e em julho de 1971 que meu avô veio a falecer, ainda morando no hotel, já desativado".

          Parte da história daquele sobradão que me encantou na juventude, pude ter resgatada pelas informações de uma amiga recente  que, na época, entre dezessete e dezoito anos,  tendo sido criada no interior daquele hotel, ali viveu os grandes momentos de sua infância e adolescência.   Aqueles tempos em que se faz a amizade na escola, na rua,  nas festinhas de aniversário. Fiquei imaginando como deve ter sido a vida daquele rapaz e de suas duas irmãs, todos menores, que pisaram, pouco antes de mim,  as mesmas calçadas que eu também pisei.  E que brincaram naquela praça, sentiram o frio nevoento do inverno e o sol causticante do verão. E que tinham seus sonhos, sua família, mas acabaram sós. E que foram construir seus sonhos em outra cidade, deixando ali todas as belas lembranças de sua infância... Mas a vida é assim mesmo. De repente, fatos que acontecem mudam tudo na vida das pessoas...

          Obrigado, Consuelo, por me ajudar a conhecer, um pouco, a história dos mistérios do formoso Hotel Paraná, uma imagem que tenho gravada em minha memória saudosista!

Euclides Riquetti
23-06-2013

Amor e versos, a única certeza...

 



Cada vez que escuto a  canção do  vento
Entendo porque as pessoas são diferentes
Indago-me se estou certo ou estou  errado
Livre é o meu, também é o seu pensamento
E não sei se estão certas todas as outras gentes.

Prefiro acreditar  que o destino foi traçado
Em linhas planas,  mas na terra arredondada
Riscado sem se saber por qual estrada
Ou por qual raio de sol se deve andar
Na busca por um porto sem se ter um mar.

Talvez seja maior o meu, o seu querer
Imagino quão difícil lhe deve ser.

Inspira-me a compor meus versos e canções
Nas noites estreladas e nas madrugadas
Sempre a imaginar dois belos corações
Presentes um no outro, as mãos dadas
Instantes de avivar nossas paixões...

Radiantes, alegres, sorrisos eternos
Almas cruzadas, vozes cativantes
Dias de turbulência, outros doces, ternos
Onde quer que esteja, sonhos consoantes
Rumos incertos, com pouca clareza
Amor  e versos, nossa a única certeza!

Euclides Riquetti

Ao meu pai

 


Meu pai faleceu há exatos 44 anos. É como se tivesse sido ontem...




Dias sem pássaros, noites sem estrelas
Dias de densas nuvens, o vento a volvê-las
Noites tão escuras, luar contido, ausente
Fazem dos meus sonhos futuro sem presente...

Dias de chuva forte, sem sol, sem luz no céu
Dias sem esperança, cinzento mausoléu
De alguém que foi distante, buscando seu destino
Tombando para sempre, subindo ao céu divino.

Conforto-me em saber que fez o bem na terra
Que pela sua bondade fará novos amigos
No céu que é manto azul, é flor da primavera
Verá,  mais uma vez, seus entes tão queridos.

E entre dias sem lindas noites, noites sem dias lindos
Eu fico recordando, pensando nos já findos
Em que você se foi, naquele longo inverno
Buscando nova vida, buscando o Pai Eterno!

Euclides Riquetti
Composto em julho de 1993.

Quarenta e quatro anos sem meu pai (parece que foi ontem...)

 

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Hoje é uma data em que fico com minha sensibilidade aguçada. Voltam-me as lembranças de um sábado, 18 de junho de 1977. Morávamos em Duas Pontes, hoje Zortea. Cedo, tomei o ônibus para Capinzal. Fui à casa de meus pais, no Ouro, para ver como estavam as condições da debilitada saúde de meu pai. Um abraço em minha mãe, a busca pelo meu querido pai no quarto deles. Lá, ele enrolado nas cobertas, em sua cama, magro. Tínhamos o mesmo tamanho, mesma altura, mesmo peso. Porém, naquele dia, ele tinha chegado ao fundo do poço. Estava magro, acabado, o olhar muito fundo, e profundo. Frágil. Somente conseguia ingerir líquidos. O CA de estômago, esôfago e duodeno tinha acabado com ele.

          Fiquei lá umas duas horas, conversamos. Poucas vezes tínhamos parado para conversar em 5 anos. Eu saíra para estudar e nas vezes que nos vimos falávamos de meus estudos, ele me contava sobre seu tempo de Seminário no São Camilo, em São Paulo, onde chegou a cursar Filosofia. Era uma pessoa muito culta, lia muito. Descrevia-me lugares em que nunca tinha estado como se tivesse morado lá por muitos anos. Falava de Veneza, de Roma, do Rio de Janeiro. Conhecia cada detalhe das cidades, dos países. Falava dos rios, das areias das dunas. Nas viagens, trazia-nos areia branca dentro de garrafinhas de refrigerantes, e pedaços de minerais e pedras em vidros de conservas. Para nós e para seus alunos. Falava das guerras, das revoluções, de Napoleão Bonaparte, Marco Polo, de Sócrates, Platão e Aristóteles. De Churchill, de Benito Mussolini.  Mas, naquele sábado, apenas relatou-me sobre a situação de nosso sobrado, onde já morava, mas que faltava colocar concreto na laje da garagem, averbar a casa no INPS da época. Parece que estava a me passar recados e recomendações. Mesmo sabendo de sua condição difícil, ele fazia de conta que estava bem, poupava-nos de sofrer. E nós fazíamos o mesmo, para que ele não sofresse.

          Despedi-me dele, disse-lhe que voltaria no sábado seguinte. Eu ainda não tinha carro, dependia de ônibus. Um abraço em minha mãe e começamos a descer as escadas lá detrás de casa para ganhar a rua. Escutei gritos de desespero, minha mãe chamava-me para voltar. Corri, assustado, meu pai estava com uma forte hemorragia. Chamei o Altevir Zampieri, que era nosso inquilino e tinha um táxi, um fusca branco. Peguei meu pai no colo, carreguei-o, um homem de 80 quilos estava com 35. Estava acabado, indefeso, como se a dizer: "Salve-me!"

          Fomos ao Hospital Nossa Senhora das Dores, foi colocado num leito, não falou mais, apenas agonizou . O Dr. Acioli Viecelli, amigo da família, foi colega de colégio de meu irmão Ironi, autorizou a aplicação de soro e chamou-nos para o lado. Perguntei-lhe sobre as chances de meu velho e ele me disse: "Está difícil, ele não escapa". Perguntei-lhe se devia chamar minha irmã, Iradi,  de União da Vitória. Disse-me que sim. Fui ao Mercado Lorenzoni e o Sr. Nelson fez a ligação para um telefone de uma vizinha de minha irmã. Pedi-lhe que viesse e assim ela o fez. Veio de ônibus, o Hiroito foi  buscá-la em Joaçaba. Chegou aproximadamente às 21 horas. Quando ela pegou na mão dele, disse-lhe que tinha vindo vê-lo, ele apertou a dela e começou a partir... Pouco depois, nós o perdemos. Os irmãos Vilmar e Edimar não entendiam direito o que estava se passando. Minha mãe, desesperada. Tivemos que nos manter fortes para confortá-la.

          Por um instante, agora mesmo, senti-me como se fosse aquele sábado, mas é apenas terça-feira.  Revivi cada momento daquele dia.  Não há como eu não chorar...

Euclides Riquetti

Há algo que brilha em ti





Há algo que brilha dentro de ti
E que vem até mim:
Inexplicável
Bonito
Adorável!

Há um transbordar de sorrisos
Um exalar de alegria
Sonhos antigos
Que nos dão nostalgia.

Uma saudade agradável
Numa manhã chuvosa
Um sentimento afável
Uma pele cheirosa
Num corpo saudável
Uma alma deliciosa...

Que vêm de ti
E que chegam a mim.
E que me contagiam suavemente
Envolvem minha alma
Meu corpo
Minha mente!

Euclides Riquetti

Os ventos que vêm do mar...

 



Os ventos que vêm do mar
Me trazem  os murmúrios da antiga canção
Me lembram o amor e a louca paixão
Os ventos que vêm do mar.

Os ventos que vêm do mar
Despertam sentimentos adormecidos
Instintos que  jazim  escondidos
E que voltam a se  animar.

Os ventos que sopram pro mar
Levam de volta os meus lamentos
Que se vão a velejar.

Os ventos que sopram pro mar
Levam as tristezas e os meus sofrimentos
Para me deixarem em paz.

Euclides Riquetti

O moço de olho azul



Foi há muitos, muitos anos
Um moço loiro, de olho azul
Por entre sacros e profanos
Disse "amai", de norte a sul.

Foi no tempo de Maria
Foi no tempo de José
Em Belém, um certo dia
Nasceu Jesus de Nazaré.

Fio no tempo dos  Reis Magos
Um moço forte, inteligente
Que pregou por entre os lagos
"Amai a toda, toda a gente".

Foi há muito, muito tempo
Que Jesus apareceu
Palestrando no relento
Seu rebanho convenceu.

Foi aquela Madalena
Que roubou o seu olhar
Mas o moço que é meu tema
Preferiu lhe perdoar.

Foi assim que o jovem nobre
Que morreu naquela cruz
Preferiu ser moço pobre
E se tornou raio de luz.

Foi a voz do bom profeta
Que Jesus anunciou
Foi o verso do poeta
Que Jesus eternizou.

Foi com o sangue derramado
Que do vinho Ele tirou
Jesus Cristo,  tanto amado
A Humanidade Ele salvou!

Euclides Riquetti

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Sonhos são sempre sonhos

 





Quando meu sorriso encontra o teu sorriso





Quando teu sorriso sai pelas janelas
E vai buscar as flores meigas da manhã
Vai encontrar crianças, velhos  nas ruelas
As sempre-vivas verdes e amarelas
Se deliciar nos campos verdes das maçãs...

Quando meu sorriso encontra teu sorriso
Meu rosto tenso das agruras do universo
Sabe que encontrou aquilo que eu preciso
Que chegou perto do jardim do paraíso
Que escrevi nas prosas, que cantei nos versos.

E quando vejo os mil sorrisos que reluzem
Em cada canto da cidade em que tu cantas
Rostos divinos com olhares que me induzem
Corpos esbeltos que me atraem e me seduzem
Minha alma exulta e meu coração se encanta.

Sorrisos, ah, sorrisos, tão bonitos quanto o teu
Sorrisos que navegam pelos céus, que vêm encontrar o meu!


Euclides Riquetti

Eu quero ser sua canção




Não sei por que caminhos lisos  andou meu pensamento
Se se perdeu nas pedras soltas, ou se foi nas correntezas
Mas penso que seguiu a rota azul no imenso firmamento
Que  preferiu navegar,  solitário, nos mar das sutilezas...

Eu  fiz  muitas perguntas simples e todas sem respostas
E em todas as que eu lhe fiz, você mostrou-se indecisa
Propus amor, felicidade, mas não ouviu minhas propostas
Me deu somente dúvidas, respondeu-me com evasivas...

Não sei andar sem chão, sem base, apenas flutuando
Não sei mover-me sobre as nuvens, sem rumo definido
Não sei viver sem versos, nem quero ver você chorando...

Você é a melodia que me falta para animar meu coração
Você é  parte de mim, você  é meu ser, meu maior  sentido
Você é o tema de meus versos e eu quero ser sua canção.

Euclides Riquetti

Desculpe-me!

 


Desculpe-me, se fui inconveniente

Deselegante, pelo meu jeito de ser

Desculpe-me por me fazeres sofrer

Desculpe-me por ter-te feito sofrer

Mas estás sempre em minha mente

Por mais que eu tente te esquecer!


Desculpe-me se sou inconsequente

Afoito, inquieto, afobado e imaturo

Desculpe-me por ser tão inoportuno

É que muitas vezes ajo por impulso

Me perdendo em corpo e em mente

Infantil, até, e me arrependo, eu juro!


Desculpe-me se sou assim desajeitado

Parecendo-me com moço adolescente

Mas eu te peço perdão, simplesmente

Quero contar contigo, definitivamente

Eu quero sempre amar para ser amado

Quero viver feliz, alegre, bem contente.


Euclides Riquetti

17-06-2021








O vento que sopra na tarde

 




O vento que sopra na tarde
E que move as folhas da planta
Traz-me paz, sem mais alarde
E faz-me sentir qual criança.

Quando a primavera  chegou
Começou a mudar a paisagem
A flor se abriu, desabrochou
No vaso que abrigou a folhagem.

A juventude é assim:
Surge bela, como a flor
Ocupa os canteiros do jardim
Abre-se em sonhos de amor.

Ah, setembro - primavera!
Tempos de vida e de cor
Vem o sol que a gente espera
Traz na  tarde seu fulgor.
 
Euclides Riquetti

Águas salgadas de Marte - poema

 





Diz a N.A.S.A
Que em Marte tem
Água salgada!

Não sei se ali vão erigir hotéis
Nem se construirão bordéis
Se asfaltarão as estradas!

Não sei se alojarão profetas
Nem sei se será destino de poetas
Se haverá noites e madrugadas!

Dizem que a água aparece na primavera
Corre nas encostas no verão
E, no outono, vai desaparecendo

Eu não tenho tempo pra ficar na espera
Não posso esperar um tempão
Pois que irei envelhecendo...

Enquanto isso, escrevo poemas arretados
Enquanto correm as águas de setembro
Enquanto me inspiro e relembro.
E os ventos arrancam telhados
Das eiras e das beiras
Como na última quinta-feira!

Euclides Riquetti

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Voa, pensamento...

 



Sagaz inspiradora de palavras e  versos
Mergulha-se  em devaneios e ilusão
Escravos pensamentos estão despertos
Companheiros na  sua solidão.

Olhos brilhantes e meigos que  censuram
As palavras nos seus lábios pronunciadas
As mãos graciosas outras mãos seguram
O sonho que rouba as  madrugadas.

Vaga pisoteando pedras entre a verde relva
Vaga sem cuidados, sem limites, sem reservas.
Entre sucessos, tropeços  e conquistas.

Voa o pensamento entre as nuvens alvas
Voa no firmamento sua dileta alma
Enquanto a névoa lhe embaraça as vistas.

Euclides Riquetti

Diamante negro

 






Diamante Negro
Um olhar acanhado, uma sutil timidez
A discrição, a virtuosa e doce sensatez
Uma lembrança, um sorriso,  um segredo!

Diamante que se enobrece com o passar dos anos
O mais singelo, magistralmente  lapidado
Soprepôs-se a tudo pelo tempo já passado
E ainda  resplandece e povoa meus sonhos profanos!

Diamante que exala elegância, charme, sensualidade
Mas que esconde, em si, mistérios indecifráveis
Sentimentos ocultos e infindáveis
Que esbalda a fragrância, o perfume, a veleidade...

Diamante de beleza singular
Diamante negro como a noite mais morena
Divindade cândida, dócil, serena
Preciosidade rara e sem par!

Diamante negro, mais do que um corpo bem esculpido
Mulher amada, musa, anjo deslumbrante
Mulher desejada, tal qual raro diamante
Mulher do sorriso de luz, do olhar eternecido!

Mulher diamante
Amada
Distante
Segredo
Que me traz medo!
Tão rara quanto...
Diamante Negro!

Euclides Riquetti

Águas da saudade...

 


  

As águas da saudade levam as esperanças
Para passear
Buscam o rumo das lembranças
Nos  vales a cantar.

Vão-se elas nas andanças
Como a canção de ninar
Levando consigo de herança
O direito de sonhar.

As águas da saudade brotam do amor frustrado
Da história que não deu certo
Do conto que não foi contado
Da palavra que não virou verso!

As águas da saudade vão e vêm
Pra lá, pra cá
Sem incomodar ninguém.

Não ferem o coração
Que se entregou com paixão.
São inofensivas
Compreensivas
Entendem a tua solidão.

As águas da saudade brotam de ti
Vêm até mim
Pra que eu possa te ajudar
A entender
A viver
Suportar!

Suportar a saudade
De dois corações sós:
O teu
O meu
O que se divide entre nós!

E que nos traz a saudade
Muita saudade!

Euclides Riquetti