quarta-feira, 16 de junho de 2021

O sempre condenável desrespeito à mulher

 


O médico brasileiro e a egípcia afrontada...

       Uma vez, já faz tempo, referi-me à mulher, no “Blog do Riquetti”, que atingiu nesta semana 1.000.000 de páginas visualizadas, que é bastante se considerarmos que seu conteúdo é mormente literário, com poemas e crônicas, um mini texto:     "A mulher foi concebida naturalmente tão perfeita, que se fosse um árvore e perdesse as flores ainda continuaria charmosa; se perdesse as folhas,  tornar-se-ia  um corpo sublime; se perdesse os galhos, permaneceria sendo mulher; se lhe tomassem as raízes, restaria como um anjo, divina,  flutuante, elegante, frágil mas  forte,  exalando  amor e esperando respostas. Almas não se destroem: recompõem imagens, corpos, seres. Mulheres serão sempre perfeitas. Mulheres serão sempre mulheres, acima de tudo. E de todos!"
       Pois bem, nas duas últimas semanas, três mulheres foram gravemente e covardemente  apedrejadas por brasileiros indecentes: Nisi Yamaguchi, médica, doutora em oncologia, por suas posições em relação ao tratamento precoce contra a Covid 19; uma funcionária da CBF, por Rogério Caboclo, presidente da entidade máxima do futebol brasileiro; e uma vendedora egípcia, afrontada pelo médico Victor Torrentino.

       A médica Nisi Yamaguchi, ao ser inquirida na  CPI DO Senado, que trata dos impactos da Covid 19, principalmente por dois crápulas deselegantes e autoritários, Omar Aziz, presidente da Comissão, e Renan Calheiros, relator, foi fortemente humilhada porque, na condição de convidada, não lhes dava as respostas que queriam obter dela. Vi outros “interrogatórios” que fizeram contra os homens que lá estiveram, na condição de interrogados ou de convidados, mas ninguém foi tão humilhado como a oncologista, porque tem posições favoráveis ao tratamento precoce contra a Covid. Otto Alencar, senador bahiano, que é médico, então, passou-se. Arrogante e mal-educado, procurou situar-se como o “sabe tudo” sobre comportamento de vírus. Mas não seja por isso, pois vangloriar-se é bem do tipo dele. Nem sequer deixava a médica formular suas respostas, ofendendo-a constantemente. Ridículo! Antiético e abestalhado, vai sofrer processos em razão disso, aguardem! Uma outra médica interrogada, por ter posições semelhantes às da maioria inquisidora, quase foi alçada ao altar!

       No Egito, um médico brasileiro, radicado em Porto Alegre, que se diz “influencer”, pode ser considerado um péssimo exemplo para todos e deveria ser banido de sua atividade profissional, pois, ao falar com uma vendedora, teve a cara de pau de falar obscenidades à moça, em língua portuguesa, sendo que a mesma, sem entender nada do que ele estava falando, gentilmente lhe sorria. O safado, de nome Victor Torrentino, gravou um vídeo de suas falas e postou em seu Instagram. Covardia linguística e moral, pois usou-se do fato de ela não entender as bobagens que ele falava para fazer graça entre seus possíveis seguidores. Levou ferro, merecidamente, pois foi denunciado e acabou preso no Cairo pelo assédio verbal à vendedora muçulmana. A ação de sua família, brasileira, e um bom advogado, com os pedidos de desculpas da família e do próprio médico, ocasionaram a sua liberdade. Mas foi feio para nós e mais feio ainda para ele, um inconsequente e antiético. A insinuação sexual é crime no Egito.

     No ambiente interno da CBF, o seu presidente Rogério Caboclo está sendo acusado de assédio sexual e moral por uma funcionária, o que levou ao seu afastamento, por trinta dias, do seu cargo, sendo substituído por seu vice. Vídeo divulgado amplamente foi a prova encontrada para o afastamento dele. A ele, cabe o direito de se defender. Mas o que ele fez com sua cerimonialista é absolutamente condenável. Aliás, a CBF há muito tempo está comportada numa caixa preta, em que já se verificou corrupção e desmandos.

       As agressões contra as mulheres, na forma física ou verbal, são condenáveis pela sociedade e passíveis de punição pela Lei. Humilhar pessoas, em qualquer situação ou nível, é atitude deplorável. Costumo asseverar que as mulheres são agredidas por assédio físico, moral ou sexual quando estão em situação de inferioridade física ou hierárquica. Em ambos os casos o agressor se reveste de covardia. E, a verdadeira mulher, de bom caráter, faz a denúncia contra seu agressor. Faz porque assim tem que ser e porque não deve aceitar a humilhação, diferentemente de algumas oportunistas que usam o expediente do envolvimento com famosos para se promoverem e ganharem dinheiro.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

Um comentário:

  1. Meu respeito ás mulheres, sempre. Agora, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A CPI pode ter sido "arrogante, áspera" com a médica do "gabinete paralelo", a que não sabe a diferença entre protozoário e vírus, no entanto, defende o uso da cloroquina no tratamento contra o Covid-19, quando o mundo inteiro da ciência diz que não há nenhuma eficácia contra o vírurs.
    A hora que quebrar o sigilo destas ´pessoas ficará bem claro quais os seus interesses: encher o bolso, não importa as consequências. Por isso o medo do "capo maior". Se o serviço for bem feito seu destino será a Papuda. Lá é o seu lugar, de seus filhos e da camorra que o cerca.
    A CPI, digo mais uma vez, pode dar em nada, mas o desgaste dessa quadrilha será irreparável. Só se seguram tutelados pelos generais de cofre cheio.
    Concorde, está cada vez mais difícil defender esse (des)governo: 500 mil mortos na pandemia onde, pelo menos, 140 mil não teriam morrido se houvesse atuação correta das autoridades competentes - desemprego, fome, desindustrialização, destruição do meio ambiente, entrega do patrimônio público, destruição das conquistas trabalhistas, sociais. Luz, água, gasolina/diesel/gás, alimentos com o preço nas alturas. A inflação voltou e desde o começo nunca houve um plano mínimo de governo. Infelizmente mergulhamos o país no abismo. Faz tempo que acompanho a política, desde a eleição de Jânio Quadros. Nunca vi um governo praticar com tanto gosto a necropolítica (conforme o filósofo, historiador, teórico políticvo Achille Mbembe constata em seus estudos).
    Por isso perguntamos: Quem matou Marielle? Aí sim é a profunda falta de respeito, com a mulher também. A propósito, Witzel, que também não é flor que não se cheire, na sua participação nesta CPI, hoje, quase falou o nome da figura.

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