sábado, 15 de julho de 2017

Amor radical

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Eu queria que tu arrancasses meu coração
E o colocasses dentro do teu.

E eu ficaria sem vida,
Sem sensibilidade,
Sem sentir saudade...

E tu terias para sempre o meu coração.

No céu, eu viraria um anjo alado
Que ficaria sobrevoando-te
Onde quer que estivesses
Para onde quer que fosses...

Assim, eu sempre estaria por perto
Protegendo-te
Guiando-te...

E continuaria a compor meus versos
Que virariam sonetos românticos.

E continuaria a rezar
A  pedir perdão
A declarar ao mundo que tu és meu grande amor.

E, no dia em que precisasses de minha presença
Apenas me acenaria
E eu viria
Com todo aquele amor que tenho em mim
Que guardo em mim.

E nós continuaríamos  felizes
Tu e eu.

Te amo demais!!!

Quadrinhas lá da roça...

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Lá na roça tinha muito
Tinha muito do serviço
Mas dava cebola e batatinha
Tinha até porco-ouriço!

Lá na roça também tinha
Tinha melão e melancia
E altos pinheiros com pinhas
Onde fazíamos estrepolia!

Lá na roça tinha boi
Tinha vaca, tinha ovelha
Naquele tempo que já  foi
Tinha até caixa de abelha!

Tinha casa lá na roça
Coberta de tábua ou telha
Até chiqueiro com fossa
Uma porcada bem parelha!

Bem pertinho de uma taipa
Tinha em belo de um paiol
Um cavalo muito baita
Que não tinha medo do sol.

Tinha uma horta bem plantada
Com alface, tomate e almeirão
E era muito bem cercada
Pra não entrar a criação.

Dá saudade do leite morno
Tirado do ubre das vacas
Do pão de trigo no forno
Quentinho nas formas de lata.

Ah, sim, me dá muita saudade
Dos amigos da vizinhança
De criança e da mocidade
Trago as melhores lembranças.

Os anos passaram  ligeiro
Mas de nada eu esqueci
Foi-se o tempo prazenteiro
Da  roça onde eu vivi.

Deus abençõe o roceiro
Que teimou em lá ficar
Dê forças pra que trabalhe faceiro
Para a família sustentar.

Agora, já bem madurinho
Divido com você minha história
Daquele belo tempinho
Com muita alegria na memória!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Quando lavavam roupas nos rios


Anos 70 - Códigos de barras e outros avanços


          Quando de minha infância, ainda não havia rede de distribuição e fornecimento de águas em Rio Capinzal. Destarte, as senhoras tinham que buscar locais onde huvesse água em abundância para fazer o serviço de lavar roupas. Poucas famílias possuíam máquinas de lavar para esse serviço. E, as máquinas existentes, a maioria de madeira, umas espécies de tinas, não deram ditadas de dispositivos que lhe permitissem o enxágue, a centrifugação ou pré-secagem da roupa, antes de que fosse estendida no varal. E poucas pessoas conheciam sabão em pó, o famoso "Rinso".

         Lembro que as donas de casa buscavam a beira dos rios para o serviço. Tinham uns "lavadores" de madeira, uma espécie de "rampa" que era colocada na margem, escorados em pedras, com uma base para o ajoelhar-se e um detalhe  retangular onde era depositada a pedra de sabão para que não deslizasse e fosse perder-se nas águas.  Muitas vezes, quando o sabão escapava das mãos das lavadeiras, eram o filhotes que buscavam recuperá-lo nas águas. Crianças pequenas, de sete ou oito anos, nadavam bem e tinham domínio das águas. Eu mesmo recuperei muitos para as senhoras. Em alguns lugares, onde havia pedras, as lavadeiras gostavam de bater e esfregar as roupas sobre elas, o que ajudava muito para que ficassem bem limpas.

          O Rio do Peixe era muito frequentado, havia alguns lugares próprios, onde o barranco era menor, áreas preparadas pelas pessoas para que as senhoras pudessem colocar seus lavadores e ainda para a ancoragem de botes, que ficavam amarrados em angicos ou mesmo em sarandis. Quando o rio ficava sujo por causa das chuvas, fazer o que? Fácil. Sempre tinham um tonel que recebia a água das calhas e tinha água armazenada, da chuva. E ainda grande parte das casas tinham cisternas, onde armazenavam grande estoque de água. Quem não as tinha, guardava água em tonéis.

          Mas, pelo menos cinco  destinos eram, principalmente, os mais utilizados para lavarem roupas: O valo da Usina Hidrelétrica da Família Zortéa; os rios  Capinzal e Coxilha Seca, afluentes do Peixe;  e as duas margens deste, tanto na Sede Municipal quanto no Distrito de Ouro, nas localizações abaixo da barragem de pedras.

          No Rio Capinzal, desde a foz junto ao do Peixe, até onde ele adentrava o perímetro urbano, no Loteamento Santa Terezinha, havia muitos pontos onde as roupas pudessem ser lavadas. As águas eram limpas, havia lambaris, jundiás, joanas e carás habitando-as. E, ali, logo abaixo do Grupo escolar Belisário Pena, havia um grande pomar de caquis, de propridade da família  Soccol, onde a margem facilitava muito o trabalho das senhoras. Havia diversos pontos utilizados em todo o curso do rio.

          Na margem direita do Peixe, logo após a entrada ao "Valo da Usina" , havia outro ponto bastante utilizado. Lembro que minha mãe, a Dona Aurora Stopassola, a Dona Iracema Surdi, minhas Tia Elza Baretta e Maria Lucietti Richetti, e outras tantas, tinham seus lavadores,colocados  imediatamente acima de uma comporta para brecar o excesso de água a alimentar a usina, que depois transformou-se numa fábrica de pasta mecânica, para a produção de papel e  papelão.

          E, no Rio do Peixe, logo abaixo da barragem, nas duas margens, dezenas de locais próprios para serem colocados os lavadores, até o limite Sul da cidade. centenas de senhoras se alinhavam, com seus cestos de roupas e lavadores, próximo do rio. Depois, já em casa, com baldes de água bem limpa retirada dos poços, com anil adicionado, enxaguavam as peças brancas para que tomassem uma cor mais alva. Nessa época também começaram a utilizar "Q Boa", a única água sanitária então conhecida.

          Com o tempo, felizmente, veio o serviço de captação, tratamento e distribuição de águas  pelo Simae, no início da década de 1970, quando eram prefeitos, respectivamente, Apolônio Spadini e Adauto Colombo, em Capinzal e em Ouro. Mas, infelizmente, as águas de nosso Rio do Peixe deixaram de ser as mesmas. Houve o cresimento das cidades à montante e,  com isso,  a implantação de muitas indústrias, desde Caçador. E as lavouras da bacia hidrográfica passaram a utilizar defensivos agrícolas. Também se perdeu muito do respeito que se tinha pelas águas. E nossos rios ficaram  poluídos, sobraram poucos peixes. Também, com a danificação da barragem, menos água passou a ficar retida ali. E a paisagem perdeu muito de sua beleza.

          Gosto de lembrar e registrar essas atividades, pois refletem, além da história, as dificuldades que as pessoas tinham para algumas atividades que hoje são muito facilitadas pelas tecnologias. Bem melhor acionar o botão do automático da máquina de lavar do que ficar, algumas tardes por semana, ajoelhadas, com o corpo arcado sobre o lavador...

Euclides Riquetti
13/04/2013

Infinito como o céu


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Distância?
Saudade...
Lembrança?
Eternidade...

Quando me atiro em pensamentos conturbados
E em sonhos atormentados
Que me afundam em seu corpo tão  desejado
Amado...
E, quando me perco em sentimentos proibidos
E vejo-me abandonado e esquecido...

Eu passo a não mais articular as palavras ditas
A não combinar as frases escritas.

Então me esforço para trazer a mim o seu olhar
Reconquistar!

Queria tanto os seus lábios provocar
Beijar...
Ver seu rosto sorrindo
Lindo
E bonito. E beijar...

Repito:
Quero apenas lhe tocar:
Para amenizar
Minha saudade
Nossas saudades (Ou você nega?....)

E nos meus versos
Diversos - apenas em meus versos
Poder me expressar:

Meu amor é, sim, muito bonito
Bonito porque é... infinito:
Tão grande como o céu!!!

Euclides Riquetti

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Ao meu pai...


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Dias sem pássaros, noites sem estrelas
Dias de densas nuvens, o vento a volvê-las
Noites tão escuras, luar contido, ausente
Fazem dos meus sonhos futuro sem presente...

Dias de chuva forte, sem sol, sem luz no céu
Dias sem esperança, cinzento mausoléu
De alguém que foi distante, buscando seu destino
Tombando para sempre, subindo ao céu divino.

Conforto-me em saber que fez o bem na terra
Que pela sua bondade fará novos amigos
No céu que é manto azul, é flor da primavera
Verá,  mais uma vez, seus entes tão queridos.

E entre dias sem lindas noites, noites sem dias lindos
Eu fico recordando, pensando nos já findos
Em que você se foi, naquele longo inverno
Buscando nova vida, buscando o Pai Eterno!

Euclides Riquetti
Composto em julho de 1993.

Fogo na cueca e outras babaquices

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          Não, isso não é um conto erótico. É fogo ateado com fósforos mesmo!

          Os noticiários recentes, após as tragédias que ocuparam os noticiários brasileiros e a mídia internacional, seguidamente nos trazem notícias hilárias. Seriam dramas trágicos, pois que mostram infortúnios com características de humor. Perfeitas tragicomédias, eu diria. O exemplo mais doido do ano é o do adolescente que pôs fogo na cueca, em Goiás. Para ele outorgo a "Taça Otário do Ano"!

          Aconteceu agora, no início de janeiro, quando um menino da cidade de Jaraguá, próxima a Goiânia, daqueloes doidos para aparecerem, combinou com os amigos para fazer algo que marcasse as férias dele. faria um vídeo (filmado pelos celulares dos colegas), e postaria no you-tube. Queria ser premiado num provável concurso de "as maiores besteiras das férias" ou algo que lhe valha. Então, embebeu suas cuecas com álcool e ateou-lhe fogo. Filmaram parte da cena, pois acabou a bateria do celular durante o ato desvairado. Nem para isso tiveram competência...

         Com queimaduras graves no ilíaco e no seu "pistorius", o babaquinha mor, digo menor, está hospitalizado para recuperar-se.

        Isso me remete a ver quanta bobagem as pessoas conseguem fazer, como por exemplo a do "Padre Louco do Balão" que,  em 2008,  saiu com aquele balão de Paranaguá, no Paraná, (na verdade um conjunto de 1.000 balõezinhos de festa enchidos com gás hélio),  como o objetivo de ir para Ponta Grossa. Tenho parentes e amigos em Ponta Grossa, mas só vou de carro para lá, recuso-me a ir de balão.

           E o padre acabou morto, caído no mar. Erro de cálculo, de rota, e, pasmem: acabou a bateria do celular e ele não pode comunicar ao socorro o ponto onde estava. Resultado, como diz o comediante: "Mór...rrrrreu!!! Pois Padre foi levado pelo vento, com seus balões, para o norte e não para o oeste. Parte de seu corpo foi encontrada no litoral de Macaé, há cerca de 100 Km da costa, no mar.

          Tiro a taça dele e dou para o filho do Fagundes, que queimou a cueca e estragou suas  férias.

          Mas, como é fácil de rir das desventuras dos outros, então, por uma questão de justiça, conto uma das minhas: Em 1971, terceiranista da CNEC, trabalhava no Posto Ipiranga, em Capinzal. Meus colegas, Dário, Tonico e Antenor, disseram-me que para o cabelo ficar bonito como o deste último, era bom passar óleo diesel no cabelo. Eu tinha um cabelão. Passei diesel neles e amarrei-os com um pano. Deixei meia hora, como me ensinaram. Depois, fui tomar banho. Com sabonete Lux, que shampoo era só "quem podia" que comprava. Lavei bem o cabelo e fui para o Colégio, onde os colegas da sala me pediam o que havia de errado comigo, se eu tomara algum remédio, pois estava com um "perfume esquisito". E o "Lancaster" se misturava ao cheiro do óleo diesel...

          No outro dia, no trabalho, foi muita zoação pelo  meu mico. O cabelo do Antenor Rodrigues era bonito porque ele usava "Brilhantina Glostora".  Bem feito pra mim!

          Mas, a taça, vou deixar para o menino da cueca!

Euclides Riquetti

Primaveras

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O vento que sopra na tarde
E que move as folhas da planta
Traz-me paz, sem mais alarde
E faz-me sentir qual criança.

Quando a primavera  chegou
Começou a mudar a paisagem
A flor se abriu, desabrochou
No vaso que abrigou a folhagem.

A juventude é assim:
Surge bela, como a flor
Ocupa os canteiros do jardim
Abre-se em sonhos de amor.

Ah, setembro - primavera!
Tempos de vida e de cor
Vem o sol que a gente espera
Traz na  tarde seu fulgor.

Euclides Riquetti
Numa primavera de alguns anos atrás.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

De Madame Mim e de Pato Donald


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          Acordei numa manhã com muito sol adentrando minha janela. Vinha do Mar de Canasvieiras. Na rua,  passando pessoas que conversavam. Uruguaios, argentinos, chilenos. mas, sobretudo, muitos uruguaios, milhares deles. Invadiram as praias de Santa Catarina por ocasião da Semana do Turismo no Uruguai. Os uruguaios são muito educados e simpáticos. Há muita gente bonita. Trazem junto os filhos pequenos e isso me faz voltar à infância, quando costumávamos levar nossas crianças para as férias nessa praia. E, como novidades, africanos do Senegal, alguns com  cabelos jamaicanos, vendendo bojouterias. Mas tem gente de todo o tipo.

          E então  lembrei-me de meu sonho da noite: Sonhei com a "Madame Mim", a simpática bruxa velhinha que vivia incomodada com os Irmãos Metralha e o Mancha Negra.  Isso mesmo, ela mesma, quase  que uma concorrente da "Maga Patalógica", a feiticeira personagem do Walt Disney. E, por conseguinte, comecei a lembrar-me do Pato Donaldo, dos sobrinhos dele,  Huguinho, Zezinho e Luisinho.

         Fazia muito tempo que não lembrava deles, mas foram figuras marcantes na minha, tua, nossa infância. Lembrei-me que meu pai pegava os nossos gibis emprestados para ler. Uma vez ia prestar concurso para Diretor de Grupo Escolar, a prova era em Florianópolis. Disse-me que queria todos os gibis que tivesse,  pois eram para ele estudar para o concurso. Imaginei: "O velho tá doido!" Estudar nos gibis, ora essa!

          O fato é que ele tinha muito conhecimento, lia muito, estudava muito. Aprendeu muito no Seminário São Camilo, em São Paulo, onde chegou ao curso de Filosofia. Passou no concurso, efetivando-se como Diretor no Grupo escolar André Rebouças, da Barra do Leão.

          Só mais adiante entendi da importância de as pessoas que têm uma base de conhecimento  apenas descansarem a cuca antes das provas dos concursos. Tem aquele ditado: "Marmelada na hora da morte, mata". Então a preparação precisa ser prévia.

         E, lembrando de minhas queridas personagens, do Mickey, do Pateta, dos Irmãos Metralha, do Gastão, primo sortudo do Pato Donald, fui para uma livraria, ali na Rua Madre Villac.

          Encontrei uns almanaques do Tio Patinhos, do Mickey, do Pato Donald. Comprei dois e fui para casa ler. Era uma história daquelas padrão: O Tio Patinhas mergulhando no seu rico dinheirinho, perdendo-o, todo ele, diante das armadilhas do rival Patacôncio e recuperando tudo três páginas adiante. E o Donald sempre sonhando, querendo ter a sorte do Gastão.

          Ri muito. E já decidi, vou começar a frequentar os sebos para comprar aqueles almanaques que têm muitas histórias que nos reconfortam e animam. Curtas e sempre com um final feliz, com o bem triunfando sobre o mal. Viva as personagens maravilhosas que o Disney nos deixou!

          Viva o Donald. Viva o Pato mais legal do mundo!

Euclides Riquetti
03-03-2013

Verdes folhas


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Verdes folhas
Do ramo da rosa
Flutuam solitárias
Sobre as incertezas.

Pequenas bolhas
Na água inodora
Emergem crisálidas
Em sua leveza.

Nuvens densas
Confundem o dia
Mudam o céu
Escondem o sol.

Tardes imensas
Nos dão nostalgia
Da noite, do véu
Do céu arrebol.

Pequenas lembranças
As folhas nos trazem
Do tempo passado
Do longo caminho.

A vida balança
Na verde ramagem
No ramo quebrado
Na ponta do espinho.

E eu
Que sou eu
Que sou teu
Quero o amor que foi meu
E que nunca morreu.

Euclides Riquetti

Republicação do poema que consta no livro:
"Santa Catarina Meu Amor"-
Da ALB-SC em 2010.

O seminário


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Área central de Ouro - SC - à esquerda da ponte,

um prédio azul, pertencente ao Seminário N S

Navegantes.

          Vivi minha infância muito presente no Seminário Nossa Senhora dos Navegantes, no então Distrito de Ouro, município de Capinzal.  Havia um Frei lá, João, depois o Frei Otávio, que eram os responsáveis pela educação inicial dos nossos futuros padres. Um  casarão que pertencera à Família Penso fora adquirido pelos Padres Capuchinhos e, com ampliações, comportava o Seminário. Os meninos estudavam no Mater Dolorum, até concluir o Primário. Depois iam para Riozinho, na região de Irati, no Paraná. Mais adiante, o Padre Adelino Frigo e o Victorino Prando estiveram na sua Direção.

      Lembro que o Martin Mikoski e o André Bocheco eram os braços direitos dos diretores nas décadas de 1960 e 1970.  Lideravam os meninos nas lides da roça, do estudo e das orações. Tomaram outros rumos, foram exercer outra vocação que não a do sacerdócio. Depois veio o Frei Orlando, que dirigia o jeep azul e a Ford, levando os seminaristas para trabalhar na granja deles. O esforçado Frei Orlando, compositor do Hino a Nossa Senhora dos Navegantes tornou-se sacerdote. Era uma alma bondosa. Continua sendo uma figura muito carismática. Com sua voz ressonante, enche os espaços das Igrejas onde canta.

          Eu tinha muitos colegas de aula que eram do Seminário. E também um primo. Tinham suas horas de estudos, as de orações e meditação, e ainda ajudavam na Granja dos Padres. Uma Senhora, Dona Aurora, era a mãezona de todos eles. Era uma matrona forte e respeitada, impunha respeito em talvez umas cinco dezenas de meninos afoitos.

          Aos domingos, iam para alguma comunidade, a pé, para jogar futebol. Lembro que o Luiz Frigo corria muito, tinha as pernas compridas e reclamava do juiz, normalmente um Frei.

          Quando a Festa de São Paulo Apóstolo  se avizinhava, eram colocados a pintar estatuetas de gesso do padroeiro, que eram trazidas de Curitiba. A batina marrom, um manto verde, o rosto marfim. Era mais ou menos isso. E havia alguns acabamentos que eram feitos pelo Frei João, para que o serviço ficasse bem feito. Ainda hoje há, em algumas casas no interior, exemplares desse São Paulo Apóstolo, que era benzido e vendido no Dia da Festa, 25 de janeiro, ou no domingo mais próximo. 

          No Colégio, os meninos eram bulidos, sistematicamente, por muitos dos colegas. Eles tinham umas características que os diferenciavam de nós, como por exemplo, na fala: Nós dizíamos "pra" e eles diziam "para". O Frei exigia que aprimorassem sua fala. Nós achávamos que aquilo era coisa de granfino. E diziam os esses nos plurais. E as declinações certas ao final dos verbos. Na sala eram comportados e isso nos deixava intrigados porque tinham mais prstígio do que nós que fazíamos nossas  inocentes  baguncinhas.  No futebol, eram melhores do que nós, porque em seu tempo livre, jogavam muita bola. Faziam petecas com palha de milho e penas de galinhas que eram uma maravilha. Tinham seu material escolar organizado, bem mais do que o meu, que não posso me citar como exemplo para ninguém, tamanho era meu desleixo. Por tudo isso os colegas buliam com eles.

          Eu ia diariamente ao seminário, era quase um deles. Algumas vezes me tentava a dizer que queria estudar para me tornar padre, mas  sabia que não tinha nenhuma aptidão ou vontade para isso. Acho que era por causa da companhia dos amigos. Aqueles que terminavam o primário iam para Irati e nós ficávamos muito tristes, pois só vinham para casa ao final do ano. Tinham que ficar lá em provação. Acho que isso levava  muitos deles a desistir de seu intento.

          Certa vez houve uma briga no Colégio e a minha turma de amigos ficou dividida, uns contra e outros a favor deles. Eu era a favor, pois aqueles meninos não incomodavam ninguém, mas havia uma cisma de alguns contra eles. Lembro que os contra eles desciam o morro rapidamente,  ao final da aula, antecipando-se aos seminaristas,  e amarravam as guanxumas  que havia ao lado dos carreiros para que, quando eles corressem, caíssem. E, depois, armavam uma algazarra para vê-los correr e caírem. Para nós, aquilo era divertido, não levam mais do que uns esfolões. Tinha um que era bravo, o Paulo Rosalem, que virou padre e soube que ele faleceu recentemente, em Capinzal.

           E muitos deles acabaram saindo  e tornando-se bons professores. Aliás, muitas das universidades do Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina foram bem sucedidas porque ex-seminaristas tornaram-se professores delas, chegando ao Doutorado ou Pós-doc. E tornaram-se  diretores, reitores até. Mas também rechearam o mercado com profissionais liberais. Ou na área pública. A seriedade com que eram cobrados no estudo lhes deu uma base sólida de conhecimentos que lhes permitiu galgar escalas acima com relativa facilidade.

          Tenho boas lembranças daquelas tardes em que eu ia com um irmão pequeno participar das brincadeiras com os seminaristas.

          O Seminário Nossa Senhora dos Navegantes foi desativado, assim como os demais da região. Seus prédios são ocupados por escolas particulares, centros de administração pública e de múltiplo uso. Foi assim em Ouro, Luzerna, Ibicaré e Iomerê. No Paraná, em Ponta Grossa, um deles hoje abriga a Universidade Federal Tecnológica do Paraná.

          Nossa região, em razão de sua colonização italiana, era povoada de seminários. Os pais sonhavam em ter um filho Padre. Os filhos viam no Seminário uma maneira de sair de casa e estudar. E já valia para eles a regra de que "o futuro a Deus pertence". Talvez o Vaticano não tenha conseguido ter o número de propagadores do Evangelho que esperava, mas o certo é que muitos colégios e faculdades ganharam excelentes professores, ajudando a dar um ton de maior qualidade à nossa educação. Graças a Deus,  e não em nome de Deus...

Euclides Riquetti
28-01-2013

terça-feira, 11 de julho de 2017

Ame!

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Ame!
Perca-se, perdidamente
Entregue-se totalmente...

Derrube normas, regras e conceitos
Mostre suas virtudes e defeitos
Suas inquietudes, suas atitudes
E ame!

Dispa-se vivamente
Desnude-se completamente
Esqueça os que se importam com seus jeitos
E aplauda quem rejeita preconceitos:
Ame!

Jamais esconda seu olhar apaixonado
Não disfarce os seus  sentimentos
Em nenhuns  momentos
Apenas cuide daquele amor
Que a procura esperançado...

Quebre comportamentos
Rompa o silêncio
Mergulhe nos prazeres que lhe fazem bem
Ame, com suas forças, limites ou cansaços
Com seus lábios, com sua alma e seus abraços
Mas ame!

Ame nos dias de sol e nas noites estreladas
Naquelas que exaltei em prosa e verso
Nos dias de chuva e nas tardes acaloradas
Ame tudo o que existe no Universo:

Ame!

Euclides Riquetti

Não alegues falta de tempo


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Não alegues tua alta de tempo
Para cuidar de razões do coração
Não deixes que voem ao vento
As oportunidades vêm à tua mão.

Tempo é questão de preferência
É o que dizem tantas pessoas
E eu quero dar minha anuência
Sem discursos e sem tecer  loas.

Nossa vida tem suas prioridades
Para tudo há uma razão de ser
Às paixões dá a tua lealdade
Priorizando viver, amar, viver!


Euclides Riquetti
11-07-2017






segunda-feira, 10 de julho de 2017

Maravilhas do Sul





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 A Nave dos Imigrantes e a Vila !La Rotonda" - Serafina Correa - RS


Projeto Cultural e Turístico “Maravilhas do Sul”
Objetivo: Promover o intercâmbio, com objetivos de resgate histórico e cultural, entre  cidades do Meio-Oeste Catarinense, e  cidades gaúchas de descendentes de imigrantes  que vieram residir no Baixo Vale do Rio do Peixe, na segunda década do Século XX.
Dia 18 de agosto 2017 – sexta-feira, 13 horas: Saída da Praça da Catedral, em Joaçaba, passando por Lacerdópolis, Ouro, Capinzal, Lagoa Vermelha, Caseiros, Casca, e Serafina Correa, RS.
 18 horas: Em Serafina Correa: Visitação à Via Gênova, às réplicas das casas das famílias e Montécchio e Capuletto  (casas de Romeu e Julieta),  Castelo de Maróstica e La Rotonda, portal do Imigrante,e tc.
19 h 30 minutos Jantar  no Restaurante Rossato
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Apartamento Hotel Del Grappa Nova Bassando - RS

21,00 horas: Em Nova Bassano: Pernoite no Hotel Del Grappa, em apartamento completo 
Dia 19 – sábado, 7,00 horas -  Café da manhã no hotel

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Feira do produtor e do artesanato em Nova Prata - RS


8,30 horas -   Saída para visitação em Nova Prata (Feira de Artesanato e Produção Local, Museu Municipal, Praça da Bandeira e outros pontos turísticos). 

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12,00 horas: Veranópolis: Almoço no Restaurante Dona Cândida, no Portal Turístico, visitação à Vinícola Simonetto, à  Banca da Cascata, Ponte do Rio das Antas,  Belverede Espigão, Gruta de Nossa Senhora de Lurdes, Mirante Giratório e outros atrativos.
18 horas – Retorno ao Hotel em Nova Bassano.
19 h 30 minutos: Saída para Jantar Colonial Italiano, com apresentações culturais e dança 

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 Igreja em Nova Bassano - RS - obra de arte

- Pernoite no Hotel Del Grappa , em Nova Bassano.
Dia 20 – domingo – 7,00 horas – Café da Manhã no Hotel.
8 horas e 30 minutos  – Início do retorno, com saída para Nova Araçá,  Paraí, São Jorge e Ibiraiaras.
12 horas –  Almoço em Lagoa Vermelha (INCLUSO)

Valor por pessoa para participação no projeto: R$ 530,00, incluindo ônibus, dois pernoites no hotel, dois cafés da manhã, dois jantares, dois almoços. Ingressos para locais de degustação e outros, por conta do convidado. Programação sujeita a alterações.
Contatos:  Euclides Riquetti – ecriquetti@hotmail.com – fones (49):   35224874 – 999222188  e 998327275,  e  Whats-up  998355239 (c/ Miriam)

Vêm as ondas do mar...

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Vêm as ondas verde-esmeralda banhar meus pés
Enquanto o vento atiça as brancas areias das dunas
Lá nas águas jazem as negras galés
Quando as vagas se requebram em alvas espumas.

Nas cinzentas manhãs do pós-verão
As verdades rebatem à minha porta
E uma dor leve açoita meu coração
Que já não tem certeza de que você se importa.

E em cada grãozinho de areia trazido
O despertar de um sentimento já adormecido
Reanimado pelas águas que balançam.

E em cada corpo que baila, bronzeado
Está você em seu presente e seu passado
Enquanto os anos avançam...

Euclides Riquetti

domingo, 9 de julho de 2017

A verdade sem curvas

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Busca incessante a verdade
Procura encontrá-la  com todos os meios
Não te amedrontes, não tenhas receios
Nem te intimides pelas dificuldades.

Um sábio ancião sempre me dizia
Que a verdade não tem curvas
Que mesmo nas águas turvas
A verdade sempre viria.

E, mesmo que tu tenhas as tuas
E que os outros também as tenham
As verdades se redesenham
As verdades nuas e cruas.

Não duvides do que diria
Alguém que viveu por muitos anos
Que até pode cometer enganos
Mas tem em si a sabedoria.

E quando a velhice chegar
Com muitos anos na memória
Tu também terás tua história
E terás o que nos contar...

Euclides Riquetti

Valsan os anjos as suas valsas melodiosas



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Valsam os anjos as suas valsas melodiosas
Saudando entes sonhadores que os ouvem
Harmonicamente, essas almas bem ditosas
Cedem-se às notas musicais que irrompem
Alegrando-se com as execuções  saudosas
Destilando os perfumes que se expandem.

Cabem nos doces versos dos meus poemas
Certezas incertas que flutuam pelos ares
Flechas arremessadas em vãos  dilemas
Das desolações que vêm desde os mares.
Vicejam as dálias brancas  e os alfazemas
Alisam-se as areias sob as luzes lunares
Trazendo-me à mente todos os cantares
Canções que teimam em me lembrar de ti
Saindo das lembranças que eu tenho aqui.

Enquanto isso, minha mente frágil vaga
Plumando nas nuvens brancas, leves, alvas...
Presentes em meu coração e em minha alma
Fervem odores de louca e grande paixão.
Cristais de seus olhos lindos me embriagam
Cada instante em que enfeitiçam a ilusão
Amada musa,  minha sempre inspiração!


Euclides Riquetti
09-07-2017