sábado, 27 de setembro de 2025

Partilhar sonhos de luz

 





Busque a realização de seus sonhos

Não deixe que nada a  atrapalhe

Busque-os com seu rosto risonho

Pois sem eles a vida pouco vale.


Procure realizá-los com sabedoria

Com a astúcia e a calma necessária

A luta pelos sonhos que contagiam

Não deve ser isolada ou solitária.


Buscar os sonhos mas não deixar

Que eles se sobreponham ao real

Realidade e sonhos,  um belo par

Caminhando juntos em especial.


Quero viver os seus sonhos azuis

Contar na noite as estrelas do céu

Quero viver os seus sonhos de luz

Partilhar sonhos de luz e de véu.


Euclides Riquetti

Espere um pouco...

 








Espere um pouco
Observe o tempo
Ouça o lufar do vento
Será que os deuses estão loucos?

Pare e fique olhando
Olhe bem o sol dourado
O céu de anil azulado
Nuvens brancas flutuando.

Então, por que tanto venta?
Se já vem novembro
Foi-se o outubro nevoento
E o dia não esquenta?

O mundo está  solto
Jogado no espaço infinito
E meu coração em conflito
Acha que os deuses estão loucos!

Euclides Riquetti

Respostas

 



 



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Respostas

Fragrância que perfuma belas rosas
Tantas quantas habitem os jardins
Presenças marcantes e perfumosas
Calêndulas misturadas aos jasmins
Alimentos para as almas generosas
Nascidas do amor entre os corações
Que se afinam em desejos e paixões.

Nas horas tristes, um consolo pleno
Doces lembranças daquelas felizes
Trazidas à mente em noite de sereno.
Sal do mar, seiva que vem de raízes
Castiçal que me ilumina para a vida.
Duas mãos estendidas me procuram
Levam ao céu uma esperança perdida
Amando-me nos anos que perduram:
Marcas deixadas em cada semblante
Acariciadas pelo vento contagiante!

Siga os sinais que vêm do horizonte
Quando os dias estiverem bem claros
Rotas do hoje, do amanhã e do ontem
Elos entre os espíritos ignotos e raros:
Tentativa de amar e ser muito amada
Prazer que se esconde atrás do nada!

Busque encontrar a força escondida
Que se vai por causa dos infortúnios
Revigore-se sempre, ousada e atrevida
Navegue sobre as águas dos dilúvios.
E, lá no horizonte azulado e distante
Onde voam garças brancas e gaivotas
Onde quer que sua vista agora alcance
Encontrará  às perguntas as respostas!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Não me importa qual o perfume das flores

 



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Não me importa qual o perfume das flores
Todas elas me atraem  e me seduzem
Não importa quais sejam as suas cores
Mas sim os encantos que produzem...

Não importam quais as mãos que as plantaram
Todas o fizeram com amor e com carinho
Não importa com quais  águas as regaram
Ou se tenham ramos ternos  ou de espinhos...

Importa-me, sim, que sejam flores, apenas isso
Que possam deleitar-nos com sua doce singeleza
E que possam sorrir  com todo o garbo e todo o viço...

Flores de todas as cores, matizes e perfumes
Flores que inspiram os poetas por sua beleza...
Flores que te entrego porque tu  me seduzes...

Euclides Riquetti

Uma oração para você

 


 


 


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Quando o céu parecer mais azul, atrás dos montes,
E as tímidas árvores receberem os primeiros raios de sol,
E as flores fizerem a vida mais colorida,
E até mais azuis ficarem as águas das fontes...
Então estarei pensando em você, menina!

Quando quente o tempo estiver em dezembro,
E eu estiver um pouco mais velho do que agora,
E minhas noites ficarem tristes sem seu calor,
Mesmo que eu não saiba onde você esteja vivendo,
Eu estarei pensando em você, querida!

Mas o tempo não para e chegará o outono!
As folhas,  já pálidas como eu, cairão sobre a terra,
Virá o vento e nuvens escuras cobrirão o céu,
A chuva fria molhará o meu rosto sofrido...
Mas estarei pensando em você, meu bem!

E quando o inverno chegar novamente,
E eu andar pelas ruas ao encontro do nada,
E como hoje o vento soprar fortemente,
Pensarei em você sem rancor, com saudes...
Pois quem errou fui eu, meu amor!


Euclides Riquetti

Composto no inverno de 1973
e publicado no livros "Prismas - volume IV, da Coleção
Vale do Iguaçu", em União da Vitória - PR - em 1976,
(com ilustração).

Sonhos são sempre sonhos

 






Sinto, em ti, o sabor da uva madura

 


 






Sinto, em ti, o sabor da uva madura
Há, em ti, a energia do sol dourado
A força que brota do vinho tinto
A destreza de um animal alado
Um anjo de docilidade e formosura.

Sinto, em ti, o calor das areias do deserto
A calmaria da nuvem embranquecida
O perfume do lençol bem limpo
O aroma da baunilha  amarelecida
E o frescor do intenso vento do inverno.

Vejo, em ti, a agilidade de uma andorinha
A singeleza e a esperteza de uma criança
A beleza e a realeza da princesinha.

Então...
Reúno todos os teus predicativos
Os teus sabores e a tua energia
As qualidades, todas em harmonia
Todos os melhores dos adjetivos
Para te dizer, com toda a alegria
Que me inspiras no meu dia a dia!

Euclides Riquetti

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Apenas andantes receosos

 



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Nós somos bons no que fazemos
Também nas linhas que traçamos
Hábeis nas palavras que escrevemos
E nos poemas que publicamos.

Somos razoáveis em nossos escritos
Nos poemas feitos e declamados
Nos prefácios de livros bonitos
Nos versos já lidos e pronunciados.

Nós somos pecadores em nossos atos
Vivemos entre dramas e conflitos
Somos transgressores em nossos fatos
Almas negras que flutuam no infinito.

Somos gentis e muito generosos
Diante dos olhos de quem nos olha
E, enquanto a chuva fresca nos molha
Somos apenas andantes receosos...

Euclides Riquetti

Amar com paixão

 


 




Busco, não sei onde, a resposta de que eu preciso
Para a pergunta simples, algo me parece faltar
Talvez uma nuvem clara, quem sabe o teu sorriso
Pois sinto-me um notívago, um andante a vagar.

Procuro nas estrelas, talvez nos vastos oceanos
Nas montanhas marrom-cinza, talvez nos verdes vales
Na perdição dos corpos, dos pensamentos mundanos
O remédio para minha dor, a cura para  meus males.

Busco, procuro, mas não encontro nenhuma resposta
Procuro, procuro, mas não tenho um endereço certo
A vida não é apenas um jogo, nem uma simples aposta.

A vida é sentir com os olhos, é ver com o coração
É perceber o calor no inverno, e ver água no deserto
É a entrega da alma e do corpo, é amar com paixão!

Euclides Riquetti

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Águas salgadas de Marte - poema


 




Águas salgadas de Marte - poema

Diz a N.A.S.A
Que em Marte tem
Água salgada!

Não sei se ali vão erigir hotéis
Nem se construirão bordéis
Se asfaltarão as estradas!

Não sei se alojarão profetas
Nem sei se será destino de poetas
Se haverá noites e madrugadas!

Dizem que a água aparece na primavera
Corre nas encostas no verão
E, no outono, vai desaparecendo

Eu não tenho tempo pra ficar na espera
Não posso esperar um tempão
Pois que irei envelhecendo...

Enquanto isso, escrevo poemas arretados
Enquanto correm as águas de setembro
Enquanto me inspiro e relembro.
E os ventos arrancam telhados
Das eiras e das beiras
Como na última quinta-feira!

Euclides Riquetti

No rastro do teu perfume

 


 





No rastro do teu perfume

Eu me desloquei

E, no iluminar do vagalume

Eu te procurei...


No ritmo de tua canção

Eu me embalei

E, com toda a minha paixão

Eu te busquei...


Era no pretérito imperfeito

Que eu me apaixonava

Mas é no presente perfeito

Que eu tenho, defititivamente

Te amado...como eu já te amava!

Infinitamente...


Euclides Riquetti

No mar... (eu quero te dar este poema)

 




No mar...

Eu quero te dar este poema
Que, mesmo com rimas pobres
Enseja sentimentos nobres
Por isso te faço  este poema...

No mar, o barqueiro rema
(Ou será o canoeiro?)
E eu articulo palavras e versos
Procuro ordenar pensamentos incertos
Enquanto o barqueiro rema...
(Ou será o canoeiro?...)

Fiz para ti um desenho na areia
De sóis, de estrelas, de musas
Foram apenas imagens confusas
Mas fiz para ti um desenho na areia...

E, no a(noite)cer, apenas o murmúrio do mar
Harmoniado no embalo da triste canção
Escura é  a paisagem na imensidão
Mas agora, no a(noite)cer, apenas o murmúrio do mar...

E lá, mais lá, como cá, sopra o vento...
Move as folhas verde-escuro tingidas de noite
A maré lança às pedras  o seu doce açoite...
E lá, como cá, sopra o vento!

E eu penso em ti...

Euclides Riquetti
Praia de Itapema- SC.

Hás de perceber...

 


 


Hás de perceber...


Hás de entender por que o universo é tão grande

Hás de perceber que a vida é uma luz que se apaga

E que a chama que o ar alimenta e se expande 

Não é maior que o sonho que seduz e embriaga!


Hás de ver que o mundo é mais do que uma esfera

É enorme, infinito, é poderosamente universal 

Muito além de nosso planeta azul chamado Terra

Há todo um complexo e ignoto espaço sideral...


E, juntos, haveremos de ter toda a força e a atitude 

Medir a grandeza do universo, avaliar a magnitude

Poder agradecer pelos minutos íntimos da perdição

E sonhar com um reencontro em sua magnitude!


Euclides Riquetti

Tons azulados no céu

 


 








Tons azulados no céu prenunciam
Que a chegada do novo dia
Vai ser alvissareira.

Já os pássaros afinam seu coro
Que flutua no ar
E vem repousar
Em meus ouvidos espertos
Que ouvem seu choro.

Não é o drama da tristeza
Não é o suave lamento
Mas a canção da sutileza
Da minha alma o afagamento.

Que tons azulados no céu de meu dia
Me tragam os momentos esperados
E que meus desejos sejam alegrados
Alegrados com  o tempero da alegria!

E que a jornada termine com eles cantando
Co o pôr do sol avermelhado
Com matizes de amarelo  alaranjado
Quando a nova e promissora noite
Estiver chegando!

Euclides Riquetti

O luar da madrugada

 





O luar da madrugada


Quando o luar da longa madrugada
Cobrir de prata toda esta  imensidão
Se eu estiver percorrendo uma estrada
Mesmo que sem rumo ou direção
Meu inefável pensamento e minha alma
Buscarão em ti o prazer da perdição.

Buscarei  encontrar caminhos que conduzem
Para além de onde se possa imaginar
Buscarei encontrar corpos que seduzem
Talvez jazendo na beira do mar...

Quando os primeiros raios de sol fulgurarem
E adentrarem pelas portas e pelas janelas
Banhando os seres nas ruas a desfilarem
Energizando as florinhas brancas e  amarelas
Será hora de nossos pensamentos se buscarem
E andarem de mãos dadas nas íngremes ruelas.

Buscarei encontrar-te onde quer que estejas
Não me importa a distância nem o tempo
Buscarei encontrar teus doces lábios de cerejas
E sentir teu perfume que me traz o vento!

Euclides Riquetti

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Pecado é não me amares como eu te amo

 


 


                                           Pintura do autor - acrílico sobre tela - "Perto da Ilha

                                           do Francês" - Canasvieiras - Florianópolis - SC


Pecado é não me amares como eu te amo

É não sentires por mim o que sinto por ti

Nas noites em que eu acordo e te chamo

Em que quero que estejas junto de mim!


Pecado é não poder contar com teu afeto

É esconder-me atrás da nuvem que cresce

E querer ser apenas o namorado discreto

Aquele que espera pelo que não acontece.


Pecado é querer ser poeta e esquecer-te

Perder-me na ilusão dos versos escritos

Ver-te como musa, sonhar e perder-te.


Pecado é ignorar o poder de uma paixão

Cegar-se e não notar seus olhos bonitos

Pecado é envelhecer e não pedir perdão!


Euclides Riquetti

Pecado é não querer amar alguém

 

 



Pecado é não querer amar alguém
É vestir-se de conceitos e preconceitos
É não querer amar de nenhum jeito
É não querer entregar o coração pra ninguém.

Pecado é não  mais querer  sonhar
É dizer que perdeu sem ter perdido
É não perceber se venceu ou foi  vencido
É não mais querer ter o direito de me  amar.

Pecado é frear a beleza de sua  vida
É anular-se diante de todos os desafios
É vegetar enquanto o mundo anda e gira

Pecado é  olhar ao lado e não me encontrar
É não ver como correm as águas em nossos rios
É fingir não me querer, não me sentir, não desejar...

Euclides Riquetti

Abra seus olhos

 





 Abra seus olhos



Abra seus olhos e saia de seu sonho letárgico
Busque encontrar algo muito melhor
Veja quanta coisa boa há ao seu redor
Veja o quanto o mundo é divinamente mágico!

Abra seus olhos, tire-lhes essa venda insana
Busque ver a realidade que se faz presente
Saia da clausura que lhe dopa a mente
Venha para ver que a vida é bem melhor que a lama...

Abra seus olhos pesados e dormentes
Dê-lhes a leveza  e o merecido descanso
Abra seus olhos e venha enxergar novamente...

Venha, com toda a sua força e energia
Venha se embalar no sonho e no balanço
Venha compartilhar de   minha  imensa alegria.

Euclides Riquetti

A maciez de tuas mãos

 


 






Quando toco a maciez de tuas mãos
E enlaço teus dedos longos e finos
Respiro fundo, são momentos divinos
Em que minha alma chega ao teu coração.

Quando  as sinto me fazendo carícias
Me mantendo vivo, firme e atento
Me deliciando em cada movimento
Me perco em devaneios e delícias.

Se  me tocas com tua leveza e magia
Ou se me acenas de longe a me sorrir
Teu gesto me anima e me contagia
Me entusiasma pelo novo que há de vir.

É bem assim: mãos de real divindade
Realeza que me encanta e motiva
Energia forte e altamente positiva
Minha luz e norte, minha felicidade.

Euclides Riquetti

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Vai, Capita! (Homenagem ao Craque Carlos Alberto Torres)

 









Vai, Capita! (Homenagem ao Craque Carlos Alberto Torres)


Vai, Capita!
Vai articular o time celestial
Vai ensinar os anjos a jogarem futebol
Nas manhãs nevoentas
Nas tardes de sol.

Vai, Capita!
Vai reencontrar seu irmão gêmeo
O contralateral Everaldo
O goleiro Félix e o xerife Fontana
O Marco Antônio habilidoso
Também de nós muito saudoso.
Vai, lateral do bom gênio
Da alma que a bondade emana!

Vai, voa  pelo céu aberto
Trilhando a jogada no caminho certo
Vai, Grande Capita
Grande Carlos Alberto!

Rezam por ti o Jairzinho
O Brito, o Piazza e o Clodoaldo
Por ti e pelo Everaldo
Como o faz o Tostão
E Pelé, o brilhante negão
Os que jogavam o futebol mais fino
Como o Paulo César, o Edu
O Gérson e o Rivelino.

Rezam por ti os brasileiros
Aqueles que admiravam o futebol arte
Nada de correria, muita habilidade
Futebol que nos deixou saudades
E que era jogado em todas as partes.

Vai, Grande Capita!

Os brasileiros
Torcedores verdadeiros
Que não se iludem com a publicidade
Com as chuteiras coloridas
Nem com as tatuagens
Que admiram os que jogavam com afinco
Sem se preocupar com correntes ou brincos
Dos ídolos como o Capita
Sempre sentirão saudades!

Vai, Capita!

Euclides Riquetti

Apenas te desejar de madrugada

 


 



Apenas te desejar

De madrugada.

Ver teu rosto, acariciar

Teus cabelos alisar

Teu rosto afagar

De madrugada!


Apenas te amar

De madrugada.

Sentir o pulsar

Ouvir-te respirar

Beijar-te, beijar

De madrugada!


Apenas te sentir

Na madrugada.

Peito com peito

Lábios sedentos

E fazer-te sorrir

Na madrugada!


Euclides Riquetti

Corpos que se esculpem

 



 
 


Corpos que se esculpem e se queimam
Imersos nas brasas da paixão
Corpos que se jogam nas areias
Corpos que se estendem pelo chão...

Almas que se julgam e se penam
Imersas nos pecados, na ilusão
Almas que insurgidas se condenam
Almas enegrecidas de carvão...

Corpos que se vestem de vaidade
Belos, formosos, sedutores
Com almas que se esquivam da verdade
Belos, charmosos, pecadores...

Corpos que se deitam em falso chão
Almas que se atormentam na  razão
Vidas que navegam em  incertezas...
São corpos que envelhecem cedo,  cedo
São almas que levitam,  sem sossego
São vidas que flutuam nas correntezas.

(E se vão embora!...)

Euclides Riquetti

O cheiro do vento

 


 


 



Feche os olhos e sinta
O cheiro do vento que barulha as folhas
E da água que se gaseifica em bolhas
Perceba que   a  natureza  se retinta.
Feche seus belos olhos... e sinta!

Feche os olhos e abra seu coração!
Fique segura,  dê-me  sua mão
Frágil, mas terna, elegante e  macia,
Que me passa uma deliciosa energia
A energia doce, que brota  do seu coração!

Feche os olhos e escute a orquestra
Que embala uma suave canção:
É a canção do vento, que traz a harmonia do universo
Que vem no momento mais sublime e certo
Vem trazer-me a paz da longa imensidão.
Vem...

Euclides Riquetti

domingo, 21 de setembro de 2025

Com o calor de seu corpo

 






Com o calor de seu corpo
Quero que me aqueça com o seu calor
Que me alegre com suas palavras amáveis
Que me abrace com seus braços adoráveis
Que me ame com volúpia e com ardor.

Quero que me beije com beijos de cereja
Que me afague com a mão suave e  macia
Que me olhe com seus olhos de alegria
Que me diga que me quer e me deseja.

Quero ainda que nunca se esqueça de mim
Que reze por mim nas noites enluaradas
Que me envolva em seus pijamas de cetim.

Que aqueça,  com seu calor,  o corpo meu
Que viaje nas nuvens esbranquiçadas
Porque eu, docemente,  aquecerei o seu!

Euclides Riquetti

Minhas bicicletas - crônica saudosista







            Qual menino não sonhou em ter uma bicicleta na adolescência? Pois não fui diferente! Costumo chegar atrasados em algumas coisas, nem todas. Na escola, entrei no Mater Dolorum, em Capinzal, com oito anos feitos e terminei o ano já com 9. Um varapau compridão em meio aos petiços. Acho que tinha até vergonha... Rádio, na minha casa, chegou quando em tinha uns 13 anos. E, na época, ninguém tinha TV ainda em minha cidade. Mas, bicicleta, a gente tinha, sim. Tínhamos uma Monark Marathon, importada. 
          Meu pai deve tê-la comprado de segunda mão, imagino. Mas era bem conservada, em um tom esverdeado. Tinha um distintivo metálico, na frente, com um maratonista correndo. Eu via meu pai vindo com ela, na ponte Irineu Bornhausen de Capinzal para o Distrito de Ouro e ficava maravilhado. Meu irmão, cinco anos mais velho do que eu, andava faceiramente montado na nossa  Monark. O Alfredo Casagrande, da Livraria Central, tinha uma novinha. Ambas aro 28. O Isalino Baretta, meu primo, lá da Linha Bonita, tinha uma aro 26. Que inveja!
          Comecei a aprender a andar ali na Rua Felip Schmidt, no Ouro, em meados da década de 1960. Eu não conseguia sentar no selim e pôr os pés no chão. E tinha medo de cair. Então, eu colocava meu corpo meio entortado dentro do quadro da mesma e ia me soltando na declividade da rua. Assim, fui aprendendo a me equilibrar. Feito isso, comecei a tentar a andar, mas não conseguia pedalar. Acho que essa dificuldade todos têm no início, foi assim com a neta Júlia, nossa Jujubinha, que já está com 6 anos e já aprendeu a guiar sua bike. Disse-me ela: "Vovô, já caí uns 5 tombos e esfolei a barriga e o joelho, mas aprendi a andar de bike. Ninguém aprende sem cair uns tombos!" Acho que ela tem razão...
         Mas, para minha decepção e de toda a nossa família, nossa bicicleta criou asas... Alguém passou no porão de nossa casa e levou-a. E meu pai não comprou outra, porque estava economizando para fazermos uma outra casa.maior. Foi uma tristeza geral! Passei os anos seguintes sonhando que a polícia a havia recuperado. Também ficava olhando todas as que visse na rua para ver se não seria a nossa. Porém, nunca mais nos voltou...
         Aos 15 anos, depois de ter economizado durante 2 anos, consegui comprar uma usadona. Ruim de pneus e de câmaras. Era um mosaico de remendos. Eu amarrava os pneus com tiras de borracha de câmara de caminhão para que não estourassem. Era verde, fora pintada recentemente. E tinha outro problemas: o pedal não era daqueles inteiriços da Monark  e sim "com chavetas". Mais uma decepção. Vivia me incomodando com ela. Uma vez, vindo para casa da aula, quando estava na quarta série do Ginásio Juçá Barbosa Callado, no escuro, por sobre a ponte nova, ouvi vozes e desviei. Bati na mureta lateral e ainda bem que não caí no rio do Peixe. Fui socorrido pelo Sr. Vitor Bazzo e a Dona Vanda, que eram os pais de minha professora de Português, Vera.
          Então, muito incomodado, troquei o primeiro bem de minha propriedade por um rádio a luz, com o Alcides Venâncio. o Cidinho. O rádio até que funcionava mas eu acabei vendendo também.
          Então, só aos 19 anos, quando fui trabalhar na Mercedes-Benz, em União da Vitória, consegui ter uma para meu uso. Na verdade, era da empresa onde eu trabalhava e eu a usava para ir buscar peças na São Diego, no Alfredo Scholze, na Mecânica Unidos  e na Auto Real.  E também para visitar clientes.
           Há uns 12 anos ganhei uma dessas com marchas, numa rifa. Era meio porqueira. Vendi por não mais que R$ 100,00. Acho que foi por uns 60. Ou 50. Quem sabe uns 40. Me livrei dela  também.
Agora, estou pensando em comprar uma outra. Conversei com uns vizinhos e descobri que eles têm bicicletas guardadas e que não usam há um tempão. Vou comprar uma e deixar novinha. Tomara que meu entusiasmo continue e eu não desista desse projeto logo. Tomara que eu encontra uma Monark Marathon igualzinha à que nos roubaram. Ficaria muito feliz e ter uma daquelas. Será que ando saudosista?

Euclides Riquetti
16-10-2016