sábado, 9 de novembro de 2024

Não renuncie ao mundo

 


 



Não renuncie ao mundo real, viva

Veja que sempre há um sol além dos muros

Talvez que os corações não sejam tão puros

Mas, além das suas paredes, há vida!


Assim como o vasto horizonte à sua frente

Há planícies, florestas, mar e cidades

Há pessoas de todas as idades

Há esperanças nos olhos, almas que sentem. 


No amanhã ignoto, há possibilidades

Há cálculos, somas, há a lógica contestável

A chance de um recomeço é considerável

Em cada novo dia, uma nova realidade!


Euclides Riquetti

A chuva fria leva meus desalentos

 





Chove! E a chuva fria leva meus desalentos
Dissipa  algumas de minhas das preocupações
Diminui, de leve, minhas perturbações
Mas não elimina minhas dores e meus tormentos...

Chove, na noite do inverno dissuimulado
De outono disfarçado!

Chovem  lágrimas de mães e de madrinhas
Chovem orações que pedem perdão
Chovem pedidos de atenção
Chove nas calçadas, ruas e estradinhas
Chove!

Chove a chuva impiedosa que faz desalojar as gentes
Chove a chuva copiosa que nos traz as enchentes...

Chovem minhas lágrimas de saudades
Chove na noite das tempestades
Chovem pensamentos que me inquietam
Chove a chuva que molha os corpos que pecam!

Chove, na noite, como choveu no dia
Chovem minhas lágrimas de nostalgia

Por causa dos desalentos e dos tormentos
Por causa das preocupações e perturbaços

Do meu pensamento - que sente saudades
De ti!

Euclides Riquetti

Visite o Blog do Riquetti 

Caminhar juntos... em alguma estrada!

 


Resultado de imagem para imagens casal mãos dadas

 Caminhar juntos, depois afastar-se
Lembrar do sorriso, e  imaginar...
E então...   reencontrar-se!
Rever-se, entender-se,  com  apenas  um olhar
Caminhar juntos, em direção ao nada!
Caminhar juntos, pensar, sonhar..
E mais nada!

Sorrir o sorriso que diz tudo
Acenar o aceno da alma leve
Dar falas ternas ao coração que está  mudo
Não dizer adeus, pois a despedida fere...
Ver-nos-emos de novo, ao longo da estrada
Ver-nos-emos de novo, num momento breve
Em alguma estrada...

E, no encontro de todos os caminhos
Nos aclives e declives, com ou sem espinhos:
Você!
Mesmo quando tudo parecer longe, distante
A silhueta divina, doce, elegante:
De novo você!  Para caminharmos juntos
De novo
Eu e você! Só nós dois...

Euclides Riquetti

Pecado é não querer amar alguém

 






Pecado é não querer amar alguém
É vestir-se de conceitos e preconceitos
É não querer amar de nenhum jeito
É não querer entregar o coração pra ninguém.

Pecado é não  mais querer  sonhar
É dizer que perdeu sem ter perdido
É não perceber se venceu ou foi  vencido
É não mais querer ter o direito de me  amar.

Pecado é frear a beleza de sua  vida
É anular-se diante de todos os desafios
É vegetar enquanto o mundo anda e gira

Pecado é  olhar ao lado e não me encontrar
É não ver como correm as águas em nossos rios
É fingir não me querer, não me sentir, não desejar...

Euclides Riquetti

O Tchule, o Urco e o Mário Ferro - personagens de minha cidade!

 




Resultado de imagem para fotos arabutã fc estádio
Escudo de nosso Arabutã FC - no qual joguei
futebol com o Tchule e o Urco - O Mário fazia
a manutenção geral do gramado do estádio,
localizado na Baixada Rubra - em Ouro - SC


          No dia em que os brasileiros comemoram o Dia Nacional da Consciência Negra,  minha mente se voltou para alguns amigos com quem convivi e que, ao partirem, me deixaram com muitas saudades. São pessoas que marcaram época em Capínzal e Ouro  pela sua maneira de ser e posso até arriscar a classificá-los como figuras folclóricas: O José dos Anjos, conhecido como Tchule; Vivaldino dos Santos, o Urco; e Mário Borges da Rosa, o Ferro.

          De comum com eles, em alguma época de minha vida vesti a camisa do nosso glorioso  Arabutã FC. Os dois primeiros como jogadores e o último como um aficcionado pelo Rubro da Baixada.

          Conheci o Tchule ainda na infância, tinha um irmão, o Jânio, que chamávamos de "Chefo". O pai deles chegou a aposentar-se como funcionário da Prefeitura de Ouro. O Tchule era uma figuraça. Quando ria, seus dentes brancos eram bem realçados em sua tez morena. Muito simpático, inteligente, habilidoso com os pés, no futebol, e com as mãos e braços no repicar  das baquetas em sua bateria no tempo de "Os Fraudsom". Gostava muito de samba, era muito fera. Trabalhei com ele no Posto Texaco, ali no Ouro, da Família Dambrós. Éramos lavadores e lubrificadores de carros e caminhões. Trabalhávamos muito.

          Jogava no Arabutã, era zagueiro central habilidoso, mas sabia jogar nas outras posições. Quando voltei de União da Vitória e fui morar em Zortéa ele apareceu por lá, no tempo em que estive fora havia jogado no Grêmio Lírio. Na mesma época, a notícia de que foi acometido por uma hepatite que, mal curada, levou-o para o mundo dos mortos. Até hoje guardo seu sorriso bonito e sua maneira educada de resolver as coisas. Uma vez emprestei-lhe minha jaqueta branca e ele me emprestou um de cor gelo, ainda quando lavávamos carros. Era a maneira que tínhamos para ir aos bailinhos...

          Com o Urco, jogamos bola nos veteranos do Arabutã. Além de lateral esquerdo vigoroso, era um bom marcador. Às vezes atuava na zaga. Era também árbitro da Liga e trabalhava no Serviço de Inspeção  Federal na Perdigão, junto com o Bisteca, o Cheiroso e o  Kojak.  Levou azar o amigo, pois foi acometido de Leucemia. Fez transplante de medula óssea em Santa Maria, RS, mas com o tempo a mesma voltou e ceifou-lhe a vida, deixando os filhos, que foram meus alunos na Escola  Sílvio Santos.

          O Mário Ferro foi uma das figuras mais folclóricas que conheci. Só usava camisa de vermnelho encarnado, do Arabutã. Na falta de uma, podia ser do Internacional. Trabalhou na conservação do Estádio do Arabutã, era muito caprichoso. Mesmo depois de sair de lá, defendia o clube e o patriomônio como se dele fossem. Aos domingos, ia a pé pela rua de asfalto, meio cambaleando, e chegava ao campo, ficava torcendo de pé, junto ao alambrado. Mesmo não estando perfeitamente sóbrio, sabia tudo o que se passava no gramado. Reclamava do juiz, lamentava as derrotas e invadia o campo após as vitórias.

          Muitas vezes, no frio do inverno, de madrugada, batia lá em casa. Não queria nada, não entrava, só queria me comprimentar. E perguntava: "Ondé que tão as geminha? Tão durmindo? E a zoinho preto?" Eu ficava um bom tempo lá com ele e ele pegava seu chapéu de aba larga e ia embora. A vizinhança gostava dele, as crianças gostavam dele. De vez em quando filava uma prato de comida na Dona Ézide Miqueloto e depois de brincar com as crianças, a Caroline, a Michele, o Fabrício, o Maxuel, o Felipe, o Júnior, a Evelyn, a Aquidauana e o Thiago,  se mandava. na rua, ia abanando pra todo mundo, conhecia todos e todos o conheciam.  Gostava de ir ao sítio do Nízio Dal Pivo, no Pinheiro do Meio, onde era bem tratado e até ajudava a fazer cachaça no alambique. Viveu a maior parte de sua vida sozinho e, quando foi a Joinville ver uma filha, ficou por lá e morreu. Acho que perdeu seu habitat natural...

          Três pessoas boas, simples, que muito marcaram a vida de muita gente. Que angariaram a simpatia nossa e das pessoas que os conheceram. Então, no Dia Nacional da Consciência Negra, quero homenageá-los, bem como a todos nossos irmãos afrodescendentes. Estejam com Deus, Tchule, Urco e Ferro!

Euclides Riquetti
21-11-2013

Quando as pétalas se desprendem das rosas

 


 


 



Resultado de imagem para imagens de pétalas de rosas caindo


Quando as pétalas se desprendem das rosas
E vão enfeitar de cor os gramados
Quando as folhas se desprendem dos plátanos
E vão me fazer volver-me ao passado
Quando os gerânios envermelham as floreiras
E vão alimentar teus olhos amendoados
Quando o passaredo canta na manhã de sábado
Para dizer que um novo fim de semana é chegado
Eu me lembro de ti!

Quando a manhã promete sol escaldante
E eu te imagino correndo para o mar
Quando o suor corre no teu corpo esguio
E vai teus pés finos reidratar
Quando,  docemente,  me chamas de  "meu amor"
E eu fico assim a te admirar
Quando nos vejo felizes,  flutuando
Planando, livremente, no ar...
Em me transporto até ti!

E, quando o fim de tarde me chega de mansinho
Com teu rosto já estampado na mente
Quando a expectativa de estrelas cintilando
Me deixa feliz e muito contente
Quando tudo de bom já me aconteceu
E volto pra perto de ti novamente
Quando o dia valeu a pena por tua causa
E em nós germinou mais uma semente...
Percebo o quanto eu gosto de ti!

Porque as pétalas se desprendem das rosas
Mas sabem que outra vez vão voltar...

Euclides Riquetti

Futebol no céu - memórias!

 


 


 


Arquibancada e cabines de transmissão de nosso estádio da Baixada Rubra - do Arabutã FC - localizado em Ouro - SC - palco de grandes espetáculos, agora sentimos o vazio dos que se foram...

Crônica em homenagem a amigos que se foram)  - reprisando

     O Táti, zagueirão do Arabutã, morreu e foi pro céu. Lá,  tinha uma organização de talentos, que eram alojados por setores. Eram pessoas que um dia brilharam aqui na terra e que o destino as levou para morar  lá em cima. Tinha o setor dos atletas famosos: Denner, Adilson, Dirceu e Everaldo, que morreram em acidente de carro; Garrincha, que bebeu além da conta; Serginho e Wagner Bacharel, que morreram em campo; e muitos outros, fora os europeus. Todos estes ouviam, atentamente, os conselhos do Mestre Telê Santana. Tinha o setor dos artistas: Cazuza, que teve aids; o Dollabella, que bebeu todas; o Chacrinha, que animava a Terezinha; o Bossunda, cujo o humor era maior que a bunda; Paulo Autran, esbanjando simpatia; o Paulo Gracindo, nosso Zeca Diabo;  Nair Bello, Mussun e Zacarias, que nos fizeram rir muitos dias ( e muitas noites de nossos invernos e verões). João Paulo agora forma dupla com Leandro, e até que combina:" Leandro e João Paulo"! Tinha também O dos talentos políticos: Rui Barbosa, que defendia a honra: Tancredo Neves, a democracia; Toninho Malvadeza, a Bahia; Brisola, que ia contra "os interésses" da burguesia; e Jânio Quadros, que tropeçava nos cadarços de seus sapatos tortos. O Airton Senna driblava as curvas do Reino de São Pedro, o Dílson Funaro dava cruzados nos brasileiros, enquanto os Mamonas Assassinas encantavam, com suas irreverências, os milhares de jovens que morreram, infelizmente, após as baladas de sábado à noite, em acidentes com carros e motos.
     O Táti olhou tudo, curiosamente, e procurava por algo. Caminhou por entre as árvores e em meio a muitas roseiras e cravos, lavou a cabeçona numa fonte de água, passou a mão nos olhos e, ao abri-los, deparou com um monte de conhecidos: Lá estava o Bailarino, com algumas sacolas, cheias de camisas, calções e meias: Havia as azuis  e brancas, da São José; as pretas e amarelas, do Penharol; as verdes e amarelas, do Grêmio Lírio; as brancas e pretasd, do Vasco da Gama; e,  finalmente, as brancas e vermelhas, do Arabutã. Sentiu-se em casa. Finalmente encontrara sua tribo: O Bailarino, poeta, sábio, filosofava e escalava o time: O Orlando vai ser o Goleiro, mas não pode cair do cavalo, pois o Roque Manfredini, que  ficou sepultado lá em Porto União, vai ficar na reserva, porque este jogo não é pra profissional. Na lateral direita, o Darci Moretto, pois o irmão dele, o Valcir Moretto, vamos aproveitar na ponta direita, que ele gostava de jogar também lá. na zaga, vamos deixar a posição vaga, pois logo,  logo vamos receber um zagueirão que está chegando, e vai ser a principal contratação da temporada. Na zaga, o Tchule, que além de bom de bola, gosta de tocar bateria e batucar um samba. Na esquerda, o Urco, que poderá ser o juiz; daí fica o Jonei Cassiano de sobreaviso, para aquele lado, pois ele sabe defender e apoiar muito bem. Cabeça de área, um problema que é fácil de resolver: deixamos o Olivo Susin mais plantado e o Alberi, que é acostumado a arrumar bombas injetoras, com liberdade pra sair jogando e injetar a bola no ataque. O Jundiá, que é liso e tá meio pesadinho, fica com a oito, armando pro Moretto na linha de fundo, pro Camomila, nas esquerda; e, no ataque, o Alcir Masson, nosso matador, bem na frente, chutando forte e reclamando com o juiz. Bem, eu, o Baixinho, escalo o time e entro lá pelo segundo tempo. O Rogério Toaldo, vai ficar de curinga, e me ajudar a cobrar a mensalidade.

     Aí chegou o Juca Santos, Glorioso Presidente, e perguntou: "e o Zagueiro, o Capitão, que você não escalou ainda?"

     Bailarino apontou para o lado e gritou: "Chega, Táti, que a número três tá guardada pra você! E daqui a pouco vai chegar um convidado especial: O Guaraná! vamos ter que arrumar uma brechina também pra ele".

Euclides C. Riquetti - Ouro - SC - escrita em 23-01-2008 e plublicada no Jornal  ""A Semana" - Capinzal-SC

Um outro Sol

 


 



Há um outro sol em nossos dias, pois...
É aquele que na tarde vai embora
Que no inverno vai antes da hora
E, no verão, um pouco depois...

Termina o dia amarelado
(Embora tenha nascido avermelhado, alaranjado, ado... ado...)
Quando o céu deixa de ser azul (ado...ado...)
E se torna acinzentado
No leste e no sul.

Ah, dizem que é o mesmo que veio do Oriente
E que cumpre sua rotina de ir para o Ocidente!
Vem do Leste
Vai para o Oeste
(Eu digo que é para o Sudoeste).

Como acredito em ti
No google e no  dicionário
E nas doutrinas de Astronomia que já li
Nada posso dizer... em contrário!

Nosso Astro é um Rei
É uma divindade de escol
Cumpre, no universo, sua natural Lei:
Apenas ser um imponente astro-rei:
Nosso Rei Sol!

Sol da meia/noite lá,
Sol do meio/dia cá...

Euclides Riquetti

O dia em que minha vida virou ao avesso - (Dos tempos do nosso Arabutã)

 


 





Em pé: Valdomiro Correa, treinador; Zucco,
Altair Secchi, Ademir Rech, Euclides Riquetti
(eu mesmo..., o mais alto de todos), 
Vicente Gramázzio, Malmir (Mazzo) Padilha.
Agachados: Domingos dos
Santos (Mingo Balbina), Valência de Souza,
Braguinha Ramos, Carmelino Nora e Sérgio
Scarton. Meus companheiros da época, eu
tinha 31 anos.


          O dia 22 de julho de 1984 me é inesquecível. Tinha tudo planejado: jogar bola, ir a uma festa, descansar para na segunda trabalhar. Levantei-me cedo, peguei a sacola com minhas chuteiras, despedi-me da família e fui para o Estádio do Arabutã. Era o dia mais frio do ano,  um domingo.  Tivéramos duas semanas de férias escolares e, no dia seguinte,  haveria o reinício das aulas. Queria aproveitar bem meu domingo. Depois do jogo, me encontraria com a família e amigos numa festa de batizado.

          Ali, ao lado do Estádio, havia uma sede recreativa onde seria realizada a festa do batizado da Aquidauana, uma bebezinha,  filha do compadre Neri Miqueloto e da Zenete. Fui o primeiro a chegar ao campo. Havia neblina e frio, muito frio. A promogênita deles, que atualmente cursa um doutorado nos Estados Unidos.

          Nove horas e já estávamos em campo. O treinador Valdomiro Correa deu-me a camisa branca com  mangas vermelhas, número 4,  jogaria como quarto zagueiro, fazendo dupla com o Fank.  Normalmente eu jogava com a 2, na lateral direita. Nesta atuou  o Mantovani, que era apelidado de "25". Era o mais maduro da turma. Na esquerda, o Mingo Balbina. Eu tinha 31 anos e estava em plena forma física. E me achava velho... Tinha ossos fortes, minha mãe sempre dizia que me deu muito cálcio quando criança. E eu achava que jamais pudesse machucar-me, era muito corajoso nas jogadas, não tinha medo de que algo me pudesse acontecer...

          Placar ainda em branco e nossos adversários fazendo pressão. Formávamos linha de impedimento, já tínhamos um ótimo entrosamento e sempre que jogávamos, nos  adiantávamos quando o adversário iria lançar a bola. Deixávamos os desavisados sempre impedidos. Nossa média de idade era bem acima da deles e tínhamos que dispor de nossa esperteza para enfrentá-los. E, num desses lances, quando saímos, um de nossos jogadores deu condição legal de jogo para os adversários. O Tita, de 16 anos, muito habilidoso e veloz, recebeu a bola e saí atrás dele. Quando ele entrou na grande área e ia fazer o gol, alcancei-o e dei toda a força possível para cortar a bola. Nesse instante, veio o goleiro, meu companheiro, num carrinho, e me atingiu. Foi um estouro. Disseram-me o Mafra, o Marcon e o Nito Miqueloto, meus companheiros, que pareceu um tiro de revólver 38. Senti que algo de muito ruim me havia acontecido. Eu não queria acreditar: O que iriam dizer meus familiares? Como iria dar aulas no dia seguinte?

         Meu colegas vieram acudir-me. Estavam apavorados. Olhei para minha perna direita e o pé estava desgovernado. A perna dobrou-se, apenas a pele mantinha o pé preso ao meu corpo. Uma fratura na Tíbia, duas no Perônio, e os ossos esfacelados. Uma senhora contusão! Tiraram minhas chuteiras, minhas meias. Uniformizados,  não conseguiam achar as chaves dos carros para levar-me ao hospital. Ficaram todos atrapalhados. Vi o Irineu Miqueloto (saudoso...), que viera de Ponta Grossa para o batizado de sua sobrinha, pedi para que me socorresse,  e ele, apavorado, no alambrado, procurava nos bolsos as chaves de seu carro, e nada! Até se esquecera de que não estava de carro lá.  Havia deixado o carro com a esposa e nem se lembrava disso.  Estavam todos desorientados...

          Enfim, os amigos Vilson Farias, atual Vice-prefeito de Capinzal, e o Alvanir Mafra, com o Fusca deste, resolveram que deveríamos ir de imediato para o hospital, no fusca. Colocaram-me no banco traseiro,  o Mafra dirigia e o Farias me dava apoio moral. Iríamos direto pra Joaçaba, onde haveria ortopedista no Hospital Santa Terezinha.

          Na estrada, eu olhava para o espelhinho retrovisor e via que estava pálido, meus cabelos molhados, o rosto muito suado. Não sentia dor, ainda, porque estava com o corpo muito quente, havia  corrido muito e por mais de meia hora. Não me conformava por aquilo estar acontecendo comigo...

          Em menos de meia, hora estávamos nas ruas centrais de Joaçaba, onde não haia asfalto ainda. Quando o carro trafegava sobre sobre os paralelepípedos do calçamento, os ossos pareciam espinhar os músculos e doía muito, muito. No Hospital Santa Teresinha, fui posto na numa maca, e o médico Dr. Marino, ortopedista, colocou uns saquinhos de areia nos lados da perna, imobilizando-a. Como que se  a mão de Deus tirasse a dor, senti-me aliviado. Veio o raio-x, o gesso, envolvendo toda a perna até a bacia. Não havia necessidade de cirurgia, graças a Deus. Apenas 90 dias no gesso. Levaram-me para casa. Eu estava chateado porque minha família não pudera participar da festa da Aquidauana. mas não sentida dores. Até que passou o efeito da anestesia,  quando passei por dores insuportáveis. Ligaram para o hospital e indicaram-me injeções para alviar a dor que um rapaz, meu aluno, o Neodir Zanini, veio aplicar, junto com o pai dele, o Nadir. jovem, trabalhava na Farmácia São Pedro.  A dor  ia e voltava...

         À noite, demorei para dormir. Depois sonhei. Sonhei que estava numa bela tarde de sol, lá no mesmo campo, jogando futebol, mas na lateral esquerda, com a camisa 6. Jogando contra o Clube 4 S de Linha Sul, marcando o Joãozinho Baretta, um primo. Ele estava de camisa verde e eu marcando-o.
Muitos dias com dores, passei os primeiros vendo na TV as Olimpíadas de Los Ângeles, torcendo pelo Brasil, em especial pelo goleiro Gilmar Rinaldi, que defendeu até pênaltis. E nos deu a Medalha de Prata. O Gilmar foi nosso companheiro de bola no campinho, ali no Ouro, quando vinha passar as férias na casa de sua irmã, a Matilde, que era nossa inquilina. Jogava no Inter, depois jogou no São Paulo, na Udinese, num clube do Japão e no Flamengo.

          Seis meses depois, estava eu de volta aos campos. Mudei meu jeito de jogar, mais cauteloso, usando menos a força e mais a inteligência. Percebi que nosso corpo tem limites, esta foi minha lição. E consegui correr atrás da bola por mais 25 anos, apenas com 3 meses de interrupção em 98, quando estourei menisco e ligamentos, pondo até parafuso de titânio no joelho esquerdo, que está ali até hoje. Estou até pensando em voltar a jogar,  agora na Primavera...

          Realmente,  aquele domingo, 22 de julho de 1984, meu mundo ficou de pernas pro ar. Mas sobrevivi!

Euclides Riquettii

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

A canção que vem das estrelas

 


 

 






Ouça a canção melódica que vem das estrelas
Que brota dos sentimentos e vai pelas estradas
Você pode, sim, facilmente percebê-las
Porque elas se deitam no céu nas madrugadas...

Ouça e preste bem a devida atenção
Cuide de cada nota por ela propagada
Guarde a melhor delas em seu coração
Fiz para você, minha eterna namorada...

A canção que vem das estrelas é meu presente
É algo que lhe dou para que sempre guarde
E, quando a alma de meu corpo estiver ausente
Ouça-a na manhã fresca  e na suave tarde!

Euclides  Riquetti

No silêncio do amor e da paz

 


 




 
No silêncio do amor e da paz
A vida se refaz
Em passos gigantes caminha
A vida tua, a vida minha
A vida que me seduz e apraz!

No silêncio da noite, a paz do dia que passou
A alegria de momento que marcou
A oração rezada com devoção
Extremada meditação
Sobre quem eu, de fato, sou!

Na agitação de cada uma das nossas horas
A vontade de não ir embora
De ficar te amando
Ou apenas te cortejando
Como te teria cortejado outrora!

Na agitação do meu coração e da minha cabeça
O medo de que desanoiteça
Sem que tenha te amado o suficiente
Por causa do risco iminente
De que meu corpo desfaleça!

Mas, no silêncio ou no turbilhão ruidoso
Navego num rio caudaloso
Para buscar-te em algum lugar
Seja por aqui, seja no mar
Eu, com meu instinto desejoso!

No silêncio do amor
No silêncio da paz!

Euclides Riquetti

Na manhã de amanhã

 


 

Resultado de imagem para imagem de janela aberta com flores

Na manhã de amanhã
Vou abrir a janela do meu quarto
Vou abrir as portas de meu coração
E, sem nenhum lapso
Vou lembrar de o quanto foi bom
Ter conhecido você
E poder me lembrar de você
Na manhã de amanhã...

Na manhã de amanhã
O sol vai brilhar o brilho discreto
E eu vou compor um poema modesto   (pra você...)
Na manhã de amanhã!

Na manhã de amanhã
Depois que as horas da noite tiverem passado
Vou pretender que o novo dia chegado
Me traga os odores das flores silvestres
Que crescem em meio aos ciprestes
Que eu mesmo plantei
E que cresceram e me dão sombra
Nas tardes quentes
E também na manhã de amanhã...

Na manhã de amanhã
As estrelas já estarão escondidas
E muitas almas já estarão arrependidas   (por você...)
Na manhã de amanhã!

E, então, na manhã de amanhã
Todas as almas serão perdoadas
E todas as esperanças estarão renovadas
Porque vem um dia e virão outros ainda
E nós precisamos viver a vida
Porque o tempo passa enquanto dormimos
Enquanto sonhamos e ouvimos
Canções de anjos vestidos de branco
Canções de ninar e acalanto
Que nos animam para uma nova amanhã!

Sim, na manhã de amanhã
Vamos celebrar, com toda a alegria
A chegada de um novo dia    (com você...)
Na manhã de amanhã!

Euclides Riquetti

Você, as flores e o mar!

 


 




Tu adornas as flores coloridas e elas te adornam
São belezas que se encontram e se harmonizam
Tu és emoldurada pelas flores que te contornam
Sois imagens que em minha mente se eternizam.

Não importa qual seja o dia ou seja a distância
O que conta é o que tu fazes e o que representas
Para mim, cada minúcia tem forte importância
Cada gesto teu tem sua relevância e sua essência.

Teu rosto vem a mim em meio às nuvens claras
Sobrepõe-se à calmaria e exuberância dos mares
A imensidão se reveste de uma dimensão ignara.

Teu pensamento vem a mim e o meu te encontra
Como num encontro romântico de dois olhares
Sem obstáculos, com amor, alma aberta e pronta.

Euclides Riquetti

Flor-de-lis

 



Resultado de imagem para fotos  flor de lis


Um dia você sonhou que era livre
Que voava como o pássaro feliz
Que seu mundo era tão grande, era infinito
Era paz, amor tão puro, Flor-de-lis...

Um dia você sonhou que era feliz
E andou pelos caminhos da paixão
De repente veio a sua decepção
E deixou murchar a bela Flor-de-lis.

Um dia você sonhou o impossível
Para um tempo em que convinham certas normas
E tornou sua vida um sonho tão sofrivel
E deixou que Flor-de-lis caísse fora.

Flor-de-lis foi das paixões a mais querida
Que tomou caminhos novos, diferentes
E a paixão que foi outrora amor ardente
Virou cinza, virou mágoa tão sentida.

Seus caminhos, Flor-de-lis, são diferentes
Mas alguma coisa forte ainda os prende
Ainda acende o seu romance tão bonito
Amor de amor, amor de sonho, sem conflito...

E eu, que nessa história tenho um pouco
Não me conformo em ver o rumo que tomou
Onde um amor de juventude, muito louco
Virou apenas a lembrança que ficou.

Euclides Riquetti
18-08-1993
(Poema para Sheila)

O tempo passa....

 

O tempo passa....

 


 

O tempo passa...
E isso é uma verdade incontestável.
A vida se vai...
E deixa sinais inapagáveis!

O tempo passa, calado.
Então é preciso agir
Porque há um mundo a ser ousado
Uma realidade a se construir.

O tempo passa
Vai-se como um sopro de vento
Vai-se,  imperceptível e lento
Mas ele passa...

E, mesmo calmo e silencioso
Vai, despertando saudades nas pessoas
Despertando boas lembranças dos momentos
Nutrindo vaidades ou sentimentos
Enquanto passa!

O tempo passa
E isso é, mesmo, a maior verdade
E,  nos rostos,  ele vai deixando
Suas marcas indeléveis.
Por onde  passa...

Euclides Riquetti

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Gabriela Weber - Uma História de Amor!

 





                                      Relembrando...

 

          A Gabriela Weber era uma jovem muito bonita. Estudiosa.  Inquieta. Trabalhadeira. Caprichosa. Preocupada com o futuro. Responsabilíssima. Carinhosa. Generosa. Adorada pela família, pelo namorado, pelos amigos. Sonhadora, tinha os mesmos sonhos da maioria dos jovens de sua idade:  Queria ser feliz!

          Na manhã de 13 de outubro de 2011,   saí de casa muito cedo para ir ao meu trabalho em Ouro. Passei, de carro, pela Escola do Bairro Nossa Senhora de Lourdes, fui em direção à BR 282. Também Passei diante de uma sequência de casas ao lado esquerdo da Avenida Santa Luzia, e de prédios ao lado direito. Eram poucos minutos antes das 6,30. De uma dessas casas, também, saiu com sua motocicleta a jovem Gabriela...

         Gabriela tinha 18 anos, era terceiranista do Colégio Certi, aqui de Joaçaba. Trabalhava numa gráfica aqui na parte alta da cidade, 1 Km distante da sua casa.  No dia anterior, Dia da Criança, Dia de Nossa Senhora Aparecida,  recebeu um telefonema: Era para ir mais cedo do que o horário de costume para o trabalho, na manhã seguinte,  pois com a proximidade do final do ano havia muito serviço a darem conta. Acordou muito cedo naquele dia pós-feriado, plena Primavera. Os dias já costumavam clarear mais cedo, as pessoas eram acordadas pelos cantos dos passarinhos. Próximo à casa de Gabriela, muitos deles  nas árvores. Flores nas floreiras e nos jardins das casas. O vento, no entanto, sacudindo os eucliptos, as plantas pequenas, as árvores altas. O céu, naquela manhã, teimava em não clarear. Nuvens escuras o  cobriam, havia perspectiva de tempestade, de turbulência.

          Dona Rosa da Silva, a mãe da Gabi, não queria que ela saísse de casa, pois  o tempo estava ameaçador, perigoso. Mas o senso  de responsabilidade da jovem era muito grande. Tinha os sonhos a realizar, precisava ser assídua no trabalho, na escola. Nunca deixara de cumprir seus compromissos e não seria naquele dia que iria falhar.

          Gabriela logo ia casar. Amava e era muito amada pelo namorado, o Jair da Silva. Queria estudar Pedagogia, ser professora, adorava crianças. Não gostava de ver criança chorando, aquilo lhe partia o coração. Tinha a vocação para o magistério, para a maternidade. Gostava de crianças, gostava de animais. Tinha seus gatos  de estimação, não admitia que fossem maltratados. Duas semanas antes,  o casalzinho havia sido  padrinho de um casamento. O sonho deles era o do casamento também.

          Gabriela gostava de jogar  futebol e vôlei, de ir à praia. Viajar a encantava, principalmente quando o destino era estar nas areias das praias, nas águas  do mar. Tinha planos, muitos planos. Trocar a motocicleta por um carro para se sentir mais segura era um deles.

          Fazia amizades com facilidade, tinha amigos jovens, crianças, pessoas de todas as idades. Adorava festas sertanejas, que frequentava sempre que possível. Mas também gostava de estar em casa, junto com a família, escutado música ou vendo filmes na TV. A menina que gostava da cor pink e que tinha sonhos rosados e gostava da música "Sem ar", de D´Black (uma belíssima canção),  também gostava do Grupo Roupa Nova, de Jorge e Matheus, Fernando e Sorocaba, e Paula Fernandes.

          Mas naquela manhã em que saiu antes do horário de  costume para o trabalho, a moça bonita,  de pele macia, olhos brilhosos e cabelos castanhos,  não imaginava o que estava a esperá-la: No trajeto para o trabalho, na Rua 12 de Outubro, paralela à BR 282, os fortes ventos partiram o tronco de uma árvore. Fatalmente, Gabriela Weber ia passando pelo local com sua moto. Atingida na cabeça, teve morte instantânea. Chamada, sua mãe, a Dona Rosa, foi a terceira pessoa a chegar ao local. Foi levada ao Hospital Universitário Santa Terezinha pelos Bombeiros Socorristas, mas lá já chegou sem vida.

          A voz silenciou, o sorriso se apagou, seu rosto serenou... Gabriela partiu deixando uma legião de amigos e os familiares: Rosa e Osmar, seus pais; Carla Cristina, Daiane, Viviane e Douglas, seus irmãos; Vany, a cunhada, e os sobrihos. E Jair, o namorado, com quem pretendia realizar o sonho maior: O de viver, para sempre, sua História de Amor.

          Dos muitos recados que lhe passaram pelas  redes sociais, escolhi o postado por sua colega  Bonnie, que sintetiza o que seus amigos pensavam dela:

"Gabi, eu gostaria de dizer que você era uma pessoa maravilhosa e que nunca irei te esquecer. Foi um imenso prazer ter te conhecido, nunca me esquecerei de nosso tempo juntas na escola, de como você era simpática e bonita. Nunca achei que isso iria acabar um dia, sempre achei que você teria um grande futuro... Adeus, Gabi, em sinto muito... sem palavras... ( de sua amiga Bonnie)".

          Por dois anos eu  passava diante daquela casa e via a figura solitária de uma senhora que olhava para a rua, para o céu, imóvel sentada numa cadeira da varanda. Ficava imaginando o que aquela família deveria estar passando. E, quando lia notícias de  mães que perderam seus filhos, me comovia. Há uns meses subi a escada e fui conversar com aquela mulher simples e  de aspecto tão triste. Apresentei-me, ouvi sua história, a  da  filha Carla Cristina, e pedi-lhes licença para escrever esta crônica sobre a Gabi. A Gabi, como tantos outros jovens que perderam a vida, não foi  uma simples folha em branco. Teve seus sonhos, sua História. Amou e foi amada.  Não partiu por vontade própria, mas a fatalidade a afastou de seus entes queridos.

          Tenho em mim a lógica de que os filhos é que devem enterrar os pais. Infelizmente, como a Dona Rosa, muitas outras mães tiveram que passar por isso.

          Que Deus tenha para a Gabriela um belíssimo lugar no paraíso. Que possa, com sua bondade e sorriso, ser luz para os que aqui ficaram e que sentem muita dor pela sua perda.

           Esteja bem, tenha a certeza de que seus familiares e amigos muito a amaram também, Gabi!

Euclides Riquetti