sábado, 10 de julho de 2021

Aquele céu de final de tarde






Aquele céu de final de tarde é encantador
Tão belo como nosso amanhecer colorido
Parece um Deus  no firmamento esculpido
Ou desenhado com pinceladas de amor...

O céu de final de tarde do sábado de inverno
Até parecia ser de o de uma plena  primavera
Parece até aquele poema que eu lhe dissera
Parece  ser a descrição do pensamento eterno...

O céu,  que foi colorido pela mão Divina
Me transporta pela vastidão universal
Até sua alma que me encanta e que me anima.

É o nosso céu, céu de nosso mais belo sonho
Algo que nos aproxima, algo sem igual
É a descrição do amor em seu rosto risonho....

Euclides Riquetti

Em meio às rosas

 






Perdidamente, te escondes em meio às rosas
Procurando, dentre todas elas, bem aquela
Descendo em meio aos canteiros, vais formosa
Trazendo-me tua alma digna e tão singela
Cantando doces canções em verso e prosa
Suavemente, dentre todas elas, és a mais bela ...

Infinitamente elegante e tão encantadora
Alegras-me e me fazes feliz e mais contente 
Marcando-me com tua aura de luz e sedutora.
Tardes se colorem na primavera aqui presente
Nuances de todos colores e de todos os matizes 
Sorriso nos olhos, faces rosadas, corpo quente
Deixa-me mergulhar em teus sonhos  mais felizes.

Baterias asas, se fosses uma borboleta azul
Pretendida musa que enfeitas  nosso belo sul.
Pequenas florinhas roçam os teus pés desnudos
Poucos pássaros cantam alegremente para mim 
Poeta, me encabulo e ao ver-te linda, fico mudo
Perco até a noção do tempo, fico embevecido, sim
Tropeço nas palavras, tu  pra mim és  tudo...

Euclides Riquetti

Saborosa e suculenta - (poema sem nenhuma graça)

 




Saborosa e suculenta

Você apareceu

No vidro do espelho

Até me surpreendeu.


Saborosa e suculenta

Ali, bem saltitante

Você veio provocante

Para o gáudio meu!


Se eu fiquei vermelho

Foi por reflexo seu

Suculenta e apaixonante

Você me convenceu.


Saborosa e suculenta

Nem flor consegue pôr 

E fica ali cinzenta

Quase de verde cor.


Se você fosse mulher

Quem iria lhe querer?

Perde até pro mal-me-quer

E ainda quer aparecer!


Euclides Riquetti

10-07-2021










Ainda tem gente que...

 



Que, no ônibus, permanece sentado, mesmo que uma pessoa idosa e frágil fique em pé...
Que estaciona nas vagas dos idosos e dos deficientes físicos, e finge  que "não há nada de errado nisso"...
Cuida mais dos animais do que seus próprios filhos...
Fica nervosinha porque jogam lixo no rio acima de sua casa, mas faz o mesmo abaixo da sua...
Quando vê uma liquidação ou promoção,  compra aquilo de que não precisa só porque é barato...
Desliga as lâmpadas para economizar energia,  mas fica um tempão sob o chuveiro elétrico...
Reclama dos preços dos combustíveis,  mas não abre  mão de andar de carro só "para desfilar"...
Esganaria alguém que "inticasse" seu filho,  mas é ardorosamente contrária à redução da maioridade penal ou alguma punição aos "di menor"....
Leva o cachorro para andar nas ruas, mesmo que eles defequem nas calçadas ( e não recolhe a sujeira...)
Escreve bobagens na internet, achando defeitos em tudo e em todos,  mas não percebe que escreve muito mal e assassina nosso vernáculo...
Critica tudo o que os outros fazem, mas não olha para seu próprio rastro...
Condena, veementemente, todos os corruptos, mas não devolve dinheiro quando recebe troco a mais...
Gosta de fazer piada e zoar com os outros, mas se queima quando vira alvo disso...
Compra bilhete de loteria premiado..., cai no conto do "achadinho", por pura ganância...
Compra celular "barato", produtos baratos, sem verificar a procedência, sem procurar ver se são legítimos ou falsos...ou...
Quer levar vantagem  em tudo, sem se importar se isso está ou não prejudicando os outros...
Acha gente feia bonita, só porque tem dinheiro e fama...
Detesta a sogra, mas não olha direitinho para ver como é sua mãe...
Fica lendo o que escrevo,.... pelo que eu AGRADEÇO MUITO, AFINAL, TER LEITORES É O QUE MOTIVA E REALIZA O ESCRITOR!

Grande abraço, leitor, leitora, e obrigado por me prestigiar neste dia em que estou atingindo a marca de 100.000 visitas às páginas de meu blog.

Euclides Riquetti

Com o calor de seu corpo

 






Quero que me aqueça com o seu calor
Que me alegre com suas palavras amáveis
Que me abrace com seus braços adoráveis
Que me ame com volúpia e com ardor.

Quero que me beije com beijos de cereja
Que me afague com a mão suave e  macia
Que me olhe com seus olhos de alegria
Que me diga que me quer e me deseja.

Quero ainda que nunca se esqueça de mim
Que reze por mim nas noites enluaradas
Que me envolva em seus pijamas de cetim.

Que aqueça,  com seu calor,  o corpo meu
Que viaje nas nuvens esbranquiçadas
Porque eu, docemente,  aquecerei o seu!

Euclides Riquetti

Cheio de paz... e alegria!

 



Na vizinhança
Um galo canta...
Quem sabe empoleirado
Num galho quebrado
Que balança.

Na madrugada
Com a voz bem afinada
Canta um velho galo...
Canta para nos acordar
Para irmos trabalhar
Canta aquele galo.

Depois silencia
Pois crianças dormiam
Não queriam ser perturbadas
Nem incomodadas
Pelo barulho do canto
Do galo vigilante!

E, sempre que o galo canta
Na madrugada santa
Eu rezo com  devoção
Enquanto tomo meu chimarrão
Para que nosso novo dia
Venha cheio de paz... e alegria!

Euclides Riquetti

Na madrugada fria de inverno

 



Na madrugada fria de inverno

Pensei em você!

Livre.. e livremente

Discreto, discretamente

Pensei em você simplesmente!


A noite fora silenciosa

Prodigiosa.

Vem vi se o céu estava estrelado

Ou enluarado.


Nenhum ruído, nada

Mas a noite foi abençoada

Porque virá uma manhã bonita

Talvez como nunca vista

Porque pensei em você

De madrugada!


Euclides Riquetti

10-07-2021


Quando a lua o céu prateou

 






Quando a super lua o céu prateou
Na noite dos enamorados
Quando o seu coração chorou
Por causa dos sonhos frustrados
O condor voou...

Quando você foi à janela espiar
Para ver o colorido do entardecer
E uma paisagem de beleza singular
Prenunciava o enluarado anoitecer
Eu fui sonhar...

Quando a super lua monopolizou
A atenção de toda a gente
Das pessoas a quem encantou
Com seu brilho fulgurante
Uma andorinha voou...

Voou pra levar um recado:
Foi pra dizer que em algum lugar
Vive um poeta inspirado
Que escreve poemas "de amar"
Pra você!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Na noite fria e escura

 


Na noite fria e escura me agasalhei em você
Dividimos afagos e compartilhamos carinhos
Mandei embora meus medos, você sabe por quê
Nós buscamos nos sonhos reencontrar um caminho.

Na noite fria e escura eu rezei com você
Pedimos a Deus por nós dois, pela sua proteção
Rejeitamos viver o que nos faça sofrer
Juramos amor, muito amor, amor e paixão...

A noite fria e escura eu só queria que acabasse
Que as horas corressem bem rapidamente
E que um  dia  de sol de imediato voltasse

A noite é dos anjos, dos seus clarins e seus cânticos
É amiga dos namorados,  de quem se ama fielmente
É a hora do poeta compor os seus versos românticos.

Euclides  Riquetti

O inefável silêncio do amor

 



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O amor é inefavelmente silencioso
Difícil de ser descrito ou definido
É um sentimento que se fortalece
Que vem pequeno e depois cresce
Vai tomando uns rumos incontidos
E vai se tornando grande e formoso!

O amor é sentimento que encoraja
É capaz de tornar um fraco valente
E acalmar o mais intrépido humano
Torna humilde o poderoso soberano
Ou alegra o ser triste e descontente
Desafia um acomodado pra que aja!

O amor pode agir com leve sutileza
Ou nas atitudes muito barulhentas
Navegar em mares de total calmaria.
Para agir não escolhe hora nem dia
Nem manhãs azuis e tardes cinzentas
Na tenda da plebeia ou da princesa.

Euclides Riquetti

Eu só queria falar

 







Eu só queria  falar das plantas que vêm da terra
Eu só queria  falar das flores que brotam das plantas
Eu também só queria  falar das senhoras respeitosas e santas
Que sempre rezam pra que os  filhos não morram nas lutas e  guerras

Eu só queria que as estrelas cintilassem na escuridão
E que o sol da manhã  nos energizasse com seus raios dourados
Que os ventos que sopram do sul para o norte não virassem tornados
E a calmaria pudesse estar sempre presente no meu coração.

Eu queria que os pássaros que pousam nos galhos da pitangueira
Enfeitassem com cores e  flores a vista azulada de minha janela
E entoassem os cantos que me fazem lembrar da moça faceira....

Eu só queria que no fim deste dia, depois de tanto cansaço
Eu  recebesse o carinho que um dia foi meu e que já ganhei dela
E me regozijasse no amor, no carinho e o seu terno abraço.

Euclides Riquetti

Quando a tarde começou

 



O frio chegou
Quando a tarde começou
Chuvosa.

O frio veio lentamente
Anunciando-se sutilmente
Porque estava com saudades!

Queria apenas reencontrar
O seu velho lugar
Na minha mente saudosa.

Ele veio e pra ficar
E no inverno respirar
Nossos perfumes e nossos ares.

Quer apenas acariciar
E seu rosto beijar
Na tarde chuvosa
De lembranças, de saudades
Das saudades mais saudosas...
Das nossas saudosas saudades
Dos tempos eternos
Dos outros invernos.

Veio, como vieram outros tantos
De todos os nortes e de todos os cantos:

Ele veio de mansinho
Quietinho
Devagarinho
E quer apenas ficar!

Euclides Riquetti

Hugo Cristóvan Bazzo: O Capitão do Arabutã - homenagem - reedição

 


Dona Dires (esposa), Milton, Ica (Luciane) e Huguinho (filhos de Hugo) 

          Imagine um torcedor doente, mas doente mesmo! Nenhuma enfermidade, apenas o fanatismo pelo time de futebol. Não é assim mesmo? As pessoas não brigam pelo seu time preferido? Fazem coisas, né?!

          Pois hoje vou falar do Hugo Bazzo, que estava prestes a completar 84 anos, mas que faleceu hoje pela manhã.  Foi o titular da camisa de número 3 do Arabutã nas décadas de 1950 a 1970,  em Capinzal e Ouro. Quanto "bico" no campo de futebol localizado no centro da cidade, onde hoje se situa a Praça Pedro Lélis da Rocha! Hugo Cristóvan Bazzo, muito conhecido como Tio Hugo, filho da Dona Lúcia, era alto e muito determinado em campo. Cortava os corners de cabeça, afastando a bola da área. Eventualmente, ia cabecear na área adversária, mas ele era mesmo um forte defensor. Batia os tiros de meta "de bico", era uma de suas características de que lembro bem.

          A camisa do Arabutã, que ele defendeu por quase duas décadas, alvi-rubra, foi muito honrada por ele. Além de atleta, era ardoroso torcedor do nosso Arabutã Futebol Clube. Atuou nos 3 a 1 que o time aplicou no meu Vasco, de Capinzal, possivelmente em 1967, um jogo memorável em que, no campo, tudo correu normalmente, mas na galera duas professoras minhas, do Ginásio Normal Juçá Barbosa Callado de defrontaram... Depois disso, apenas algumas atuações na Baixada Rubra e muitas partidas de futsal pelo "Snakes", do Ouro, aquele do uniforme preto e amarelo, e na CME daquela cidade, quando inauguraram o Abobrão.

          A Família Bazzo, naquele tempo, tinha um campinho atrás do casarão do Sr. Ivo e da Dona Iracema, na verdade a casa da Dona Lúcia, a matriarca. Jogavam ali muitas pessoas, de todas as idades. A grande maioria, além de torcerem pelo Arabutã, torciam pelo CR do Flamengo, do rio de Janeiro. Nem dava para discutir com eles... Pois bem! Falei em fanatismo de torcedor e isso estava na alma do Hugo. Senão vejamos:

          No final da década de 1970  o Hugo construiu sua casa, na Rua Júlio de Castilhos, ao lado esquerdo da rua, na subida para a Escola Prefeito Sílvio Santos. Na mesma época, construí a minha, na Felip Schmidt. Copiei uma ideia dele: Fazer a aba da casa com madeira de costaneiras retiradas de roletes de madeira que sobravam na laminação para a fabricação de com pensados. Era só requadrar a parte mais fina para que ficasse consistente. Achei interessante e econômico o jeito de fazer o serviço...

         Pouco tempo depois ele pintou a casa dele de uma cor parecida com o ocre, que estava na moda. E, pasmem, pintou, intercaladamente, cada uma das tabuinhas de vermelho e preto, as corres de seu Flamengo. E eu, vascaíno, passava por lá todos os dias para ir dar minhas aulas e tinha que aguentar aquilo...
            Hugo deixa a esposa Dires Maestri Bazzo, os filhos Huguinho, Milton e Ica e os seus familiares. E muitas boas lembranças. Minhas condolências aos familiares e amigos!

Fique com Deus!

Euclides Riquetti
30-06-2015

Diamante cor de rosa

 





As mais belas flores desabrocharam
Na manhã ensolarada e juvenil
Quando já era outubro primaveril
E as rosas vermelhas me encantaram.

Surpreendeu-me a roseira bem viçosa
Engalanada em seu vestido escuro
Espalhando seu encanto mais puro
Com seu fulgor de diamante cor de rosa.

Esse mesmo diamante que admiro tanto
Me anima, me instiga, me desperta
Poe minha alma negra bem alerta
Devolve-me as lágrimas de meu pranto...

Ora, eu não quero apenas te contemplar
Prefiro-te basalto do que diamante
Quero-te mais amada do que amante
Quero-te ao meu lado e não num altar!

Euclides Riquetti

O Santo sim; o nome, não! Vamos nos divertir um pouco?

 




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          Na Capinzal e Ouro,  na década de 1960 morava um cidadão que tinha muitas atividades. Era polivalente e "se virava" de muitos modos. Não deixava faltar nada para a a família.
Em tempos em que nós nem sabíamos direito "de que lado se situava o mar", ele já conseguia levar sua "tropinha"  para as praias no verão. E o cara também gostava de fazer piadas, de zoar com vida dos outros. Era só alegria!

          Gostava de falar palavras novas que aprendia. Guardava as mais difíceis e, quando surgia a oportunidade, usava nas suas falas. Fez o "ginásio" já bem madurão. Precisava estudar e trabalhar muito porque tinha que garantir o jabá da prole. Queria acompanhar a evolução dos tempos. Em seu estabelecimento, sempre tinha uma grande cuia para o chimarrão.  Sabia como agradar seus fregueses. Era chimarrão e conversa, muita conversa. (Naquele tempo, cliente era só medico e dentista que tinham, os demais eram todos "fregueses"...). E me dizia: "Olhe, Cride, o negócio é usar a Psicologia Aplicada ao Trabalho!"

          Ah, sim! O amigo, a quem chamarei de Zé da Kombi, foi meu colega de aula no Juçá Barbosa Callado. Era bastante aplicado, até. Não faltava às aulas. E lotava a furgona de gente na saída da aula, que ia despejando pela cidade, principalmente em dias de chuva. Nossos professores de Psicologia foram o Dioni Maestri e o Paulo Bragatto Filho. E gostávamos de Psicologia. Tínhamos isso no ginásio na época. Um privilégio!

          Nosso "gente boa", alíás muito boa por sinal, tinha umas "manias". Tantas que sua "vècchia" lhe deu as malas quando achou que o que ele fazia estava demais. E gostava de contar-nos as histórias de suas aventuras. Quando queria dar um "chego" na gandaia, saía de casa para jogar baralho. Ia a pé, deixava a Kombi na garagem. Mas tomava outro rumo.

        Uma das que bem me lembro era de suas escapadelas para os bailecos nas periferias da cidade. Contava-nos e dava risada. Ia para o salão do  "Sete Facadas", era muito amigo dele e bom freguês. Não deixava pendura, embora até crédito fácil tivesse se fosse preciso. Dançava umas "marcas", tomava umas cervejas, investia num abraços (hoje chamam isso de amassos),  e mais nada. E cuidava bem para que a camisa branca, de colarinho, não ficasse com marcas de rouge ou battom. O cheiro de cigarro dizia que era por causa dos palheiros que os companheiros tragueavam no jogo das cartas.

          Naquele tempo, nas redondezas do lugar, do outro lado do rio, havia outros salões: "O Bota Preta", o Sovaco da Cobra" e o "Alegria do Touro". Na entrada deles, sobre a porta, um aviso: "Tire o chapéu e entregue sua arma para o proprietário". Por uma questão de respeito...  Eram os clubes "alternativos" da época. Concorriam, com muitas dificuldades, com o Ateneu Clube, o Floresta e o Primeiro de Maio.

          Tinha um problema, principalmente nos dias de chuva. Não era por causa do guarda-chuva com as hastes de madeira e o cabo de chifre. Era o barro na rua. A rua que levava até o salão do Sr. Fontoura não tinha calçamento e precisava  ter cuidado para não sentar-se ao chão. Não havia tampouco lâmpadas nos postes. E não podia levar lanterna junto porque senão a patroa desconfiava. Mas o problema maior era com os sapatos. Não podia sair  de casa com galochas para ir jogar baralho ali pertinho, ela não iria compreender isso, pensaria que ele estaria aprontando...

          Então, quando ele voltava, mais de meia-noite, lavava os sapatos no riacho Coxilha Seca, ali em frente à Marcenaria São José. Em casa, deixava-os lá fora. No outro dia estavam secos e limpos, não davam  pista pra desconfiança.

          Como na época que não havia televisão nas casas,  as pessoas tinham muito tempo para pensar e bolar sacanagens. Uns amigos dele, uma noite, foram lá e passaram barro nos seus sapatos. E, de manhã, a "Dona Braba" viu aquilo e ficou furiosa. E o acordou dando-lhe chineladas. Ele, sem entender nada, começou a se confundir, pensando que esquecera de lavar os sapatos. Parecia que os tinha lavado. Será que bebera demais e não lembrava direito?! E isso lhe custou uma semana dormindo no sofá da sala...

          Tenho saudade dos causos que o amigo me contava e que nem posso escrever aqui, mas rio sozinho quando lembro deles. Levou azar alguns anos adiante, quando veio a TV. A patroa foi vendo muitas novelas, muitos filmes, por muito tempo,  e começou a ficar esperta na questão. Então a  história não teve um final feliz. Duas malas cheias de roupas e sapatos. E morar na Kombi... Deu-se mal nosso santo. Falo do santo, mas não digo o nome. Nem o apelido!


Euclides Riquetti
16-05-2013

quinta-feira, 8 de julho de 2021

A canção que vem das estrelas

 






Ouça a canção melódica que vem das estrelas
Que brota dos sentimentos e vai pelas estradas
Você pode, sim, facilmente percebê-las
Porque elas se deitam no céu nas madrugadas...

Ouça e preste bem a devida atenção
Cuide de cada nota por ela propagada
Guarde a melhor delas em seu coração
Fiz para você, minha eterna namorada...

A canção que vem das estrelas é meu presente
É algo que lhe dou para que sempre guarde
E, quando a alma de meu corpo estiver ausente
Ouça-a na manhã fresca  e na suave tarde!

Euclides  Riquetti

A primeira rosa





Saudei a primeira rosa do dia
Que me sorriu.
Era o bordô da alegria
Que me invadiu
E, como ninguém
Me fez sorrir também!



Depois, não me estranhe
Mas me intimidei
Quando a amarelo-champanhe
Eu vislumbrei
Ali no cantinho do jardim
Bem perto de mim!





E, bem de tardinha
Estava ali a rosa matizada
Divinamente rosinha
Encantada...
E, com seu delicioso charme
Animou meu final de tarde...

E eu fiquei muito feliz
Porque te amo!

Euclides Riquetti

Devaneios

 







                           I

A maciez de tua mão
O ímpeto de meu abraço
Meu peito em teu coração
Em desejo por ti me faço
É uma centelha de paixão
Somos dois no mesmo espaço.

Navegando em pensamentos
Por ti componho um canto  terno
E aglutinando elementos
Havendo verão, havendo  inverno
Exaltarei meus sentimentos
Descreverei  meu sonho eterno!
             
                      II

E, quando o ciclo de tuas mãos se cumprir
Voltando à  maciez depois da  aspereza
E meu coração estiver de novo te a pedir
Para que volte e me traga  a tua beleza
Rezarei para que venhas com teu suave sorrir
Pois a centelha de minha paixão continuará acesa.
E, se meus pensamentos se confundirem
Ou minha voz cansada cessar de cantar
Ou meus olhos tristes já não mais se abrirem
Quererei apenas teu rosto acariciar
Para fazerem nossos corações sentirem
Que eu fiquei sempre aqui a te esperar...

Euclides Riquetti

Meu pai, meu professor: Guerino (Richetti) Riquetti - Início de minha história...

 



    

Alunos da Escola Municipal Professor Guerino Riquetti - Ouro - SC

           Fui privilegiado, sim! Quando eu nasci, em 23 de novembro de 1952, em Linha Leãozinho, então município de Capinzal, (hoje Ouro - SC), meu pai, Guerino Riquetti,  era professor numa escola de ensino primário.  E estava lendo "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Ele havia estudado até o primeiro ano de Filosofia, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, no Seminário São Camilo, em São Paulo. Ali, hoje, funciona o hospital denominado Instituto São Camilo.
         Meu pai era leitor contumaz. Aos 40 anos, já não lia clássicos da Literatura, mas o Pato Donald, o Mickey, o Tio Patinhas.... Vidrava-se nas criações de Walt Disney. E passou o costume para nós, os filhos. Somos leitores e até escrevemos....
         Ao voltar para a casa dos pais, depois de quase que uma década fora, casou-se e voltou a estudar. Como não tinha documentos, em razão de haver "desertado" do Seminário, teve que fazê-los de novo. Então, abandonou a grafia de "Ricchetti" e mudou a sobrenome para Riquetti, que adotamos até hoje, embora nosso original, de descendência italiana, seja diferente. E, para obter documentos de escolaridade, frequentou o ensino complementar e o antigo "Normal", que equivale ao Magistério, em nível de Ensino Médio, hoje.
           Para quem já tinha estudado o início do curso superior, com formação em Latim e Francês, tocado piano e órgão ainda no Seminário, aulas de línguas e música eram diversão. E começou a lecionar em escolas "isoladas", como Leãozinho, Pinheiro Baixo, Linha Caçador, Barra do Pinheiro, Nossa Senhora da Saúde, Linha Savóia. Depois lecionou no Grupo Escolar Belisário Pena, em Capinzal e no Escolar Joaquim D´agostini, em Lacerdópolis, em 1964. Em 1960, quando lecionava na Savóia, levou-me junto com ele  algumas vezes nesta e aprendi a escrever algumas letras e palavras. Em 1961, com 8 anos de idade, entrei para a escola, efetivamente, no Colégio Mater Dolorum, no primeiro ano.
          Meu pai foi meu primeiro professor, informalmente. E, mesmo quando eu cursava o primário, no Mater, me dava lições d uso dos pronomes oblíquos e aritmética. Aprendi a fazer cálculos para trabalhadores da roça que vinham em nossa casa pedir ajuda a ele. Empreitadas de roçadas ou carpidas eram pagas por "quartas de terra", ou seja, 6.050 m2, um quarto de um alqueire, que tem 24.200 m2. Me ensinava que se multiplicava a base pela altura e se obtinha a área roçada ou carpida.
Para triângulos, fazíamos base vezes altura, divididos por 2. Toda essa prática me ajudou muito na vida. Até hoje gosto de fazer cálculos enquanto faço minhas caminhadas diárias. Ou crio poemas enquanto caminho. Coloco minha mente para funcionar....
          Meu pai me ensinou muitas coisas. Como professor e como pai. Então hoje, lembrando dele, do Ebenezer  Brasil, que lecionava em Linha Bonita, do Thomás (Thomasin) Pilatti, que lecionava em Leãozinho e Linha Bonita, rendo minha homenagem a todos os meus professores, vivos ou de saudosa memória. Grande abraço em todos, aos que foram uma oração sincera e sentida, e aos que restam uma saudação muito carinhosa.

Deus abençoe todos os professores!

Euclides Riquetti
15-10-2016

Se te chamo de amor, é porque te amo!

 







Se te chamo de amor, é porque te amo
Porque te quero, quero só pra mim
E, mesmo,  com o passar dos anos
Nosso amor nunca chegará ao fim!

Se te chamo de gata, é porque te acho
Uma gatinha que me arranha e mia
Me perco em ti, pra ti me despacho
Quero buscar em ti a minha alegria!

Mas se te chamo e não me respondes
Dói-me o coração ferido pela dor
Não sei por que tu tanto te escondes
E tanto recusas receber meu amor!

Euclides Riquetti

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Se os pássaros te acordarem

 







Se os pássaros te acordarem na madrugada
Embevecendo-te como seu canto divino
Eles querem dizer que em nossa estrada
Há sempre um porto seguro, um destino...

Se o canto deles for triste ou melancólico
Como o da gaivota que sobrevoa o mar
Enchendo o espaço neste vale tão bucólico
Resta-me o sonho de poder te reencontrar...

Se a manhã prometer ser muito prazenteira
Muito agradável, convidativa e promissora
Busca alegrar-te  na alvorada alvissareira...

E, nos lugares por onde for teu pensamento
Vai com tua aura notável, doce e sedutora
Vai me buscar no infinito firmamento!

Euclides Riquetti

Tributo a um Campeão - Homenagem ao professor Nelson Sicuro e outros...

 




          Não, não me refiro ao Aírton Senna, nem ao Guga Kurten, embora tenha sido  fã deles, nas memoráveis conquistas, nas pistas de Fórmula 1 e na Quadra de Roland Garros. O Rei de Mônaco foi num fatídico domingo de maio. O Rei do Saibro está ali, em Floripa, esperando o dia da chegada de um filho. Cada um Rei em seu Reino. Reinado construído sobre as bases da dedicação, do esforço, dos treinos.

          Minha personagem, como ele mesmo me ensinou, chama-se Nelson. Mas há tantos Nelsons por aí: O lendário Nelson Rodrigues, das crônicas; o Nelson Mandela, ficura carismática e legendária na África. O Nelson Piquet, trouxe-nos importantes títulos no Automobilismo, mesmo com seu sorriso-limão. O Nelson do Cavaquino, o "Nerso da Tapitinga",  e outros  "nelsons e nersons", que nos fizeram rir ou chorar.

          Falo do Nelson Sicuro, que no verdor de minha juventude foi meu professor, meu mestre na Faculdade, a FAFI, lá em União da Vitória. O professor Nelson Sicuro, marido da Neli, também professora universitária, ambos idealistas, carismáticos, bonachões. São daquelas almas que se encontram, se amam, se respeitam, e se propõem a superar todos os obstáculos que surgem em sua caminhada. Mencionei seu nome neste blog, no dia 06 de janeiro, Dia de reis, Dia da Gratidão. E eu nem sabia que ele partira em 28 de novembro último, dia do aniversário de meu filho, Fabrício, dia de aniversário do Ivan Casagrande, a quem telefonamos para parabenizar, pois que este sempre me ligava, parabenizando-me, em meus aniversários. A mim a aos nossos amigos. Obrigado,  Bianco...

          Nos últimos dias, resolvi buscar alguns de meus poemas 'perdidos". Liguei para a antiga FAFI, onde, solicitamente, a Rosane Torres enviou-me, escaneados, os meus primeiros poemas publicados, com ilustrações, em 1976, no livro Prismas, volume IV, da Coleção Vale do Iguaçu, organizado, articulado e publicado pelo Professor Nelson Sicuro. Não se pode dizer apenas "Professor Nelson", ou apenas "Professor Sicuro", tem que ser "Nelson Sicuro", nomes que se combinam, que combinam com a Literatura, a Gramática da Língua Portuguesa, a Fonética, a flauta, o francês, o latim, o inglês, o desenho... Nelson Sicuro foi juntar-se à amada Neli, que fora antes, em 25 de janeiro de 2010, exatos dois anos hoje, lá em cima....

          Há alguns anos convidei-o a vir palestrar-nos no Sílvio Santos, ali em Ouro. Veio ele e a Neli. Não quiseram cobrar nada, apenas amizade... O professor que  vem para atender um pedido de um ex-aluno, de quase duas décadas antes, para falar da língua portuguesa, mesmo depois de ter sofrido um derrame, do qual vinha se recuperando. Mas, mesmo assim, veio e deu o seu recado.

          Não posso deixar de dizer o quanto foi importante para mim e meus colegas: ao final do curso de Letras, costumava convidar os acadêmicos a entregar-lhe uns poemas para editar um livro... Certamente, mais de 200 ex-acadêmicos iniciaram-se nas letras por suas mãos. E eu, orgulhosamente, desde o dia em que selecionou "Uma Oração para Você" e "Tu", para fazerem parte do livro "Prismas  - volume IV",  senti que eu poderia, sim, tornar-me escritor. E, com hiatos temporários, continuo a escrever até hoje. Aprendi com ele a importância de "sentir" a poesia, a escrever sonetos, compor versos livres e brancos, alexandrinos, redondilhas maiores e menores. Que,  lá no céu,  junte-se ao Boni, o Geraldo Felltrim, o Abílio Heis,  e ao Filipak, que também está por lá... Que ele, com sua Neli, enturme-se com anjos e arcanjos! O mundo das artes literárias ficou menor sem o querido Nelson Sicuro, meu verdadeiro campeão. Minha sincera homenagem com o último verso de um poema que lhe entreguei, em 1975: "Ouço anjos cantando uma canção de acalanto"

Euclides Riquetti - Um seu criado!...
         
25-01-2012

Uma estrela na escuridão

 


 

Há uma estrela singular em meio à escuridão
Uma nuvem branca em meio à turbulência
Uma doce musa que me traz a inspiração
Uma presença que compensa todas as ausências.

Há um gemido de prazer que vem de uma janela
Um sussurro no ar que me chama à atenção
Um reencontro provável depois de longa espera
Um aceno de olhar, uma provável paixão.

Há uma esperança renovada, uma nova luz que brilha
Uma retomada de caminho, uma possibilidade
Para uma alma frágil, débil, maltrapilha.

Mas há uma força que me levanta, impele e anima
E que me devolve a uma bela realidade:
A de lutar por quem meu coração sugere e determina!

Euclides Riquetti

Enchente de 1983 - 38 anos

 


(Rua XV de Novmbro - coração da cidade de Capinzal - SC)
           Quantos anos tinhas no dia 7 de julho de 1983?  Então, se eras jovem ou criança, deves ter ficado com marcas em sua alma  que jamais serão esquecidas. Quem viveu as incertezas climáticas daquele início de inverno, sabe por quantas situações de anormalidade os moradores do Vale do Rio do Peixe passaram. E o mesmo ocorreu com os do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e os do Rio Iguaçu, na divisa entre os estados de Santa Catarina e Paraná, onde o volume de águas esteve acima dos parâmetros até então conhecidos.

          Ouro e Capinzal compõem meu cenário daquele tempo, quando eu morava em Ouro e tinha duas filhas, gêmeas, com 4 anos, Michele e Caroline. Eu era professor, atuava na Escola Sílvio Santos, e era possível perceber, já há um mês antes, que as chuvas torrenciais que caíram em junho prenunciavam novas chuvas e enchentes. Os dias alternavam-se quentes ou frios. Nos dias quentes, já era de se imaginar temporais, as águas do Rio do Peixe com elevação de seu nível normal. Na parte aos fundos da escola, as águas da chuva formavam um lago, cobrindo o pátio todas as vezes que chovia. Reclamavam que a drenagem era insuficiente, mas a cada nova chuva mais água vinha do "Morro dos Padres", e as valas e tubulações não davam conta de escoá-las. A Festa Junina, de Santo Antônio, ficou prejudicada. E, no dia 7 de julho, cedo as aulas foram suspensas, os alunos deveriam ir para suas casas, pois o rio já saía de sua caixa, os riachos da área rural estavam transbordando, e os alunos precisariam retornar para as propriedades rurais, para não ficarem ilhados em algum lugar.

          Lembro que os caminhões das Prefeituras de Ouro e Capinzal começavam a retirar mudanças das casas ribeirinhas, pois havia um histórico de enchentes que precisava ser respeitado. Dez anos antes, na Grande Enchente do Rio Tubarão, o Rio do Peixe chegara a meio metro dos trilhos da ponte férrea sobre o Rio Capinzal. A preocupação das autoridades era pertinente. Naquele tempo,  nem se sabia da existência de órgãos de Defesa Civil. As pessoas norteavam-se pelas informações que ouviam na Rádio Capinzal e na Rádio Catarinense, esta de Joaçaba. O Aílton Viel narrava, o Jorginho Soldi reportava, e todos ficavam com os ouvidos ligados ao rádio para saberem notícias. Com os ventos que precederam a enchente, foram tombadas as torres repetidoras de TV, e o acesso às informações vinha, mesmo, pelo rádio.

         Ainda na parte da manhã, lembro que o Celito Matté liderava um grupo de pessoas para por sacos de areia nas portas dos fundos do Ginásio Municipal de Esportes (André Colombo), mas, isso foi em vão, pois logo as águas adentraram à quadra, destruindo o belo piso de madeira. Foram lá para o sexto degrau da arquibancada. Destruiu documentos que estavam na Secretaria do Ginásio, peças do Museu Professor Guerino Riquetti, que estavam alojadas som a Biblioteca Municipal Prefeito Ivo Luiz Bazzo.

          No meio da manhã, com a ajuda do primo Hélcio Riquetti, retiramos a mudança da colega professora Elzira, levando para o andar de cima da casa da mãe dela. O fogão a lenha, pesado, deixamos no andar de cima do sobradinho de seu irmão Kiko, que à tardinha  também foi alcançado pelas violentas e barrentas águas do Rio do Peixe.   E os caminhões se alinhavam na Felip Schmidt e Jorge Lacerda para carregar os estoques das casas comerciais e mudanças. Em Capinzal, ao anoitecer, as águas chegavam ao Depósito do Supermercado Barcella, ao do D´Agostini, às Casas Pernambucanas, Bradesco, Rodoviária, Fórum da Comarca, Hotel Beviláqua, cobriram a ponte Governador Jorge Lacerda,  também a ponte próxima ao Moinho Crivelatti e todas as outras possíveis passagens do Sul para o Norte do Centro de Capinzal, no rio do mesmo nome. A nova Central Telefônica, da Telesc,  que havia sido inaugurada poucos dias antes, foi invadida pelas águas. Eu havia comprado telefone e só tivemos o prazer de utilizá-lo por um, dia. Depois ficamos sem, por mais de um mês, apenas com um ramal improvisado, na Prefeitura de Capinzal,

          Quando entardecia,  as águas invadiram a Praça Pio XII, em Ouro. Retiramos a mudança do colega Jerônimo Santanna, com a pick-up do Luiz Toaldo. Depois fomos retirando a da casa do amigo Selvino Viganó. Lembro que do guarda-roupas de cerejeira, novo, fixo, só pudemos levar as portas. Logo depois, riui a primeira casa acima da Ponte Pênsil, em Ouro, onde funcionou a fábrica de ladrilhos do Iraci Toigo (antes ainda fora do Armédio Pelegrini). E, ao mesmo tempo, 96 casas que se localizavam entre a estrada-de-ferro e o rio, em Capinzal, foram sendo derrubadas em série, pela violência das águas.

         O Agnaldo de Souza, Agente da Estação Férrea, marido de minha colega Professora Gracita, colocou a mudança na Estação, mas a água chegou lá também. Salvou apenas uns sacos com roupas, que ficaram sujas de óleo que vinha do norte, misturado às águas...

          No Parque e Jardim Ouro, 12 casas que se situavam na Rua Voluntários da Pátria, a Beira-rio, foram levadas pelas águas. A ponte próxima à Igreja de Caravággio no Rio Leãozinho, foi coberta pelas águas, bem como a SC 303, próximo ao Ramal Lovatel. Em Snata Bárbara o Lajeado dos Porcos cobriu-se pela enchente. Em Lacerdópolis a parte próxima ao Lajeado Nair foi a primeira a ser atingida, depois toda a área central da cidade.

          Já noite, as águas continuavam a subir, atingindo a Loja D ´Agostini, a Serraria da São José, no Campo,  a tipografia Capinzal, a ferraria do Luiz Segalin, a Funilaria do Santo Segalin,  a Comercial Maestri, o Bamerindus, o Bolão Ouro, a Auto Mecânica Ouro, a Prefeitura, o Posto de Saúde, enfim, dezenas de casas comerciais e centenas de residências.

          E ficamos sem energia elétrica, sem água potável, pois o ponto de captação do SIMAE foi totalmente destruído. Nos mercadinhos e armazéns foram vendidas todas as velas que dispunham em seus estoques. A gasolina acabou nos postos. Nos açougues faltava a carne. Alguns gêneros de primeira necessidade faltavam nas lojas. As farmácias haviam sido inundadas. A Rádio catarinense anunciava que  a ponte de concreto armado Emílio Baungarten, que ligava Joaçaba a Herval D ´Oeste, fora destruída. E que o Rio Itajaí e o Iguaçu faziam horrores com os moradores de cidades como Rio do Sul, Blumenau, Itajaí e Porto União da Vitória. Nossa Ponte Pênsil também teve o madeiramento de suas cabeceiras arrancado dos cabos de aço de sustentação. Enfim, foi um Deus-nos-acuda!

          Mas sobrevivemos. Cada cidade buscou, de uma forma ou outra, recuperar-se, com ajuda do Governo federal e Estadual. Blumenau, para recuperar a autoestima, criou a Oktoberfest. Em União da Vitória, criaram uma área ambiental nos pontos mais vulneráveis, acima da Ponte do Arco. Em Capinzal, o Prefeito Celso Farina obteve doação de casas de madeira que foram retiradas das obras da Usina de Itaipu, as quais eram utilizadas para alojar operários em sua construção,  e as  implantou na Cidade Alta, em São Cristóvão, e  criou a  Área de Lazer" (Arnaldo Favorito) ali onde antes havia 96 casas. Também aproveitou para remover as famílias que ocupavam áreas próximas à estrada-de-ferro, acima da ponte Irineu Bornhausen, levando-as para a Cidade Alta e arborizando o local. Em Ouro, o Prefeito Domingos Boff construiu casas nos altos do Parque e Jardim Ouro, onde agora se situa o Centro Comunitário do Bairro Alvorada. E projetou  um conjunto de casas da pela Cohab, que dei continuidade na condição de Prefeito, em 1989.

          Registros fotográficos de Jaime Baratto, Olávio Dambrós e de Nélito Colombo, dentre outros, mostram a gravidade da situação na época.

          Só de lembrar me dá vontade de chorar. Agora, 29 anos depois, parece que tudo aconteceu ontem.

Euclides Riquetti

E, por falar em bolo gostoso... ah, que saudade!

 



          Sempre gostei de bolo. Principalmente se for travestido de...torta! Quando era criança, comia bolo lá no Leãozinho, feito pela Ladires, filha do padrinho João Frank. . E, na casa da Nona Severina, em Linha Bonita, feitos pela Tia Iracema e a Tia Ivani. A Ladires casou-se com o Ivo Spuldaro e foi para o Paraná, é mãe do pregador e comunicador  carismático Ironi Spuldaro.  A tia Iracema, com o Anildo Mázera, de Capinzal. Ambos faleceram. A Tia Ivani casou-se com o Isidoro Dal Cortivo e eram de Nova Petrópolis, aqui no município de Joaçaba. Também falecidos. Lembro bem dos bolos que essas pessoas faziam e que marcaram minha infância. Minha mãe, Dorvalina, fazia deliciosos bolos recheados para nós.

          Na juventude, morei e estudei em Porto União. No meu primeiro aniversário, lá, (23-11), eu estava completando 20 anos e estava longe da família, muito triste. Minhas vizinhas Ivone e Zina, que se tornaram grandes amigas, me deram um bolo de aniversário, muito gostoso. Meu bolo de casamento era muito bonito e gostoso, mas eu estava muito preocupado em que tudo desse certo e comi apenas um pouquinho. Tinha que me preocupar com os amigos e parentes que estavam lá.

          Quando voltei para Ouro, depois de 8 anos fora, reencontrei algumas pessoas com quem tinha relação de amizade bem antiga: A Nair Andrioni, professora de Culinária; a Laurete Hilgert Coas, sacada com o amigão Lolo, tão vascaíno como eu, e irmã do Pedro Camomila, com quem joguei bola no Grêmio Lírio e trabalhei na Zortéa  Bancher; e a Amélia (Moschen) Masson, esposa do amigo Rosito, mãe da Cláudia e da Janaína, nossas vizinhas, a Jana colega de minhas filhas, a Cláudia minha aluninha no Mater Dolorum. As três foram professoras de "Arte Culinária" na Escola Madre Fabiana de Fabiani, em Capinzal. Imagine quanto bolo bom, quanto doce gostoso!

          Hoje, durante o café na aula do SESC, em Joaçaba, começamos a falar sobre "doces e salgados". Minhas colegas Rosalina e Marilda (Calza) Padilha, conterrânea e colega de aula na juventude, falavam sobre o assunto. Dei meus palpites e falei de algumas doceiras e confeiteiras aqui de Joaçaba. Eis que chega a Traute, nossa colega e o assunto continuou: Descobri que ela é irmã da Dona Ursi. A Dona Ursi faz bolos e tortas na casa dela, aqui na Vila Pedrini. Tive que me derramar em elogios. O bolo da Dona Ursi é tão bom quanto os da Nair, da Laurete e da Amélia.

          A professora Carol fica nos ouvindo. O José Walter não apareceu no SESC. E eu que queria combinar de fazermos uma apresentação na Festa do SESC neste sábado... E eu estou pensando num bolo delicioso...

         Ficou com vontade de bolo? Pois aproveite e encomende um também. Você deve ter pessoas especiais que fazem bolos deliciosos. Quem sabe uma pessoas da família, uma vizinha, ou mesmo uma "boleira". Tenho certeza de que você, leitor, leitora, deve estar com vontade de um. E nem precisa esperar pelo aniversário ou outra comemoração.

           Enquanto isso, fiquemos nas belas lembranças. Bolos estão presentes nas comemorações. Então, que a vida seja, sempre, uma comemoração. Preferencialmente, como bolo!

Euclides Riquetti

02-07-2015

Escrevi meus versos na areia branca

 



Escrevi meus versos na areia branca
Daquela praia onde você molhou seus pés
Depois copiei-os numa folha de papel
E quando os leio minha dor se espanta...

Escrevi meus versos inspirado em recordações
Dos bons momentos em que juntos nós vivemos
E as boas lembranças é o que de melhor nós temos
Dos afagos, dos carinhos e das muitas  emoções...

Escrevi meus versos pra poder eternizar
Pra que os leia e guarde sempre na memória
E, através deles, meu carinho registrar .

Eles são a prova de um amor que existe
E fazem parte de nossa bela história
Quanto mais o tempo passa, mais ele resiste!

Euclides Riquetti

Eternos poemas de amor

 



Saia a navegar pelo universo

levando consigo minha canção

Energia, afagos e meus versos

Batidas leves do meu coração

Eternos poemas de amor!


Nas trilhas dos céus azulados

Sopra o vento sul minuano

Vai levando-lhe meus agrados

Presente meu, algo profano

Verdadeiro desejo em flor!


Suas escolhas são seu destino

Também são seus os abraços

Amar é um sentimento divino.

Todos os poemas eu lhe faço

Pra sua vida ser luz e ser sabor!


Então, guarde bem o passado

Mas pense num futuro a sorrir

O tempo voa como o anjo alado

Que pode seus sonhos conduzir

A um mundo de paz e de cor!




Euclides Riquetti

07-07-2021


 




Um luar ao amanhecer

 



Um circulo prateado postou-se diante de minha janela
No céu da manhã de inverno, cinzenta
Flutuando na imensidão sedenta
De amor e paz , de após noite singela.

Era um como se fosse um astro ocidental
A decorar a paisagem que me enternece
A abençoar o dia que amanhece
Com sua bênção fraterna e divinal.

Era um indício de que o luar queria continuar presente
Desafiando o sol que ainda se escondia
E que eu esperava com suave nostalgia
Para que viesse num repente!

Oh, doce luar extemporâneo que concorre
Com o sol bloqueado pelas nuvens densas
Vem para reafirmar minhas convicções e crenças
Do amor que veio e que nunca morre.

Oh, doce olhar que perpassa o firmamento
Que vai, que corre no universo
Doce olhar que canto em prosa e verso
Doce olhar que leva meu pensamento!

Euclides Riquetti