Neste de domingo, fui dar minha caminhada de final de tarde e, chegando na Pista do Clube Comercial, senti um agradável olor vindo de algum lugar. Um delicioso aroma que eu conhecia de muitos anos. Virei-me para o lado e lá estavam dois pés de goiabas amarelas, daquelas cuja polpa é branca. Lembrei-me de quando minhas crianças eram pequenas e havia goiabeiras abundantemente, nos terrenos vizinhos, das famílias do Aldecir Campioni e do Benjamim Miqueloto. As crianças faziam muita festa com as goiabas: a Carol, a Michele, o Fabrício, o Felipe, o Maxuel, o Júnior, a Evelin, a Aquidauana, o Tiago, a Márcia, a Janaína, o Renato. Tínhamos o cuidado de dar-lhes aquelas que iniciavam o amadurecimento, pois as madruas, frequentemente, são portadoras do bicho-da-fruta, aquele que vem dos ovos que as moscas-da-fruta põem e buscam, quando vão se tornando "bichos", o interior dos pomos. Eu, pelo menos, não era adepto do "o que não mata, engorda!
Não sei por que razão, se pela ausência das moscas ou pela variedade, (ou porque a gente não enxerga direito), mas as goiabas de polpa branca não possuem bichos, mesmo maduras. Não aquelas ali, que as pessoas retiram das goiabeiras e comem, ali na Pista. Nem vou pesquisar sobre isso, pesquise você, caro leitor (a).
O Zique é meu afilhado, filho dos finados Compadre Carmozino e Comadre Jurema. Quando o batizamos já era grandinho, uns 9 anos, os pais tinham se tornado católicos e fizemos isso lá na Matriz São Paulo Apóstolo, nossa suntuosa Igreja de Capinzal. Tem as mesmas características da Basílica de São Pedro, em Roma, com uma abóbada semelhante. Pois que o Ezequiel devia ter uns nove anos quando o batisamos e, quando ele viu que o Padre jogava água na cabeça dos bebês com aquele jarro grande, esmaltado de branco, ele apavorou-se e saiu correndo pela Igreja. Deu-nos um trabalhão o Zique, mas eu, o Compadre e alguns dos demais presentes conseguimos levá-lo para a Pia Batismal.
O Zique cresceu, jogou bola como Goleiro do Bairro Alvorada, foi para a Escola até o final do Ensino Fundamental, não quis mais estudar e foi trabalhar. Então casou-se e teve filhos. Quando ele me encontra, junta suas mãos, agora maiores que as minhas e me diz: "Bênça, Padrinho!" - E eu lhe respondo: "Deus o abençoe, Ezequiel!" E, depois, peço-lhe como vai o serviço, as crianças, se estão indo para a escola direitinho.
Pois que dia desses estávamos numa turminha, lá numa obra, e começaram a falar que era tempo de goiaba. E ele: "Eu como muita guaiaba. Faz bem pra saúde e é gostosa!" Um seu colega falou: "Zique, não é "guaiaba", é "goiaba!" E começaram a teimar... Então me pediram para mediar a questão. Falei-lhes: Olha, o nome certo é goiaba, embora muitas pessoas chamem elas de guaiaba. Guaiaba é uma palavra "não oficial", mas tem gente que a chama assim. Mas o Zique falou: "Sabe, Padrinho, tem das duas. Goiaba é daquelas mais amarela e guaiaba é daquelas mais verde!" E todos desandaram a rir. O Zique é esperto, acha saída para situações assim.
Rimos muito. Prezo essa gente humilde e trabalhadora como se fossem minha família, eles bem sabem disso. Esses meus amigos e companheiros, pessoas muito simples a quem sempre pude dar minha atenção e retribuir-lhes a amizade, quando se reúnem, não deixam ninguém triste. Riem muito, fazem-nos rir também. Tudo é motivo pra piada e risos. E gostam de melancia, "vergamota" e "guaiaba".
Mas, e afinal, você, leitor (a), prefere goiaba ou guaiaba?
Euclides Riquetti
30-04-2013
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