Arquibancadas de nosso estádio do Arabutã
FC, localizado em Ouro - SC- (Baixada Rubra).
O Táti, zagueirão do Arabutã, morreu e foi pro céu. Lá, tinha uma
organização de talentos, que eram alojados por setores. Eram pessoas que
um dia brilharam aqui na terra e que o destino as levou para morar lá
em cima. Tinha o setor dos atletas famosos: Denner, Adilson, Dirceu e
Everaldo, que morreram em acidente de carro; Garrincha, que bebeu além
da conta; Serginho e Wagner Bacharel, que morreram em campo; e muitos
outros, fora os europeus. Todos estes ouviam, atentamente, os conselhos
do Mestre Telê Santana. Tinha o setor dos artistas: Cazuza, que teve
aids; o Dollabella, que bebeu todas; o Chacrinha, que animava a
Terezinha; o Bossunda, cujo o humor era maior que a bunda; Paulo Autran,
esbanjando simpatia; o Paulo Gracindo, nosso Zeca Diabo; Nair Bello,
Mussun e Zacarias, que nos fizeram rir muitos dias ( e muitas noites de
nossos invernos e verões). João Paulo agora forma dupla com Leandro, e
até que combina:" Leandro e João Paulo"! Tinha também O dos talentos
políticos: Rui Barbosa, que defendia a honra: Tancredo Neves, a
democracia; Toninho Malvadeza, a Bahia; Brisola, que ia contra "os
interésses" da burguesia; e Jânio Quadros, que tropeçava nos cadarços de
seus sapatos tortos. O Airton Senna driblava as curvas do Reino de São
Pedro, o Dílson Funaro dava cruzados nos brasileiros, enquanto os
Mamonas Assassinas encantavam, com suas irreverências, os milhares de
jovens que morreram, infelizmente, após as baladas de sábado à noite, em
acidentes com carros e motos.
O Táti olhou tudo, curiosamente, e procurava por algo. Caminhou por
entre as árvores e em meio a muitas roseiras e cravos, lavou a cabeçona
numa fonte de água, passou a mão nos olhos e, ao abri-los, deparou com
um monte de conhecidos: Lá estava o Bailarino, com algumas sacolas,
cheias de camisas, calções e meias: Havia as azuis e brancas, da São
José; as pretas e amarelas, do Penharol; as verdes e amarelas, do Grêmio
Lírio; as brancas e pretas , do Vasco da Gama; e, finalmente, as
brancas e vermelhas, do Arabutã. Sentiu-se em casa. Finalmente
encontrara sua tribo: O Bailarino, poeta, sábio, filosofava e escalava o
time: O Orlando vai ser o Goleiro, mas não pode cair do cavalo, pois o
Roque Manfredini, que ficou sepultado lá em Porto União, vai ficar na
reserva, porque este jogo não é pra profissional. Na lateral direita, o
Darci Moretto, pois o irmão dele, o Valcir Moretto, vamos aproveitar na
ponta direita, que ele gostava de jogar também lá. na zaga, vamos deixar
a posição vaga, pois logo, logo vamos receber um zagueirão que está
chegando, e vai ser a principal contratação da temporada. Na zaga, o
Tchule, que além de bom de bola, gosta de tocar bateria e batucar um
samba. Na esquerda, o Urco, que poderá ser o juiz; daí fica o Jonei
Cassiano de sobreaviso, para aquele lado, pois ele sabe defender e
apoiar muito bem. Cabeça de área, um problema que é fácil de resolver:
deixamos o Olivo Susin mais plantado e o Alberi, que é acostumado a
arrumar bombas injetoras, com liberdade pra sair jogando e injetar a
bola no ataque. O Jundiá, que é liso e tá meio pesadinho, fica com a
oito, armando pro Moretto na linha de fundo, pro Camomila, nas esquerda;
e, no ataque, o Alcir Masson, nosso matador, bem na frente, chutando
forte e reclamando com o juiz. Bem, eu, o Baixinho, escalo o time e
entro lá pelo segundo tempo. O Rogério Toaldo, vai ficar de curinga, e
me ajudar a cobrar a mensalidade.
Aí chegou o Juca Santos, Glorioso Presidente, e perguntou: "e o Zagueiro, o Capitão, que você não escalou ainda?"
Bailarino apontou para o lado e gritou: "Chega, Táti, que a número
três tá guardada pra você! E daqui a pouco vai chegar um convidado
especial: O Guaraná! vamos ter que arrumar uma brechina também pra ele".
Euclides C. Riquetti - Ouro - SC - escrita em 23-01-2008 e plublicada no Jornal ""A Semana" - Capinzal-SC