sábado, 24 de novembro de 2018

Quando as pessoas tinham medo de pecar...

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          Quando criança, costumava ir sagradamente às missas da Igreja Católica, lá no Rio Capinzal. Primeiro, em Leãozinho, onde o Frei Crespin Baldo vinha celebrar uma missa a cada dois meses, pelo menos. Vinha a cavalo, fazia seus ofícios religiosos e ia embora. Meus padrinhos e seus filhos me levavam com eles. Eu ia faceiro, com a blusinha verde com listras brancas, horizontais, que minha mãe me mandara. E com os sapatos novos, pretos,  que meu pai comprara na loja dos Zuanazzi, ali na esquina contraposta à  dos seus concorrentes, da família Macarini, defronte ao casarão do Sílvio Santos.  Comprava sempre um ou dois números maior, para que, quando o pé crescesse, não escapasse. E já vinha com amassados do "Correio do Povo", na ponta, para que tomasse boa forma no pé., não escapassem.

          A parte boa da missa era que, após, íamos brincar com os filhos dos Seganfredo, Andrioni, Biarzi e Frank, Pissolo e Reina, correr pelo gramado e passar pela ponte coberta, sobre o Rio Leãozinho", que dava acesso à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

          Nos domingos em que não tínhamos a missa pela manhã, tínhamos a reza do terço à tarde. Lembro que praticamente cada família tinha um integrante no grupo que puxava as orações. Então, além das já mencionadas, havia os Santini, Bussacro, Tonini, Savaris, Poyer, Guzzo, Santórum e outros. E, ocasionalmente, puxavam a "Ladainha de Nossa Senhora", em latim, prática que desenvolvem até hoje. Acho que é um dos costumes mais antigos da Igreja Católica que está remanescente numa região de grande predominância da colonização por descendentes de italianos.

          Eu não prestava muita atenção aos sermões do Frei Crespim, mas lembro perfeitamente que ele condenava os pecadores, falava nos pecados mortais e veniais. Mortais, eram aqueles muito graves, como por exemplo, tirar a vida de outra pessoa. E as pessoas perguntavam: "E os soldados, que matam os outros soldados nas guerras, ficam com pecado mortal?" Para isso nem precisava da resposta do sacerdote: matar na guerra não era pecado...

          Adiante, adolescente, fui aprendendo. Havia os pecados veniais, que eram os mais simples, que bastava confessar-se, semanalmente, e pedir perdão ao padre que, representante de Deus, perdoava. O problema maior era a vergonha. Alguns desses pecados veniais eram, por exemplo, dar uma espiadinha nas pernas de alguma garota, coleguinha que fosse. Isso quando houvesse um descuido dela, porque as saias não eram curtas. Beijar, então, só quando fosse noivo, e não na frente dos pais. Então, aquele beijinho sutil, roçado, roubado, na subida da escada, só depois de noivos...Amassar, na época, era sovar a massa do pão, ou bater o paralama da bicicleta num poste, no meio da rua. Aliás, eram tão poucos os carros que, em muitas vias, estes eram fincados bem no meio, sobrando espaço dos dois lados para que os eventuais carros pudessem passar. Amassar, agora, é passar a mão, dar abraços apertados, enfim, dar amassos, você sabe em quem...

          Roubar era pecado grave. Além de pecado, era uma vergonha muito grande. Roubar galinhas para fazer brodo em turminhas de amigos, no inverno, era um pecadinho levezinho... Mas roubar galinha pra comer em casa era muito feio. Mais feio do que pecado. E, a gurizada, para não cometer o pcado, burlava: "maiava".  Maiavam melancias e jabuticabas, onde quer que houvesse. Maiar caquis na Siap, indo de bote, pelo Rio do Peixe, ah, isso fizeram muito, muito. Descumprir os "Dez mandamentos da Lei de Deus" era pecado. Agora há  outras classificações de pecados, além dos mortais e veniais, algumas novas nomenclaturas, tipo "leves" ou "pesados".   Nunca entendi direito e nem vou pesquisar sobre eles. Fala-se dos pecados capitais, pois os conceitos sobre pecado evoluíram: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça, vaidade ou orgulho. E cada um tem um entendimento sobre eles conforme sua conveniência. Claro que você, leitor (a), também tem o seu próprio entendimento e vamos respeitar isso.

          As pessoas não acreditam mais em céu e inferno (nem eu). E tiram a vida de outras por motivos muito banais. Há os "marcados para morrer", há toda a sorte possível de delitos contra a vida. Das pessoas, dos animais, da natureza.

          Antes, por medo de pecarem e irem para o inferno, continham-se nas ações, pensavam muito antes de atentar contra a vida, cometer qualquer delito, por simples que fosse. Agora, por pensarem que não há punição, por terem compreendido que a vida não é assim do modo como os padres e pastores dizem que deveria ser, fazem tudo o que julgam necessário para ficarem bem, levarem algum tipo de vantagem. Danando os outros.

          Claro que nem tudo o que nos ensinaram era "pecado", é isso que  nos revela nossa compreensão de adultos. Entretanto, tenho saudades daqueles tempos em que, se não fosse por educação, pelo menos pelo medo os seres respeitavam os outros seres. Ah, como era bom!

Euclides Riquetti
13-04-2013

Não te deixes abalar






Não te deixes abalar por nada neste mundo
Deixa que o barco da esperança flutue e navegue
Busca semear no solo mais fértil, mais fecundo
Lembra-te, sempre, de que "a vida segue"...

Não te deixes dominar por pressentimentos
Procura  gastar tuas horas com o aprender
Cuida de dar a teu coração o devido alento
Faze de cada instante um momento de prazer...

Não te deixes entregar aos vãos pensamentos
Não te maltrates com sofrimento desmedido
Não te deixes contagiar por ressentimentos!

Busca viver com otimismo e com muita euforia
Procura dar a ti mesma o verdadeiro sentido
Cuida de dar-te  amor, carinho e alegria!

Euclides Riquetti

Andar sobre as nuvens, sonhar...





Andar sobre as nuvens, sonhar
Na flutuação divinamente algodoada
Na tarde azul e ensolarada
Deixar-se levar, viver,  embalar
Na tarde de outono encantada...

Andar sobre as nuvens alentadoras
Na imensidão do céu de azul pincelado
Na estação das folhas, no dia acanhado
Deixar-se afagar pelas vistas sedutoras
Na espera  da hora de um encontro almejado...

Andar sem corpo, sem peso,  sem volume
Apenas alma, olhos, coração
Apenas alma, olhos, paixão
Seguindo os rastros de teu perfume
Tentando me reencontrar da perdição...

Sim, apenas andar sobre as nuvens!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A canção que vem do rio...





 
 
A canção que vem do rio no inverno
Vem pra me trazer calor e paz
Vem pra junto de mim e traz
O recado de um  amor eterno...

A canção que vem do rio me alenta
Acalma  minha alma ansiosa
Acalma minha mente virtuosa
Mistura-se ao ar que o tempo venta...

A canção que vem do rio me conforta
Me devolve o desejo ardente de sonhar
Pois o  futuro feliz  é o que me importa.

A canção que vem do rio ressoa em mim
É igual àquela que me traz o mar
É canção dos anjos que não terá fim.

Euclides Riquetti

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Botão de rosa bordô





A rosa bordô chegou na manhã fria
Ela e toda a sua timidez
Para dissipar a insensatez
Para me trazer alegria...

A rosa bordô veio num pequeno botão
Com toda a coragem de uma flor
Determinada a me contagiar com sua cor
A dar ânimo ao meu coração...

A rosa bordô veio devagarinho
Para me inspirar a lhe compor
Um poema romântico, de amor
Pra lhe mostrar meu carinho...

A rosa bordô é sua, é minha
Divinamente sedutora
E, na manhã fria e inspiradora
Me fez compor-lhe um poeminha...

Poeminha que quero que guarde
Como dela guardarei
As pétalas que recolherei
Para um dia poder dar-lhe...

Dar-lhas-ei em dia ensolarado
Quando eu estiver ao seu lado!

Apenas farei isso... bem assim!

Euclides Riquetti

A Neve de 1975

A





Neve 1975  - Curitiba PR



 

         O dia 17 de julho de 1975 foi muito marcante para mim. Estava no último ano do curso de Letras/Inglês na FAFI, em União da Vitória-Paraná, morava num casarão histórico do centro de Porto União,  na Rua Prudente de Morais (daqueles mal assombrados, mas bem antigo, mesmo!!!), Cursava Inglês no Yázigy, na Avenida Manoel Ribas e gerenciava a filial da Mercedes-Benz, localizada na mesma.

          A noite fora muito fria e o ar estava úmido. Flocos de neve começaram a cair e cobrir o asfalto da Avenida. Os Chevettes, os Aero-willys, as Sincas Chambord, os Jipes, as Pick-ups, as Brasílias, os Dodge Dart,  Charger e Polara que a Grande Rio dos Scaramella vendiam,  os Galaxies, os Opalas, os Karmann Ghia, as Variants, os TLs, os Corcéis,  os Fuscas, as Veraneios, os Ônibus, os Caminhões, o Trem, e até o Mercedes azul do Jorge Mallon estavam cobertos de uma espessa camada de neve, parecendo todos da mesma cor.  Os telhados de todas aquelas casas de descendentes de ucranianos, poloneses, russos, jordanianos, sírios, libaneses, árabes,  portugueses, e até de italianos, ficaram, também, recobertos de branco. Da mesma cor alva restaram os cobertos das dragas dos Irmãos Hobi e da Extração de Areia Santa Terezinha, aportados nas margens do rio Iguaçu, que meu patrono, o poeta Ivonnish Furlani eternizou em "Eu Sou o Verso".

           Logo após o meio-dia , passei defronte às antigas Casas Buri, a maior loja da cidade, concorrente das Casas Pernambucanas. Havia uma dúzia de funcionários e nenhum, mas nenhum cliente, mesmo! E, todos, comissionados precisando vender para ganhar um dinheirinho.  Um amigo, o Nei Carlos Bohn, era um deles. O Japonês era o gerente. Geladeiras "Clímax 300 L" e de outras marcas se enfileiravam à espera de compradores. Havia as azuis, as amarelas, as vermelhas (as brancas estavam fora de moda...). Havia fogões a gás nas mesmas cores. Sofás estampados da linha floreal, do tempo em que os tecidos eram produzidos no Brasil e não na China, como hoje. Havia as TVs Philco, Philips, Colorado RQ e até algumas Sharp. As funcionárias vestiam blusas de  tricô em lã e meias três/quartos da mesma cor e do mesmo fio. Era a moda da época. Os homens, vestiam suas jaquetas por sobre as camisas sociais de azul-claro  e as gravatas discretas, algumas em crochê ou tricô. Os seus bigodes eram cuidadosamente emparelhados e os seus cabelos tinham um bom corte padrão, feito ali no Salão  dos Estudantes ( foi onde fui raspar a cabeça quando me passaram o trote fora de época pela passagem no vestibular).

          Entrei, todos olharam para mim. Fui ao encontro do Nei que, respeitosamente, como é de seu feitio, veio cumprimentar-me. (Hoje é meu cunhado e compadre...) Lasquei: "Quanto vocês me dão de desconto se eu comprar essa geladeira azul "Clímax 300 L " que vai combinar com o fogão Geral (azul) que comprei na Willy Reich?" A resposta veio rápida: "5%" e dá para segurar o cheque até o dia 5 de agosto! Repliquei: "Preciso de 15%, pois hoje vocês não vão vender nada mesmo, com esse frio e essa neve!"

          Ele olhou para o chefe Japonês e a resposta veio como um raio: "Pode dar 15% de desconto para ele!!!. Fiz um grande negócio e eles, com seu Lojão Buri, não ficaram sapateiros naquele dia...

          Tem outras histórias de negócios que fiz naquele dia na empresa onde trabalhava, mas isso é história para outra ocasião.

          A Neve de 1975 atingiu todos os municípios do Sudoeste do Paraná, principalmente Palmas, Guarapuava e Pato Branco. Chegou a Cascavel. Em Curitiba, falei com o amigo Ângelo Caron, por telefone, houve muita alegria nas ruas nevadas naquele dia. Depois soube que os três estados do Sul tiveram cidades que puderam deliciar-se com o espetáculo da neve.

          Atualmente, São Joaquim, Urubici e outras cidades catarinenses daquelas paragens, praticamente veem neve em todos os anos. E recebem muitos turistas, mesmo que com uma estrutura não muito favorável.

          Bem, se você for para Gramado, no RS, vai ver neve em dezembro, no desfile natalino, das luzes. Mas aquela é neve artificial, não vale tanto quanto a nossa.

          Euclides Riquetti
          19-07-2012

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Lá, onde mora o coração










Lá, onde mora o coração
Há mistérios infindáveis
Há enigmas indecifráveis
Há segredos inconfessáveis
Lá onde mora o coração.

Lá,  onde mora o coração
Consegue chegar o pensamento
Vai pelo ar, com o vento
Vai livre, vai com o tempo
Lá onde mora o coração.

Lá , onde mora o coração
Há lábios certamente rosados
Há lábios por mim desejados
Há amor e há pecados
Lá onde mora o coração...

Euclides Riquetti

Neve de 1965 = Uma paisagem europeia em Capinzal e Ouro




 
Ouro - SC - Neve 1965 - foto arquivos RC -
Vista da Ponte Pênsil - antes do Rio, alojamentos
da Empresa Castello Branco S/A - que estava
restaurando a RFFSA
 

Capinzal SC - Neve 1965 - foto arquivo RC
Rua XV de Novembro - aos fundos OURO SC
antes do povoamento do Morro de Navegantes



Relembrando de Ouro e Capinzal... nestes dias muito frios no Sul do Brasil, 51 anos depois...
          Quando se fala em épocas em que as pessoas viveram, ou mesmo para estimar quantos anos viveram, muitos têm o hábito de dizer:  "A fulana (ou o fulano), viveu mais de 100 anos, porque sempre me dizia que tinha presenciado x florações das taquaras".  Bem, uma pessoa que deve ter vivido muitas florações das taquaras foi o "Caboclo Estevão", que morou em Pinheiro Baixo, Ouro, e era homem de confiança de um de nossos pioneiros, o Veríssimo Américo Ribeiro, carroceiro. O Estêvão teria vindo com o colonizador da região de Vacaria-RS, trabalhou com os Ribeiro e depois foi para Bonsuecesso, e os que o conheceram dizem que ele era uma  pessoal leal e bondosa. Guardo comigo uma foto dele, cedida pelo amigo João Américo Ribeiro, que cuida da propriedade da família em Pinheiro Baixo. Ele deve ter vivido mais de 100 anos...  O caboclo tinha uma mão enorme. (O Benito Campioni, irmão da Márcia, minha colega de trabalho, também tem uma mão daquelas de segurar e derrubar boi no chão). Quando o encontro, brinco muito com ele sobre isso,  meu ex-vizinho, gente boa.

          Esse intróito todo, fi-lo para chegar ao assunto do título: as neves que tive o prazer de presenciar, e que marcaram, de alguma forma, a minha vida. Mas, diferentemente das florações das taquaras, ela não tem um ciclo definodo para vir.

          O inverno de 1965 foi muito forte no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Eu tinha doze anos, estudava no Ginásio Padre Anchieta, e começou a fazer muito frio naquela estação. Tínhamos uma casa nova, de madeira, bem desenhada, ali na Felip Schmidt, ao lado da Indústria de Bebidas Prima, onde produziam refrigerantes e engarrafavam vinhos e outras bebidas. Quando fizeram o "engarrafamento", escavaram o terreno e deixaram um barranco, que com as chuvas que precederam o inverno foi desmorronando, pondo nossa casa em risco de desabamento. Na noite do dia 19 para 20 de agosto, fazia muito frio. De manhã, meu pai, Guerino, acordou-nos cedo para vermos e espetáculo que se desenhava à nossa frente: Ali onde hoje há o Posto da Combustíveis da Família Dambrós, havia uns gramados e umas plantinhas sobre as terras que eram jogadas para formar um aterro, e tudo estava coberto de neve. A Ponte Nova estava recoberta por um manto alvo, e o mesmo era contemplado nos telhados das casas, a maioria de madeira. Até os cabos de aço de sustentação da ponte pênsil acumulavam camadas de neve. As ruas de Ouro e Capinzal pareciam aqueles caminhos que se veem em filmes,  numa autêntica paisagem europeia. Os poucos carros que havia, e as carroças e charretes, estavam todos recobertos pelo branco brilhante. Os telhados do Hospital São José, do Hotel Imperial, do Hotel do Túlio, do Cine Glória, do Cine Farroupilha, da Distribuidora de Peças e Acessórios, da Casa do Ernesto Zortéa, do Marcos Fortunato Penso, do Pedro Surdi, da Dona Dileta da Silva, do Adelino Casara, do Adelino Beviláqua, e de muitas outras edificações, era possível vê-los por nós, que observávamos a paisagem com nossos olhos originários do Ouro.

          O peso da neve mexeu com a estutura de nossa casa. Tivemos que abandoná-la. Fomos distribuídos nas casas dos parentes, dos tios Arlindo Baretta,  Adelino Casara e Victório Riquetti. Eu, fui para a casa da Tia Maria, do meu primo Moacir. Lembro-me bem, que à tarde, precisei ir à Comercial Baretta fazer umas compras para a tia, e meu único par de sapatos estava molhado, gelado. Fui com as chuteiras do Moacir, que tinha as traves altas , e que minha ingenuidade fazia-me pensar que a sola ficaria mais alta que a neve. Só ilusão: congelei os pés. Aulas suspensas. O Frei Gilberto (Giovani Tolu), suspendeu nossas aulas, estava muito feliz, porque via, aqui na América do Sul, a mesma nostálgica paisagem que sua mente trazia de sua infância na Itália.

          O Joe e a Bunny,  eram  norteameriacanos que atuavam junto aos Clubes 4-S no interior do Ouro, havendo um clube pioneiro em Linha Sul ( o primeiro de Santa Catarina),  moravam de pensão na casa do Sr. Guilherme e da Dona Mirian Doin.  Eles eram dos 4-H, clubes dos Estados Unidos da América que tinham as mesmas funções e objetivos que os 4-S do Brasil:  Head,  Hands, Heart, and Health, que em português entndíamos como: Saber, Servir, Sentir e Saúde.  Acostumados com a nove do Norte, fotografavam, faziam bonecos e esculturas. O Joe, que jogava basquetebol na quadra do Padre Anchieta com o Dr. Leônidas Ribeiro, o Rogério Toaldo e outros, era alto e usava óculos ( até para jogar). Ficou maravilhado com a neve. E, nós, tivemos que demolir nossa casa, da qual tenho muitas saudades...

         Como resultado do frio, houve perdas e animais nos sítios e fazendas. Lembro que houve muita mortandade de abelhas. Até mesmo o mel que vinha de Abdon Baptista, não veio mais. Não vinha mais o caminhãozinho carregado, com as latas de 20 Kg, com que estávamos acostumados. E o produto encareceu. Alías, ficou sumido pelos anos seguintes, até que os enxames e as colmeias foram-se recompondo.

          Além dos eventos climáticos que resultaram na enchente de 1983, penso que a neve de 1965 seja o outro fenômeno que mais nos marcou.

          Ah, acho muito bonitas a neve e a geada. Mas, agora, com ar quente no carro, é muito mais fácil de encarar o frio. Viva a bela lembrança do passado!  E viva a moderna tecnologia!

Euclides Riquetti
15-07-2012
 

Na escuridão da noite...





Procura, na escuridão da noite, encontrar respostas
Busca entender a causa das mazelas e dores sentidas
Procura, na escuridão da noite,  fazer o que gostas
Busca deleitar-te nas delicias que nos oferece a vida.

Busca, em todos os cantos e em todos os lugares
Procura a paz para tuas angústias e tuas inquietações
Busca absorver a energia do sol que nos trazem os ares
Procura a paz que acalenta e aquece os corações.

Busca, procura, tenta encontrar todas as  razões
Que levam as pessoas a ações inconsequentes
Que as submetem às mais tensas inquietações.

Procura, busca,  tenta ir além daquilo que te convém
Despoja-te dos orgulhos e ofensivas insolentes
Faze o bem, sempre, sem  considerares a quem!

Euclides Riquetti

O que eu sinto por ti...





O que eu sinto por ti, é amor do mais profundo
É algo tão simples, simples, mas do tamanho do mundo
O que eu sinto por ti, eu nem sei como explicar
É algo pequeno, pequeno, mas é do tamanho do mar.

O que eu sinto por ti, não se mede, não se diz
É algo tão irrisório, mas que me deixa feliz
O que eu sinto por ti, é um sentimento exultante
É algo de pouca importância, mas que me torna gigante.

O que eu sinto por ti, não há palavras que expressem
É algo tão misterioso, como se tu não soubesses
O que eu sinto por ti, está escrito em meu coração
É o que mais importa: Amor, Saudade, Paixão...

Euclides Riquetti

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Um porto seguro





Busque encontrar um porto seguro
E navegar nos mares da tranquilidade
Evite as turbulências do céu escuro
Busque a calmaria nos dias de tempestade.

Busque viver com pessoas otimistas
Com gente que a respeita e lhe quer amar
Mais vale ter poucos amigos leais e realistas
Do que ter muitos em quem não  confiar.

Busque tornar seus dias alegres e prazenteiros
Ter alguém simples, mas com que possa contar
Para compartilhar seus medos, para  juntos sonhar.

Busque os encantos mais puros e verdadeiros
A sinceridade nos gestos, o sorriso mais largado
Busque apenas ser feliz e me ter ao seu lado...

Euclides Riquetti

A Política e os aprendizes de repórter

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       Tenho acompanhado as entrevistas de alguns repórteres de televisão, em especial daquela emissora que sempre foi privilegiada com as contas de publicidade dos governos, aquela que é rejeitada tanto pela direita como pela esquerda, e apreciada pelos aproveitadores de centro. E, com muito afinco, me detive a analisar as entrevistas que fazem com o ainda Juiz Sérgio Moro, aquele que deu um novo conceito à Justiça Brasileira, aquela que acontece nos tribunais de primeira e segunda instância. A mesmice e a falta de capacidade criativa vão desde as formulações dos mais jovens até às dos mais madurões e convencidos.

       Aquela perguntinha assim: “O Senhor acha certo que um juiz assuma um ministério sem ainda ter-se demitido do cargo de juiz”? ou “O Senhor sempre afirmou que não era político e agora passa a ocupar um cargo político”? Então, o Meritíssimo responde que ele está em férias e que uma pessoa em férias pode fazer de seu tempo o que quiser fazer, que não correria o risco de deixar sua família desamparada caso algo acontecesse com ele. E olhem que temos exemplos de risco:  lembrem da facada desferida contra Bolsonaro em campanha. Diz isso com muita elegância de postura e linguagem, coisa que eu não conseguiria descrever aqui. E, ainda, que vai ocupar um ministério na condição de técnico e não de político.

       Posso asseverar que assim é, pois eu também fui secretário municipal na condição de técnico, com formação contábil, mas para formular projetos junto com uma equipe técnica, somando meus conhecimentos aos dos demais, e conseguindo êxito na sua aprovação, consequentemente obtendo recursos de origem estadual e federal para um município. Eu até tinha vergonha de ser classificado como político, tanta barbaridade vi de alguns partidários ou aliados, em 22 anos de trabalho em função pública. O meu pecado, acho, foi ter sido eleito na única vez em que fui candidato e, como meu colega Euclides Miazzi, de Lacerdópolis, fizemos nosso trabalho e buscamos outras formas de servir à população. Pessoas de perfil técnico, quando entram para a política, ou se convertem ou abandonam o ramo tão logo termine seu mandato...

       Tenho cuidado de observar que Jair Bolsonaro, Presidente eleito, tem convidado para os ministérios pessoas com vasto conhecimento de suas áreas. As últimas escolhas foram a da Engenheira Agrônoma e Deputada Tereza Cristina para o Ministério da Agricultura, e do PHD em Economia, Joaquim Levy, para o BNDES. É também Engenheiro Naval e conhecido no meio financeiro mundial como o Chicago Boy.  O Comandante Moisés, Governador eleito, Policial Militar reformado e professor universitário, com mestrado em Direito, convidou para sua equipe de transição uma base formada por professores da Universidade Federal de Santa Catarina e Policiais Militares, todos de carreira.

       Procurei informações sobre os mesmos, seus currículos, e vi que são conhecedores das diversas áreas, mas que ainda não tiveram oportunidade de mostrar serviço, pois nunca foram convidados a ocupar cargos em nosso estado, porque não são daqueles “políticos de carreira”. Imagino que ele vá convidar para o secretariado pessoas com conhecimento técnico e que já tenham administrado ao menos diretorias estaduais, sem terem sua vida manchada por acusações, e que tenham sido competentes em seu trabalho. Há muitos bons servidores de carreira, nessas condições, que podem ajudar a melhorar nossa Santa Catarina. Se temos muito servidores acomodados, também temos outros bem dedicados tanto no quadro federal quanto no estadual.

       Recado aos políticos que pretendem concorrer à reeleição em 2020: Votos que já foram nossos escorregam da mão da gente como grãos de areia, em tempos de mudança. Pensar em ideias inovadoras, ser propositivo, fugir da mesmice e mostrar que tem grande capital de conhecimento. Projetinhos manjados e replicados de outras cidades, dão pouco resultado e nada de votos. O eleitor quer muito mais.

Euclides Riquetti – Escritor – membro da ALB/SC – www.blogdoriquetti.blogspot.com


segunda-feira, 19 de novembro de 2018

No dia dos namorados...





No dia dos namorados:

Venha pra perto de mim
Chegue aqui, bem pertinho
Me abrace devagarinho
Bem assim...

Venha e me afague
Me acarinhe e me queira
A vida inteira...

Fuja do frio da madrugada
Do vento da tarde outonal
Fuja do que lhe faz mal
Na manhã de geada...

Venha e me embriague
Me acaricie e se entregue inteira
De qualquer maneira...

Venha pra me dizer que sempre me quis
E que quer ser feliz
Quer ficar junto de mim
Bem assim!

Euclides Riquetti
12-06-2016

O amor verdadeiro existe






O amor verdadeiro existe
Nem precisa ser procurado
Ele será facilmente encontrado
Por quem persiste...

O amor existe, verdadeiramente
Está em lugares inimagináveis
E nos momentos mais agradáveis
E tende a ser surpreendente...

Existe, sim, o verdadeiro amor
Pode estar simplesmente escondido
Mas é, certamente,  sentido
Por quem lhe sabe dar o seu valor...

O amor que desabrocha e  apaixona
Que nasce entre os seres diferentes
É o que me inspira a compor repentes
Não é aquele que aprisiona...

Sim, o amor existe...
Tanto que eu simplesmente te amo!


Euclides Riquetti

domingo, 18 de novembro de 2018

A chuva do amanhecer

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A chuva do amanhecer
Deste novo domingo
Alegrou as folhas e as flores
Que estavam dormindo!

Foi um belo despertar
Com os pingos frescos e compassados
Foi um alegre alegrar
Foi um doce acordar
Num domingo acarinhado...

As águas que rolaram nas calçadas
E que buscaram os bueiros
Levaram embora algumas tristezas.

E a manhã imaginada
Esperada com doçura e singeleza
Animou nossos floreiros...

Então o verde, ao renascer
Autêntico e clorofilado
Devolveu-nos as outras cores
Um momento muito abençoado.

A chuva no domingo esperado
Irrigou meus canteiros
E fez-me sentir amado
Sensual e desejado
Sorriso no rosto, olhos bem faceiros!

Euclides Riquetti
18-11-2018







Sonhando e... voltando no tempo






         Numa madrugada para o dia de Corpus Christi, sonhei.  E, no sonho, voltei para minha cidade de origem, Ouro, aqui ao lado de Capinzal, Santa Catarina, onde nasci. Sempre digo que os sonhos não se explicam nem se justificam. Mas algo me fez voltar para lá e reviver uma situação muito agradável. Talvez de uns 25 anos no tempo. Foi como se eu tivesse ido para lá rever algo...

         No meu sonho, estava ali em nossa casa, um único terreno dentro de uma área maior, a gleba da família Miqueloto, entre as propriedades dos Masson e dos Campioni, ao lado da Rodovia SC 303, mas dentro do perímetro urbano, onde vivemos de fevereiro do ano de 1980 até setembro de 2008. Foram 28 anos de boa convivência e boa vizinhança com essas famílias, Vimos nossos filhos nascerem e crescerem ali, estudarem, indo constituir suas próprias famílias.

          Da tropinha de crianças, havia a Michele e a Caroline, nossas gêmeas, e o Fabrício, ainda bem pequeno na época de meus sonho, a quem eu e a Miriam cuidávamos com afinco.  Os vizinhos à direita, Felipe, Maxuel, Júnior  e Evelyn, filhos do Irenito e da Marta (Soccol). E a Aquidauana e o Thiago, filhos do Neri e da Zanete( Helt), padrinhos da Caroline, de parte dos Miqueloto. Na casa seguinte, a Janaína e a Cláudia, filhas do Rosito e da Amélia (Moschen), pelos Masson. À nossa esquerda, a Márcia, filha do Aldecir e da Vilma (Lovatel), de parte dos Campioni. E, na frente, o Kléber e a Carmencita, filhos do Oradil (Cafuringa) Azevedo, e da Eva. Do outro lado da rodovia, o Renato, filho do Antoninho e da Rosária (Zampieri), pelos Nora. Mais para o centro, a Hanna e a Sheila, da professora Suely (do Prado),  e do Gil Lunelli. Depois vieram outros e outros...

           Pois, voltando ao meu sonho, vi o Irenito cortando uma baita de uma melancia. Cortava pelo meio e as crianças vinham, iam pondo as mãozinhas e pegando pedaços daquela polpa vermelha deliciosa. Lambuzavam a boca toda, molhavam a roupa, deliciavam-se... E, lá na casa da Nona Ézide, que sempre cuidava de tudo pela janela da cozinha, o tio Neri ria, divertia-se vendo a festa das crianças que comiam melancia... Ele as plantava no sítio deles e colhia centenas, milhares delas. Grandes, pesadas... o que menos fazia era vendê-las. Trazia na caçamba do trator e deixava-as sob uma árvore, defronte o casarão deles. Os amigos passavam por ali, ele os presenteava com melancias, iam embora muito contentes.  Não sem antes uma boa conversa, um papo legal. Ao lado do monte de melancias.

           Vivemos muitas vezes essas cenas, ao longo dos anos. As crianças conviveram com o abate de animais no abatedouro, com a fabricação de salame, banha e torresmo. Faziam churrasquinho e em espetinho, assávamos pinhão na chapa do fogão ou no fogo de grimpas, colhidos nos pinheiros do potreiro. E comiam goiabas, bergamotas, laranjas, uva-japão... E conviviam com animais domésticos.

         Essas crianças foram criadas em contato com a lida diária comum. Aprenderam a "se virar", a criar e improvisar. A andar com carrinhos de rolamentos, andar de bicicleta na rua de chão  batido, a rezar terço com a presença da capelinha, a participar de reuniões de grupos de círculos bíblicos.

         Como me foi bom ter revivido todo o cenário e os acontecimentos daqueles bons tempos, sem precisar o tempo exato. Na lógica dos sonhos, não há uma lógica cronológica, nem matemática. Há uma lógica situacional, geográfica, mas atemporal. Há a lógica dos sentimentos, das saudades, das lembranças. Especialmente, das boas e memoráveis lembranças... Ah, quantas saudades!

Euclides Riquetti
27-06-2016