Imagem interna Ginásio André Colombo - palco de grandes eventos!
No início da década de 1980, o futsal e o futebol de campo
estavam efervescentes em Capinzal e Ouro. Na anterior, havia sido
inaugurado o Ginásio Municipal de Esportes na área central da cidade de
Ouro. Foi construído pelo Prefeito Adauto Colombo. Mais adiante, no
início dos anos 90, batizamos de Ginásio André Colombo, numa homenagem
ao pai do Adauto, uma pessoa respeitada na sociedade ourense, pela sua
biografia. Apelidaram o Ginásio de Abobrão, porque nós, moradores do
Ouro, éramos os "abobreiros", enquanto os capinzalenses, que costumavam
chamar-nos de argentinos, éramos os proungueiros. Até mesmo por isso,
tinha a cor de uma amarelo abóbora. Éramos abobreiros assumidos e
identificados.
Em 1982, após alguns anos de muito trabalho, conseguiram
concluir do Ginásio de Esportes de Capinzal, maior, com mais metros e
lances de arquibancadas. Foram muitos jogos, muita festa. Alguns
apelidaram o mesmo de "Lesmão", porque houve demora na construção.
Outros o chamam de Diletão, aumentativo de Dileto, o Prefeito que o
idealizou e construiu. Devemos reconhecer e aplaudir o ato do amigo
Dileto, pois tinha uma visão de futuro diferenciada, construindo uma
obra compatível com o volume de praticantes de esportes em Capinzal e de
adeptos dos jogos de quadra. Nós, do Ouro, demos um troco a eles:
Apelidamos o seu ginásio de "Porungão", pois como eles nos chamavam de
abobreiros, nós lhe devolvíamos de "porungueiros", então o ginásio deles
era o Porungão.
Nas festividades de inauguração, houve um jogo entre a CME de
Ouro e a de Capinzal, em que nós, do Ouro, aceitamos jogar com os de
Capinzal mesmo sabendo que iríamos levar de goleada, pois eles treinavam
há muito tempo. Ah, eu "jogava" na condição de Diretor Esportivo da
CME, já que minha bola não tinha tamanho suficiente para estar no meio
das feras. Acabamos vencendo o jogo com o Celito Andrioni de goleiro, o
Matté, o Adônis, o Zanini, o Mídio, o Amantino Garcia, o Irenito
Miqueloto de treinador. Time improvisado, ganhar foi motivo de grande
comemoração.
Mas, algum tempo depois, a Perdigão, de Videira, tinha um
timaço de futsal. Era a base da Seleção Brasileira, e esta, diversas
vezes campeã mundial de futsal. Somente alguns anos depois é que outros
países, como a Espanha, conseguiram "encostar" no Brasil. Os astros
maiores eram Jackson e Douglas, que recebiam salários altíssimos e eram
as verdadeiras feras, os "top" do futsal brasileiro e mundial.
Equivaliam ao atual Falcão, ou ao já aposentado Manoel Tobias. E, por
uma gentileza do Altair Zanchet e dos Brandalise, Capinzal recebeu o
time da Perdigão. Lembro-me que o Maurício Dambrós "fez chover" na
quadra e o resultado acabou sendo 3 a 2, não sei pra quem.
Mas, o acontecimento da noite, não foi o jogo memorável, com a
presença daqueles astros de fama internacional no "Porungão". O grande
espetáculo, aconteceu no intervalo do jogo. As pessoas que compravam
ingresso, guardavam-no e houve um sorteio em que algumas pessoas,
sorteadas, iriam tentar fazer a "cesta de ouro", arremessando uma bola
do círculo central da quadra, para atingir a cesta do basquetebol. Quem
conseguisse o feito, ganharia uma Bicicleta. Ou seria uma TV? Ah, mas
isso pouco importa, importa-me, sim, a sequência dos fatos, a vibração
que um deles provocou nas mais de duas mil pessoas que se encontravam
naquela praça esportiva.
Foi quando adentrou na quadra um menino de baixa estatura,
óculos fundão de garrafa, boné de lã na cabeça, sapato de couro (ou
seria botina), jaqueta, enfim, um sujeito todo enrolado na roupa,
chamado Tuto. Sim, ele mesmo, o Fábio Carelli, irmão da Édila, filho do
Tito Carelli e da Ires Gavazzoni. Pois não é que o Tuto, sob o olhar
tenso da galera, posicionou-se bem no centro da quadra, deus três
quiques com a bola ao chão e "JUMP"!!!... , a bola passou o
arinho circular, afundou-se na redinha lateral e foi quicar novamente
no piso da quadra, sem mesmo bater na tabela, sem mesmo raspar no aro de
ferro. Ah, a galera foi à loucura. Os locutores da Rádio Capinzal,
dentre eles o Álvaro de Oliveira, ficaram embasbacados. Não sabiam o que
dizer... Os jogadores, que estavam voltando para a segunda
etapa, imaginaram que os apupos eram para eles, sorriam... Que nada!
Nosso herói era o Tuto, o Fábio Luiz Carelli, que jogava basquete e
volei nos JECOs pelo Mater Dolorum, treinado pelo Professor Neivo
Ceigol... Ah, que noite memorável foi aquela. Foi o assunto do dia
seguinte, da semana seguinte. Na rua, no mercado, nas rodas de amigos,
só se falava no grande feito do Tuto!!!
Já contei essa história para o Olir e o Diovan, lá da GIDUR,
setor da Caixa em Chapecó, chefes do Tuto. Acho que isso até deveria
render uma promoçãozinha para o amigo, mas sei que as promoções ele
conquista pela sua competência e que, na Caixa, não tem isso de dar
promoção porque o funcionário um dia foi um craque do basquete. Mas, que
ele merece, ah, sim, merece. De qualquer forma, ele teve seus 15
minutos e seus 15 dias de fama. Pelo menos em Ouro e Capinzal!...
Euclides Riquetti
07-09-2012