sábado, 31 de outubro de 2015

As verdes folhas dos plátanos

 
Quando as verdes  folhas dos plátanos voltaram
Vieram  com elas minhas recordações
Dos outonos em que se soltaram
E me avivaram as emoções.

Caídas nas noites de melancolia
Para cobrir as pedras e os gramados
Abrem-me um vazio de nostalgia
Das manhãs dos céus azulados.

E, entre as lembranças que não fenecem
Volvo-me em tênues pensamentos
E perco-me nos sonhos que me enternecem.

E buscarei, no entanto, um novo abrigo
Para me  acalmar em  meus desalentos
No abraço carinhoso  que dividirei contigo.


Euclides Riquetti

Mais um amigo que volta! Então, Djair Picinato?!

          Já mencionei aqui, no blog, algumas passagens de minha adolescência e juventude, as quais muito me marcaram. E imagino que você, leitor, leitora, quando as lê, também revolve seu pensamento para algo parecido que lhe aconteceu um dia em sua vida. Com mais ou com menos tempo de história, cada ser vai formando seu quinhão, vai enchendo seus cestos e balaios, vai moringando as ideias, vai alimentando um fabuloso leque de saudosismos.

           Pois, sempre que quero acalmar minha alma, ponho-me a lembrar de meus amigos, de algumas situações que presenciei, muitas de que participei, até outras que protagonizei junto com amigos. E, na tarde do domingo passado, 25 de outubro,  recebi um telefonema de uma senhora de voz alegre e gentil, que me perguntava: "É da casa do Euclides Riquetti?" - Respondi que sim. E, ainda: "Você é o Pisca?" - Respondi que sim, que era meu apelido, assim me chamavam quando queriam inticar comigo na adolescência e eu ficava fulo da vida. Depois, com o tempo, mudei de cidade, ganhei outros apelidos e acabei virando o Riquettão...

         "Você tem algum amigo de infância em Lages?" - perguntou-me.

         "Ah, certamente que tenho, falei. Tenho alguns. Seria o Djair Pecinatto?"
 
         "Ele mesmo! Sou a esposa dele. Vou passar-lhe o telefone!"

          Acho que a conversa com o amigo Djair levou mais de uma hora! Foi só alegria! Tenho a imagem do Djair "Picinato", meu conterrâneo capinzalense, muito presente em minha memória. Não consigo vê-lo como um senhor de 64 anos. O Djair que eu conheço tem menos de 20 anos, é magro, cabelo liso, claro e bem penteado para o lado direito, pele clara, gestos calmos e gentis. E vejo-o em duas situações, somente: vestido com o uniforme de gala do Ginásio Padre Anchieta, aquele de roupa de tergal ou tropical azul-marinho, com o quepe na cabeça portando o distintivo do educandário, sapatos pretos e meias brancas, aquele cinto preto de couro, com uma fivela niquelada portando um brasão de nosso colégio amado; ou aquele que vestia meias  e calção branco, camisa branca com uma faixa verde em horizontal no peito, a do nosso Palmeirinhas, da Rua da Cadeia, no Ouro. Há, havia também as camisas "regata", tingidas de verde e com "P" bordado em ponto corrente. E as meias listradas, brancas e verdes. Também as camisas de manga longa, brancas, para os dias de frio. tudo comprado com rifas "americanas" que fazíamos. Uma vez rifamos um ferro elétrico e um guarda-chuva...

          Fomos colegas de aula no Padre Anchieta em 1965 e 1966. Depois mudei de escola e, em 1971, foi embora para Lages. Em 1972 fui para Porto União da Vitória. E nunca mais nos vimos!

          Nossa conversa, ao telefone, foi muito animada. Falou-me que estava vendo uma foto de nosso tempo de Palmeirinhas, em que eu estou com as mãos mirando o chão, para esconder meus pés, pois estava descaço. Verdade! A coisa era tão preta pra mim, na época, que não tinha como comprar um par de chuteiras. No máximo, o que sue podia, era ter uma conga azul, ou branca, mas que, com os chutes, ia pro pau. os mais bem situados na grana conseguiam uma "bamba", que era mais forte. Adiante, um kichute...

           Contou-me a história daquele comerciante que levou o "Nízio" para um tratamento na Colônia Santana... foi de Kombi e tinha uns cacoetes bem acentuados. Lá, com atrapalho na avaliação, internaram o comerciante  e liberaram o Nízio. Lembramos do saudoso Diomedes, que ia para o açougue do Baretta, ali na Rua do Beco, (agora Giavarino Andrioni), segurando o prato de pôr a carne como se fosse o volante de um carro e fazendo, com a boca, um ruído como se fosse o ronco de um caminhão...

          Lembramos da sede do Palmeirinhas, primeiro na Rua da Cadeia, no porão do Bépi Thomazoni, pai do Mário, do Arlindo e da Nina, e depois no que sobrou de nossa casa, danificada pelo pesa da neve de 1965 e desbarrancamento de terra,  e que teve que ser demolida, ali onde temos nosso sobrado até hoje, na Felip Schmidt, no Ouro. Depois aos fundos da loja do pai dele, na "Oficina do Paraguai", no local onde hoje funciona a Churrascaria Riquetti, no centro de Capinzal, de meus primos, filhos e netos do tio Vitale.  Lembramos dos tempos de colégio, do futebol, falamos dos filhos, do que fazem, onde moram...

          Lembrou-me carinhosamente, do "Foguete", que era meu saudoso irmão Ironi, treinador do Palmeirinhas. Uma vez, quando o juvenil do Grêmio Esportivo São José estava invicto há mais de 30 jogos, nosso time conseguiu vencê-lo por 3 a 2 e o Djair fez dois gols. Ganhou, de "bicho", do Ironi, um ingresso para um filme no então Cine Glória. Como foi bom lembrar disso tudo!

         Foi um papo pra matar saudades, que muito me alegrou. Certamente que nos encontraremos em breve, pois em 40 anos ele somente voltou a Capinzal há poucos dias, onde procurou informação sobre nossa família e acabou se comunicando comigo.

          Grande abraço, amigão Djair! Foi muito bom ter reencontrado você e saber que você tem sua família, seus negócios, e que está morando em Lages, depois de ter vivido em Guarujá, no litoral paulista. E que Deus nos dê saúde para que possamos viver por muitos anos e nos encontrarmos em breve!

Euclides Riquetti
31-10-2015


A voz que veio da lua

A voz que veio da lua
E que chegou mansa e suave
Veio pelos trilhos do vento
Ou então pelas pedras da rua
Talvez embarcada numa nave
Que flutuou no firmamento...

A voz que veio na noite
Trouxe-me paz, me acalmou
Deu-me o sono reparador.
Fez como a água em seu açoite
Que na minha pele se lançou
E que amainou minha dor...

Tua voz veio na noite estrelada
Sussurrar em meus ouvidos
Trazer-me do gozo o gemido
Fazer-me a carícia esperada.

E então meu sonho te abraçou
Te beijou...
Te amou!

Te amou de verdade!

Euclides Riquetti
31-10-2015



sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Quero que mergulhes em mim


Divina paisagem matinal
Em que o vento balança as folhas da palmeira
E as plantas  jazem sob o azul do manto celestial
De onde vem-me o doce aroma da cidreira.

Pássaros pousados nos galhos que se embalam
Bailam na harmonia  em  realeza
E seus belos cantos nos ares se propagam
Numa grande sinfonia da natureza.

Eu me transporto para o enlevo de teus braços
E me alento no desejo de estar junto de ti
Buscando apenas os teus beijos e teus abraços.

Preciso, ardentemente, mergulhar no teu divino ser
E quero que teu ser mergulhe em mim
E no teu corpo me envolver e  me perder.

Euclides Riquetti
 

Liberta-te das angústias que te afligem

Liberta-te das angústias que te afligem
Que te incomodam, que te atormentam
Afasta-te de todos os que te agridem
Que o teu ânimo abalam e violentam.

Liberta-te de tudo o que te entristece
Agarra-te a aquilo que te traz o bem
Não é saudável aquilo que te aborrece
Não há o que receber de quem nada tem.

Busca, nas pessoas meigas ter o bom dia
O bom ânimo, o otimismo, a motivação
Alia-te a quem possa te dar toda a alegria.

Busca, procura encontrar toda a felicidade
A palavra de conforto, de apoio e atenção
Em quem lhe devota amor, luz e lealdade!

Euclides Riquetti
30-10-2015




Dudu Nobre em Herval d ´Oeste e Joaçaba

         O carnaval de Joaçaba e Herval d ´Oeste já começou. Na noite de ontem, aqui ao lado de minha casa, bateristas da Acadêmicos  do Grande Vale ensaiavam os ritmos de seu samba-enredo para o Carnaval de 2016 que acontece aqui em Joaçaba, considerado o melhor do sul do Brasil.
 
          Na noite de hoje, no Centro de Eventos da Unidos do Herval, localizada à Avenida Beira-Rio, (entre a antiga estação ferroviária e o Rio do Peixe), acontecerá o lançamento dos sambas-enredo das 4 escolas de samba que participação dos desfiles no próximo ano: Unidos do Herval, Acadêmicos do Grande Vale, Aliança e Vale Samba. O evento marca os 20 anos da fundação da Liga independente das Escolas de Samba de nossas duas cidades, a LIESJHO.
 
        Na oportunidade, cada escola apresentará, durante 20 minutos, o seu novo samba-enredo, com passistas, mestre-sala e porta-bandeira, e bateria com até 20 ritmistas cada uma.
 
         Após as apresentações de cada escola, haverá um show com o sambista carioca Dudu Nobre, 42 anos. O compositor que começou a estudar piano aos 6 anos, mas que tornou-se um mestre do cavaquinho, cantor de Água da minha sede" e mais de uma centena de sucessos, que teve vários de seus sambas-enredo premiados no carnaval do Rio de Janeiro, vai brindar a todos os adeptos do samba com um repertório apuradíssimo. O Centro de Eventos da Unidos do Herval vai bombar hoje à noite.

        É o carnaval de Joaçaba e Herval d ´Oeste que está começando e que muito promete para fevereiro!

Euclides Riquetti
30-10-2015
 
 
 

Na letra daquela canção

Fique bem atenta
Preste toda a atenção
Cuide de todas as notas
E da letra daquela canção
Aquela que você canta
Quando o sol se levanta
Bem cedinho, de manhã...

Atente para cada verso
Cada palavra cantada
Cada pensamento desconexo
Cada sílaba pronunciada...

Não esqueça de sentir
Sentir com o seu coração
Que na letra daquela canção
Há um motivo pra sorrir
Há uma mensagem de paixão...

A canção que você canta
E que se harmoniza, se eterniza
Que foi inspirada na brisa
Ou no frescor da noite de outono
Quando perdi o sono
É a canção que a dor espanta
É a canção da madrugada santa...

Sim, preste bem atenção
Fique bem atenta
À  mensagem  daquela canção
Que traz uma declaração de amor!

Euclides Riquetti
30-10-2015







quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Você me seduz

   
Você me seduz
Com o seu jeito imponente e importante  de ser
Você me reduz
A um ninguém maltratado, largado outra vez.

Você é assim
A mais bela mulher que eu já vi  por aí
Você é pra mim
A mais formidável senhora que já conheci.

Procuro compor
Um poema com lindas palavras e rimas para lhe agradar
E sinto uma dor
Quando percebo que busco e não tenho o que encontrar.

Procuro pensar
Que você já sentiu quanto amo seus olhos castanhos
E me conformar
Pois não há como ser de você, que me vê como estranho.

Você  me seduz
E maltrata o meu coração perdido e incontido em desejo
Você me reduz
A um frangalho, um  rejeito sem coragem de olhar-se no espelho.

Você é assim
Eu não sei se é maldade, se é medo, ou pura vaidade
Você é pra mim
A deusa distante que finge e me esnoba assim sem piedade.

Procuro compor
As canções mais sensíveis com com letra romântica e melhor  melodia
E sinto uma dor
Que faz com que eu sofra por não receber nem um simples "bom dia"!

Um bom dia
Um aceno
Um olhar...

Apenas um olhar
Disfarçado que seja.
Como a noite sem luz
Você me seduz!


Euclides Riquetti

O Amílcar e as multas da Nena

          Fazia um tempão que eu não falava ao fone com o amigão Amílcar, meu "chapa" do início a década de 1970,  em Porto União da Vitória. Mas hoje, cedo, liguei pra ele. Lembramos dos bailes no Apollo e das tardes dançantes do 25. Havia uma coisa com que não combinávamos: era quanto aos cinemas. Enquanto eu gostava de ir ao Cine Ópera para ver grandes filmes, ele ia ao Cine Luz para ver filmes de bang.bang. No futebol, ambos éramos iguaçuanos. Íamos, aos domingos, torcer pelo "ouro-anil' no estádio do Ferroviário. O Roque Manfredini, goleiro, meu conterrâneo, capinzalense, era nosso ídolo. Amigão o "Rocão", uma pena que nos deixou tão jovem!

          Mas, voltando ao principal da conversa, estava o mesmo a falar que sua Nena andou levando uma multas no trânsito, que é descuidada, estaciona em local não permitido, é teimosa. Dizia que, uma hora dessas, vão tirar a carteira e habilitação dela e que que ver como ela vai se virar para levar a netinha  pra escola quando está em General Carneiro. Mas, o que o tinha deixado indignado, esta manhã, foi uma zoação da Nena:

         "Óia, Riquetto, de manham bem cedo saímo pra caminhá e nóis zá tinha  andado quasi que una hora, bem açulerado, quando, de repente, ela passô a andá  bem devagá. Eo  já táva uns 5 metro dafrente e oiei pratrais  e reclamei dela por andare devagá, queria sabê o que tava acunteceno. Ela apontô, com o seu dedo pra o sinalero : Óia , se eu continuá andano desse zeito, vô levá mais uma multa!

          Pois quase que deu "Maria da Penha"!  "Imazine se andá diapé dá multa!"E foram, os dois, emburrados, até chegarem em casa. Para se acalmar, o Amílcar pegou um serrotão e decepou umas lenhas, até que seu braço direito doeu. Aí já estava "de boa" com a Nena e ela deu mais uma zoada: "Se fosse pra namorar, não doía, mas como é pra trabalhar, dói. Quem não te conhece, te compra!"

          Conversamos sobre amenidades, lembramos do tempo em que tomávamos frapê e comíamos torta de requeijão com nata na Leiteria Sete de Setembro, ali perto do Bradesco, em Porto União, e comíamos no bandejão do tangaraense Bolívar. Era aquele feijão com arroz, ovo frito, batatas fritas, um bifão de carne bovina, uma salada... E, com o a fome era grande, era o melhor prato do mundo. Comida boa, que nos dá boas lembranças e até saudades!

          Gosto  muito do Amílcar! Com seu jeitão simples, um amigo fiel e verdadeiro, amigo para todas as horas. O valor de uma a amizade é maior do que a importância de se falar e escrever com sofisticação. Vale a alegria de reencontrar um amigo, mesmo que por telefone.

Euclides Riquetti
29-10-2015

Breca lá, Riquetti!

Mais lembranças...
          Jogadores de futebol são muito dados a falar gírias. Os boleiros estão sempre inventando expressões  ou modificando significados delas. Por exemplo, dizem "hoje tá uma lua muito doida", pra dizer que está fazendo muito sol durante o treino. Todo o treinador é chamado de "Professor", mesmo que não tenha concluído o antigo primário. Chamam também de professor o árbitro. E a galera o chama de ladrão e gaveteiro.

          Não há torcedor que tolere goleiro frangueiro, canela dura, e nem firuleiro.  Zagueiro furão ninguém quer. A galera não perdoa.  Zagueiro bom é aquele que, no apuro, dá bicuda. Atacante que dá bicanca é grossão, mas quando faz tento vale do mesmo jeito. Cartola "se achão", então, que se mude. A estrela tem que ser o da grama, não o da tribuna.

          Quando era pequeno jogava num campinho abaixo da ponte nova, no Ouro. E no campo da rede ferroviária, onde é a Praça da Rodoviária, em Capinzal. Jogava de conga porque não tinha grana pra chuteira. Depois, em União da Vitória, na república, tínhamos um campinho ao lado de casa onde jogávamos nos finais de semana. Ali aprendi a amolecer a canela, até consegui ter uma certa habilidade.

          O Gilmar Rinaldi jogou conosco no campinho ali do Ouro.  Já era goleiro. Tinha camisa amarela, igual à do Raul, goleiro do Cruzeiro. Ninguém achava que viraria astro, mas virou. Jogou no Inter, no São Paulo, na Udinese, num clube do Japão e no Flamengo. Agora é empresário de boleiros. Rompeu com o Adriano Imperador (isso dispensa comentários...).

          Voltando ao Paraná: Uma vez fomos jogar no Campo do São Bernardo, em União da Vitória. O Boles era nosso centroavante. Corria mais que lebre. Ele coiceava a esfera do meio para cima, então ela ia rolando. E ele corria atrás, às vezes chegando antes do que a bola.  Uma vez deu o chute e saiu correndo junto com a pelota. Correu tanto que chegou à  trave antes que ela.  Ela bateu atrás das canetas dele e voltou para a área, enquanto que ele foi para dentro das redes. E nós zoamos muito dele.

          Na república de estudantes tínhamos um colega que era nascido em Lacerdópolis, no tempo que este pertencia ao Distrito de Ouro e Município de Capinzal. Ele tinha jogado no Iguaçu como profissional Jogou numa célebre partida em que empataram com o Atlético Paranaense em Curitiba, em 1972, no estadual. Diz que o azar dele foi o tião Kelé, que voltou do México e fez gol nele do bico da área ao seu lado esquerdo. Chutou cruzado. Disseram que se ele tivesse 1,90 não tomaria o gol. O Kelé azarou a carreira dele. Jogou bem mas foi dispensado no final do ano. Alegaram que ele tinha pouca altura para goleiro. Foi jogar futsal e trabalhar na Casa do Bronze. Agora tem sua loja de carros.

          Quando fazíamos nossas peladas no campinho da Rua Professora Amazília, ele gritava: "Riquetti, breca lá!" E eu brecava, não deixava o adversário passar. Desde então apelidamos ele de Breca. Era a gíria do Bugão, do Nire, do Duda, do Jaime Rotta  e do Tanque Joaquim lá no Iguaçu. O Celso Lazarini é "Breca" até hoje.

          O Nivaldo "Bode" Dambrós foi goleiro da AMFO no campo da Linha Sagrado, no Ouro. Fomos inaugurar a ampliação. Um cara "da casa" chutou forte. Ele pensou que o balão de couro ia para fora e nem se mexeu. A bola deu no travessão, voltou, bateu atrás da cabeça dele e foi por cima da trave. Evitou o gol, sem querer. Foi saudado como herói.

          Uma vez, lá no Arabutã, eu estava jogando com raiva. Tinha um painel de propaganda do Besc às minhas costas. Estava há 60 metros da baliza, fiz  um gol do meio da rua. Enfiei um canhão com a gamba esquerda e o goleiro foi buscar a pelota no fundo da cozinha. Comemorei muito, pois eu era lateral direito. Em 22 de julho de 1984 quebrei a perna quando estava na quarta zaga. Saí pra deixar o Tita na banheira e o Vinte Cinco deu condições de jogo prum  pelego. Fui mandar a bola pro mato mesmo que o jogo não fosse do campeonato, e meu goleiro me atingiu. Foram três quebradas, uma de tíbia e duas de perônio. O Mafra e o Farid me levaram pro gesso em Jç. Muita dor e seis peses no estaleiro. Depois O Mafra foi pra Floripa e o Farid virou vice-prefeito de Capinzal. Mas quando eu era pequeno era muito perneta, canela seca e dura. Era um baita pé torto. Com a idade fui aprendendo a jogar. Mas da daí as pernas foram ficando muito curtas e o campo muito comprido.

          Próximo de decisões de classificação cuidam dos boleiros para que não aceitem nada dos malas pretas. É vergonhoso. Ninguém tolera quem dá migué, pois deixa os amigos no compromisso. Boleiro que se preza dá o sangue no campo, sua a  camisa e reza pro seu pai-de-santo. Mas a maioria tem fé em Nossa Senhora, de preferência a Aparecida.  Quando a coisa fica preta, no entanto, exclamam: "Santo Deus, joque sério!" ou "Jesus Cristo, mexa-se!" Mas quem tem que fazer isso é o jogador, não Deus nem Jesus. Quando tem  muita lua no céu, no verão, pedem: "São Pedro, manda umas gotas daí de cima!"

          Bem, lembrar de algumas das muitas histórias de boleirinho me traz saudades. Saudades do Caburé, do Paciência, do Jota Bronquinha, dos Coquiara, do Inferninho, do Foguete, do Flamenguinho, do Nêne, do Sapuca,  e de muitos outros. Alguma hora dessas me atrevo a dizer quem foram esses. Enquanto isso, "Breca lá, boleiro!"

Euclides Riquetti
18-02-2013

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

As flores que você plantou

  
Não sei onde se encontram agora
As flores que você plantou
Se apenas sumiram por ora
E por causa delas você chora
Depois que a tormenta passou...

Não sei onde estão as rosas e as margaridas
Que você regou com seu pranto
Mas que deixaram suas manhãs floridas
E ajudaram a curar suas feridas
Que desapareceram como que por encanto...

Mas sei onde se encontram os versos
Que você me inspirou a compor:
Vagam pelas ondas dos mares mais  incertos
Nos lugares mais diversos
Num universo de paz e de amor......

Euclides Riquetti
12-11-2014

Dublê em entrevista

Coisas dos tempos quase que antigos...
          Quando voltei para passear um casa, num  feriado de 1972, fui à missa na Matriz de Capinzal, no domingo à noite. Depois, era ir ao Cine Glória, comprar um pacotinho de pipoca do carrinho do Gigi Gramázzio, e pegar um filme. Era o costumeiro programa de domingo. Formava-se uma extensa fila defronte ao cinema, todo mundo querendo comprar ingresso na mesma hora. Os mais espertos, já compravam o seu na sessão do sábado, para não se procupar no domingo.

          Aquele domingo foi muito especial para mim, pois minha amiga Eloí Elisabete Santos, hoje Eloí Bocheco, escritora, colega na literatura, convidou-me para fazer uma das leituras da celebração. Deveria ler uma daquelas duas leituras que precedm o Evangelho, podia escolher a que quisesse. Tremi um pouco, mas procurei encorajar-me, pois sempre fora muito tímido. Teria de haver uma primeira vez. E eu não podia desapontar aquela bela e prendada colega, que cursava o Segundo Grau, recém inventado.

         Foi minha primeira leitura em público. Até uma freira veio conversar comigo, perguntou se eu sempre lia em missas, se eu queria fazer parte de um grupo litúrgico  formado por jovens. Agradeci, disse que não moarava mais na cidade. Eu era muito envergonhado, pois na escola sempre riam de mim quando eu lia. Mas aquela encarada ajudou-me a perder o medo, e já li milhares de vezes em público. Devo isso à Eloí, agora ela sabe!

         Tendo visto e ouvido minha leitura, após a missa,  vieram  o Márcio "Pimba" Rodrigues  e o Vilmar Nêne Matté e me fizeram uma proposta meio doida: O Arabutã tinha obtido uma bela vitória em Joaçaba, contra um time de lá, não lembro se o Comercial ou a ABCLESC e o Tio Pé, centroavante, tinha feito dois golaços. Queriam que eu desse uma entrevista dublando o Tio Pé para o programa de esportes  da Rádio Clube de Capinzal.

          Achei que isso era uma loucura, que as pessoas iriam ver que não era a voz dele e isso não ia dar certo. Argumentei também que eu não tinha visto o jogo, não sabia como foram os gols, etc. etc. Até me propus a dar uma orientação ao jogador, se eles me antecipassem as perguntas. Eu faria um treinamento com ele e era melhor uma entrevista fraca concedida pelo verdadeiro protagonista do que uma razoável respondida por um dublê. E os convenci a arrumarem outro dublê, mas ninguém aceitou esse desafio e acabaram eles mesmos, na segunda-feira, falanndo sobre a façanha do Tio Pé, filho do falecido Pé-de-angico.

          Pior que isso, somente aquela história que cotam sobre um jogador do Inter, o Claudiomiro, que costumava dar suas entrevistas recheadas de gafes. Uma vez, tendo jogado contra o Clube do Remo, no Pará, disse a um repórter que estava muito contente por ter jogado em Belém, a terra onde Jesus nasceu. Outra vez, escolhido melhor jogador em campo e tendo feito um gol, agradeceu à equipe esportiva de uma rádio de Porto Alegre por tê-lo escolhido como o melhor em campo, em especial por terem lhe dado uma "caixa de brahmas da Antáctica"...

Euclides Riquetti
22-02-2013

Alimentar os pássaros...

Alimentar os pássaros eufóricos
Nas madrugadas melancólicas
Com seu canto de alento...

Alimentar as crianças indefesas
Colocar comida na mesa
Prover-lhes o sustento...

Mas, sobretudo, alimentar a alma
Com a meditação que acalma
Que ameniza o sofrimento...

E dar amor desmedido
A quem tenha sempre mantido
E preservado o sentimento...

Dar à vida o valor mais sagrado
Tê-la com todo o cuidado
Viver cada momento...

Enfim, amar quem nos  ama
Quem  mantém acesa a chama
Quem vive em nosso pensamento!

Euclides Riquetti
28-10-2015




terça-feira, 27 de outubro de 2015

O Telhado da Garagem do Laurindo


          Dizem que cada um precisa cuidar de seu telhado. Do meu telhado capilar, de que eu tanto gostava, cuidei muito. Mesmo assim o ventou o levou. Jogar pedras no telhado dos outros é fácil, mas é preciso cuidar do próprio telhado. Porém, onde há um telhado, tudo pode acontecer. Por sobre eles, passam pássaros e aviões.  Por debaixo deles, confidências, conflitos, intimidades...   Mas, quando passam através deles, o que pode acontecer?

         Telhados são todos telhados. De chapas de cimento amianto, de madeira, de peças de cerâmica, de concreto, de telhas de barro brasileiras, francesas, romanas. Ou de palha, fibras, latões, alumínio, zinco. Ou de vidro... Ah, esses são os mais vulneráveis...

          O Laurindo Biarzi foi caminhoneiro da Comercial Baretta desde a década d 1960, quiçá 50. Trabalhou com os caminhões da empresa do seu Severino, mas que as pessoas chamavam de Silvério. Era primo de meu avô Victório Baretta. O último caminhão era um daqueles Mercedes-Benz LP331, um brutamontes de caminhão para a época, trucado. Viajava para São Paulo. Asfalto, só depois de Curitibanos. Antes, só estrada de chão batido, com pouco cascalho. Em dias de chuva, correntes nos pneus traseiros.

          Já em 1970 ele trabalhava com uma carreta dois eixos, Scania-vabis 75, cor laranja, tanque tansportador de combustível do Posto Esso, dos Irmãos Dambrós. Ia a Porto Alegre, levando tábuas de pinho sobre o tanque. (Hoje isso é probido).  Retornava trazendo combustível: gasolina e óleo diesel. Para o Posto Ipiranga, com uma carretinha cor marfim, de apenas  um eixo, MB 1313, do Sr. João Flâmia,  fazia o mesmo o Valêncio José de Souza, liderança incontestável dos tempos autuais em Capinzal, empresário premiado.

          Nossa personagem,  Laurindo,  tinha um jipe Willys 54, verde-garrafa metálico, uma verdadeira relíquia. Ia às festas na colônia do Ouro, com a esposa. Sempre estava presente. Até faixa branca tinha nos pneus. Cuidava muito do jipe! Na maturidade, desfez-se do jipe, aposentou-se e comprou um automóvel. Tinha a garagem entre sua casa e a Escola Prefeito Sílvio Santos, onde eu lecionei até 2008.

        Mas foi lá pelo  início do novo milênio que nossos alunos estavam muito "impossíveis". Gostavam de  fugir da aula. Que novidade!!! Para eles, era um desafio enganar direção e professores. Acho que não era tanto por fugirem mas por sentirem o gosto de nos terem enganado...

         Pois bem, uma noite combinamos de que os professores iriam perfilar-se ao longo do muro para ver quem iria fugir. Era uma quarta-feira, dia de balada. E tivemos que rir muito: três  meninas levaram uma cadeira e duas conseguiram pular o muro. A mais "fofinha" não conseguiu e teve que voltar. Estava difícil  fazer o corpo ir para o lado da rua. Ela sentiu-se injuriada...  (Lembrei-me de uma vez em que fugi da aula de Inglês do Professor João Bronze e esqueci o guarda-chuva na sala. Tive que voltar, pedir dsculpas e ficar até o final da aula. Como é que eu iria explicar em casa que havia perdido o guarda-chuva? Em 1968 um bom deles custava uma baita  nota...)

          E os meninos? Bem, os pequenos varões foram para o  muro lateral, subiram, foram  sobre o telhado da garagem do Laurindo e... caíram dentro da garagem. Foi-se o telhado! Foi um escândalo.

          Houve pânico e preocupação na casa do homem. Telefonou para o 190, veio a Polícia que estava em ronda ali próximo e focou a lanterna na cara deles. Foi um desespero. Não sei se ficaram assim porque quebraram o telhado ou porque nós os vimos e os colegas zoavam deles.

          Serenados os ânimos, veio a negociação. Prometeram que pagariam o estrago. E o Laurindo, gente boa, estava a fim de aceitar. A esposa, não! Dizia ela: "Olha, velho, você sempre confiou nos outros e sempre levou na cabeça. Não tem acordo. Eles pagam o estrago e vão embora.  Se não, vão pra cadeia!"
          E os meninos, todos filhos de amigos e conhecidos do Laurindo?! E o Laurindo,  na dúvida: "Se deixar irem, a mulher briga comigo. Se não deixar, não confiar neles, como é que vai ficar sua situação perante os pais deles, seus amigos?"

          Somente depois de muito diálogo, algum choro, (muito choro falso), convenceram  a esposa dele a  liberá-los, sem cadeia, sem delegacia.  Dias depois, lá estava o Laurindo reclamando na escola que quebraram o telhado da garagem, até o carro ficou riscado na lata e ninguém pagou nada...

          Não sei bem qual foi o desfecho, mas os anos de exercício do magistério me fizeram presenciar muitas histórias desse tipo. E, hoje, quando encontro meus ex-alunos na rua, quanta alegria, quantas boas lembranças daqueles velhos e saudosos tempos! Ah, se os problemas do mundo fossem tão simples assim...

Euclides Riquetti
20-02-2013

Dia de poesia



Todo o dia é dia
De fazer poesia
De escrever lembranças saudosas
De dizer palavras carinhosas.

Todo o dia é dia
De fazer poesia
De falar de sonhos vividos
De falar de amores sentidos.

Todo o dia é dia
De fazer poesia
De pensar nas breves ilusões
Que flecham os corações.

Todo o dia é dia
De lembrar com nostalgia
Dos momentos de nossos sonhos
De seus olhos morenos, risonhos.
Todo o dia...

Euclides Riquetti

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O Primeiro Assalto ao Trem Pagador

Replay, para quem ainda não leu:

          A História Catarinense traz, em seus registros, um fato que muito marcou nosso Vale do Rio do Peixe, há 104 anos, um antes da inauguração da Estrada de Ferro que serpenteia nosso Vale,  e que ligou Porto União a Marcelino Ramos: O Assalto ao Trem Pagador, em Pinheiro Preto, na época em que o território daquele município ainda pertencia a Campos Novos. Foi na época em que estavam construindo o túnel para a linha férrea.

          José Valdomiro Silva, que nasceu em 1902, na Fazenda Umbu, município de Campos Novos, autor de "O Oeste Catarinense - Memórias de um Pioneiro", editado em 1984, viveu sua infância entre o intrior de Campos novos,  Piratuba e Capinzal e  era um menino muito antenado já naquele tempo. Em 1908  ele já ajudava seu pai no abate e venda de carne para os que trabalhavam na construção da ferrovia.

          Na infância empunhou fuzil ali no Centro de Capinzal para ajudar na defesa da cidade, sujeita a ataques de revoltosos da Guerra do Contestado.  Conheci-o em 1982, quando eu era Secretário da Admnistração do Prefeito Ivo Luiz Bazo, em Ouro. Eles eram amigos e Silva o visitou. Fomos apresentados. Eu era bastante jovem ainda e pouco valor dava à História. A maturidade levou-me a mudar meus conceitos e meus interesses por História, principalmente do Vale do Rio do Peixe e os conflitos que precederam e sucederam a Guerra do Contestado.

         Escutei do Seu Ivo que este era um homem de grande conhecimento e muito honesto. Do tempo em que os políticos eram muito idealistas. Prefeitos tinham ajudas de custo e vereadores não tinham ordenados. Agora...

          Na página 16 de seu livro, ele traz uma menção interessante: "Por aquela época, já quase nos fins dos trabalhos  da construção, eram empreiteiros de um trecho os Srs. Manoel Fabrício Vieira e Zeca Vaccariano, cujo nome verdadeiro não me recordo. Homens valentes e com fama de caudilhos. Em certo dia, a pretesto de cobrarem contas da Cia. que lhes devia, reuniram seus operários e, entre Videira e Rio das Antas colocaram pedras e outros obstáculos sobre os trilhos que obrigaram o trem pagador a parar, quando assaltaram e roubaram todo o dinheiro que se destinava ao pagamento do pessoal que trabalhava na linha até o Rio Uruguai".

          Diversos historiadores se referem a esse fato que muito chamou a atenção dos meios noticiosos naquela época bo Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Zeca Vaccariano, de nome José Antônio de Oliveira, ex-combatente da Revolução Federalista, empreiteiro, precisava de seus haveres para pagar seus empregados. Não recebendo, assaltou o Trem Pagador. Apanhou o dinheiro que vinha em envelopes destinados nominalmente aos empregados da Rede. Fugiu para o Rio Grande do Sul.

          Herói ou vilão, vamos poder conhecer melhor essa história já no dia 28 de fevereiro, aqui em Joaçaba, quando o filme será exibido aqui no Teatro Alfredo Sigwald. O papel de protagonista do filme, que estreou  nesta quarta, 20, em Pinheiro Preto, será o Tchê Mendes, locutor de rádio e cantor, agora também vereador em Concórdia, desde 1º de janeiro.

          Não falo com o Tchê há  bastante tempo. Entrevistava-me quando ainda  era repórter em Capinzal, na Rádio Barriga Verde. Não sei qual é a formação acadêmica dele, mas fala com muita propriedade. Ouço-o aos domingos pela manhã, aqui na Rádio Catarinense, de Joaçaba. Trabalha também em Concórdia e no Rio Grande do Sul. Imagino que se eu estudasse comunicações meu TCC o teria como tema. Seu linguajar é muito singular. É um verdadeiro artista. 

          Tchê Mendes expressa-se como  gaúcho nativista, fala meio acaipirado, filosofa, defende muitíssimo a ética. Fala com convicção e tem uma grande audiência. É acompanhado por brasileiros que residem no exterior e por conterrâneos  que se espalham pelo território brasileiro. Acho que o cabeludo magrão é o cara certo para interpretar o Vaccariano. Tem um excelente nível cultural.

          Meu amigo Jaime Teles, âncora da Rádio Líder do Vale, de Herval D ´Oeste, que também é compositor, cantor,  declamador e incentivador de novos talentos, uma vez, dizia-me que "o Tchê Mendes por si só já é um artista, uma grande atração aonde vai". Concordo com ele.

          O filme ainda traz a participação do amigo João Paulo Dantas, jornalista e  produtor cultural que nos deixou a exato um mês, aos 60 anos. Dantas viveu o papel de Felip Schmidt, governador catarinense época e  Gabriel Sater, cantor e compositor é quem faz o papel de Carlos Gaerthner, um esciturário. Gabriel é filho de Almir Sater, que esteve aqui em Treze Tílias quando filmaram a novela da extinta TV manchete, "A História de Ana Raio e Zé Trovão", dirigida por Jaime Monjardim.  Almir Sater contracenava com Ingra Liberatto.

          Dois outros assaltos a trens pagadores  sucederam o primeiro: O Assalto ao Trem Pagador da  Central do Brasil, em 1960,  e o outro na Escócia, protagonizado  por Ronald Biggs. Mas a repercução, na época, proporcionalmente, do assalto ocorrido em Pinheiro  Preto, foi maior do que a desses.

          Vamos torcer para que o filme possa ter sucesso!

Euclides Riquetti
21-02-2013

Ama, verdadeiramente, quem te ama!


Ama, verdadeiramente, quem te ama
Quem te ama, quem te respeita, quem te quer
Ama, verdadeiramente, quem te chama
Quem te chama e te valoriza como mulher.

Observa cada gesto, cada palavra que te chega
Não te iludas com promessas e  devaneios
A dor pode vir junto, sem que se perceba
Inserida nas falas  falsas  e nos vis galanteios.

Ama, verdadeiramente, o que julgares certo
Aquilo que é ditado pela tua intuição
Não procures longe o que pode estar bem perto.

Ama quem possa te trazer felicidade 
Aquele que pode ser filtrado  pela tua razão
Que te oferece amor, carinho, lealdade!

Euclides Riquetti

O Texaco e o Gasolina

Relembrando
 
          Apelido, quem já não teve um, pelo menos?  Há algum forma de esquecê-los?  Duvido!

          Para que esqueçam os apelidos da gente, só tem um jeito: mudar de cidade, voltar somente um bom tempo depois, bem mudado. Fiz isso e quase que se esqueceram dos meus. Embora tenha ficado conhecido pelo meu sobrenome, ainda há os que me identificam por eles. Na semana passada fiquei muito contente ao reencontrar os amigos lá de União da Vitória e ouvir eles me chamarem de "Alegria".

          Porém  havia uns que me chamavam de "Sorriso". E eu me acostumei com isso, à época. Ser reconhecido pelo sorriso ou por estar sempre em franca alegria era muito massa. Com os incômodos da vida muitas vezes viramos tristes. Mas sempre encontramos uma maneira de voltar a ser "alegria".

          E lembro que,  na minha adolescência,  o cara que não tivesse um apelido razoável ( se é que ter apelido possa ser  coisa razoável...) era fora do contexto. Começava pelos colegas de Colégio, isso se estendia para o campinho de futebol e ia parar lá na catequese. Não tinha jeito mesmo, e quanto mais o cidadãp esbravejava, mais o apelido pegava!

          No final da  década de 1950 havia dois postos de gasolina que eu conhecia, um em Capinzal, bem ali na Rua XV de Novembro, pouco antes do início da subidinha para o alto da XV. Não havia nem calçamento na rua ainda. No Distrito  de Ouro havia um bem no meio da Rua da Praia, onde ela se encontrava com a Felip Schmidt e, dali, havia uma subida para a Coxilha Seca. A  Rua do Comércio, hoje, chama-se  Presidente Kennedy. A Rua da Praia se transformou em Governador Jorge Lacerda na década seguinte, uma homenagem ao Governador que contruiu a Ponte Irineu Bornhausen, que liga Capinzal e Ouro, e aquela defronte à propriedade do Marcos Penso e do João Flâmia, na hoje Rua Ernesto Hachmann, centro de Capinzal. Mais tarde fecharam os dois e o João Flãmia abriu um com a bandeira da Ipiranga. Trabalhei lá em 1971, meu chefe era o Ivan Ramos, que está em Floripa. Éramos nós dois,  mais o Dário Novello, o Tonico Flâmia, O Alcides Venâncio, o Valêncio de Souza, o Antenor Rodrigues, o Nego, irmão do Ivan, o Mingo Barbina e o Tio Nica, o borracheiro.

          O Posto localizado em Capinzal pertencia às famílias Sartori e Lancini e tinha como atendente o Gasolina. O do Ouro  era atendido pelo conterrâneo lá do Leãozinho, o Texaco. Herdou o apelido por causa da Bandeira do Posto, que pertencia às Indústrias Reunidas Ouro.  O outro, acho até que era da Esso, por causa da cor das bombas.

          Essas lembranças me voltaram hoje pela manhã quando estava no centro de Joaçaba. Encontrei o Gasolina sentado num banco no Ponto de Táxi. Eu sempre o via e achava que ele era taxista. Não é. É representante da Bitter Águia, de Capinzal, há uns 35 anos.  O bitter da família do "Laco" tem muita história, tradição e qualidade. Perguntei-lhe se estava aposentado, disse que estava. E passei a perguntar sobre o Posto em que trabalhava. Disse-me que foi da Barra do Leão para Capinzal com 15 anos, em 1955. E que trabalhava dia e noite.  Perguntei-lhe sobre óleo diesel e disse-me que os caminhões eram todos a gasolina, então só vendiam gasolina. À noite vinham muitos caminhões para abastecer. Eram os das madeireiras que levavam tábuas e toras. E os porcadeiros.

          O Texaco, após trabalhar no posto,  virou caminhoneiro. Tinha um Mercedes LP 321 "cara chata". Depois foi trabalhar na Prefeitura do Ouro até se aposentar. Era uma pessoa muito honesta e bondosa. Dirigia um FORD F 13000 plataforma, para transportar máquinas pesadas. Uma vez fomos para  União da Vitória  buscar areia, isso em 1990. Estávamos construindo o Centro Comunitário de Novo Porto Alegre. Estourou um pneu a atrasamos a volta. Chegamos em casa tarde da noite. Íamos e voltávamos contando histórias e relembrando de passagens da vida. Era, realmente, um bom papo.

          Hoje, ao encontrar o Gasolina, muitas lembranças me vieram à mente. Ah, ele tinha o nome do Ivo Faccin. O Texaco, Itacir Oneido Reina. E, como trabalhei no Posto Dambrós e no Ipiranga, não posso deixar de dizer meu apelido da época, que também foi o de escola, do campinho de futebol, da catequese, da Boate Cabana. Até porque estaria sendo injusto com os que me leem no blog e não lembram quem eu era:  Eu era o "Pisca"!

Euclides Riquetti
14-02-2013

domingo, 25 de outubro de 2015

Cuida de ti, mulher


Cuida, severamente, de todas as tuas emoções
Não te deixes levar por impulsos incontroláveis
Cuida, para não sofreres as fortes desilusões
Nem te deixes abalar por revezes infindáveis.

Cuida  das dores intermitentes de teu coração
Não te deixes maltratar por quem não te quer
Cuida, para que teus pés não percam o teu chão
Nem te deixes intimidar em tua condição de mulher.

Cuida, sim, de teus bens mais caros e  preciosos
Cuida de tua alma e de teu coração ferido
Cuida como o  fazes com teus seios formosos.

Cuida como cuidas de teus cabelos ondulados
Cuida como cuidas de teu corpo esculpido
Cuida como cuidas de teus olhos amendoados!

Euclides Riquetti

Zé da Barraquinha

Relembrando.. pois relembrar é viver, né Djair Pecinatto?
          O Zé da Barraquinha era um sujeito muito simpático. Tinha uma... barraquinha!

          O seu Zé estava instalado com seu comércio ali em anexo ao Hotel Imperial, da Dona Clementina  Goelzer. Ele tinha um jeito meio diferenciado de falar, tinha um sotaque peculiar. Como nunca soube o seu sobrenome, também nunca conectei isso bem, não pude saber qual  sua origem.  Não sei se era germânica, mas possivelmente que sim. Tinha jeito de alemão! Na época, íamos lá comprar canetas, cadernos, revólveres de brinquedo e bolicas de vidro.  Mas essas coisas também vendiam na Livraria Central, do Alfredo Casagrande.

          Se uma senhora precisasse de um diadema para segurar os cabelos, encontrava lá no Zé. Lembro que minha prima,  Salete Baretta,  adorava diademas. Para segurar seus belos e bem tratados cabelos escuros. Aliás, foi ela que me disse, um dia, que os  lavava com shampoo. Shampoo tinha para vender na farmácia.  O Palmolive era o melhor. Nem sei se havia algum outro... Na barraquinha não vendiam shampoo, mas vendiam aqueles espelhos que em todas as varandas de casas e nos banheiros tinha, os com a moldura alaranjada. Nossos italianos chamavam aquilo de "soada", não sei  por quê. Ainda vou descobrir... E foi assim que eu aprendi que as mulheres já estavam usando shampoo, uma maravilha tcnológica para dar mais brilho e leveza aos cabelos.

          Tinha até uma propaganda na TV nas décadas  de 1960 e 70: "Você está vendo minha voz? -Continua a mesma. Mas meus cabelos... quanta diferença!"

          O seu Zé da Barraquinha era muito atencioso e educado. Uma vez uma Senhora me pediu para ir lá comprar-lhe  uns grampos para cabelos. Foi lá por 1966. O Zé me disse: "Crampos, só loiros." É que ele vendia uns grampos de cor dourada, uma inovação para a estética. mais uma revolução. Mas a senhora me fez levá-los de volta porque ela  era conservadora. Queria os pretos. Estes, sim, combinavam com a cor de seu cabelo.

          O Djair Pecinatto, que era meu colega de Colégio e amigo do Zé, fazia umas brincadeiras, imitava-o. Eles tinham sua loja de calçados defronte à Barraquinha, ali onde é a Churrascaria Riquetti, dos meus primos. Quando o Pecinatto foi embora pra Lages, o Gabriel Casagrande, que veio de Piratuba, montou ali uma loja. Comprou o estoque e colocou sapatos bem bonitos. Tinha aqueles com "couro de cobra" e os com "couro de crocodilo", tudo coisa artificial. E meias vermelhas, que estiveram no auge da moda na virada de década. Até eu tive um par delas.

          Pois o Zé sumiu de Capinzal. E ninguém nuca mais o viu. Você, litor (a) deve estar-se perguntando por que o Zé vendeu a sua barraquinha para o Arlindo Henrique e foi embora. Pois eu acho que ele queria mudar de cidade. Penso que as pessoas devam ter ficado com saudades dele. Era simpaticíssimo. Depois da hora e nos domingos, costumava estar ali na Rua XV, normalmente em  frente ao Sanalma. Pegava, no máximo, um cinema à noie.

          Mas, como o mundo é mesmo cheio de surpresas, eis que, em meados da década de 1990, eu estava em São Miguel D´Oeste visitando meu cunhado Nei. Passamos perto  da Estação Rodoviária e o Nei perguntou-me: "Conhece aquele cara lá? Ele era de Capinzal, tem uma barraquinha aqui! Fui lá. Era o nosso Zé da Barraquinha. Conversamos, relembramos coisas alegremente. Você também deve ter conhecido o Zé. Ele continua lá, com os seus óculos, sua bondade, sua simpatia. Se não conheceu, sabe agora que ele existiu. E não foi uma página em, branco em minha vida. Tomara que ainda esteja bem. Ah, em tempo: Ele ainda vendia "crampos loiros".

Euclides Riquetti
13-03-2013

Sorria, sorria!

Sorria, sorria com seu sorriso de menina-moça
Com vestidinho de chita, com sandálias brancas
Sorria com o rosto desenhado da boneca de louça
O sorriso de menina-moça-mulher que encanta!

Sorria, desde o amanhecer do dia mais ensolarado
Sorria em todas as horas e em todos os lugares
Sorria ao fim do dia, mesmo tendo sido atribulado
Sorria contemplando a lua, pensando nos mares!

Permita-se sorrir com seu rosto e com seu corpo
Com seus movimentos cândidos, leves, sensuais
Faça  nascerem flores no caminho pedregoso e torto.

O sorriso natural é uma dádiva santa, dádiva divina
Vem de dentro de você, como os instintos naturais
É aquele que nos acalma, nos motiva e nos anima!

Euclides Riquetti
25-10-2015





ENEM - Redação é bicho-papão?

         Dia de Exame Nacional de Ensino Médio, o ENEM, muita gente preocupada. Jovens e até idosos na parada! Os primeiros, ansiosos, buscando garantir o seu lugar na Universidade Pública, preferencialmente. Os "mais experientes", desejando mostrar aos outros ou a si mesmos que podem, que conseguem. E, muitas vezes, a força de vontade se sobrepõe ao talento, sim, levando pessoas ao êxito. E isso não vale apenas para os vestibulares, para as competições esportivas: vale para tudo o que tivermos que enfrentar em nossa vida. A maturidade é um grande aliado de quem já tem uma bela trajetória.

          Sempre gostei muito de trabalhar com os alunos na atividade de redigir. Desde os tempos do Cid Gonzaga, em Porto União, passando pelo Major Cipriano, em Zortéa, até no Sílvio Santos, em Ouro. No Zortéa, trabalhei com a Redação Escolar "Criatividade", utilizando manuais de Samir Curi Meserani. Havia um método de levar os alunos a perderem o medo e acostumarem-se a escrever belíssimas redações. E, a maioria, gostava de compartilhar os seus feitos oralmente. O método me foi apresentado pela nossa comadre e diretora, Vitória Leda Brancher Formighieri. Aderi, pois vi nele uma maneira de os alunos progredirem em sua forma de se expressar, criativamente.

          Na Escola Sílvio Santos, em Ouro, já ao final da carreira, recebi um manual de redação, "Técnicas Básicas de Redação", escrito por Branca Granatic. Havia métodos para se redigirem narrações, descrições e dissertações. Havia passos a serem seguidos, orientações sobre como escrever com segurança sempre que um tema nos é apresentado.

          Claro que, para produzir um bom texto, não é suficiente ter à mão um manual de redação. É importante ter boa bagagem de conhecimentos,  conseguidos através de muitas horas de leitura. Ler, ser um bom observador, ter acesso a escritos com boa qualidade gramatical e expressão, é fundamental. E,, com o domínio do conhecimento e das habilidades de expressar-se na escrita, ter a necessária calma, sem afobação. E isso o redator consegue se tiver a segurança de só quem tem método e quilômetros de leitura.

          Se você, leitor, leitora, quer tornar-se um bom redator, sempre é tempo. Vá em frente e sucesso!

Euclides Riquetti
25-10-2015