Neste quinta feira, 09 de janeiro, será aniversário do falecimento do cineasta brasileiro Rogério Sganzerla. Partiu aos 57 anos, em 2004, depois de acometido por doença grave. O Joaçabense ainda tem um crédito a cobrar de nossa cidade: uma mostra de seus filmes, dentre eles "O Bandido da Luz Vermelha", de 1969, que o projetou na sétima arte. Uma considerável filmografia, interrompida com sua morte. Inspirado em Orson Welles, mas buscando sua linha própria conforme sua índole contestadora, e ainda em outros ícones do cinema mundial, foi um dos principais produtores do cinema brasileiro. Longas-metragens, curtas e documentários cumpuseram uma fiilmografia de 27 películas, dentre elas Copacabana, Mon Amour e Carnaval na Lama. Seu último filme, o Signo do Caos, foi rodado em 2003.
Num desses canais de Telecine, assisti, ao final da tarde, ao filme "Hitchcock - Biografia", uma produção norte-americana de 2012, do Diretor Sacha Gervasi. Conta a história dos tempos em que o cineasta produziu "Psicose" (Psycho), em 1960. Ele é interpretado por Anthony Hopkins e sua esposa, Alma Reville, por Helen Murren. A belíssima Scarlet Johansson vive a protagonista de Psicose. A película biográfica mostra os eventos que acontecem durante o período de filmagem deste fabuloso filme. O drama de ter que por em risco sua própria casa para bancar Psicose, com a anuência da mulher, quando ninguém mais queria patrocinar seus filmes. É uma biografia bem disfarçada, um drama que nos envolve do começo ao fim do filme. Psicose teve um orçamento muito reduzido em razão da falta de apoio: US 800.000.00 - mas faturou US 60.000.000.00 nas bilheterias dos cinemas de todo o mundo. Quando achavam que ele estava ultrapassado, com sua inteligência e criatividade, surpreendeu o mundo.
Algumas nuances de Hitchcock, que imprimia na vida real e nos filmes o mesmo método de observação da realidade, com ousadia, determinação e inteligência, estão muito bem transparecidas em toda a ação do filme. Mistério, terror, horror presentes em seus filmes. Na biografia, apenas mostrados indiretamente. Mostra-nos, ainda, que em sua vasta filmografia houve o dedo opinativo de Alma, sua esposa. Tirei a conclusão de que a presença dela foi fundamental para o seu sucesso. Seus filmes denotam suspense e fogem do convencional "água-com-açúcar" costumeiro.
Mas, voltando ao Rogério Sganzerla, que foi para São Paulo para correr em Interlagos ainda antes de completar os 18 anos e se transformou em cineasta, para se ter noção da importância dele no contexto cultural do final da década de 1960, no maior sucesso da cantora bahiana Gal Costa, sucesso de 1969, em que ele lançou "O Bandido da Luz Vermelha", ela cantava:
"Meu nome é Gal, tenho 24 anos
Nasci na Barra Avenida, Bahia
Todo dia eu sonho alguém pra mim.
Acredito em Deus, gosto de baile, cinema
Amo caetano, Gil, Roberto, Erasmo, Macalé
Paulinho da Viola, Lanny, ROGÉRIO SGANZERLA
Jorge Ben, Rogério Duprat,
Wally, Dircinho, Nando
E o pessoal da pesada"
Dois grandes do cinema, guardadas as devidas propoções. Produziram fora do padrão convencional, produziram o diferente, merecem minha homenagem pelo seu talento!
Parabéns, Hitchcok, parabéns, Sganzerla!
Ângelo Sganzerla, irmão do Rogério, faleceu há pouco tempo, também era cineasta. Enfrentou um câncer e perdeu a vida muito cedo. Quando eu o encontrava, batíamos belos papos. A mãe deles, Dona Zenaide (Clementina), centenária já, e a irmã, Zenaide, e o irmão Albininho, moram aqui no centro de Joaçaba e é impressionante a lucidez de "Dona Clementina". Ser amigo deles todos é uma alegria para mim, pois sempre fui admirador do Rogério. Pessoas bem sucedidas, mas muito simples.
Atualização - Dona Clementina, como era conhecida, faleceu, aos 102 anos, dia 20 de março de 2022, aqui em Joaçaba. Seu nome era Zenaide Glória Trizotto Sganzerla.
Euclides Riquetti
10-01-2014