sábado, 15 de março de 2014

Caroneiras e caroneiros: muitas lembranças...

          Na sexta-feira, na metade da manhã, voltava de minha caminhada quando, no Trevo da BR 282, aqui em Joaçaba, conhecido como o Trevo da Reunidas, observei que uma bela garota, vestida discretamente de branco, seguraça uma plaqueta de cartolina com esta mensagem: "Estudante - Chapecó". Mais do que o sentimento de curiosidade, veio ao meu coração o sentimento da preocupação, do cuidado. A gente sabe dos perigos do mundo...

          Aproximei-me, cumprimentei-a, perguntei se era acadêmica da UNOESC, o que cursava. "Medicina!", respondeu-me. E disse-me que as pessoas que passam não param.  Mencionei-lhe de minha preocupação: Há dois lados a serem considerados, o primeiro é o de que ela está ali, exposta aos lobos. O segundo, é a de que as pessoas que transitam com os veículos também têm desconfiança em pegar caroneiros ao lado das rodovias. Ela concordou comigo.

          Recomendei que saíde do local em que se encontrava, fiz-lhe ver que os veículos que vinham em velocidade não iriam possibilitar que os condutores lessem a mensagem. Indiquei-lhe um lugar para poicionar-se que fosse visto pelos que vinham do centro de Joaçaba, por duias razões: Tinham que parar para esperar pelo momento de entrarem na BR e seriam pessoas que, algumas delas, poderiam ir para Chapecó ou para o Oeste Catarinense. E, ainda, quando os carros parassem, ela poderia avaliar o tipo de pessoa que era. Ela assim o fez. Espero qu tenha dado certo para ela, conseguido sua carona e ido rever seus familiares com segurança.

          Mas isso tudo me remeteu ao passado, a 1972, quando estudava em União da Vitória. Uma vez, num feriado de sábado, vim de lá até Joaçaba para visitar meus familiares no Ouro. Se viesse de trem, faria uma viagem de 13 horas. Gastaria o sábado para vir e o domingo para voltar. Apenas ficaria uma horas com meus queridos pais e irmãos e depois voltaria. Vindo de ônibus, via Palmas, sairia de lá às 6,30 e estaria em Joaçaba às 13 horas. Fiz isso. E, chegando na antiga Rodoviária, fui a pé até as proximidades do Hospital São Miguel.

          Naquele tempo, não havia horários de ônibus no sábado, eram poucos os carros e a estrada era de chão, não tinha asfalto. raramente alguém ia a Capinzal ou Piratuba num sábado. Mas minha saudade era muita, meu pensamento era forte, precisava conseguir. Em menos de meia hora, parou um carro, um Corcel, com um casal bastente jovem, elegantes, óculos escuros. Conheci o cara. Vibrei. Pedi carona, eles gentilmente me deram a carona. Eu já o conhecia, ele vendia livros no Baixo Vale do Rio do Peixe. Eu era frentista e abasteci o carro dele muitas vezes, nos postos Dambrós e depois no Ipiranga.

          Aquel bela e encantadora jovem, alguns anos depois, acabou minha colega de magistério. Professora na área de Letras em Joaçaba. Ele continuou como representante comercial, vendendo material didático-pedagógico para escolas e prefeituras. Hoje, encontro-o em Joaçaba, tenho muito carinho por eles, que me ajudaram a ficar pelo menos cinco horas a mais com meu familiares, num tempo em que não tínhamos carro nem telefone, e que a vida era muito dura. Eu trabalhava no Mallon, em União da Vitória e tinha aulas na FAFI aos sábados à terde. Não tinha como comprar um carro e nem como faltar vo serviço, pois o dinheiro era "contadinho". Pagava a "República Esquadrão da Vida", ali na Rua Professora Amazília, ao lado do Banco do Brasil. E meu pai me mandava dinheiro para pagar a mensalidade da faculkdade e o Inglês do Yázigy.

          Minha filha, Michele, fez o que essa menina faz hoje. E eu me preocupava, achava que era doidice dela. Mas sei que imperava seu espírito de independência e de aventura. Quem sabe essa estudante de Medicina tenha que cuidar direitinho do seu dinheiro, pois estuda numa faculdade que não é pública. Imaginei o esforço da família para que ela possa estudar...E me emocionei.

          Quantas vezes vi soldados do Batalhão de Porto União esperando caronas nas BRs. Quantas vezes dei carona a estudantes dos Colégios agrícolas de Água Doce  e de Concórdia, aqui no Trevo do Chocodinho, até Ouro e Capinzal. Faço isso com alegria, reporto-me ao tempo, tenho saudades, amo isso! E me comovo só de lembrar...

          Você deve estar curioso para saber qual o casal de Joaçaba que me deu carona. Pois hoje sei que eles têm uma filha médica, o pai, orgulhosamente, me falou dela. Ele costuma passar por algumas lojas da cidade, especialmente na Bortoluzzi, e deixar-lhes espigas de minho verde. Meu filho trabalhou por quatro anos lá e ganhou milho verde também. Com o tempo, descobriu que eu era amigo do cidadão Zeno.

         Rendo, com muito carinho, esta homenagem ao ZENO  e à  professora  IONE GAUZE. Que tenham muitos e muitos belos anos de vida! Que a generosidade de vocês se espalhe pelos corações de todas as pessoas. Grande abraço. Jamais esquecerei de vocês!

16-03-2014

Sentindo-me feliz

Eu hoje estou contente
Sentindo-me feliz
Nem bem sei o porquê
O que será que eu lhe fiz
Mas algo assim, de repente
Me deixou muito feliz.

Eu hoje descobri
Aquilo que eu sempre sabia
Saudade é nostalgia
É uma dorzinha que contagia
Mas não me impede nadinha
De eu ser feliz, feliz...

Eu hoje encontrei você
Porém você não  me viu
Chamei pelo seu nome
Mas você não me ouviu

Então escrevi  um poema
Igual a tantos  que eu fiz
Declamei na madrugada
Pra deixar você feliz
Pois você em minha vida
É a musa que eu sempre quis
E você ouviu ali de longe
E como eu,  ficou  feliz!

Euclides Riquetti
15-03-2014


sexta-feira, 14 de março de 2014

As camisinhas do Amílcar

          Me lembrei de uma das confusões em que o Amílcar se meteu. Comecei a rir sozinho e até olhei para os lados. Imaginei que, se alguém notasse, iria pensar que eu estava ficando maluco. (E teria razão, acho...) - Pois que o amigo dos tempos de Porto União da Vitória (você já sabe disso, mas não custa lembrar, pois assim conto que morei lá, estudei lá, trabalhei lá, casei-me lá!), quando esteve aqui em Joaçaba, ganhou de meu amigo Israel uns pacotinhos de sementes de verduras. Colocou no bolso, aquele que não era furado, o esquerdo. É que o direito, de tanto ele por o dedo lá no fundo pra coçar a perna, estava furado, já. Levou os envelopinhos de cor inox para casa e colocou sobre a mesa...

          A Nena levantou-se cedo na terça-feira. Fez o chimarrão, olhos para a mesinha de centro, viu sobre ela os envelopinhos. Saiu dando tiros: "Quem foi que trouxe todas essas camisinhas para casa?!
O Amílcar, sem ver direito o que estava acontecendo, falou: "Asso que ganhei na sinalera no Dia do Carnaval, lá no Porto." E foi lavar o rosto, escovar os dentes, que só toma o chimarrão com os dentes bem escovados, que, diz, é uma questão de capricho. Concordo com ele!

        Feita a higienização "total", foi para a cozinha e a nena veio com uma pedra em cada mão: "Véio, não me venha com conversa mole. "Qual é a tua intenção de trazer tanta camisinha para casa?"
Pois o Gringo de Palmas começou a rir,  desatadamente. Ria, ria, que as veias do pesçoco pareciam duas mangueiras de jardim enroladas no seu pescoço. E, quanto mais ria, mais a Nena esbravejava...

          Quando conseguiu se conter, disse: "Nena, minha véia querida. Essas daí num son camiseta, são semença de arface, cenora, sarsa, raditi e otras ainda. Ela olhou bem, pegou os pacotinhos, os óculos, e viu, nas letras pequenas, que eram sementes de hortaliças. E, também, deu boas risadas.´

          Então, lembrei-me de uma ocasião em que um cara comprou preservativos e mandou pendurar porque estava com pressa. A mulher foi comprar medicamentos e, quando o atendente foi guardar a nota do fiado junto com as outras, ela viu que tinha a pendura das camisinhas, com data de uma semana em que ela tinha ido a uma excursão em Foz do Iguaçu. Foi um Deus-nos acuda na casa deles. E houve choro e ranger de dentes...

          Diante de tudo, o Amilcar já tem uma concusão: Com a Nena não se brinca!

Euclides Riquetti
13-03-2014

         


quinta-feira, 13 de março de 2014

Liberta-te das amarras que te prendem


Liberta-te das amarras que te prendem
De quem te sufoca, de quem te reprime
Livra-te das almas que não te entendem
De quem te confunde e também  te divide.

Busca encontrar quem te dê afeto
Quem te compreenda e te valorize
Busca encontrar o lugar certo
Onde possa ver que o céu azul existe...

Procura alguém  na multidão imensa
Que possa ter um belíssimo coração
Onde possa colocar tua energia intensa

Alguém que possa compreender teus sonhos
Que possa te dar amor e viver a paixão
E conquistar teus belos olhos... e teus  lábios risonhos...

Euclides Riquetti
13-03-2014

quarta-feira, 12 de março de 2014

A Primeira Jipeira de Rio Capinzal

          Quando criança, passava a pé pela antiga Rua do Comércio, hoje Presidente Kennedy, em Ouro, este ainda Distrito de Capinzal.  Ia até a chácara do Nono Victório Baretta buscar laranjas e ameixas. Havia uma casa lá, sem moradores. Bem mais adiante foi o lugar onde meus avôs, Victório e Severina viveram seus últimos dias...

          Quando subia pela rua, ainda de chão batido revestido com macadames, meu irmão mais velho, o Ironi, falava-me: "Aquela mulher, ali, que chegou com o jipe, não tem mais marido. Ele morreu. É irmã do Severino Dambrós". Filha do Seu Silvano e da Dona Deolinda, morava junto a eles.

          E eu observada aquela jovem morena, cabelo escuro, sobrancelhas escuras, que tinha o rosto e os olhos parecendo ser de descendente de asiáticos, não de nossa colônia italiana. Consigo, no jipe, as filhas Rosane e Rejane, bem crianças ainda. Trazia também mantimentos  no jipe, que encostava na frente de sua casa. Era meio esverdeado, tipo um verde abacate, muito bonito. Inteirinho!

          Dona Ilse, de sobrenome Dambrós Busato, perdera o marido aos 24 anos. Tinha que trabalhar duro, indo quase todos os dias para os lados do Engenho Novo, em Capinzal, para cuidar  de suas terras. Criava gado, teve que aprender a lidar com isso. Pegar, vacinar, tratar, cuidar... E até cerca costumava arrumar. Era uma brava mulher, de muita fibra. Chegava na cidade à tardinha, era muito bonito ver. Vinha pela Ponte Nova, descia pela Felip Schmidt e, na altura da atual Praça Pio XII, pegava o rumo da Coxilha Seca. Todos admiravam aquela senhora  de postura séria, firme, bonita, morena...trabalhadeira e determinada!

          Os anos foram-se passando, fui estudar em Porto União da Vitória, ao voltar fique três anos no Zortea. Em 1980 voltei ao Ouro, fui fazer o "Censo 80", do IBGE,  na casa dela. Recebeu-me amavelmente, prestou todas as informações. Sempre reservada, mas já bem madura, tinha o carinho dos pais, dos irmãos, das filhas. Mais adiante, estive lá em minha campanha eleitoral, em 88, e fui muito bem recebido de novo. O Ivanor de Souza, marido da Rejane, fora meu aluno na Escola Sílvio Santos. Era mecânico. Hoje toca as granjas da família. É  um rapaz muito forte e simpático.

          Agora,  aos 79 anos, Dona Ilse vive sua vida tranquila, tem o carinhoa das filhas e netos, é respeitada ve valorizada. Só quem acompanhou sua trajetória de vida pode avaliar o que ela representou para todos, inclusiva para a comunidade.

          Na época em que apenas os homens dirigiam veículos automotores, ela dirigia seu jipe Willys e o fazia com habilidade, segurança, maestria. Era algo incomum uma mulher dirigir. Mas ela o fez. Foi pioneira nisso. Como muitas outras que perderam o esposo, e antigamente muitos  homens morriam bastante jovens, tendo as viúvas que darem conta do cuidado com as propriedades e a educação dos filhos.

Parabéns, Dona Ilse,

terça-feira, 11 de março de 2014

Você é o sol, a luz, a água, o vinho

Você é o sol que me alimenta
Você é a luz que nunca se apaga
É a água que me sustenta
É  o vinho que me embriaga.

Você é a flor que mais me encanta
Você é a estrela que não se extingue
É minha força e minha esperança
É a cor que meu horizonte cinge.

E, por ser sol e ser luz
Por me alimentar e não se apagar
É a estrela que me seduz
É o vinho que me faz amar.

E, por ser flor e ser encanto
Encanta minhas tardes de verão
E, por ser a lágrima de meu pranto
Alenta as mágoas de meu coração...

Euclides Riquetti
11-03-2014

domingo, 9 de março de 2014

Perdas que nos entristecem.

          Perdas acontecem e nos entristecem. Principalmente quando envolvem pessoas a quem queremos bem. Viver uma história, em cada cidade, em cada lugar em que se viveu, ou mesmo esteve  de passagem, sempre nos prmite registrar a presença de pessoas queridas e simpáticas. E, quando ficamos sabendo de que elas nos deixaram, foram morar com Deus, começamos a relembrar de situações que com elas compartilhamos.
         
          Há poucos dias, em Capinzal, falaram-me de que a amiga Ivone (Dorini) Benetti, havia falecido. Fiquei muito surpreso,  até assustado. Ela foi uma grande amiga. Nossa amiga! A Ivone, professora no Belisário Penna durante muitos anos, foi nossa companheira nos tempos em que construímos a sede da APROC - Asociação dos Professores de Ouro e Capinzal. Nos eventos que promovíamos para angariar fundos para as obras, lá estava ela juntamente com as duas Nair, a Andrioni e a Toigo, a Dona Saydi,  mais a Dona Nadir, que chamávamos de "Tia da Auto Elite". O mesmo time, juntamente com outras guerreiras, também atuava fortemente nas Festas de São Paulo Apóstolo. Gente que tinha no sangue o desejo de servir sua comunidade, suas intituições. Lamentei profundamente a perda da amiga Ivone. Fiquei com seu sorriso bondoso em mim, não esquecerei jamais da colega e amiga Professora Ivone Benetti.

          Nesta tarde de domingo, recebo um recado de que a mãe da colega de muitos anos na Escola, Sílvio Santos, em Ouro, da Neusa Bonamigo, Dona Lúcia, viera a falecer. E, nessas ocasiões, meu pensamento volta ao passado, busca lembrar dos momentos de convivência. Conheci-a em 1989, quando estávamos apoiando a construção do Salão Comunitário de Novo Porto Alegre. Esposa de seu Jacob Bonamigo, que eu conheci aos doze anos. Os Bonamigo de Novo Porto Alegre, Jacob, Ermínio, Alduíno e Basílio, com suas esposas, logicamente, vinham com suas pick ups e rurais  trazer queijos coloniais para o comércio de Capinzal e Ouro. Era tudo feito com muito capricho, tinha a dosagem de sal perfeita.

          Há mais de 20 anos, um dia, recebi em meu Gabinete o Sr. Jacob. Viera pedir-me uma máquina para desvirar seu carro, que havia capotado na curva localizada próximo à residência de Félix Masson, na subida para a Coxilha Seca. Estava bem, nada de grave lhe acontecera, graças a Deus. Ia levar o carro para a Auto Elite e pegar um novo. Assim o fez. Era um agricultor muito bem organizado, sério, religioso, por isso mesmo bem sucedido.

         Nossa amizade sempre foi muito efetiva e sincera com o Sr. Jacob e sua esposa Dona Lúcia. Lembro-me, quando em 1989, levei a Maria Salete, Gerente da  antiga Telesc  até a casa deles no Novo Porto Alegre, para resolver uma pendência com relação ao telefone que havia adquirido e não fora instalado. Algumas palavras, uma pequena negociação e, poucos dias depois, estavam felizes com o telefone fixo em casa, numa época em que nem todas as pessoas da área urbana podiam ter um. O conforto, a organização e o capricho eram três características deles.

          Sempre muito amigos, visitei-os algumas vezes em sua nova morada, no Parque e Jardim Ouro. Eu sentia que o casal gostava de conversar comigo. E eu também posso dizer o mesmo em relação a eles. A Dona Lúcia  tinha problemas com os dedos dos pés, provavelmente uma artrite muito aguda. Mostrava-me os pés, eu lhes dava ânimo. E ela ria. Sorria, animava-se!  O Seu Jacob me contava sobre os cuidados que tinha com seu coração, era assíduo frequentador do Consultório do Doutor Dantas, o famoso cardiologista de Joaçaba, em quem muito confiava. E estava muito bem enturmado com os amigos da Terceira idade do Parque e Jardim Ouro.

          No ano passado o Jacob nos deixou. Estive lá, conversei com a esposa, com os filhos e netos. Ela me dizia que o marido havia ido juntar-se à filha que perderam há alguns anos e que, com o tempo, ela iria para lá também. Argumentei que ela tinha os filhos e netos, que devia lutar para não deprimir-se, ficar firme para ver todos bem encaminhados.

           Agora nossa simpática e gentil amiga nos deixa definitivamente, vai juntar-se ao esposo  amado, à filha amada, que partiu muito jovem. Pode partir com toda a certeza de que todos os que a conheceram e com ela conviveram, com a mesma força que lhe devotaram respeito e admiração, vão devotar-lhe orações. E, como diz a neta Camila, virou uma estrela que foi juntar-se aos demais entes queridos, lá no céu, e fica protegendo os que aqui ficaram....

Estejam  bem, amiga Ivone, amiga Lúcia, amigo Jacob!

Euclides Riquetti
09-03-2014