sábado, 14 de dezembro de 2024

O balanço solitário nas areias

 



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Balança numa árvore suspenso
Um balanço de cordas, solitário
Enfeitando um magnifico cenário
Embalado pelo vento intenso.

Dependurado na árvore altaneira
Resiste às águas oceânicas
Que agridem as pedras vulcânicas
Ali onde se balançou
Ali por onde andou
Aquela mulher inquieta e faceira
Que pisou as brancas areias
Da praia de Canasvieiras!

E o vento agita a maré
Que traz as águas para baterem
E o barrancos ofenderem
Sob o olhar do homem e da mulher.

Viva o mar que busca o que foi seu!
Que enquadra a ganância humana
Que pega de volta o que não é teu.

Viva a paisagem soberana
Da ilha da magia
Onde eu, um dia
Vi uma santa  musa profana
Conduzindo seu corpo de sereia
A sombrear  a areia!

Euclides Riquetti

Me faz bem a chuva




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Me faz bem a chuva como o faz a ti
Porque ela dissipa o calor do verão
Traz-me de volta o frescor que senti
Na primavera florida de meu rincão.

A chuva fria me traz a terna sensação
E me reporta às lembranças de dantes
Me traz ânimo ao acanhado coração
E paz como nos tempos já distantes.

Em meio à chuva paira o vento suave
E borbulham  meus ânimos fogosos
E eu espero pela mão que me afague.

E, enquanto as nossas almas pecam
Os pecados mais lascivos, deliciosos
Me perco em teus lábios que vicejam.

Euclides Riquetti

Sim, meu sol voltou, agorinha!

 







Sim, meu sol voltou, agorinha

E deixou minha tarde iluminada

Até secou os molhados da estrada

Da estrada minha...


Eu esperei, ansiosamente 

Que ele voltasse com seu brilho dourado

Mas ele veio meio acanhado

Caprichosamente!


O sol que repoe as energias

É o mesmo que anima os seres deprimidos

Que faz despertar os desejos reprimidos

E nos traz, num átimo,a alegria!


Mas veio e desafiou-me

Até animou minhas plantas...


Euclides Riquetti

Uma obra prima


 




Pensei em produzir uma obra-prima

Algo que marcasse, que ficasse eternizada.

Quem sabe um poema com boa rima

Quem sabe uma foto envernizada.


Pensei em produzir uma obra-prima

Algo que ninguém houvesse ainda feito.

Podia ser uma escultura pequenina

Podia ser um monumento perfeito.


Pensei em buscar  uma obra-prima

Algo raro, quem sabe inimaginável.

Podia ser uma  composição divina

Uma ópera de lírica admirável.


Pensei, repensei, tentei, retentei...

Busquei tirar algo de minha inspiração

Fui longe, longe, mas sabes quem eu encontrei?

Foste tu, bem escondida...no fundo de meu coração!


Euclides Riquetti

No porto do sol

 





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No porto do sol

No porto do sol, pisando nas areias brancas
Olhando para o mar das ondas espumantes
Imaginando os prazeres mais eletrizantes
Componho poemas para as almas santas.

No porto dos desejos, dos sonhos projetados
Vejo,  nas sombras, a sua silhueta desenhada
Enquanto, nas estrelas,  na noite enluarada
Navega, pelo infinito, a paixão exacerbada.

Despem-se os pensamentos que se embalam
Na manhã azul, da inspiração derradeira
Em que as palavras brotam e se propagam.

E que,  em cada porto, em cada ancoradouro
Eu lá possa encontrar minha  musa verdadeira
Com seu sorriso bonito, divino, e duradouro.

Euclides Riquetti

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Como um mar imenso

 







Como um mar verde e  imenso
Como se fosse o sol gigante
Seguindo os odores do incenso
Busco aquela musa galante...

Como se eu fosse um selvagem
Ou um monstro ferido e atiçado
Jogo-me numa eterna viagem
Buscando ser compensado...

Como uma grande embarcação
Que veleja sem rumo, sem norte
Navego sem qualquer direção
Relegado a minha própria sorte...

E, no mar bravio das incertezas
Me deixo conduzir no balançar
Me deixo levar pelas correntezas
Me deixo conduzir pelo mar...

Para chegar até você...

Euclides Riquetti

Quando voltou o meu sol

 


 


 



Voltou o meu sol

No fim da tarde de sábado

E se tornou dourado...

Voltou-me o sol que eu tanto queria

Para nosso agrado!


E, então, tingiu-se de beleza o infinito

A beleza que nos é costumeira

O céu bonito!


Voltando o sol

Voltou o entusiasmo, a alegria

Para melhorar o dia

Tornar-se um dia encantado!


Agora virá a noite, quem sabe estrelada

Para ficar comigo, como namorada!


E que amanhã seja mais um dia abençoado

Um domingo de sol, claramente claro

Iluminado!


Ah, andem lentos os ponteiros das horas

Pois que fiquem longas para que as possa viver

Para que se aproveitem os minutos agora

E do cálice de ouro se possa beber!


Euclides Riquetti

Há algo especial em você...

 


 



Há algo muito especial em você
Não sei se é o brilho no seu olhar
Ou o seu modo de sorrir e de falar
E isso é bem difícil de descrever
Mas há algo muito especial em você.

Inexplicável, indizível, diferente
Impossível de não ser percebido
Talvez um segredo bem escondido
Que a torna assim tão atraente
Encantadora, sedutora, envolvente.

Mas, o que pode a alma esconder
Num corpo que busca afagos, busca abrigo
Que espera meu abraço ensandecido
Meus beijos, meu desejo, meu querer
E ser o algo especial que há em você?

Euclides Riquetti

Trapiche

 




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Trapiche

Jazes ali, imóvel, descansadamente
Ligas as areias inertes ao oceano
Que movimenta suas águas, soberano
E balança as galés, delicadamente.

Conectas os que o transpõem ao mar
Às escuras embarcações que flutuam
Às negras naus que ali se perpetuam
Para levar os românticos a navegar.

E, com tua importância e imponência
Permaneces ali real, forte e majestoso
Exuberante em toda tua magnificência.

E eu contemplo toda a tua grandeza
No balanço indescritível e formoso
No mar que invades com tua realeza.

Euclides Riquetti


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Jazes ali, imóvel, descansadamente
Ligas as areias inertes ao oceano
Que movimenta suas águas, soberano
E balança as galés, delicadamente.

Conectas os que o transpõem ao mar
Às escuras embarcações que flutuam
Às negras naus que ali se perpetuam
Para levar os românticos a navegar.

E, com tua importância e imponência
Permaneces ali real, forte e majestoso
Exuberante em toda tua magnificência.

E eu contemplo toda a tua grandeza
No balanço indescritível e formoso
No mar que invades com tua realeza.

Euclides Riquetti

A celebração do amor e da vida



   A celebração do amor e da vida  

Celebro o amor porque celebro a vida
Celebro a vida porque celebro o amor
Celebro ambos com alegria desmedida
Abstratos ou concretos, a vida sem dor!

Celebro cada um dos momentos felizes
Nos anos, nos meses, nas semanas e dias
Pois não sabemos do amanhã, bem o dizes
Se virão tristezas ou se virão alegrias.

Importam as alegrias  mais que as primeiras
Pois que elas nos animam e nos confortam
Importam as sensações mais verdadeiras.

Importa a mim e a ti a felicidade presente
Os teus abraços e beijos também importam
Importa-nos sermos felizes hoje e sempre!

Euclides Riquetti

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Eu queria te ver em meio a santas ...

 


 


 

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Eu queria te ver em meio a santas tantas
Eu queria te compor um tenro canto
Queria te ver em meio às tantas santas
Queria escrever-te este antecanto.

Eu pensei imaginar um poemeto
Eu pensei fazer do dia a poesia
Pensei em versos de soneto
Pensei saudade e  nostalgia.

Eu fiz poemas sem amarras
Eu fiz poemas livremente
Fiz-te   poemas com palavras claras...

Eu fiz de ti a musa encantadora
Eu fiz pra ti o canto, sutilmente
Fiz-te o soneto  na manhã inspiradora.


Euclides Riquetti

Um poema universal

 





Emolduram-se no amanhecer as flores do pessegueiro
E as brancas das laranjeiras exalam seus olores
Perfumam meu dia, tornam-no claro e  prazenteiro
Infundem, em todo o meu ser, o encantamento das cores.

Celebram o dia bonito as orquídeas matizadas
Ilustram as horas as singelas flores do campo
Cinzem os jardins as rosas vermelhas e as rosadas
O sol abençoa a terra azul com seu dourado manto.

Expande-se,  pelo universo, a força de teu pensamento
Vai navegar por entre estrelas, meteoros e cometas
Vai para me encontrar em algum lugar do firmamento.

Coaduna-se, no cosmos, toda a energia sideral
Que vai sensibilizar os seres em todos os planetas
E que me inspira a te escrever um poema universal!

Euclides Riquetti

Tributo a um Campeão - Homenagem ao professor Nelson Sicuro e outros...

 



          Não, não me refiro ao Aírton Senna, nem ao Guga Kurten, embora tenha sido  fã deles, nas memoráveis conquistas, nas pistas de Fórmula 1 e na Quadra de Roland Garros. O Rei de Mônaco foi num fatídico domingo de maio. O Rei do Saibro está ali, em Floripa, esperando o dia da chegada de um filho. Cada um Rei em seu Reino. Reinado construído sobre as bases da dedicação, do esforço, dos treinos.

          Minha personagem, como ele mesmo me ensinou, chama-se Nelson. Mas há tantos Nelsons por aí: O lendário Nelson Rodrigues, das crônicas; o Nelson Mandela, ficura carismática e legendária na África. O Nelson Piquet, trouxe-nos importantes títulos no Automobilismo, mesmo com seu sorriso-limão. O Nelson do Cavaquino, o "Nerso da Tapitinga",  e outros  "nelsons e nersons", que nos fizeram rir ou chorar.

          Falo do Nelson Sicuro, que no verdor de minha juventude foi meu professor, meu mestre na Faculdade, a FAFI, lá em União da Vitória. O professor Nelson Sicuro, marido da Neli, também professora universitária, ambos idealistas, carismáticos, bonachões. São daquelas almas que se encontram, se amam, se respeitam, e se propõem a superar todos os obstáculos que surgem em sua caminhada. Mencionei seu nome neste blog, no dia 06 de janeiro, Dia de reis, Dia da Gratidão. E eu nem sabia que ele partira em 28 de novembro último, dia do aniversário de meu filho, Fabrício, dia de aniversário do Ivan Casagrande, a quem telefonamos para parabenizar, pois que este sempre me ligava, parabenizando-me, em meus aniversários. A mim a aos nossos amigos. Obrigado,  Bianco...

          Nos últimos dias, resolvi buscar alguns de meus poemas 'perdidos". Liguei para a antiga FAFI, onde, solicitamente, a Rosane Torres enviou-me, escaneados, os meus primeiros poemas publicados, com ilustrações, em 1976, no livro Prismas, volume IV, da Coleção Vale do Iguaçu, organizado, articulado e publicado pelo Professor Nelson Sicuro. Não se pode dizer apenas "Professor Nelson", ou apenas "Professor Sicuro", tem que ser "Nelson Sicuro", nomes que se combinam, que combinam com a Literatura, a Gramática da Língua Portuguesa, a Fonética, a flauta, o francês, o latim, o inglês, o desenho... Nelson Sicuro foi juntar-se à amada Neli, que fora antes, em 25 de janeiro de 2010, exatos dois anos hoje, lá em cima....

          Há alguns anos convidei-o a vir palestrar-nos no Sílvio Santos, ali em Ouro. Veio ele e a Neli. Não quiseram cobrar nada, apenas amizade... O professor que  vem para atender um pedido de um ex-aluno, de quase duas décadas antes, para falar da língua portuguesa, mesmo depois de ter sofrido um derrame, do qual vinha se recuperando. Mas, mesmo assim, veio e deu o seu recado.

          Não posso deixar de dizer o quanto foi importante para mim e meus colegas: ao final do curso de Letras, costumava convidar os acadêmicos a entregar-lhe uns poemas para editar um livro... Certamente, mais de 200 ex-acadêmicos iniciaram-se nas letras por suas mãos. E eu, orgulhosamente, desde o dia em que selecionou "Uma Oração para Você" e "Tu", para fazerem parte do livro "Prismas  - volume IV",  senti que eu poderia, sim, tornar-me escritor. E, com hiatos temporários, continuo a escrever até hoje. Aprendi com ele a importância de "sentir" a poesia, a escrever sonetos, compor versos livres e brancos, alexandrinos, redondilhas maiores e menores. Que,  lá no céu,  junte-se ao Boni, o Geraldo Felltrim, o Abílio Heis,  e ao Filipak, que também está por lá... Que ele, com sua Neli, enturme-se com anjos e arcanjos! O mundo das artes literárias ficou menor sem o querido Nelson Sicuro, meu verdadeiro campeão. Minha sincera homenagem com o último verso de um poema que lhe entreguei, em 1975: "Ouço anjos cantando uma canção de acalanto"

Euclides Riquetti - Um seu criado!...
         
25-01-2012

Como um rio de águas turbulentas

 






Como um rio de águas turbulentas
Que descem com seu barulhar
Buscas aquelas águas cinzentas
E juntas vão ao encontro do mar!

Bem gostaria de que fossem brandas
As águas que correm nos rios
Nos rios de todas as bandas
Como agora em tempos de estio!

Mas, nestes tempos de incertezas
Que minhas águas encontrem as tuas
Que seja um encontro da natureza
Um encontro de nossas almas nuas!

Euclides Riquetti

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Pés descalços

 



 



Pés descalços
Acariciam as calçadas
Abandonadas.
Corações em percalços
Com batidas descompassadas
Retumbam em almas maltratadas
Rejeitadas, mutiladas.


Pés nus buscam caminhos de luz
E pisam na relva umedecida
Adormecida
Sustentando o corpo que seduz.

O corpo que atrai
E que distrai
Furta meus pensamentos pecaminosos
Libidinosos...
E me mergulha nas águas
Me afoga nas mágoas.

Algo me atira às incertezas do momento
Que vaga lento, lento
Como a nau que vai
E se perde no infinito
Bonito...
Bonito, mas cheio de ruelas obtusas
Confusas
Como eu!

Euclides Riquetti

Uma lágrima de cristal

 


 



Uma lágrima de cristal
Rolou em teu rosto
Belo
Perfeito
Natural...

Não era uma lágrima de desgosto
Nem de desconforto
Era apenas uma lágrima casual
Como tantas outras que caem
Em momento especiais.

Uma lágrima límpida
Transparente
Insípida
Intransigente
Que apenas queria cair
Rolar
Sumir
No mar!

Uma lágrima de cristal
Como uma joia preciosa
Esplendorosa
Excepcional
De  beleza colossal
Num semblante divinal.

Apenas uma lágrima tímida
Fugidia
Que chegou para me dar bom dia
E foi-se embora
Venturosa.

Euclides Riquetti

Se imortais são as almas...

 


 



Se imortais são as almas, por que não os corpos?

Em que dimensão do cosmos a luz será alcançada?

Quais nossas perspectivas viáveis de longevidade?

Muitas são as perguntas, vagas são as respostas...



Se navegares  na turbulência, chegarás a portos

Ou naufragarás no caminho, com nau fragilizada?

Valer-te-á tua ética, teu comportamento, a lealdade

Ou quem te deveria guiar te oferecerá as costas?


Assim como me indagas, me desvio de ti, absorto

Busco fazer minha parte, é muito longa a jornada

Equilibro minha tristeza, me propondo à felicidade

Confio em tuas palavras, isso me anima e conforta!


Euclides Riquetti

E, se não houver mais um amanhã?



   E, se não houver mais um amanhã?


E, se não houver mais nenhum amanhã, como será?
Se o tudo for virando o nada, a inanição, o deserto?
Se a vida for destruída, ceifada, ou levada, o que restará?
Ainda teremos a luz-guia ou apenas caminhos incertos?

Até quando teremos nosso amanhã claro e seguro?
Sorveremos a água potável, límpida, calma e transparente?
Ou apenas contemplaremos dias sem sol, cinzas e escuros
Enquanto nosso tempo passa sutil e lentamente? 

Para onde iremos, o que vamos encontrar, o que veremos?
Quais os obstáculos que se porão em nosso percurso?
Teremos algum tomoneiro ou, à deriva, nos perderemos?
Por que mares, por quais estradas, rotas, por qual curso?

Espero, sempre, que haja respostas para mim e para ti
Anseio por todos nós e temo por toda a humanidade
Então, procurar viver a vida, seja num lá, seja no aqui
Em cada hora, em cada dia, em cada tempo a felicidade!

Euclides Riquetti 

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A fuga da alma

 


  




A fuga da alma não tem estradas
Não tem espaço onde se esconder
Não há como deixar de se viver
Aquilo que já se sentiu na caminhada...

Se se foge do corpo, não se foge dela
Se se foge do pensamento que persegue
Não se foge da lua nem mesmo da estrela
Não há força que nos carregue...


A fuga da alma não tem estradas
Não tem espaço onde se esconder
Não há como deixar de se viver
Aquilo que já se sentiu na caminhada...

Se se busca um porto e não se encontra
É porque não temos o rumo certo
O mundo novo que nos amedronta
É o mesmo que nos inspira a novo verso...


A fuga da alma não tem estradas
Não tem espaço onde se esconder
Não há como deixar de se viver
Aquilo que já se sentiu na caminhada...

Euclides Riquetti

Você me seduz...

 




 

Você me seduz
Com o seu jeito imponente e importante  de ser
Você me reduz
A um ninguém maltratado, largado outra vez.

Você é assim
A mais bela mulher que eu já vi  por aí
Você é pra mim
A mais formidável senhora que já conheci.

Procuro compor
Um poema com lindas palavras e rimas para lhe agradar
E sinto uma dor
Quando percebo que busco e não tenho o que encontrar.

Procuro pensar
Que você já sentiu quanto amo seus olhos castanhos
E me conformar
Pois não há como ser de você, que me vê como estranho.

Você  me seduz
E maltrata o meu coração perdido e incontido em desejo
Você me reduz
A um frangalho, um  rejeito sem coragem de olhar-se no espelho.

Você é assim
Eu não sei se é maldade, se é medo, ou pura vaidade
Você é pra mim
A deusa distante que finge e me esnoba assim sem piedade.

Procuro compor
As canções mais sensíveis com com letra romântica e melhor  melodia
E sinto uma dor
Que faz com que eu sofra por não receber nem um simples "bom dia"!

Um bom dia
Um aceno
Um olhar...

Apenas um olhar
Disfarçado que seja.
Como a noite sem luz
Você me seduz!


Euclides Riquetti

O Senhor do Sol e a Dama do Mar

 



O Senhor do Sol e a Dama do Mar


Disse o Senhor do Sol pra Dama do Mar:

"Vem aqui, vem comigo dançar

Vem bailar sobre as ondas

Vem comigo sonhar!"


E a Senhora elegante e formosa

Abriu seu sorriso maroto

Para o Senhor Menino, garoto

Na manhã venturosa

Sobre as ondas a bailar!


Bailaram também os anjos alados

E os nos tronos de nuvens sentados

Com seus clarins e clarinetes

E com cânticos abençoados

Sorriam ao sonar!


Eram os caminhos que se abriam

Em tempos de nostalgia

Entre harmoniosos acordes ou falsetes

Para a Dama passar

E me encontrar

Nas ondas do mar!


Euclides Riquetti

12-12-2024


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Cheiro de chuva e mato

 







Sinto, em você, o cheiro de chuva e mato
Os odores da paixão que se traduzem
Os sabores da ilusão que se misturam
Com meu cheiro, seu cheiro e o do mato!

Sinto, em você, o frescor da tarde chuvosa
A cor da flor, da semente que foi guardada
E que se tornou planta da mesma germinada
O odor da flor perfeita, do cravo,  da rosa! 

Sinto, em você, o cheiro doce da saudade
Das horas, dos dias e meses que passaram
Ainda  o cheiro das estrelas que apagaram
Que se reacenderam em sua real majestade!

Sinto, em você, o cheiro puro e indizível
E me delicio, em você, tão perdidamente
E me envolvo, com você, alegremente
No cheiro de chuva, de mato, indescritível!

Euclides Riquetti

Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real em Porto União - 51 anos!





Colégio Cid Gonzaga - Porto União - foto da época


     

Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real!


     Dois de junho de 1973 - sábado. Dia de Festa Junina em Porto União, no Colégio Cid Gonzaga. Toda a juventude das cidades gêmeas do Iguaçu estava ansiosa para que esse dia chegasse. É que acontecia uma festa muito badalada por lá. Além dos folguedos, dança na sala do auditório. Talvez que essa fosse a parte mais esperada da festa...


          O Professor Welcedino, um "serra-abaixo" catarinense gostava de ter tudo bem organizado. A festa era muito esperada. Quadrilhas de danças, quentão, pipoca, pinhão, doce de abóbora, amendoim, pé-de-moleque... Foguetes espocando no ar. As rádios Colmeia, Difusora e União com seus locutores falando do evento. Os jornais "O Comércio", "Caiçara" e "Traço de União" dando força. E nós, jovens, na expectativa.


          Mandei uma carta para minha irmã Iradi convidando-a. Veio com a prima Salete Baretta. Foram hospedar-se na casa da prima Gena Casara que estava estudando por lá. Chegaram na sexta à tarde. Tudo preparado para irmos à Festa no sábado. Imperdível.


          Mas um imprevisto quase que atrapalha nossos planos. Nosso colega da República Esquadrão da Vida, o Celso Lazarini, o Breca, nascido no hoje Lacerdópolis (quando ainda petencia a Capinzal) e que  morou na casa do Serafim Andrioni, no Ouro, e em 1968 trabalhava nas Casas Eduardo, em Capinzal, estava machucado.  Agora era o melhor goleiro de futsal em União da Vitória, fora profissional no futebol de campo. Pois na  sexta levou  um chute no nariz, na Quadra do Túlio de França.  O Dorinho  ia fazer o gol, o Breca foi brecar e o pé do artilheiro arrebentou o nariz de nosso colega. Emergência, cirurgia. Ficamos todos muito preocupados. Víamos o sofrimento do amigo e tínhamos nossa programação de lazer. Não queríamos perder a festa,  nem deixar o amigo sozinho em casa naquele sábado. Precisava de cuidados. Ele dizia que podíamos ir, que ele mesmo se cuidava. Gentil como sempre. É assim até hoje.


          Pertinho de casa havia um salão de estética, o "Silhueta". A Zina, a Célia comandavam. A Ivone, cunhada da irmã da Zina, estava sob seus cuidados. Eram minhas amigas. A Zina estava chorosa, de mal com a vida, deprimindo-se. Pedi-lhe um favor. Perguntei-lhe se poderia cuidar do Breca naquela noite para que pudesse participar da festa junina no Cid. Disse-lhe que ele estava machucado e precisava de cuidados. Pensei que um podia cuidar do outro. Aceitou que eu o deixasse em sua casa. Cuidaria dele. E assim o fez.


          Fomos com os colegas, o Osvaldo e os dois  Odacir, o Giaretta e o Contini, mais  minha irmã  e a prima para a festa. Eu de braços dados com minha irmã. O Boles não foi, tinha que ficar no ponto de táxi com seu Corcel 4 portas. Era um horário bom pra ganhar uma graninha.

Na chegada, percebi que havia uma bela garota com quem eu tinha dançado no "Clube 25"  duas semanas antes. Ela deve ter-se decepcionado comigo, pois eu estava de braços dados com uma de quase minha altura. Não sabia ela que era minha irmã que estava comigo.  Adiante, contou-me que pensou que era minha namorada...


         Na dança, muita animaçao na sala do auditório. Um colega meu era Cabo do Exército Brasileiro, do 5º BE, de Porto União, Odacir Contini. Educado, respeitava as regras dos militares. Quando íamos ao cinema, com os Cabos Frarom, Backes, Godói, Figueira ou Maciel, tínhamos que sentar atrás de qualquer oficial superior deles. Então, no Cine Ópera, entrávamos olhando para as cadeiras e precisávamos  ir ao fundo do cinema ver os filmes e respeitar essa regra hierárquica. Nenhum subalterno podia sentar à frente de um superior.  Pois bem, o Contini falou-me: "Vou tirar aquela morena que está com a Dora pra dançar. E, educadamente, deu a volta por detrás dos  presentes, pois havia um sargento no local.


          Quando vi que era a garota que eu conhecera poucas  semanas antes, cortei caminho pelo meio do salão. Eu não era militar, não  tinha superior, podia ir por onde bem entendesse. E, quando ele lá chegou, eu já estava com ela. E dançamos. Dançamos, dançamos  muito, rimos, contei-lhe piadas.


           Hoje, mais de 49 anos depois, continuamos a dançar, juntos. Temos três  filhos, duas  neta, um neto.


           E o Breca e a Zina?    Bem, ela faleceu, não faz muito tempo, pouco antes da pandemia. Têm uma filha, a Marcela, que voltou  para Porto Uni'ao depois de estudar na Austrália. O Breca  vende carros em sua loja numa bela esquina da ida para o Estádio do Ferroviário. A Zina tem seu salão ali perto do Clube Concórdia. Continua igual há  40 anos. A mesma disposição, a mesma silhueta, a mesma amabilidade e a mesma simpatia. Visitei-os recentemente. Rimos muito, contei para duas amigas dela essa história. Disseram-me que eu deveria escrever sobre isso. Então aqui está.


           Duas histórias que começaram no mesmo dia. E, mesmo com as dificuldades do dia-a-dia, com todas as barras enfrentadas, formamos nossas duas famílias. A Zina e o Breca, a Cachucha e o Cride.



Euclides Riquetti

Atualizado em 02-06-2024

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O anjo azul sobrevoou as flores+


 



O anjo azul sobrevoou as flores na tarde cinzenta
Estendeu suas asas e planou divino sobre meu jardim
Abençoou primeiro as rosas champanhe e as magentas
Depois o cravo bordô, o lírio amarelo e o vaidoso jasmim.

O anjo azul entoou um cântico santamente sagrado
Secundado por clarinetes com seus acordes triunfantes
Alegrou-nos com seus versos docemente cadenciados
Encantou-nos com a harmonia das notas ressonantes.

O anjo azul azulou com sua túnica discreta a manhã nova
O anjo azul enfeitou com seus cabelos dourados a manhã ditosa
O anjo azul te protegeu com suas armas em todas as horas...

E eu esperei por ele enquanto olhava pela minha janela
E eu rezei por ele e pedi por ele na oração venturosa
Enquanto o dia passava e eu ficava a esperar por ela...

Euclides Riquetti

Saudosa lembrança de uma cidade bucólica e outras reflexões


 

OURO-FOTO:THIAGO DAMBROS  - OURO - SC 

Rua Presidente Kennedy - Ouro

Aos fundos, Capinzal - SC

          Houve um tempo em que apenas algumas ruas de Capinzal ( e seu Distrito, Ouro), dispunham de pavimentação com paralelepípedos. Na margem esquerda do Rio do Peixe, havia calçamento, com paralelepípedos,  em parte da Rua XV de Novembro e parte da Carmelo Zóccoli. Em Ouro, o calçamento vinha de onde é hoje a Prefeitura até defronte o Seminário Nossa Senhora dos Navegantes, mais precisamente até a casa do Amélio Dalsasso, onde hoje mora o Sr. Jardino Viel. Era uma casa de madeira, cor alaranjada, madeira beneficiada, telhas francesas no teto. Aliás, a maioria dessas telhas vinham da Cerâmica Santa Cruz, de Canoinhas, famosas pela excelente qualidade,  mas havia algumas fabricadas em Alto Alegre, Capinzal, porém não chegavam a atingir a qualidade das de Canoinhas. As nossas eram utilizadas para cobrir paióis e chiqueiros, sucedendo as tabuinhas de madeira falquejadas, que os italianos chamavam de "scandoles", utilizadas largamente para cobrir casas e outras benfeitorias desde 1902, pelos "brasileiros", e a partir de 1910 pelos "italianos", até a década de 1950.

          Muito interessante é que na XV, na quadra que vai do Bradesco e prédio do Mência, até o prédio do Saul Parizotto e o da família Henrique, havia argolas de aço fixadas ao chão, nos meio-fios, dobráveis ao chão para que não  tropeçássemos nelas, onde se podiam amarrar os animais de montaria, ou mesmo os bois que arrastavam as carroças, ou os animais de puxavam as charretes. Para que não fugissem, enquanto seus donos faziam negócios, entregando mercadorias no comércio, bebidas, ou vendendo pão.

          Restam, em minha memória,  a charrete do Santo Boff, que levava  bebidas aos bares; a carroça da Comercial Baretta, conduzida pelo Juca Rupp, que entregava ranchos e buscava mercadorias na estação ferroviária;  a charrete da Padaria Cadorin, tendo o Artêmio Tonial e depois o Alcebides Soccol como pilotos; o Ari Wilbert, me parece, também utilizou uma em alguns anos; a carroça freteira do Eurides Venâncio, puxada por duas mulas, que trouxe parte da mudança da Prefeitura de Capinzal para  o Distrito de Ouro, no tempo do Prefeito Horácio Heitor Breda, na década de 1950, e que foi a que mais tempo permaneceu em serviço;  e a gaiotinha do Tio Vitório Richetti, que fazia entrega de bebidas, puxada por uma mula, e que ele a utilizava também para nos levar em pescarias, subindo a serrinha dos Masson, Miqueloto e Campioni,  e estacionando-a onde hoje é o Bairro Alvorada, em Ouro, para que descêssemos a pé pelos "peraus"até o Rio do Peixe, ali acima de onde hoje é o Tio Patinhas Lanches, para encher as sacolas de lambaris, jundiás e cascudos.

         Ah, como era bom viver nas gêmeas bucólicas cortadas pelo serpenteio do Rio do Peixe, e que até 1963 eram uma cidade só!!! E, aos 16 anos, tomar um ônibus (a gasolina) para ir cobrar uma conta em  Joaçaba, a "Capital do Oeste Catarinense"... e não receber nada...  Vejam bem, 16 anos e conhecer a primeira cidade além de Capinzal. E, aos 17,  conhecer Piratuba, aos 18 Concórdia e voltar mais uma vez a  Joaçaba, para tomar um ônibus e ir a União da Vitória increver-se no vestibular ao curso de Letras. Campos Novos, fui conhecer aos 23 anos, já formado na Faculdade. E sem TV em casa! Que Universo Limitado, fechado. Em compensação, viajei pelo mundo todo, n' O Correio do Povo, Revistas Manchete, Cruzeiro e Seleções do Reader´s Digest, escritores  Machado de Assis, Jorge Amado, José de Alencar, Camilo Castelo Branco, Dalton Trevisan, Alceu eAmoroso Lima (o Tristão de Athaíde), Nelson Sicuro, Francisco Boni, Francisco Filipak, Abílio Heiss, Ivonish Furlani, (meu Patrono) Júlio Verne, William Shakespeare, Edgar Allan Poe, Jonathan Swift, Oscar Wilde, Lewis Carrol, Charles Dickens, e muitos, muitos outros incontáveis amigos de minha juventude, que entravam em minha casa a todo o dia, a toda a  hora, e não precisavem me pedir licença! E que Deus os tem em seu Reino. Obrigado, amigos, que me permitiram viajar pelo mundo.

Euclides Riquetti
31-03-2012