Não, não me refiro ao Aírton Senna, nem ao Guga Kurten, embora
tenha sido fã deles, nas memoráveis conquistas, nas pistas de Fórmula 1
e na Quadra de Roland Garros. O Rei de Mônaco foi num fatídico domingo
de maio. O Rei do Saibro está ali, em Floripa, esperando o dia da
chegada de um filho. Cada um Rei em seu Reino. Reinado construído sobre
as bases da dedicação, do esforço, dos treinos.
Minha personagem, como ele mesmo me ensinou, chama-se Nelson.
Mas há tantos Nelsons por aí: O lendário Nelson Rodrigues, das crônicas;
o Nelson Mandela, ficura carismática e legendária na África. O Nelson
Piquet, trouxe-nos importantes títulos no Automobilismo, mesmo com seu
sorriso-limão. O Nelson do Cavaquino, o "Nerso da Tapitinga", e outros
"nelsons e nersons", que nos fizeram rir ou chorar.
Falo do Nelson Sicuro, que no verdor de minha juventude foi
meu professor, meu mestre na Faculdade, a FAFI, lá em União da Vitória. O
professor Nelson Sicuro, marido da Neli, também professora
universitária, ambos idealistas, carismáticos, bonachões. São daquelas
almas que se encontram, se amam, se respeitam, e se propõem a superar
todos os obstáculos que surgem em sua caminhada. Mencionei seu nome
neste blog, no dia 06 de janeiro, Dia de reis, Dia da Gratidão. E eu nem
sabia que ele partira em 28 de novembro último, dia do aniversário de
meu filho, Fabrício, dia de aniversário do Ivan Casagrande, a quem
telefonamos para parabenizar, pois que este sempre me ligava,
parabenizando-me, em meus aniversários. A mim a aos nossos amigos.
Obrigado, Bianco...
Nos últimos dias, resolvi buscar alguns de meus poemas
'perdidos". Liguei para a antiga FAFI, onde, solicitamente, a Rosane
Torres enviou-me, escaneados, os meus primeiros poemas publicados, com
ilustrações, em 1976, no livro Prismas, volume IV, da Coleção Vale do
Iguaçu, organizado, articulado e publicado pelo Professor Nelson Sicuro.
Não se pode dizer apenas "Professor Nelson", ou apenas "Professor
Sicuro", tem que ser "Nelson Sicuro", nomes que se combinam, que
combinam com a Literatura, a Gramática da Língua Portuguesa, a Fonética,
a flauta, o francês, o latim, o inglês, o desenho... Nelson Sicuro foi
juntar-se à amada Neli, que fora antes, em 25 de janeiro de 2010, exatos
dois anos hoje, lá em cima....
Há alguns anos convidei-o a vir palestrar-nos no Sílvio
Santos, ali em Ouro. Veio ele e a Neli. Não quiseram cobrar nada, apenas
amizade... O professor que vem para atender um pedido de um ex-aluno,
de quase duas décadas antes, para falar da língua portuguesa, mesmo
depois de ter sofrido um derrame, do qual vinha se recuperando. Mas,
mesmo assim, veio e deu o seu recado.
Não posso deixar de dizer o quanto foi importante para mim e
meus colegas: ao final do curso de Letras, costumava convidar os
acadêmicos a entregar-lhe uns poemas para editar um livro... Certamente,
mais de 200 ex-acadêmicos iniciaram-se nas letras por suas mãos. E eu,
orgulhosamente, desde o dia em que selecionou "Uma Oração para Você" e
"Tu", para fazerem parte do livro "Prismas - volume IV", senti que eu
poderia, sim, tornar-me escritor. E, com hiatos temporários, continuo a
escrever até hoje. Aprendi com ele a importância de "sentir" a poesia, a
escrever sonetos, compor versos livres e brancos, alexandrinos,
redondilhas maiores e menores. Que, lá no céu, junte-se ao Boni, o
Geraldo Felltrim, o Abílio Heis, e ao Filipak, que também está por
lá... Que ele, com sua Neli, enturme-se com anjos e arcanjos! O mundo
das artes literárias ficou menor sem o querido Nelson Sicuro, meu
verdadeiro campeão. Minha sincera homenagem com o último verso de um
poema que lhe entreguei, em 1975: "Ouço anjos cantando uma canção de
acalanto"
Euclides Riquetti - Um seu criado!...
25-01-2012