A pandemia da
Covid 19 não trouxe apenas o terror da morte no Brasil. Foi muito além, ao
adiantar o debate eleitoral. Não há o debate genuíno e necessário sobre a
política, mas sim a confusão protagonizada pelos entes dos Três Poderes que,
como eu já disse aqui, gastaram muita energia e criaram muita confusão. Tudo
muito condenável e nefasto! E, agora, estamos próximos do período eleitoral,
temos muitos problemas a serem resolvidos, como os altos preços cobrados pelos
combustíveis e pelos alimentos, e a elevação dos preços dos fertilizantes, num
círculo que impacta negativamente, pois o poder aquisitivo dos brasileiros está
cada vez pior.
Aquele velho
adágio de que em boca fechada não entra mosca, está bem aplicável neste
momento. Os que têm acesso fácil aos meios de comunicação, os diariamente
entrevistáveis. estão cada vez mais
desprezíveis. Inconsequentes, cada um joga para a sua plateia, segundo o seu
interesse pessoal. Sempre defendi que precisamos de “Planos para o Brasil” e
não Planos de Governo ou de partidos. Mas, planejamento, para quem tem mais
política do que o necessário na sua cabeça, isso não conta. Infelizmente!
Qualquer cidadão
que tenha um razoável senso de observação verá que nos descuidamos em nossos
setores estratégicos de desenvolvimento. E, pedir sustentabilidade, então,
seria querer demais, lamentavelmente. Não tivemos definição do que é essencial
para a população, não se tem como definir o que é prioritário. Mesmo com
deficiências, as instituições de educação e saúde (públicas e privadas),
conseguem ir fazendo sua parte. Na produção agropecuária e industrial,
crescemos muito, mas o foco tem sido voltado às exportações. Falam-se termos
que o cidadão comum nem imagina o que possam significar, incorporam termos em
Inglês em nossa fala, raciocinamos em dólar, pagamos por valores atrelados ao
Dólar e ao Euro, e ganhamos em Reais. Não planejamos obter a suficiência no
refino do petróleo, na produção do trigo, de energia limpa, optamos por
fertilizantes importados, desperdiçamos energia, fomos induzidos a nos viciar
em andar de carro e muitas outras coisas mais que incorporamos a nossos hábitos
consumistas.
O descuido com a
auto-suficiência no trigo é um exemplo patente. Os produtores foram estimulados
a produzir grãos voltados à exportação. E, para desestabilizar nossa
fragilizada economia, em 2016, no Governo de Michel Temer, foi estabelecida a
paridade internacional no preço do barril de petróleo. Agora, tanto se fala em
patriotismo e não se tem coragem de voltar atrás. Não sou um ser pessimista,
mas precisamos de muita sorte, já que o juízo é pouco, para termos uma situação
de normalidade, com controle da inflação sem prejuízo do crescimento, sem o
sacrifício de quem trabalha.
“Faltam leitos
de UTI pediátrica em Santa Catarina” - Esta foi a manchete “de capa”de um
veículo de comunicação catarinense na segunda-feira, 16. Já alertei sobre
problemas que poderiam advir tão logo a pandemia tivesse redução do número de
casos graves. Além de todos os casos de repressão de demanda de cirurgias
eletivas, vários outros procedimentos foram deixados de lado e agora começam a
aparecer. Enquanto muito se fala em política, em sucessão de governos,
esquece-se do principal, que é garantir a vida. Aliás, os casos de contágios
pela Covid estão em alta no País, com a média subindo 20% nas duas últimas
semanas. Ainda bem que, com a imunização pelas vacinas, os casos não se
apresentam muito graves, resultando em poucos óbitos.
Aqui em nosso
Estado, o que vinha sendo cobrado pelas secretarias municipais de saúde e
alguns setores da imprensa acabou acontecendo. A falta de UTIs pediátricas para
atendimento das crianças é real, uma vez que não há mais leitos disponíveis e a
Secretaria de Estado da Saúde já pretende buscar vagas em outros estados. Lamentável!
Mais uma questão relegada a plano secundário e que evidencia falta de
planejamento.
Mas, implantar
uma UTI pediátrica, não é apenas dispor-se de uma sala e dos equipamentos. O
grande e permanente custo é ter equipes de profissionais preparadas para o
atendimento, em turnos de trabalho. E o compromisso de governos, a quem de
dever, repassarem os recursos para tal mensalmente. E a do HUST, há tantos anos
defendida, está em que pé?
Euclides Riquetti – Escritor - www.blogdoriquetti.blogspot.com