Quando de minha infância, ainda não havia rede de distribuição e fornecimento de águas em Rio Capinzal. Destarte, as senhoras tinham que buscar locais onde huvesse água em abundância para fazer o serviço de lavar roupas. Poucas famílias possuíam máquinas de lavar para esse serviço. E, as máquinas existentes, a maioria de madeira, umas espécies de tinas, não deram ditadas de dispositivos que lhe permitissem o enxágue, a centrifugação ou pré-secagem da roupa, antes de que fosse estendida no varal. E poucas pessoas conheciam sabão em pó, o famoso "Rinso".
Lembro que as donas de casa buscavam a beira dos rios para o serviço. Tinham uns "lavadores" de madeira, uma espécie de "rampa" que era colocada na margem, escorados em pedras, com uma base para o ajoelhar-se e um detalhe retangular onde era depositada a pedra de sabão para que não deslizasse e fosse perder-se nas águas. Muitas vezes, quando o sabão escapava das mãos das lavadeiras, eram o filhotes que buscavam recuperá-lo nas águas. Crianças pequenas, de sete ou oito anos, nadavam bem e tinham domínio das águas. Eu mesmo recuperei muitos para as senhoras. Em alguns lugares, onde havia pedras, as lavadeiras gostavam de bater e esfregar as roupas sobre elas, o que ajudava muito para que ficassem bem limpas.
O Rio do Peixe era muito frequentado, havia alguns lugares próprios, onde o barranco era menor, áreas preparadas pelas pessoas para que as senhoras pudessem colocar seus lavadores e ainda para a ancoragem de botes, que ficavam amarrados em angicos ou mesmo em sarandis. Quando o rio ficava sujo por causa das chuvas, fazer o que? Fácil. Sempre tinham um tonel que recebia a água das calhas e tinha água armazenada, da chuva. E ainda grande parte das casas tinham cisternas, onde armazenavam grande estoque de água. Quem não as tinha, guardava água em tonéis.
Mas, pelo menos cinco destinos eram, principalmente, os mais utilizados para lavarem roupas: O valo da Usina Hidrelétrica da Família Zortéa; os rios Capinzal e Coxilha Seca, afluentes do Peixe; e as duas margens deste, tanto na Sede Municipal quanto no Distrito de Ouro, nas localizações abaixo da barragem de pedras.
No Rio Capinzal, desde a foz junto ao do Peixe, até onde ele adentrava o perímetro urbano, no Loteamento Santa Terezinha, havia muitos pontos onde as roupas pudessem ser lavadas. As águas eram limpas, havia lambaris, jundiás, joanas e carás habitando-as. E, ali, logo abaixo do Grupo escolar Belisário Pena, havia um grande pomar de caquis, de propridade da família Soccol, onde a margem facilitava muito o trabalho das senhoras. Havia diversos pontos utilizados em todo o curso do rio.
Na margem direita do Peixe, logo após a entrada ao "Valo da Usina" , havia outro ponto bastante utilizado. Lembro que minha mãe, a Dona Aurora Stopassola, a Dona Iracema Surdi, minhas Tia Elza Baretta e Maria Lucietti Richetti, e outras tantas, tinham seus lavadores,colocados imediatamente acima de uma comporta para brecar o excesso de água a alimentar a usina, que depois transformou-se numa fábrica de pasta mecânica, para a produção de papel e papelão.
E, no Rio do Peixe, logo abaixo da barragem, nas duas margens, dezenas de locais próprios para serem colocados os lavadores, até o limite Sul da cidade. centenas de senhoras se alinhavam, com seus cestos de roupas e lavadores, próximo do rio. Depois, já em casa, com baldes de água bem limpa retirada dos poços, com anil adicionado, enxaguavam as peças brancas para que tomassem uma cor mais alva. Nessa época também começaram a utilizar "Q Boa", a única água sanitária então conhecida.
Com o tempo, felizmente, veio o serviço de captação, tratamento e distribuição de águas pelo Simae, no início da década de 1970, quando eram prefeitos, respectivamente, Apolônio Spadini e Adauto Colombo, em Capinzal e em Ouro. Mas, infelizmente, as águas de nosso Rio do Peixe deixaram de ser as mesmas. Houve o cresimento das cidades à montante e, com isso, a implantação de muitas indústrias, desde Caçador. E as lavouras da bacia hidrográfica passaram a utilizar defensivos agrícolas. Também se perdeu muito do respeito que se tinha pelas águas. E nossos rios ficaram poluídos, sobraram poucos peixes. Também, com a danificação da barragem, menos água passou a ficar retida ali. E a paisagem perdeu muito de sua beleza.
Gosto de lembrar e registrar essas atividades, pois refletem, além da história, as dificuldades que as pessoas tinham para algumas atividades que hoje são muito facilitadas pelas tecnologias. Bem melhor acionar o botão do automático da máquina de lavar do que ficar, algumas tardes por semana, ajoelhadas, com o corpo arcado sobre o lavador...
Euclides Riquetti
13/04/2013
sábado, 13 de abril de 2013
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Primaveras
O vento que sopra na tarde
E que move as folhas da planta
Traz-me paz, sem mais alarde
E faz-me sentir qual criança.
Quando a primavera chegou
Começou a mudar a paisagem
A flor se abriu, desabrochou
No vaso que abrigou a folhagem.
A juventude é assim:
Surge bela, como a flor
Ocupa os canteiros do jardim
Abre-se em sonhos de amor.
Ah, setembro - primavera!
Tempos de vida e de cor
Vem o sol que a gente espera
Traz na tarde seu fulgor.
Euclides Riquetti
Numa primavera de alguns anos atrás...
E que move as folhas da planta
Traz-me paz, sem mais alarde
E faz-me sentir qual criança.
Quando a primavera chegou
Começou a mudar a paisagem
A flor se abriu, desabrochou
No vaso que abrigou a folhagem.
A juventude é assim:
Surge bela, como a flor
Ocupa os canteiros do jardim
Abre-se em sonhos de amor.
Ah, setembro - primavera!
Tempos de vida e de cor
Vem o sol que a gente espera
Traz na tarde seu fulgor.
Euclides Riquetti
Numa primavera de alguns anos atrás...
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Açougueiros de Rio Capinzal
Em minha infância, costumávamos brincar numa rua de Rio Capinzal. Chamavam-na de Rua do Beco. Hoje tem nome: Rua Giavarino Andrioni. Jogávamos "taco" e bola. Brincávamos de esconde-esconde, fazíamos fogueiras no inverno, no meio da rua. Era tudo muito divertido.
Meus amigos "de rua" foram indo embora: O Ademir e o Milton Mantovanello foram para Cascavel. O Ademir Bernardi para a Barra do Leão. O Paulinho Lucietti, cujo nome era Adelir, foi para Dois Vizinhos. O Mário e o Arlindo Thomazoni, para Araruna. O Moacir e o Cosme Richetti, irmãos, bem como os irmãos Altevir e o Valdir Souza, para Joaçaba. O Celito Bandido Baretta, para a Linha Bonita. Os irmãos Adelto e Adélcio Miqueloto são os que ainda restaram em Ouro.
Um dos momentos mais divertidos ali era quando os tropeiros traziam bois para o abate. Vinham, normalmente, de Capinzal. Traziam os mais mansos conduzidos "soltos", em tropas, e quando havia algum muito bravo levavam no laço. E,nós, todos, subíamos no barranco para ver as façanhas dos boiadeiros. Algumas vezes, não raro, uma das reses fugia, eles corriam atrás dela pela cidade os cavaleiros, seus cavalos galopantes e os cães bem adestrados. E, quando a coisa apertava, os tropeiros gritavam e nós fugíamos, entrando no moinho do Bernardi, ou correndo para os barrancos mais altos. Até que os animais fossem recapturados e recolocados numa mangueira.
A mangueira era feita com madeira forte, de angico e bugre. Ao lado, uma pequena edificação onde eram abatidos, diariamente dois os três animais e alguns porcos. Um cepo com uma cavidade, por onde era introduzida uma ponta do laço que os homens puxavam em dois, para trazer o animal até o local do abate. Depois, a sangragem e a elevação, com uma talha de correntes, a retirada do couro, das vísceras, a água existente num tanque jogada em baldes para lavar a carçaça pendurada. A serra partindo o boi em meio ao espinhaço. É dali que saem o filé, a alcatra, a costela, a fraldinha, o mignon. Um tacho com permanente braseiro, de ferro fundido, onde era aquecida a água para a pelagem dos porcos. Depois, esse mesmo tacho era utilizado para o cozimento da banha. Após a prensagem, os torresmos. E sempre sobrava um pouquinho para nós, de graça!
Lembro bem dos homens que ali trabalhavam: O Guilherme, os tios Arlindo Baretta e e Anildo Mázera, o Ivo Campioni e o Vitorino Lucietti, que era sócio do empreendimento, que pertencia à Comercial Baretta. Além do abate, vendiam a carne, a banha, as morcelas, os salames e o queijo-de-porco. E as pessoas vinham cedo, antes de o dia clarear, para comprar a carne. Lá, do outro lado do rio, havia o "picador", na Rua XV, dos Miqueloto, que tinham o abatedouro na saída para a Siap. E o procedimento de trazer os animais era o mesmo. Mas esses tinham uma "gaiota", um carroção puxado por cavalos que levava a carne para o picador, em Capinzal.
Pelos lados dos Miqueloto, os Srs. Benjamim e Luiz eram os capitães e colocavam todos os seus filhos na área de trabalho, desde pequenos. O sobrinho Romeu Neis e o Pedro Lima eram os mais práticos. Sabiam conduzir o gado e abater.
As carnes eram penduradas para resfriarem-se e, no verão, na Câmara Fria. Nos açougues, os cortes eram feitos com serras de fita, de acordo com o que era pedido pelos fregueses. Se a carne não for refriada, o corte sai horrível, fica com uma aparência ruim, nem dá vontade de comer depois. Mas os habilidosos açougueiros cortavam os pedaços com o peso desejado pelo freguês, com pouco erro. Tinham muito conhecimento do ofício. E os pedaços, embrulhados em folhas de papel "de embrulho", que estavam sobre o balcão. Nesses papéis era feito, a lápis, o cálculo da despesa, "de cabeça", pois não havia calculadoras disponíveis. E quase que sempre faltando uma das suas quatro pontas. É que aquela parte era usada para escrever o nome do freguês, o valor do gasto, e jogar na gaveta, quando ele não tinha caderneta. Para cobrar no fim do mês. E nem precisava de assinatura...A palavra valia! Muito!!!
Euclides Riquetti
11-04-2013
Meus amigos "de rua" foram indo embora: O Ademir e o Milton Mantovanello foram para Cascavel. O Ademir Bernardi para a Barra do Leão. O Paulinho Lucietti, cujo nome era Adelir, foi para Dois Vizinhos. O Mário e o Arlindo Thomazoni, para Araruna. O Moacir e o Cosme Richetti, irmãos, bem como os irmãos Altevir e o Valdir Souza, para Joaçaba. O Celito Bandido Baretta, para a Linha Bonita. Os irmãos Adelto e Adélcio Miqueloto são os que ainda restaram em Ouro.
Um dos momentos mais divertidos ali era quando os tropeiros traziam bois para o abate. Vinham, normalmente, de Capinzal. Traziam os mais mansos conduzidos "soltos", em tropas, e quando havia algum muito bravo levavam no laço. E,nós, todos, subíamos no barranco para ver as façanhas dos boiadeiros. Algumas vezes, não raro, uma das reses fugia, eles corriam atrás dela pela cidade os cavaleiros, seus cavalos galopantes e os cães bem adestrados. E, quando a coisa apertava, os tropeiros gritavam e nós fugíamos, entrando no moinho do Bernardi, ou correndo para os barrancos mais altos. Até que os animais fossem recapturados e recolocados numa mangueira.
A mangueira era feita com madeira forte, de angico e bugre. Ao lado, uma pequena edificação onde eram abatidos, diariamente dois os três animais e alguns porcos. Um cepo com uma cavidade, por onde era introduzida uma ponta do laço que os homens puxavam em dois, para trazer o animal até o local do abate. Depois, a sangragem e a elevação, com uma talha de correntes, a retirada do couro, das vísceras, a água existente num tanque jogada em baldes para lavar a carçaça pendurada. A serra partindo o boi em meio ao espinhaço. É dali que saem o filé, a alcatra, a costela, a fraldinha, o mignon. Um tacho com permanente braseiro, de ferro fundido, onde era aquecida a água para a pelagem dos porcos. Depois, esse mesmo tacho era utilizado para o cozimento da banha. Após a prensagem, os torresmos. E sempre sobrava um pouquinho para nós, de graça!
Lembro bem dos homens que ali trabalhavam: O Guilherme, os tios Arlindo Baretta e e Anildo Mázera, o Ivo Campioni e o Vitorino Lucietti, que era sócio do empreendimento, que pertencia à Comercial Baretta. Além do abate, vendiam a carne, a banha, as morcelas, os salames e o queijo-de-porco. E as pessoas vinham cedo, antes de o dia clarear, para comprar a carne. Lá, do outro lado do rio, havia o "picador", na Rua XV, dos Miqueloto, que tinham o abatedouro na saída para a Siap. E o procedimento de trazer os animais era o mesmo. Mas esses tinham uma "gaiota", um carroção puxado por cavalos que levava a carne para o picador, em Capinzal.
Pelos lados dos Miqueloto, os Srs. Benjamim e Luiz eram os capitães e colocavam todos os seus filhos na área de trabalho, desde pequenos. O sobrinho Romeu Neis e o Pedro Lima eram os mais práticos. Sabiam conduzir o gado e abater.
As carnes eram penduradas para resfriarem-se e, no verão, na Câmara Fria. Nos açougues, os cortes eram feitos com serras de fita, de acordo com o que era pedido pelos fregueses. Se a carne não for refriada, o corte sai horrível, fica com uma aparência ruim, nem dá vontade de comer depois. Mas os habilidosos açougueiros cortavam os pedaços com o peso desejado pelo freguês, com pouco erro. Tinham muito conhecimento do ofício. E os pedaços, embrulhados em folhas de papel "de embrulho", que estavam sobre o balcão. Nesses papéis era feito, a lápis, o cálculo da despesa, "de cabeça", pois não havia calculadoras disponíveis. E quase que sempre faltando uma das suas quatro pontas. É que aquela parte era usada para escrever o nome do freguês, o valor do gasto, e jogar na gaveta, quando ele não tinha caderneta. Para cobrar no fim do mês. E nem precisava de assinatura...A palavra valia! Muito!!!
Euclides Riquetti
11-04-2013
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Ao Meu Pai
Dias sem pássaros, noites sem estrelas
Dias de densas nuvens, o vento a volvê-las
Noites tão escuras, luar contido, ausente
Fazem dos meus sonhos futuro sem presente...
Dias de chuva forte, sem sol, sem luz no céu
Dias sem esperança, cinzento mausoléu
De alguém que foi distante, buscando seu destino
Tombando para sempre, subindo ao céu divino.
Conforto-me em saber que fez o bem na terra
Que pela sua bondade fará novos amigos
No céu que é manto azul, é flor da primavera
Verá, mais uma vez, seus entes tão queridos.
E entre dias sem lindas noites, noites sem dias lindos
Eu fico recordando, pensando nos já findos
Em que você se foi, naquele longo inverno
Buscando nova vida, buscando o Pai Eterno!
Euclides Riquetti
Composto em julho de 1993.
Dias de densas nuvens, o vento a volvê-las
Noites tão escuras, luar contido, ausente
Fazem dos meus sonhos futuro sem presente...
Dias de chuva forte, sem sol, sem luz no céu
Dias sem esperança, cinzento mausoléu
De alguém que foi distante, buscando seu destino
Tombando para sempre, subindo ao céu divino.
Conforto-me em saber que fez o bem na terra
Que pela sua bondade fará novos amigos
No céu que é manto azul, é flor da primavera
Verá, mais uma vez, seus entes tão queridos.
E entre dias sem lindas noites, noites sem dias lindos
Eu fico recordando, pensando nos já findos
Em que você se foi, naquele longo inverno
Buscando nova vida, buscando o Pai Eterno!
Euclides Riquetti
Composto em julho de 1993.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Nós, os novos donos de casa....
Nossas casas, hoje, por mais simples que sejam, são dotadas de muitos modernos equipamentos que facilitam a vida dos homens (e mulheres) que precisam executar os serviços do lar. Há muitas ofertas de máquinas automáticas, moderníssimas, até digitais para lavar roupas e louças. Há os poptanques, que ajudam com as roupas. Mas depois você precisa dar um belo de um complemento reesfregando-as no tanque. Os aspiradores de pó "turbo", fazem miséria com os carpetes. . Há rodos muito modernos e funcionais que prendem bem os panos e, com algumas manobras, você, amigo, faz sucesso na hora da limpeza dos pisos. E têm aqueles rodinhos bonitinhos, que você compra por menos que onze reais e ajudam muito para secar a pedra da pia da cozinha e até os vidros dos boxes dos banheiros.
Então, quando for planejar sua nova casa, pense muito bem no futuro que o espera. E, sabemos, o tempo passa muito rápido...
Nós, homens, cientes estamos de que o serviços da casa vão sobrar para nós, por isso temos que nos acostumar com a ideia e irmos nos adaptando, para que o impacto da "grande virada" não nos surpreenda, não nos deixe em apuros. É, temos que nos preocupar, sim!
E, agora, com a nova legislação aprovada, aquela que vai fazer com que sua auxiliar no lar tenha todos aqueles merecidos direitos, sua mulher vai fazer com que você assuma de vez a responsabilidade pela organização da cozinha, do quarto e do seu banheiro. E também da garagem. Da sala de ver TV. E das roupas.
Então, amigo, planejar bem é fundamental para o novo conceito de vida: Dispense pisos que dão muito trabalho para limpar. Coloque porcelanatos retificados e pisos de madeira laminada, conforme for de sua conveniência. Os primeiros, você limpa com panos umedecidos e os segundos, além desse primeiro procedimento (com pano levemente úmido), usando uma cera líquida de boa qualidade não precisam de mais nada. E para as calçadas externas, use piso esmaltado, mas que não derrape. E compre uma máquina "lava-a-jato" que diminui muito o seu serviço.
Outra dica importante é tirar os sapatos lá fora, logo ao descer do carro. Acho até que você devería ter um par de chinelos guardado sob o assento do carro para já adentrar à casa sem provocar danos e sujeiras. Também é de bom alvitre que compre comidas semipreparadas, precozidas, congeladas. Deixe no freezer e, ao sair de casa, pela manhã, passe para a geladeira. Se for no inverno, deixe sobre a pia, dentro de uma vasilha. Quando você voltar, em poucos minutos, no microondas ou no forno elétrico, terá seu almoço (seu e dela) ou jantar.
Eu sei que você gosta muito de roupas de puro algodão, preferencialmente com "fio100 egípcio". É, porque se for com um algodão qualquer, melhor pegar daquelas que têm pelo menos 45% de poliéster, que não amassam. E não precisará gastar muito de seu tempo passando-as. Também, na distribuição das TVs pela casa, já deixe uma defronte à mesa de passar roupas, porque ficar virando o pescoço para a TV para ver a novela, enquanto passa roupa, se pegar um ventinho misturado com o calor do ferro de passar, pode ficar com torcicolo.
Mas não se assuste, colega. A vida de "dono de casa" não é tão ruim. Você se acostuma, como se acostumou a pagar muitos impostos e muitos juros no seu cartão de crédito. E, certamente, você vai ficar muito atento com os preços das coisas, para que não se surpreenda na hora do supermercado.
Sabe aquela história de índice baixo de inflação? Não acredite muito nisso. Nem tudo o que dizem na TV é verdadeiro. As donas de casa sabem muito bem quantos produtos têm aumento nos preços muito maiores do que a inflação. Você já viu quanto custa uma lata de azeite? E o material de limpeza, o sabão em pó, o amaciante, o tira-manchas? Achou caro? Então, vá à quitanda ver o preço do tomate...
Euclides Riquetti
09-04-2013
Então, quando for planejar sua nova casa, pense muito bem no futuro que o espera. E, sabemos, o tempo passa muito rápido...
Nós, homens, cientes estamos de que o serviços da casa vão sobrar para nós, por isso temos que nos acostumar com a ideia e irmos nos adaptando, para que o impacto da "grande virada" não nos surpreenda, não nos deixe em apuros. É, temos que nos preocupar, sim!
E, agora, com a nova legislação aprovada, aquela que vai fazer com que sua auxiliar no lar tenha todos aqueles merecidos direitos, sua mulher vai fazer com que você assuma de vez a responsabilidade pela organização da cozinha, do quarto e do seu banheiro. E também da garagem. Da sala de ver TV. E das roupas.
Então, amigo, planejar bem é fundamental para o novo conceito de vida: Dispense pisos que dão muito trabalho para limpar. Coloque porcelanatos retificados e pisos de madeira laminada, conforme for de sua conveniência. Os primeiros, você limpa com panos umedecidos e os segundos, além desse primeiro procedimento (com pano levemente úmido), usando uma cera líquida de boa qualidade não precisam de mais nada. E para as calçadas externas, use piso esmaltado, mas que não derrape. E compre uma máquina "lava-a-jato" que diminui muito o seu serviço.
Outra dica importante é tirar os sapatos lá fora, logo ao descer do carro. Acho até que você devería ter um par de chinelos guardado sob o assento do carro para já adentrar à casa sem provocar danos e sujeiras. Também é de bom alvitre que compre comidas semipreparadas, precozidas, congeladas. Deixe no freezer e, ao sair de casa, pela manhã, passe para a geladeira. Se for no inverno, deixe sobre a pia, dentro de uma vasilha. Quando você voltar, em poucos minutos, no microondas ou no forno elétrico, terá seu almoço (seu e dela) ou jantar.
Eu sei que você gosta muito de roupas de puro algodão, preferencialmente com "fio100 egípcio". É, porque se for com um algodão qualquer, melhor pegar daquelas que têm pelo menos 45% de poliéster, que não amassam. E não precisará gastar muito de seu tempo passando-as. Também, na distribuição das TVs pela casa, já deixe uma defronte à mesa de passar roupas, porque ficar virando o pescoço para a TV para ver a novela, enquanto passa roupa, se pegar um ventinho misturado com o calor do ferro de passar, pode ficar com torcicolo.
Mas não se assuste, colega. A vida de "dono de casa" não é tão ruim. Você se acostuma, como se acostumou a pagar muitos impostos e muitos juros no seu cartão de crédito. E, certamente, você vai ficar muito atento com os preços das coisas, para que não se surpreenda na hora do supermercado.
Sabe aquela história de índice baixo de inflação? Não acredite muito nisso. Nem tudo o que dizem na TV é verdadeiro. As donas de casa sabem muito bem quantos produtos têm aumento nos preços muito maiores do que a inflação. Você já viu quanto custa uma lata de azeite? E o material de limpeza, o sabão em pó, o amaciante, o tira-manchas? Achou caro? Então, vá à quitanda ver o preço do tomate...
Euclides Riquetti
09-04-2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Oração ao Monge São João Maria
Nas plagas de Taquaruçu
Nas grutas do Vale do Peixe
Nos morros e planaltos do Sul
E onde que a memória deixe
Ou nas raízes do Iguaçu
Neste chão catarinense
Os revoltosos exclusos
Mexeram com as almas das gentes.
Cruzes espalhadas nos morros
As fontes benzidas das águas
Gemidos pedindo socorro
Corações cheios de mágoas
O velho do cajado e do gorro
Pés descalços e mãos calejadas
São João Maria do bom povo
Abençõe minhas simples palavras.
O manto de trapo que cobre
Um corpo esguio e indefeso
Esconde as origens de um nobre
Que tem por justiça o desejo
São João Maria a esses pobres
Dá tua bênção, teu conselho
Abençoa os caminhos em que corre
O rejeitado sertanejo.
Monge João Maria da oração
Olha pro céu anilado
Que tomou-me a casa e o pão
Que fez de mim um coitado
Dá alimento ao meu coração
Que anda nos caminhos jogado.
E, entre anjos e arcanjos
Nas imensidões de um além
Perdoa até mesmo os tiranos
Paz para eles também
São João Maria, Homem Santo
Homem que lutou pelo bem
Que reine a harmonia em todo o canto
E que Deus nos diga amém!
Euclides Riquetti
08-04-2013
Nas grutas do Vale do Peixe
Nos morros e planaltos do Sul
E onde que a memória deixe
Ou nas raízes do Iguaçu
Neste chão catarinense
Os revoltosos exclusos
Mexeram com as almas das gentes.
Cruzes espalhadas nos morros
As fontes benzidas das águas
Gemidos pedindo socorro
Corações cheios de mágoas
O velho do cajado e do gorro
Pés descalços e mãos calejadas
São João Maria do bom povo
Abençõe minhas simples palavras.
O manto de trapo que cobre
Um corpo esguio e indefeso
Esconde as origens de um nobre
Que tem por justiça o desejo
São João Maria a esses pobres
Dá tua bênção, teu conselho
Abençoa os caminhos em que corre
O rejeitado sertanejo.
Monge João Maria da oração
Olha pro céu anilado
Que tomou-me a casa e o pão
Que fez de mim um coitado
Dá alimento ao meu coração
Que anda nos caminhos jogado.
E, entre anjos e arcanjos
Nas imensidões de um além
Perdoa até mesmo os tiranos
Paz para eles também
São João Maria, Homem Santo
Homem que lutou pelo bem
Que reine a harmonia em todo o canto
E que Deus nos diga amém!
Euclides Riquetti
08-04-2013
domingo, 7 de abril de 2013
Revista "O Cruzeiro" e o "Amigo da Onça"
Ao final de 1928, quando se avizinhava a maior crise econômica que abalou a História, o Embaixador Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, lançou uma revista que pretendia que se tornasse a "revista de todos os brasileiros", que circulasse, semanalmente, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, em todos os municípios brasileiros. Chatô, como ficou conhecido, já era dono de alguns jornais diários nas principais cidades brasileiras. Jornalista por vocação e advogado, ingressou na Faculdade de Direito do Recife aos 15 anos. Adiante, o Rio e São Paulo passaram a ser o chão do paraibano.
O Grupo que ele liderava tinha muito conhecimento na área editorial impressa e, então, recrutou os "melhores dentre os melhores da época" para trabalhar na Revista, capitaneados por Davi Nasser. "O Cruzeiro" chegava às cidades por trem, ônibus, barcos, aeronaves, enfim, por todos os meios possíveis naquele tempo.
Quando criança, eu via nas bancas da Livraria Central, ali de nossa Rio Capinzal, a já famosa revista, que iciciou com 50.000 exemplares e que, quando do suicídio de Getúlio Vargas, atingiu 720.000, mantendo-se asssim doravante. Em 23 de outubro de 1943, passou a incluir um novo atrativo semanalmente, a charge mais famosa e mais comemorada da História, a do "Amigo da Onça".
Disputando o precioso espaço da revista, que trazia belas fotos de misses, cobrindo sempre com maestria os Concursos de Miss Brasil e de Miss Universo, a charge de humor, com aquele desenho de um cidadão magro, e com aquelas entradas brancas em meio ao cabelo escuro, que o cartunista Péricles Andrade criou, passou a fazer parte das expectativas dos leitores que, tão logo dispunham do exemplar na mão, iam direto buscar o "Amigo da Onça".
Mas a revista, muito moderna, nos trazia as notícias do mundo todo, colocava em suas páginas os políticos, os belos automóveis importados dos Estados Unidos e da Alemanha, o Carnaval Carioca, os prédios e viadutos das cidades, o Pão de Açúcar, e muitas outras atrações, em suas reportagens impecáveis e linguagem de fácil compreensão, tanto escrita quanto visual. Era determinado, tinha uma extraordinária visão empreendedora, e outorgava direitos e obrigações a seus colaboradores com facilidade. Tinha aliados e não empregados. Quando necessário, confrontava-se com autoridades que apoiara para chegar ao Poder. Não misturava jornalismo com amizade.
Adiante, passou a ter sérias concorrentes, com o lançamento de "Manchete" e de "Fatos e Fotos", que seguiam um formato muito parecido com o de sua criação. "O Cruzeiro" sobreviveu até 1975, teve uma vida de quase meio século, e a principal causa de seu desaparecimento foi que o grupo Diários Associados passou a priorizar mídia televisiva e radiofônica, inclusive com a criação das Rádio e Televisão Tupi, principalmente após a morte de Chatô. Uma pena, porque seus registros vieram, no século passado, mantendo preservados, de forma concreta, os principais acontecimentos do Brasil.
Admirador das artes, fundou o MASP, Museu de Arte de São Paulo. Em seus últimos anos de vida, datilografava seus textos com uma máquina de escrever adaptada, em razão de paraplegia ocacionada por uma trombose.
O legado maior que "O Cruzeiro" nos deixou foi a personagem "O Amigo da Onça". Em muitos escritórios, restaurantes, postos de gasolina e padarias, era normal ver recortes das charges que o incluíam fixadas na parede. A mim, a lembrança mais marcante é a de uma que o Barbeiro Alcides Spielmann tinha na parede da barbearia, ali no Ouro, em que a personagem estava cortanto barba e cabelo de um cliente e um cachorinho se colocava ali ao lado da cadeira. E o "Amigo da Onça" lhe dizia: "Calma, Totó, que vai sobrar uma orelhinha pra você também". Era mais ou menso isso a frase...
Nossa divertida figura tem seu nome, até hoje, aliado a situações em que alguém que parece amigo, constitui-se num misto de traidor e aproveitador: um amigo da onça! Parece, mas não é!
Euclides Riquetti
07-04-2013
O Grupo que ele liderava tinha muito conhecimento na área editorial impressa e, então, recrutou os "melhores dentre os melhores da época" para trabalhar na Revista, capitaneados por Davi Nasser. "O Cruzeiro" chegava às cidades por trem, ônibus, barcos, aeronaves, enfim, por todos os meios possíveis naquele tempo.
Quando criança, eu via nas bancas da Livraria Central, ali de nossa Rio Capinzal, a já famosa revista, que iciciou com 50.000 exemplares e que, quando do suicídio de Getúlio Vargas, atingiu 720.000, mantendo-se asssim doravante. Em 23 de outubro de 1943, passou a incluir um novo atrativo semanalmente, a charge mais famosa e mais comemorada da História, a do "Amigo da Onça".
Disputando o precioso espaço da revista, que trazia belas fotos de misses, cobrindo sempre com maestria os Concursos de Miss Brasil e de Miss Universo, a charge de humor, com aquele desenho de um cidadão magro, e com aquelas entradas brancas em meio ao cabelo escuro, que o cartunista Péricles Andrade criou, passou a fazer parte das expectativas dos leitores que, tão logo dispunham do exemplar na mão, iam direto buscar o "Amigo da Onça".
Mas a revista, muito moderna, nos trazia as notícias do mundo todo, colocava em suas páginas os políticos, os belos automóveis importados dos Estados Unidos e da Alemanha, o Carnaval Carioca, os prédios e viadutos das cidades, o Pão de Açúcar, e muitas outras atrações, em suas reportagens impecáveis e linguagem de fácil compreensão, tanto escrita quanto visual. Era determinado, tinha uma extraordinária visão empreendedora, e outorgava direitos e obrigações a seus colaboradores com facilidade. Tinha aliados e não empregados. Quando necessário, confrontava-se com autoridades que apoiara para chegar ao Poder. Não misturava jornalismo com amizade.
Adiante, passou a ter sérias concorrentes, com o lançamento de "Manchete" e de "Fatos e Fotos", que seguiam um formato muito parecido com o de sua criação. "O Cruzeiro" sobreviveu até 1975, teve uma vida de quase meio século, e a principal causa de seu desaparecimento foi que o grupo Diários Associados passou a priorizar mídia televisiva e radiofônica, inclusive com a criação das Rádio e Televisão Tupi, principalmente após a morte de Chatô. Uma pena, porque seus registros vieram, no século passado, mantendo preservados, de forma concreta, os principais acontecimentos do Brasil.
Admirador das artes, fundou o MASP, Museu de Arte de São Paulo. Em seus últimos anos de vida, datilografava seus textos com uma máquina de escrever adaptada, em razão de paraplegia ocacionada por uma trombose.
O legado maior que "O Cruzeiro" nos deixou foi a personagem "O Amigo da Onça". Em muitos escritórios, restaurantes, postos de gasolina e padarias, era normal ver recortes das charges que o incluíam fixadas na parede. A mim, a lembrança mais marcante é a de uma que o Barbeiro Alcides Spielmann tinha na parede da barbearia, ali no Ouro, em que a personagem estava cortanto barba e cabelo de um cliente e um cachorinho se colocava ali ao lado da cadeira. E o "Amigo da Onça" lhe dizia: "Calma, Totó, que vai sobrar uma orelhinha pra você também". Era mais ou menso isso a frase...
Nossa divertida figura tem seu nome, até hoje, aliado a situações em que alguém que parece amigo, constitui-se num misto de traidor e aproveitador: um amigo da onça! Parece, mas não é!
Euclides Riquetti
07-04-2013
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