sábado, 29 de janeiro de 2022

Sem camisa...

 




Sonhei que te abraçava
Sem camisa
E que te beijávamos
Eu e a brisa...
Era nosso encontro
Com todo o frenesi
Um momento muito santo
Que eu curti
Junto de ti
Ao teu lado
Lábios bem beijados
Corpo bem colado.

Sonhei que te carregava
Nos meus braços
E que eu te namorava
Flutuando no espaço
Éramos apenas nós dois.
Porque houve um antes, um agora
Há em toda a hora
E haverá um depois.

Sim, mas em meus planos
Sem nenhum engano
Som um mais um
E obtenho um "nós dois"

Se sonhar é bem legal
Verdadeiro como o infinito
Vou te ver em meu sonho matinal
Que será muito bonito
E quererei te beijar
Eu e a brisa
E, de novo te abraçar
Sem camisa!

Euclides Riquetti

Encosta seu rosto em meu peito e sinta

 


 


Encosta seu rosto no meu peito e sinta

Veja o ritmo com que ele está pulsando

Sinta as cores deste  meu mundo cinza

Com suas variantes em preto e branco...


Parece que o universo roubou as cores

Levou-as para espalhar na via-láctea

Coloriu com elas os jardins e as flores

E sobrei assim, só eu e minhas mágoas.


Não posso ficar sem o que me inspira

Nem me tornar um poeta desanimado

Se por meus poemas você me admira

Pelo seus olhos me sinto apaixonado.


Pois que me devolva as cores tomadas

Para eu poder colorir sonhos e escritos

E possa adornar as palavras empregadas

E compor-te poemas gráceis e bonitos.


Euclides Riquetti

Foi tão bom reencontrar-te

 



Foi tão bom reencontrar-te

Depois de muito te procurar

Na tarde de chuva, de mate

Já estava a me preocupar!


Choveu na noite e na manhã

Choveu na tarde alvissareira

Até o aroma da doce da romã

Sumiu, foi cheirar cidreira.


Depois de intensa procura

Encontrei-te numa ladeira

Na tarde e noite já  escura.


Foi grande alegria te rever

Depois de uma tarde inteira

Bem agora ao anoitecer!


Euclides Riquetti

29-01-2022







Com açúcar ou adoçante?







Quero um beijo melecado

Com açúcar ou adoçante

Beijo ardentemente beijado

Deliciosamente estonteante.


Quero um beijo demorado

Daqueles de me faltar o ar

Beijo dado, beijo roubado

Aquele que me faz flutuar.


Quero em beijo qual me deu

Para eu nunca mais esquecer

Um beijo que seja meu e seu

Para sentir enquanto eu viver.


Euclides Riquetti

O Reencontro de Jair Rodrigues com Simonal e Elis Regina = coisas lá do céu! - relembrando...

 




          O Jair Rodrigues também foi pro céu. Não é lá o lugar de destino de quem vai embora depois de ter feito o bem e de ter alegrado tanta gente? Chegou com o violão embaixo do braço, de terno escuro, camisa branca, gravata escura, distribuindo sorrisos. Saiu de Cotia no meio da manhã, foi levando seu sorriso jovial e alegre, uma sacolada de alegria. Nem deu tempo pra se despedir dos amigos. Difícil imaginar que alguém pudesse ir embora assim, de repente, sem se despedir de ninguém...  Foi recebido pelo Wilson Simonal. Nas décadas de 1960 e 1970 fizeram muito sucesso cá na terra. O Simona com seu Patropi. O Sr. Rodrigues chegou com seu sorriso largo, com sua voz rouca e bem característica, e foi disparando: "Prepare o seu coração... pras coisas que eu vou contar... eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão... e posso não lhe agradar!!!
         
          O coração do Simonal quase que parou de novo. Era muita emoção. O Simoninha chorou muito a partida do Jajá, deu pra ver no Jornal Nacional. O Velho Simona veio, rápido, ao encontro do amigão e foi um abraço que teve hora para começar e não para terminar, fervoroso! Depois Simonal ensaiou uns passinhos e lascou: "Moro... num patropi...!" E os dois começaram a dançar, pareciam duas crianças. Foi emocionante o reencontro. Relembraram de muitas passagens de sua vida, dos festivais, do Geraldo Vandré, do Chico Buarque, do Ronie Von, do Roberto Leal,  de muitos outros.

          "Jajá, vem mais aqui que quero te apresentar a um amigo. Este, conheci quando aqui cheguei, já estava morando na Estância de São Pedro..." E chamou um rapaz bem apessoado, o Tchule. Era assim que era conhecido o José dos Anjos, que foi baterista dos "Fraudsom", lá em Capinzal. O Tchule também foi habilidoso jogador de bola, esteve no Arabutã e no Vasco, lá na sua terra natal. Também foi zagueiro no Grêmio Lírio, no Zortéa!

          O Tchule se achegou, tinha  um papel branco da cor de seus dentes na mão morena, uma caneta Bic, sorriu muito e pediu um autógrafo. E o Jajá: "Vem cá, Negão!, vamos ser grandes parceiros aqui! Nem se preocupe, teremos muito tempo para autógrafos. E mais, vou te dar um bolachão, um dos primeiros LPs meus.  E os dois abraçaram-se, afetuosamente, fã e ídolo, agora companheiros na mais nova jornada, a da Vida Eterna.

             Jair Rodrigues começou a fazer sucesso em 1964, e foi  o primeiro cantor brasileiro a superar a venda de 1.000.000 de discos. Ganhou  muitos prêmios. A vida toda com a agenda cheia, e ainda a atenção necessárias aos filhos Jairzinho e Luciana, também cantores. Ele e a esposa Claudine Mello sempre fizeram o melhor pelos filhos.

            Simona e Tchule ajudaram levando a sacola e o violão, foram para o Departamento dos Sambistas, que se situa ao lado direito da estrada dos músicos, após o Departamento de MPB. Deste,  vinha uma melodia suave e uma voz cheia de ternura, bem familiar, bem  conhecida... Abriu-se  uma cortina de uma porta,  branca, cujos marcos eram adornados com véus dourados. Olhou,  discretamente,  e ouviu: "Os sonhos mais lindos, sonhei...!"  Nem parecia acreditar, era ela que estava lá, que veio com seu cabelo curto, jeito moleque, sorrisão, braços abertos, pronta para saudar o antigo companheiro de atuação na TV Record: Elis Regina!

          É impossível descrever os minutos que se seguiram. Apenas se ouvia um coro de aplausos que saíam das mãos enternecidas de milhares de anjos vestidos de branco, que aplaudiam o grande reencontro: Jair e Elis, agora, vão alegrar o céu.

Euclides Riquetti
08-04-2014

O vento sutil que afaga o rosto

 





O vento sutil que afaga o rosto
 
Afaga-me o rosto o vento sutil
Acaricia-me com a maciez de suas mãos delicadas
Beija-me com os aromas das flores encantadas
A suavidade da manhã primaveril
E vem nutrir de amor minha alma esperançada.

Inunda-me de desejo o pensamento que devaneia
E que me leva até a fonte que me inspira
Sob os acordes da sedutora lira
Que a harmonia pelos ares  e espaços semeia
Atiça o fervor de um coração que  delira.

Doce musa que provoca o acanhado poeta
Que lhe desperta os sentimentos  já esquecidos
Que remete aos momentos eternecidos
E agiganta os instintos na hora mais incerta
Vem, vem  animar os meus instintos adormecidos
Vem!!!


Euclides Riquetti

Pelos oceanos da paixão



Viva, intensamente, todos  os  seus momentos
Viva a alegria, muito mais  com  seu coração
Dê asas a todos os seus melhores sentimentos
Navegue, sutilmente, pelos oceanos da paixão.

Viva, porque viver é uma bênção divina e cara
Porque viver é o grande dom que Deus nos dá
Porque viver  é nossa joia mais preciosa e rara
É o nosso pão e o vinho, é nosso melhor  maná.

Viver em harmonia, entregar-se e receber amor
Andar com pés descalços nas areias ou na relva
Render-lhe, com toda a devoção, o devido valor.

Cuidar para que ela jamais venha a ser abalada
Pelos infortúnios advindos desta impiedosa selva
Viver pelo amor, para amar, viver para a amada!

Euclides Riquetti

Quando o sol redesenhou o céu

 





Quando o sol redesenhou o céu ao fim daquele dia
E matizou em cores quentes o horizonte ondulado
Revivi emoções ternas que há muito eu não sentia
Parecia que eu contemplava um santuário sagrado.

Veja quão bela é a nossa natureza santa e colossal
Os quadros que ela pinta através das mãos divinas
Quando  a harmonia se dispõe,  levemente natural
Quando as perdizes se acocoram pelas campinas...

Descubra meus versos por entre todo esse cenário
Retire de cada um deles a mensagem que quiser
Guarde para você os meus poemas num sacrário.

E, depois de saborear todo o meu carinho  sincero
Venha até mim para me dizer que você me quer
Traga-me todo o seu ser, seu amor puro eu espero!

Euclides Riquetti

Canção do som do mar

 


 


 

Ao cantar esta canção
Me lembro, com emoção
Da praaaaia!...

Foi lá que eu te conheci
Me encantei quando te vi
Na praaaaia!...

Encontrei-te junto ao mar
Com a  areia a te queimar
Da praaaaia!...

/Hoje eu canto esta canção/Que me traz tanta emoção/
Ao lembrar o som do mar/Ao lembrar o som do mar... do mar!/
(duas vezes)

Foi amor, foi alegria
Foi amor naquele dia
Na praaaaia!...

Eu me lembro bem feliz
Do ceú claro, azul aniz
Da praaaaia!...

Na verdade eu nunca tinha
Visto algo tão bonito
Na praaaaia!...

/Hoje eu canto esta canção/Que me traz tanta emoção/
Ao lembrar o som do mar/Ao lembrar o som do mar... do mar!/
(duas vezes)

Foi  minha vez primeira
A pisar naquela areia
Da praaaaia!...

Não me deste o telefone
Mas escreveste teu nome
Na areeeeia!...

Até hoje te procuro
Seja claro, seja escuro
Na areeeeia!...

/E hoje eu canto esta canção/Que me traz tanta emoção/
Ao lembrar o som do mar/Ao lembrar o som do mar... do mar!/
(duas vezes)
 
Euclides Riquetti
 

De mãos e de braços dados com seu sorriso

 




Dize-me que me amas e eu direi que te amo
Dize-me que me queres e eu direi que te quero
Dize-me que precisas de mim e direi que preciso de ti
Porque, na noite longa,  eu te procuro e te chamo
No dia claro eu te busco  e com saudades te espero
Adoro quando vibras, quando, alegre, me sorris!

Dize-me que não há espaço para as lamentações
E que em cada novo dia esperas por mais uma vitória
Dize-me que nossas almas e nossos corações
Já têm um caminho juntos, compartilham uma história
Dize-me que nossos caminhos levam-nos sempre a um lugar
Onde possamos nos termos e nosso desejo saciar.

E, se tudo o que desejarmos se tornar verdadeiro
Se nossos sonhos puderem  ser compartilhados
Se nos pudermos entregar  um ao outro por inteiro
E nossos ideais puderem,  sempre,  serem alcançados
Viveremos ainda dias muito animados e prazenteiros
E caminharemos  juntos, de mãos e de braços dados.

Euclides Riquetti

Como uma abelhinha

 






Como uma abelhinha, pousas de flor em flor
Buscas sugar o néctar doce e labial
E, sobrevoando este mundo de luz e cor
Ajudas - me  a pintar um quadro real.

Como uma andorinha, sobrevoas os confins
E vais  fazer  teu ninho sob meu  telhado
Com raminhos colhidos em todos os jardins
Singeleza a brotar num pequeno ser alado.

E, como uma princesa, uma  fada madrinha
Vais semeando estelas em todos os lugares
Com o acenar suave  de tua mágica varinha.

Vais, até que volte ao fim da tarde a brisa
Bailando nas nuvens brancas de meus ares.
Reanimando minha alma que de ti precisa.

Euclides Riquetti

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Em um dia de verão

 



Uma noite fria, após dias de calor intenso

Alegria, alegria! Para o corpo, calmaria!

Para a alma, tranquilidade e muito alento.


Depois de tanto desconforto, volta o prazer 

O ar fresco invade as casas, volta a euforia

Volta-nos a normalidade, a vontade de viver.


Esperar por um amanhã suave, doce, terno

Pelo cantar do passaredo com sua harmonia

Em um dia de verão, sentir o frio do inverno.


Euclides Riquetti

28-01-2022







Mimosa...prenda gaúcha!

 






Mimosa potranca buenaça
Baita chinoca, macanuda, conservada
Tu me levas a afundar-me na cachaça
Mimosa potranca buenaça.

Tu que jogas no meu corpo o vil cansaço
Tu que espantas a tristeza do galpão
Espreitas o manejo de meu laço
Mas recusas entregar-me o coração.

Tu bem sabes que és a dona do pedaço
Sabes ser de qualquer taura a perdição
Teu olhar reprovador é um talagaço
Fere mais do que o tapa de tua mão.

Gauchona pra ti olho e te tenteio
Gauchona olha pra mim, deixa de estória
Vem me abraçar, vem pra mim sem mais rodeio
Vem me querer, ou te pego qua gibóia.

Sou um cabra atucanado e provocado
Pelos olhos da gaúcha mui viçosa
Essa potranca vai levar todo o meu gado
Vai me deixar coçando a pança essa mimosa.

Vai embora, vai mulher de tentação
Vai te  fartar com outro trouxa que não eu
Suma, te percas na cinzenta imensidão
Deixa que a paz venha seivar meu coração.


Euclides Riquetti

O que seria das rosas, se todos gostassem de girassóis?

 




 


 
         O Sr. Girassol estava resplandecente no mês de maio. Olhava, alegre, para todos os passantes, de todas as idades, credos...  Reinava, garboso e absoluto em seu reduto, um verdadeiro "dono do pedaço". O veranico o deixara forte, saudável, belo e formoso. Energia trazida pelas raízes que sugavam a água e os fertilizantes da terra. Energia oferecida pelos intensos raios solares em tempos de outono quente. Ninguém ousaria desafiar sua Majestade. Majestoso, sim, orgulhoso por demais, respeitado pelas flores e pelos fiores.

          Dona Rosa, tímida, acanhada, tivera abalos constantes desde abril. Ora o calor da atmosfera abafada, ora o frio ameaçador, as turbulências outonais. A inconstância climática, ameaçadora. O maio prazenteiro, festivo, dócil, não fora suficiente para atribuir-se a sensação de ânimo de que tanto precisava. Dona Rosa,  que já se travestiu de amarela, branca, lilás, azul, champanhe, rosa, pink, bordô, decidiu que seria vermelha. Vermelha escarlate, vermelha como lábios de morango, como faces de cereja. Vermelha!

          Girassol, sempre soberbo e acostumado a ser o centro das atenções, estava preocupado. Junho lhe seria perverso, certamente. Sem espinhos para defendê-lo,  não adaptado ao frio sulino, corria sérios riscos. E seu ciclo, curto, não lhe garantia sobrevida. Foi aconselhar-se com algumas florinhas pouco significantes que se avizinhavam. Havia beijos, dentre elas. Bonitas, mas frágeis. Sua insignificância contava pelo pouco poder de resistência, não por lhes faltarem charme e beleza. Tentavam consolá-lo com palavras animadoras e otimistas: "Olha, amigo, você  esteve ali, majestoso e poderoso ( e mais todos os outros "osos" que existem), enquanto que a Comadre Rosa aguentava, mesmo frágil, todas as ações das intempéries". Você não tem nada a fazer. Deixe que o colham e que as sementes que caírem por aí se transformem numa nova planta...

          E veio o junho dos namorados, de Santo Antônio, de São João, de São Pedro, dos folguedos juninos, das muitas calorias e dos  poucos exercícios. Ficou para trás o maio das noivas e das mães. Dona Rosa, reenergizada, veio com  tudo. Encantou, deslumbrou, sorriu, Viu-se, novamente, princesa. Uma princesa que também nos deixará energizados, encantados,  felizes e sorridentes, enquanto o amigo feneceu e boa parte de suas sementes misturaram-se à terra. Ficarão em dormência, esperando por uma boa temporada para que se transformem, novamente, em belíssimos girassóis. Muitos deles...

E penso: O que seria das rosas se todos gostassem dos girassóis?


Euclides Riquetti

Perdas

 


Perdas são sempre sentidas
Ensejam  as saudades
Aguçam a sensibilidade
Ferem os corações e as almas doridas...

As perdas dilaceram os ânimos
E mutilam os pensamentos
Fazem a mente viajar pelo tempo
Perder-se em dias, meses e anos...

As perdas deixam marcas que não se apagam
Que ficam conosco eternamente
E que nos destroem  lentamente.

As perdas acontecem e as vidas passam
Fica a dor a matar quem já tanto sofreu
Fica o tempo a lembrar-nos de quem se perdeu...

Euclides Riquetti

Nós podemos melhorar o mundo

 



Nós podemos melhorar o mundo

Eu e você!

Melhorar o nosso  sol, nosso planeta rotundo

Eu e você!


Nós podemos agir com bom senso

E fazer com que o universo imenso

Também possa melhorar!


Mas, para isso, é preciso cuidar das plantas

Desde a hora em que você levanta

Desde cedo começar!


Cuidar delas e dos animais

Não os maltratar jamais

E sobretudo das pessoas...


Nós podemos melhorar a vida

Não apenas a nossa

Mas tudo o que se possa...


Plantar cravos, rosas, margaridas

Gérberas, beijos e jasmins

E colorir com flores os nosssos jardins!


Às pessoas frágeis estender a mão

Dar-lhes suporte afetivo

Abrandar seu coração!


E, pra você, de quem também preciso

Oferecer-lhe-ei meu ombro amigo

E a firmeza sólida  de um chão!


Euclides Riquetti

28-01-2022








A Verdade Sem Curvas

 



Busca incessante a verdade
Procura encontrá-la  com todos os meios
Não te amedrontes, não tenhas receios
Nem te intimides pelas dificuldades.

Um sábio ancião sempre me dizia
Que a verdade não tem curvas
Que mesmo nas águas turvas
A verdade sempre viria.

E, mesmo que tu tenhas as tuas
E que os outros também as tenham
As verdades se redesenham
As verdades nuas e cruas.

Não duvides do que diria
Alguém que viveu por muitos anos
Que até pode cometer enganos
Mas tem em si a sabedoria.

E quando a velhice chegar
Com muitos anos na memória
Tu também terás tua história
E terás o que nos contar...

Euclides Riquetti

Pendure Atrás do Fogão

 



          O fogão a lenha ainda é um equipamento de cozinha indispensável nas casas das pessoas que hoje estão na condição de semi-idosas ou já inclusas. Principalmente nas de quem não reside em apartamentos.

          Os fogões, aqueles esmaltados brancos com estampas de flores bem coloridas, bem tradicionais, das margas Geral, Marumby, Wallig ou Venax,   estiveram presentes na história de nossas famílias. Deles, tenho belas lembranças, principalmente da casa de minha madrinha Raquel, no Leãozinho, ou da Nona Baretta, na Linha Bonita, em minha casa e nas das tias, no antigo Rio Capinzal. As panelas grandes, de alumínio, fervendo o leite, ou no preparo do arroz quebradinho ou da macarronada. As de ferro,  para o cozimento do feijão e  as carnes. A polenteira, pesada, presente também. Algumas famílias tinham uma composição tão numerosa que precisavam de duas dessas polentas no almoço para saciar a fome após a lida da manhã. Os queijos, os salames, as copas, as bacias de saladas, principalmente os radicci.

          Um grande caixão para a lenha, com tampa, situado atrás do fogão, onde as crianças gostavam de ficar para menterem-se aquecidas nas frientas manhã de nossos invernos. Era disputado, mas os pais o reservavam sempre para os mais pequenos. E, de vez em quando, um susto, quando o vapor da água elevava a tampa da panela e, em gotas caía sobre a chapa muitas vezes avermelhadas pelo calor...

          Minha mãe conservou um até o final de sua vida. Nós, aqui em casa, também tivemos o nosso, mas já abolido desde que as crianças cresceram.  Porém, o que me faz retornar a ele não é a sua utilidade como o principal componente da cozinha, em tempos que as pessoas não tinham geladeiras e nem fogões a gás.

          Lembro dos arames esticados atrás dos fogões, fixados com pregos na parede angular, de madeira. E ali penduravam os uniformes para que secassem e as crianças pudessem ir para a escola devidamente paramentadas. Outras vezes, punham dois peçados de lenha no forninho e sobre eles um par de calçados, para que secasse e no outro dia pudessem ser usados...

          E há até lembranças que me fazem rir: uma vez minha irmã Iradi, professora na escola em Linha Pocinhos, colocou uma gravura de uma cozinha no quadro-negro. Estava ensinando  os alunos a fazerem uma descrição. E, uma aluninha, hoje uma respeitável senhora, escreveu: "Atrás da bunda da moça tem o fogão". Nada mal se os malandros não tivessem apelidado de "fogão" o traseiro dos homens.

         Também  histórias muito tristes foram protagonizadas diante desse histórico equipamento, com pessoas levando queimaduras que as marcaramou que lhes tiraram a vida...

         O fogão a lenha é um objeto que está caindo em desuso, gradativamente. Mas há muita gente herdando o costume de tê-lo e vão continuar utilizando-o. Alguns já substituíram a lenha por um dispositivo a gás que aquece a chapa. Mas, aquele brilho saindo da porta do fogão, ou aquele cheirinho da cinza da gavetinha sob a grade da combustão das lenhas, nunca será esquecido.

         Não importava para as crianças se suas roupas ficassem impregnadas de odores de fumaça ou de frituras.  Quem ligava para isso? O importante era não passar frio e no outro dia ir para a escola de uniforme e com calçados secos. Além disso, no inverso, tomar mate doce e comer aquele pinhão delicioso cozido sobre a chapa aquecida. E, todos sabemos, a comida que a mamãe ou a nona fizeram nos fogão a lenha era muito mais gostosa, não era?

          E o seu, era de que marca? De que cor? Tinha flores estampadas? Como era o caixão da lenha? Qual a marca: Geral? Marumby? Wallig? Venax?

          Você pode ter esquecido da marca, mas não esqueceu, certamente, das roupas penduradas atrás dele...

Euclides Riquetti
30-03-2013

Voa, pensamento



Sagaz inspiradora de palavras e  versos
Mergulha-se  em devaneios e ilusão
Escravos pensamentos estão despertos
Companheiros na  sua solidão.

Olhos castanhos/negros  que  censuram
As palavras nos seus lábios pronunciadas
As mãos graciosas outras mãos seguram
O sonho que rouba as  madrugadas.

Vaga pisoteando pedras entre a verde relva
Vaga sem cuidados, sem limites, sem reservas.
Entre sucessos, tropeços  e conquistas.

Voa o pensamento entre as nuvens alvas
Voa no firmamento sua dileta alma
Equanto a névoa lhe embaraça as vistas.

Euclides Riquetti

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Pensei em te escrever uma bela canção

 




Pensei em te escrever
Uma bela canção:
Propor  algo diferente
Romântico, certamente.
Falar de sentir e viver
Falar de amor e paixão.

Pensei em te compor
Um poema,  ou um repente...
Ou, quem sabe um soneto apurado
Escrito com carinho e cuidado
Falando de flor e de amor
Pra te deixar feliz...  e contente!

Pensei em te declarar
Seja em verso, seja em prosa
Ou num bilhete mal escrito
Com um recado bem restrito:
Que em meu coração há lugar
Pra ti, mulher  misteriosa.

Pensei, analisei
Mas não encontrei o poema pefeito.

Então,  só me restou escrever
Escrever versos comuns, com defeitos.
Os piores, deletei
Os razoáveis, editei
E agora... publiquei!!!

Euclides Riquetti

Rememorando - Otavino Cesca - um grande homem - um líder autêntico!

 


                                                        Ricardo - Lurdes - Taíse - Marieli 

Rememorando Otavino Cesca - um grande homem - um líder autêntico!

       Era uma tarde quente, pleno veranico de maio - 24 de maio de 1991 três décadas atrás. Eu estava em meu gabinete de Prefeito Municipal, em Ouro, quando entrou uma ligação do amigo e ex-aluno Ivan Fernande Vitorazzi. A notícia que chegava era trágica: um acidente de trabalho, tirara a vida de um amigo em comum, Otavino Cesca, morador de Serra Alta, Ouro, poucos quilometros da sede do distrito de Santa Lúcia.E, além do baque sentido, havia uma missão árdua a cumprir: avisar a filha de Otavino, Ivone, casada com Pedro Casagrande, morador dos altos da Rua Presidente Kennedy, de que seu amado pai falecera! Estava afiando uma ferramenta, quando a pedra de afiar de um esmeril movido a motor elétrico  espatifou-se com o atrito, e foi atingir o coração do amigo:uma explosão fatal!

       Avisei meus colaboradores imediatos, tomei o rumo da casa do Pedro, filho do Ferdinando Casagranda. Uns três minutos e eu estava lá. Estacionei a Parati preta na estradinha de entrada, fui-me achegando, a Ivone me atendeu, disse-lhe que precisava falar com o marido dela, o Pedro. Ela estava grávida (do filho Ricardo) e eu não sabia como lhe relatar. Conduziu-me até o chiquierão, onde ele lidava com os animais ali alojados. Cumprimentei-o, fui inventando conversas, perguntando sobre o plantel de suínos,  queria falar com ele a sós. Eu me movimetava de um lado para outro, tentava lhe fazer sinais de que eu queria lhe passar um recado muito triste, ele não percebia. Mas a Ivone parecia sentir que algo havia acontecido, eu não era de ficar enrolando, eu costumava ir direto ao assunto quando tinha algo a dizer aos meus minícipes.

       Imagino que tenham sido mais de dez minutos de tentativas de afastá-lo dela, sem sucesso. Então, decido-me por abrir o jogo, falar-lhes sobre o que tinha acontecido, mas faltava-me a coragem, pois entendia que o impacto sobre a filha do Otavino seria muito grande. Mas falei:  - "Recebi um telefonema do Ivan Vitorazzi e ele me disse que aconteceu um acidente com o Otavino e que era para subirem até a propriedade deles na Serra Alta. Preparem-se que eu mesmo levo vocês até lá!" Expliquei sobre  a explosão da pedra do esmeril, que atingira o peito do pai dela. Não falaram mais nada, apressaram-se e logo estávamos na estrada. Eu puxava assuntos diversos, o Pedro conversava comigo e a Ivone calada. Entendera que, se ele tivesse sobrevivido, estaria no hospital e não em casa...

       Lembro-me de que um dos assuntos que entabulei foi o de que eu vendera um Chevette para o Cesca, recebera três vacas no negócio, uma Gir, uma Holandesa e uma Jérsey, mais um dinheiro. O Jardino Viel fora procurado por eles, que queriam um carro, e veio em minha casa ver se eu tinha interesse em vender, fomos na fazenda, conversamos com o Otavino e seu filho, e eu aceitei a proposta dele. Não precisávamos de nenhum contrato, pois ele era um homem bem sucedido e honrado, merecedor de toda aconfiança. Na época em que poucas pessoas se preocupavam em preservar a natureza, ele possuía reservas florestais nativas e reflorestamentos com pinus e eucaliptus, além de lago grande para criação de peixes. Trator novo no galpão, todos os implementos agrícolas de que precisava, tudo muito organizado. Eu ia imaginando um jeito de manter a conversa com o Pedro e via, pelo retrovisor, que ela estava calada....

       Depois lhes falei que estivera algumas vezes na casa de seus pais. Na minha campanha a Prefeito, em 1988, comi pão com mel oferecido pela Dona Lurdes. Uma fatia grande, pão feito em forma grande, forno colonial. Café com leite generoso, adoçado com açúcar mascavo... De outra feita, jantei lá com o Deputado Estadual Zezo Pedroso, que buscava sua reeleição, projeto em que foi exitoso. Pedroso era grande agropecuarista com fazenda em Erval Velho, cooperatisvista,  e muito amigo de Cesca. Na estrada, ele me dissera que o Otavino era o líder cooperativista mais qualificado de nossa região, era respeitado pelos seus liderados, uma pesssoa séria e honesta, com muita credibilidade. Eu comungava do mesmo pensamento que o Deputado, pois bem conhecia o Otavino Cesca, forte e organizado produtor. Milho, soja, trigo, feijão, erva-mate, pastagens e toda a sorte de animais povoavam sua propriedade. 

       Seguimos por Nossa Senhora da Saúde, Novo Porto Alegre, Leãozinho e chegamos perto da Capela da Serra Alta, ali onde hoje se situa a Associação Nova Concórdia, sede da Academia para a Ciência Futura. Na encruzilhada, tomamos a esquerda, passamos pelo campo de futebol, pela propriedade do Frigo e chegamos à casa, onde lá estava a esposa de Otavino, Dona Lurdes (Simioni), e filho Tranquilo, que chamavam de Níni. O desespero tomou conta da Ivone, que abraçou seus familiares. Havia já, lá,  dezenas de carros de pessoas conhecidas. No dia seguinte, o sepultamento, a tristeza e o luto presentes na família, nos vizinhos e nas redondezas. 

       Os filhos de Ivone e Pedro, Taíse, Ricardo e Marieli são o orgulho da família. Pedro e Ivone moram  na mesma propriedade, agora já rodeada pelos novos loteamentos implantados, mas sem perder as características convencionais dos Casagranda/Casagrande. 

        Recentemente, encontrei Dona Ivone e o Pedro no Marcado RA Masson, em Ouro. Todos de máscara, não os reconheci, inicialmente. Ela me reconheceu pela voz, disse-me quem era, o Pedro veio e participou, relembramos um pouco daquela data trágica: 24 de maio de 1991. Era meu terceiro ano de meu mandato de prefeito. Acho que foi a tarefa mais difícil, a situação mais difícil que tive que enfrentar. Hoje, guardo saudosamente as lembranças com carinho, tenho apreço por todos eles.

       E, em minha mente, volta-me a imagem daquele senhor, magro, alto, olhos azuis que pareciam duas pérolas, cabelos iniciando um leve prateado, uma pessoa generosa e de grande coração. Emociono-me em lembrar dele, uma grande homem, um bom esposo e exemplar pai de família, Que seu nome fique, através de minha crônica, gravado para a História. É o mínimo que posso fazer por ele!

Euclides Riquetti

27-01-2022


       


Fadas com mãos mágicas

 


 

                                                (imagem ilustrativa)

Fadas com mãos mágicas (Soneto para Daniela e Gabriela) 


Dois seres, com suas mãos mágicas

Com toda sua habilidade e destreza

Salvam-me de uma situação trágica

Guiadas pela ciência e pela sutileza.


Duas belas fadas com mãos jeitosas

Dois anjos surgidos em meu caminho

Duas jovens moças muito corajosas 

Domam um leão bravo, com jeitinho!


Obrigado, persistente e gentil Daniela!

Agradeço-lhe, menina moça, Gabriela

Vocês me salvaram na tarde chuvosa!


Não vou rimar tesouras com parafusos

Ah, seria banal e eu, o paciente confuso

Ali na cadeira branca, na sala charmosa!


Euclides Riquetti

27-01-2022






Em vim do mar

 



Eu vim do mar

Vim te encontrar

Na solidão...

Eu vim do mar

Vim te trazer

Minha canção!


Eu vim do mar

Pra te cantar

Esta canção...


Eu vim do mar

Vim de trazer

Minha paixão!


Eu vim do mar

Eu fui nadar

Com emoção...


Eu vim do mar

Vim reviver

Nossa ilusão!


Agora espero

Eu muito quero

Poder abraçar...


Sentir teu peito

Ver do que é feito

O teu coração!


Euclides Riquetti

27-02-2022








Ame

 



Ame!
Perca-se, perdidamente
Entregue-se totalmente...

Derrube normas, regras e conceitos
Mostre suas virtudes e defeitos
Suas inquietudes, suas atitudes
E ame!

Dispa-se vivamente
Desnude-se completamente
Esqueça os que se importam com seus jeitos
E aplauda quem rejeita preconceitos:
Ame!

Jamais esconda seu olhar apaixonado
Não disfarce os seus  sentimentos
Em nenhuns  momentos
Apenas cuide daquele amor
Que a procura esperançado...

Quebre comportamentos
Rompa o silêncio
Mergulhe nos prazeres que lhe fazem bem
Ame, com suas forças, limites ou cansaços
Com seus lábios, com sua alma e seus abraços
Mas ame!

Ame nos dias de sol e nas noites estreladas
Naquelas que exaltei em prosa e verso
Nos dias de chuva e nas tardes acaloradas
Ame tudo o que existe no Universo:

Ame!

Euclides Celito Riquetti 

Visite o Blog do Riquetti

Eu quero ser teu sol

 



Eu quero ser teu sol
Morenar teu corpo levemente
Dourar teus cabelos  infinitamente
Eu, apenas eu, teu sol...

Eu quero ser teu sol
Beijar teus lábios docemente
Acariciar tua pele suavemente
Eu, apenas eu, teu sol!

Quero me perder em ti e que tu te percas em mim
Quero me abraçar a ti e que tu te abraces a  mim.

Quero ser teu sol novamente
Beijar-te, ter-te, perdidamente
Brilhar  pra ti e que tu brilhes pra mim com afã
Em todas as  tardes  e em cada manhã
(Quero dar-te o que buscas incessantemente)
Apenas eu, teu sol...

Euclides Riquetti

Breca lá, Riquetti!

 


                                           Valdomiro, Zucco, Altair, Rech, RIQUETTI, Vicente,
                                           e  Mazzo. Mingo, Valêncio, Braguinha, Nora, Scarton.
                                           Estádio da Baixada Rubra - Arabutã FC - Ouro-Capinzal
                                           SC

Jogadores de futebol são muito dados a falar gírias. Os boleiros estão sempre inventando expressões  ou modificando significados delas. Por exemplo, dizem "hoje tá uma lua muito doida", pra dizer que está fazendo muito sol durante o treino. Todo o treinador é chamado de "Professor", mesmo que não tenha concluído o antigo primário. Chamam também de professor o árbitro. E a galera o chama de ladrão e gaveteiro.

          Não há torcedor que tolere goleiro frangueiro, canela dura, e nem firuleiro.  Zagueiro furão ninguém quer. A galera não perdoa.  Zagueiro bom é aquele que, no apuro, dá bicuda. Atacante que dá bicanca é grossão, mas quando faz tento vale do mesmo jeito. Cartola "se achão", então, que se mude. A estrela tem que ser o da grama, não o da tribuna.

          Quando era pequeno jogava num campinho abaixo da ponte nova, no Ouro. E no campo da rede ferroviária, onde é a Praça da Rodoviária, em Capinzal. Jogava de conga porque não tinha grana pra chuteira. Depois, em União da Vitória, na república, tínhamos um campinho ao lado de casa onde jogávamos nos finais de semana. Ali aprendi a amolecer a canela, até consegui ter uma certa habilidade.

          O Gilmar Rinaldi jogou conosco no campinho ali do Ouro.  Já era goleiro. Tinha camisa amarela, igual à do Raul, goleiro do Cruzeiro. Ninguém achava que viraria astro, mas virou. Jogou no Inter, no São Paulo, na Udinese, num clube do Japão e no Flamengo. Agora é empresário de boleiros. Rompeu com o Adriano Imperador (isso dispensa comentários...).

          Voltando ao Paraná: Uma vez fomos jogar no Campo do São Bernardo, em União da Vitória. O Boles era nosso centroavante. Corria mais que lebre. Ele coiceava a esfera do meio para cima, então ela ia rolando. E ele corria atrás, às vezes chegando antes do que a bola.  Uma vez deu o chute e saiu correndo junto com a pelota. Correu tanto que chegou à  trave antes que ela.  Ela bateu atrás das canetas dele e voltou para a área, enquanto que ele foi para dentro das redes. E nós zoamos muito dele.

          Na república de estudantes tínhamos um colega que era nascido em Lacerdópolis, no tempo que este pertencia ao Distrito de Ouro e Município de Capinzal. Ele tinha jogado no Iguaçu como profissional Jogou numa célebre partida em que empataram com o Atlético Paranaense em Curitiba, em 1972, no estadual. Diz que o azar dele foi o tião Kelé, que voltou do México e fez gol nele do bico da área ao seu lado esquerdo. Chutou cruzado. Disseram que se ele tivesse 1,90 não tomaria o gol. O Kelé azarou a carreira dele. Jogou bem mas foi dispensado no final do ano. Alegaram que ele tinha pouca altura para goleiro. Foi jogar futsal e trabalhar na Casa do Bronze. Agora tem sua loja de carros.

          Quando fazíamos nossas peladas no campinho da Rua Professora Amazília, ele gritava: "Riquetti, breca lá!" E eu brecava, não deixava o adversário passar. Desde então apelidamos ele de Breca. Era a gíria do Bugão, do Nire, do Duda, do Jaime Rotta  e do Tanque Joaquim lá no Iguaçu. O Celso Lazarini é "Breca" até hoje.

          O Nivaldo "Bode" Dambrós foi goleiro da AMFO no campo da Linha Sagrado, no Ouro. Fomos inaugurar a ampliação. Um cara "da casa" chutou forte. Ele pensou que o balão de couro ia para fora e nem se mexeu. A bola deu no travessão, voltou, bateu atrás da cabeça dele e foi por cima da trave. Evitou o gol, sem querer. Foi saudado como herói.

          Uma vez, lá no Arabutã, eu estava jogando com raiva. Tinha um painel de propaganda do Besc às minhas costas. Estava há 60 metros da baliza, fiz  um gol do meio da rua. Enfiei um canhão com a gamba esquerda e o goleiro foi buscar a pelota no fundo da cozinha. Comemorei muito, pois eu era lateral direito. Em 22 de julho de 1984 quebrei a perna quando estava na quarta zaga. Saí pra deixar o Tita na banheira e o Vinte Cinco deu condições de jogo prum  pelego. Fui mandar a bola pro mato mesmo que o jogo não fosse do campeonato, e meu goleiro me atingiu. Foram três quebradas, uma de tíbia e duas de perônio. O Mafra e o Farid me levaram pro gesso em Jç. Muita dor e seis peses no estaleiro. Depois O Mafra foi pra Floripa e o Farid virou vice-prefeito de Capinzal. Mas quando eu era pequeno era muito perneta, canela seca e dura. Era um baita pé torto. Com a idade fui aprendendo a jogar. Mas da daí as pernas foram ficando muito curtas e o campo muito comprido.

          Próximo de decisões de classificação cuidam dos boleiros para que não aceitem nada dos malas pretas. É vergonhoso. Ninguém tolera quem dá migué, pois deixa os amigos no compromisso. Boleiro que se preza dá o sangue no campo, sua a  camisa e reza pro seu pai-de-santo. Mas a maioria tem fé em Nossa Senhora, de preferência a Aparecida.  Quando a coisa fica preta, no entanto, exclamam: "Santo Deus, joque sério!" ou "Jesus Cristo, mexa-se!" Mas quem tem que fazer isso é o jogador, não Deus nem Jesus. Quando tem  muita lua no céu, no verão, pedem: "São Pedro, manda umas gotas daí de cima!"

          Bem, lembrar de algumas das muitas histórias de boleirinho me traz saudades. Saudades do Caburé, do Paciência, do Jota Bronquinha, dos Coquiara, do Inferninho, do Foguete, do Flamenguinho, do Nêne, do Sapuca,  e de muitos outros. Alguma hora dessas me atrevo a dizer quem foram esses. Enquanto isso, "Breca lá, boleiro!"

Euclides Riquetti
18-02-2013

Poder Sonhar

 



A liberdade é como o vento:
Sopra, ora para esta, ora para outra direção...
Liberdade é o fogo que queima a lenha, vira brasa e aquece a água e as almas.
É como o pássaro que voa no ar
A água que corre pelo vale
O canto da gaivota que plana, sem cansar
Sobre o mar.

Liberdade é um dia de sol:
É quando as nuvens  se escondem atrás do azul infinito
Ou a noite matizada por estrelas.
E, quando perco o rumo de meus olhos para vê-las
Se perdem na imensidão.

Liberdade é como o grito da vitória
O Soco no ar
O abraço comovido.
É o olhar sobre o vasto campo florido
Colorido!

Liberdade é poder não ter que  levantar-se cedo
É poder deslizar os pés descalços
No verde gramado
É poder sentar no banco da praça e dizer: Este lugar é meu, aqui é o meu lugar!

Liberdade é andar com a pessoa que se ama
Sem ter hora pra chegar
Em nenhum lugar.
E apenas poder...
Continuar a sonhar!

Euclides Riquetti

Emendando Latas

 



          Certamente que você, sessentão (ona), já inserido na sociedade consumista,  não olha com bons olhos toda aquele montoeira de lixo que sai de sua casa, diariamente, para que o caminhão a leve para o lixão, o aterro, ou a usina. E você passa a verificar, (e analisar)  quanta coisa boa está indo para o lixo.

          Já fomos da geração dos hippies, da  coca-cola, do chicletes, do x-burger... Mas já fomos da geração das latinhas emendadas, lembra?  Aquela em que, nas casas, todos zelozamente faziam furinhos nos cantos extremos da lata de azeite, retangular, com um preguinhos, para não estragar o vasilhame e aproveitá-lo para alguma coisa? Ah, duvido que não!

        Meu lado "antigamente" levou-me, hoje, para os tempos do óleo "Primor" e do "Sol Levante", produzidos com o legítimo caroço de algodão, embalado em latas, que "quem podia", comprava para compor os temperos das saladas. Sim, só para isso,  porque, para cozer, somente usavam  banha. Até lembrei-me que, em 84, no dia 7 de setembro, encontrei o Saul Parisotto, ali na XV, em Capinzal e eu estava de muletas, perna direita com gesso. E ele: "E aí, Riquetti, o que aconteceu?" - Expliquei-lhe que quebrara a perna, dois rachos no perônio, um na tíbia, ali no Arabutã, jogando futebol na friíssima  manhã de 22 de julho, o dia mais gelado de 1984. E, ele, prontamente: "Sempre digo que os ossos das pessoas estão ficando fracos. É o óleo de soja! Quando cozinhavam com banha isso quase que não acontecia! De repente que ele tenha razão.


          A partir da década de 1970, com a introdução das plantações de soja nos estados do Sul, o óleo comestível passou a  ocupar o lugar que antes era da banha, mas não é essa a questão que quero abordar...

          Bem, no meu antigamente, década de 1960, havia pelo menos três funilarias no antigo Rio Capinzal: a do Santo Segalin (com o filho Nilton), na Felip Schmidt, próxima ao Clube Floresta; a do Valdomiro Morosini, na Rua Narciso Barison, em que trabalhavam com ele o Paulino Teixeira e seus filhos, inclusive o que virou "Sargento Teixeira", e o Nelson Morosini. E, na Rua Dona Linda Santos, um pouco depois, a do Carlos Segalin, que também estabeleceu-se por conta própria. Todos originários da do Santo.

          Todos eles eram mestres em emendar latinhas. As pessoas guardavam as latas de óleo  vazias, levavam para eles, e eles faziam-lhes utensílios. Aparavam as bordas de cima, rebitavam e estanhavam-lhes os cabos, e tínhamos belos canecos, para usar na tirada do leite, para beber água na fonte, ou para apanhar a água que fervia na panelona de alumínio, a qual  descansava na chapa do fogão a lenha e jogar sobre a louça na pia. Ah, quantos canecos "Primor e Sol Levante".

          Mas outras coisas bem mais valiosas também eram feitas com as chapas das latas abertas e justapostas: chuveiros de campana, banheirinhas para bebês, bacias para amassar o pão, e  formas para assar pães, redondas, retangulares, onduladas.  E, com isso, além de se ter economia, não se produzia o incontável lixo que hoje se produz.

          Lembro bem  do preciso trabalho desses artesãos. Soldavam,  utilizando estanho, a ponta do soldador envolvida em brasas para ficar superaquecida, o fole acionado com as mãos ou os pés para soprar o oxigênio e manter os carvões bem acesos. E o capricho, o carinho empregado em cada peça produzida, como se fora para si próprio!

          Hoje tudo é prático. Os produtos vêm com as mais criativas e bem desenhadas embalagens e, ao fim do dia, temos todo aquele lixo para jogar fora. Olhamos para tudo aquilo: garrafas, copos, pacotes, pratos, bandejas, cordões, fitas, tudo coisa muito bonita, usados somente uma vez, e indo para o lixo... Quanto desperdício! E pensar que, antigamente, vivíamos sem tudo isso. Mas também sem ficar, a toda a hora, escutando notícias de que lá, em algum lugar, choveu muito e a água levou todas as garrafas pet e pacotes de plástico para as valetas, trancou as bocas dos bueiros e deu aquela inundação...

Euclides Riquetti
22-03-2013

Lá fora...

 






Vai lá pra fora
Olha as estrelas
É possível vê-las
Bem agora.!

Olha pro céu infinito
Negritude prateada
Noite abençoada
Firmamento bendito.

Pensa comigo:
A noite é dos sonhadores
Dos  sentimentos avassaladores
E eu me perco contigo.

As estrelas, o céu, os sonhos
Os teus olhos risonhos
Os teus pensamentos (medonhos?)
Me tornam menino, menino!

E alguém imprime um destino:

Quem?

Euclides Riquetti

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Rabisca-se o céu

 





Rabisca-se em penas brancas o céu
Na tarde de sábado pré-primaveril
Nos campos e nas cidades sou réu
Aqui do Sul do meu Brasil...

Como uma garça, tu  campeias nos ares
Vais buscar as respostas ao que não tem
Como eu já fui te buscar nos mares
Onde fui pra te procurar também...

O que será do amanhã que nos espera
O que será de nosso domingo insólito
Será o amanhã uma doce primavera
Ou apenas mais um dia melancólico?

Euclides Riquetti

Todas as rosas do mundo

 


 



Resultado de imagem para rosas de todas as cores


Imaginei que se eu te mandasse
Todas as rosas que há no mundo
De todas as cores que eu encontrasse
Dos solos mais férteis, mais fecundos
Quem sabe, tu te lembrasses
Que um dia te dei meu amor profundo...

Imaginei que as mais perfumadas
Todas as que estão nos vasos
As amarelas, as brancas, as rosadas
As que se misturam aos cravos
São todas flores abençoadas
Que libertam  os corações escravos.

Mas de que adiantaria
Mandar-te todas as flores
Se tu não as perceberias
Mesmo com seus perfumes e cores?

Assim, dou-te uma única rosa
Dou-ta com amor e paixão
E, quem sabe, com isso eu possa
Conquistar teu coração?

Ah, mas se eu pudesse
Mesmo que tu não quisesses
Eu ter mandaria um montão
De rosas, amor e paixão!

Euclides Riquetti