A Festa do Colono é o evento público que mais reúne pessoas em Ouro. Acontece sempre num sábado, o mais próximo do dia 25 de julho, geralmente antecedendo-o. Neste ano aconteceu hoje, 21, no Centro de Eventos de Nossa Senhora do Caravággio. que se localiza às margens das Rodovias SC 135 e 467, em Ouro, na comunidade que chamam de Posto Caravággio. A programação vem acontecendo desde o dia 29 de junho, quando aconteceu a abertura, no Clube Esportivo Floresta, quando sde realizou o IV Encontro de Violeiros e o cerimonial oficial de lançamento da festa.
Na terça, 17, foi realizado o Fórum de Desenvolvimento Rural Sustentável, no Ginásio de Esportes de Linha Vitória, quando especialistas em preservação do solo e em inovações em máquinas e implementos agrícolas estiveram repassando parte de seus conhecimentos aos agricultores. Já ontem à noite, 20, no Clube Esportivo Floresta, aconteceu o tradicional Café Colonial, organizado pela equipe da Prefeitura e Epagri. Mais de 30 produtos de nossa agroindústria local e de nossa produção gastronômica estavam disponibilizados aos participantes, além de café, leite e chás. Nosso Café Colonial é bem prestigiado por pessoas do Baixo Vale do Rio do Peixe, assim como o é o que acontece anualmente na Barra do Leão, distrito que pertence ao Município de Capos Novos, distante 8 Km de Capinzal.
A Festa do Colono costuma reunir políticos catarinenses, vereadores, prefeitos, vices e deputados. E muitas pessoas que ali vão para reencontrar amigos. As rádios barriga Verde AM e Cidade FM transmitiram o evento ao vivo, que teve pela manhã a celebração de Santa missa, com o estimado Frei Dudu, figura religiosa que vem despontando na Paróquia de São Paulo Apóstolo, pois, além de muito carismático, é talentoso cantor e execução de músicas ao violão.
Mais de uma centenas de empresas e empreendedores participaram da exposição que é organizada no pátio da Capela de Nossa Senhora do Caravággio, com tratores, plantadeiras, aradeiras, provedores de internet, animais de raça. Ainda, muitos brinquedos para as crianças, sem precisarem pagar para se divertir.
Churrasco de bovinos e suínos são disponibilizados, carinhosamente preparados, com aquele gostinho de "churrasco de festa de colônia".
Uns atrativos de que não abro mãe é tomar um chimarrão na barraca da Ervateira Charrua, do amigo Chico Marca. A Dona Lucélia, esposa, e a filha Luana, nossas amigas, estavam lá bem cedinho ofertando seu precioso chimarrão. A Barraca do Pingo, da Ouro Diversões, com suas cocadas, maçãs-do-amor e pés-de-moleques nos encanta e atrai. A feirinha de produtos dos associados da Copernostra também bomba bem. Aliás, comprei compotas de laranja e doce de figo produzidas pela família Prando, de Lacerdópolis, um tabletão de marmelada, coisa que eu não via há anos, muitos doces e vinho. Havia os produtos das artesãs do município de Ouro que fazem parte do CEATUR, os queijos Casagrande e Campo Dourado para degustação, salames, e muitas outras delícias. Se você não pode participar, não sabe o que perdeu!
Presentes na feirinha da Festa do Colono, o pessoal da Vinicampos estava lá com seus vinhos de altitude, produzidos em Campos Novos, e que eu já conhecia de um jantar na casa de meu genro Daniel Tesser, trazidos pelo seu primo Túlio Dassi, agrônomo da Epagri. A Vinicampos produz vinhos de alta qualidade, cultivados em parreirais de Campos Novos e arredores, em altitudes acima de 900 metros. Uvas viníferas europeias, muito bem adaptadas ao nosso clima, proporcionando Cabernet Saivignon, Merlot, Moscato Gialo, Lorena e Sauvingnon Blanc, esta a variedade das uvas considerada, seguindo me disse um dia o Maurício Grando, da Villagio Grando, de Água Doce, a mãe das uvas do mundo. Aliás, neste novo milênio, os vinhos catarinenses e gaúchos crescerem muito em termos de qualidade. E, os da safra 2012, quando estiveram no mercado, serão de altíssima qualidade, pois o clima de final de 2011 e início de 2012 favoreceu muito para a qualidade da uva.
Na parte da tarde, show musical com Nando e Terezina (Nando Show), Paulo e Marcelo, e, à noite baile com Portal do Sul.
A festa do Colono do Município de Ouro termina no próximo final de semana, com as provas de Veloterra que serão realizadas ali mesmo, em Posto Caravággio, ao lado da SC 135.
Euclides Riquetti
21-07-2012
sábado, 21 de julho de 2012
quinta-feira, 19 de julho de 2012
A Neve em 1975
O dia 17 de julho de 1975 foi muito marcante para mim. Estava no último ano do curso de Letras/Inglês na FAFI, em União da Vitória-Paraná, morava num casarão histórico do centro de Porto União, na Rua Prudente de Morais (daqueles mal assombrados, mas bem antigo, mesmo!!!), Cursava Inglês no Yázigy, na Avenida Manoel Ribas e gerenciava a filial da Mercedes-Benz, localizada na mesma.
A noite fora muito fria e o ar estava úmido. Flocos de neve começaram a cair e cobrir o asfalto da Avenida. Os Chevettes, os Aero-willys, as Sincas Chambord, os Jipes, as Pick-ups, as Brasílias, os Dodge Dart, Charger e Polara que a Grande Rio dos Scaramella vendiam, os Galaxies, os Opalas, os Karmann Ghia, as Variants, os TLs, os Corcéis, os Fuscas, as Veraneios, os Ônibus, os Caminhões, o Trem, e até o Mercedes azul do Jorge Mallon estavam cobertos de uma espessa camada de neve, parecendo todos da mesma cor. Os telhados de todas aquelas casas de descendentes de ucranianos, poloneses, russos, jordanianos, sírios, libaneses, árabes, portugueses, e até de italianos, ficaram, também, recobertos de branco. Da mesma cor alva restaram os cobertos das dragas dos Irmãos Hobi e da Extração de Areia Santa Terezinha, aportados nas margens do rio Iguaçu, que meu patrono, o poeta Ivonnish Furlani eternizou em "Eu Sou o Verso".
Logo após o meio-dia , passei defronte às antigas Casas Buri, a maior loja da cidade, concorrente das Casas Pernambucanas. Havia uma dúzia de funcionários e nenhum, mas nenhum cliente, mesmo! E, todos, comissionados precisando vender para ganhar um dinheirinho. Um amigo, o Nei Carlos Bohn, era um deles. O Japonês era o gerente. Geladeiras "Clímax 300 L" e de outras marcas se enfileiravam à espera de compradores. Havia as azuis, as amarelas, as vermelhas (as brancas estavam fora de moda...). Havia fogões a gás nas mesmas cores. Sofás estampados da linha floreal, do tempo em que os tecidos eram produzidos no Brasil e não na China, como hoje. Havia as TVs Philco, Philips, Colorado RQ e até algumas Sharp. As funcionárias vestiam blusas de tricô em lã e meias três/quartos da mesma cor e do mesmo fio. Era a moda da época. Os homens, vestiam suas jaquetas por sobre as camisas sociais de azul-claro e as gravatas discretas, algumas em crochê ou tricô. Os seus bigodes eram cuidadosamente emparelhados e os seus cabelos tinham um bom corte padrão, feito ali no Salão dos Estudantes ( foi onde fui raspar a cabeça quando me passaram o trote fora de época pela passagem no vestibular).
Entrei, todos olharam para mim. Fui ao encontro do Nei que, respeitosamente, como é de seu feitio, veio cumprimentar-me. (Hoje é meu cunhado e compadre...) Lasquei: "Quanto vocês me dão de desconto se eu comprar essa geladeira azul "Clímax 300 L " que vai combinar com o fogão Geral (azul) que comprei na Willy Reich?" A resposta veio rápida: "5%" e dá para segurar o cheque até o dia 5 de agosto! Repliquei: "Preciso de 15%, pois hoje vocês não vão vender nada mesmo, com esse frio e essa neve!"
Ele olhou para o chefe Japonês e a resposta veio como um raio: "Pode dar 15% de desconto para ele!!!. Fiz um grande negócio e eles, com seu Lojão Buri, não ficaram sapateiros naquele dia...
Tem outras histórias de negócios que fiz naquele dia na empresa onde trabalhava, mas isso é história para outra ocasião.
A Neve de 1975 atingiu todos os municípios do Sudoeste do Paraná, principalmente Palmas, Guarapuava e Pato Branco. Chegou a Cascavel. Em Curitiba, falei com o amigo Ângelo Caron, por telefone, houve muita alegria nas ruas nevadas naquele dia. Depois soube que os três estados do Sul tiveram cidades que puderam deliciar-se com o espetáculo da neve.
Atualmente, São Joaquim, Urubici e outras cidades catarinenses daquelas paragens, praticamente veem neve em todos os anos. E recebem muitos turistas, mesmo que com uma estrutura não muito favorável.
Bem, se você for para Gramado, no RS, vai ver neve em dezembro, no desfile natalino, das luzes. Mas aquela é neve artificial, não vale tanto quanto a nossa.
Euclides Riquetti
19-07-2012
A noite fora muito fria e o ar estava úmido. Flocos de neve começaram a cair e cobrir o asfalto da Avenida. Os Chevettes, os Aero-willys, as Sincas Chambord, os Jipes, as Pick-ups, as Brasílias, os Dodge Dart, Charger e Polara que a Grande Rio dos Scaramella vendiam, os Galaxies, os Opalas, os Karmann Ghia, as Variants, os TLs, os Corcéis, os Fuscas, as Veraneios, os Ônibus, os Caminhões, o Trem, e até o Mercedes azul do Jorge Mallon estavam cobertos de uma espessa camada de neve, parecendo todos da mesma cor. Os telhados de todas aquelas casas de descendentes de ucranianos, poloneses, russos, jordanianos, sírios, libaneses, árabes, portugueses, e até de italianos, ficaram, também, recobertos de branco. Da mesma cor alva restaram os cobertos das dragas dos Irmãos Hobi e da Extração de Areia Santa Terezinha, aportados nas margens do rio Iguaçu, que meu patrono, o poeta Ivonnish Furlani eternizou em "Eu Sou o Verso".
Logo após o meio-dia , passei defronte às antigas Casas Buri, a maior loja da cidade, concorrente das Casas Pernambucanas. Havia uma dúzia de funcionários e nenhum, mas nenhum cliente, mesmo! E, todos, comissionados precisando vender para ganhar um dinheirinho. Um amigo, o Nei Carlos Bohn, era um deles. O Japonês era o gerente. Geladeiras "Clímax 300 L" e de outras marcas se enfileiravam à espera de compradores. Havia as azuis, as amarelas, as vermelhas (as brancas estavam fora de moda...). Havia fogões a gás nas mesmas cores. Sofás estampados da linha floreal, do tempo em que os tecidos eram produzidos no Brasil e não na China, como hoje. Havia as TVs Philco, Philips, Colorado RQ e até algumas Sharp. As funcionárias vestiam blusas de tricô em lã e meias três/quartos da mesma cor e do mesmo fio. Era a moda da época. Os homens, vestiam suas jaquetas por sobre as camisas sociais de azul-claro e as gravatas discretas, algumas em crochê ou tricô. Os seus bigodes eram cuidadosamente emparelhados e os seus cabelos tinham um bom corte padrão, feito ali no Salão dos Estudantes ( foi onde fui raspar a cabeça quando me passaram o trote fora de época pela passagem no vestibular).
Entrei, todos olharam para mim. Fui ao encontro do Nei que, respeitosamente, como é de seu feitio, veio cumprimentar-me. (Hoje é meu cunhado e compadre...) Lasquei: "Quanto vocês me dão de desconto se eu comprar essa geladeira azul "Clímax 300 L " que vai combinar com o fogão Geral (azul) que comprei na Willy Reich?" A resposta veio rápida: "5%" e dá para segurar o cheque até o dia 5 de agosto! Repliquei: "Preciso de 15%, pois hoje vocês não vão vender nada mesmo, com esse frio e essa neve!"
Ele olhou para o chefe Japonês e a resposta veio como um raio: "Pode dar 15% de desconto para ele!!!. Fiz um grande negócio e eles, com seu Lojão Buri, não ficaram sapateiros naquele dia...
Tem outras histórias de negócios que fiz naquele dia na empresa onde trabalhava, mas isso é história para outra ocasião.
A Neve de 1975 atingiu todos os municípios do Sudoeste do Paraná, principalmente Palmas, Guarapuava e Pato Branco. Chegou a Cascavel. Em Curitiba, falei com o amigo Ângelo Caron, por telefone, houve muita alegria nas ruas nevadas naquele dia. Depois soube que os três estados do Sul tiveram cidades que puderam deliciar-se com o espetáculo da neve.
Atualmente, São Joaquim, Urubici e outras cidades catarinenses daquelas paragens, praticamente veem neve em todos os anos. E recebem muitos turistas, mesmo que com uma estrutura não muito favorável.
Bem, se você for para Gramado, no RS, vai ver neve em dezembro, no desfile natalino, das luzes. Mas aquela é neve artificial, não vale tanto quanto a nossa.
Euclides Riquetti
19-07-2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
Enquanto chove...
Chove no asfalto
Onde o verde e o cinza
Compõem o retrato:
A natureza é a tinta
O pincel que pinta
As pedras, o rio, o mato.
Chove uma chuva fina e teimosa
Fria e silenciosa (delituosa)...
Banha os animais que se aconchegam
Por debaixo das caneleiras frondosas
(As imbúias e os cedros o homem levou...)
Das árvores santas, restantes, bondosas
E chove!
Chove serena minha alma
Chora sereno meu pensamento
E a chuva lava ( e leva )
A preocupação do momento.
Chove na manhã do dia que corre
E nas valas a água desliza mansa, mole
Enquanto chove.
E some...
Apenas não somem as lembranças
Que vão e voltam, que fazem pecar
Que transpõem os montes
Enquanto transbordam as águas ( e as mágoas)
Das fontes
E se perdem nos rochedos
Buscando ressonância
No tempo e na distância
Até chegar ao mar!
Ressonam nos corações benditos
Nos pensamentos infinitos
Nos pensamentos teus
Nos sonhos meus
Que vagam no ar.
Só não leva para ti os meus poemas
E meus dilemas
Que transformo numa única oração:
Apenas uma oração para ti
Enquanto chove!!!
Euclides Riquetti
17-07-2012
Onde o verde e o cinza
Compõem o retrato:
A natureza é a tinta
O pincel que pinta
As pedras, o rio, o mato.
Chove uma chuva fina e teimosa
Fria e silenciosa (delituosa)...
Banha os animais que se aconchegam
Por debaixo das caneleiras frondosas
(As imbúias e os cedros o homem levou...)
Das árvores santas, restantes, bondosas
E chove!
Chove serena minha alma
Chora sereno meu pensamento
E a chuva lava ( e leva )
A preocupação do momento.
Chove na manhã do dia que corre
E nas valas a água desliza mansa, mole
Enquanto chove.
E some...
Apenas não somem as lembranças
Que vão e voltam, que fazem pecar
Que transpõem os montes
Enquanto transbordam as águas ( e as mágoas)
Das fontes
E se perdem nos rochedos
Buscando ressonância
No tempo e na distância
Até chegar ao mar!
Ressonam nos corações benditos
Nos pensamentos infinitos
Nos pensamentos teus
Nos sonhos meus
Que vagam no ar.
Só não leva para ti os meus poemas
E meus dilemas
Que transformo numa única oração:
Apenas uma oração para ti
Enquanto chove!!!
Euclides Riquetti
17-07-2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Mãos
Mãos que tiram a roupa
Mãos que afagam o peito
São mãos que estendem a colcha
São mãos que preparam o leito.
Mãos que alisam o rosto
Mãos que abanam pra mim
São mãos que beijo com gosto
São mãos que arrumam o jardim.
Mãos que se estendem de pronto
Mãos que seguram a flor
São mãos que preparam o encontro
São mãos que se prendem no amor.
Mãos que seguram as mãos
Mãos que recebem presentes
São mãos que ajudam irmãos
São mãos que se movem contentes.
Mãos elegantes e ágeis
Mãos atraentes e belas
São mãos que parecem tão frágeis
São mãos tão macias e singelas.
Me ligo nas mãos carinhosas
Me ligo nas mãos da senhora
Que cuidam dos cravos e rosas
Que cuidam do filho que chora.
(Mãos são elementos especiais,
Ferramentas naturais,
Insubstituíveis,
Que nos permitem ver, sentir, agir
Falar, acenar, comunicar
Mãos são as mãos
Que falam pela alma,
Que falam pelo coração)
Composta em 17-05-1995
Mãos que afagam o peito
São mãos que estendem a colcha
São mãos que preparam o leito.
Mãos que alisam o rosto
Mãos que abanam pra mim
São mãos que beijo com gosto
São mãos que arrumam o jardim.
Mãos que se estendem de pronto
Mãos que seguram a flor
São mãos que preparam o encontro
São mãos que se prendem no amor.
Mãos que seguram as mãos
Mãos que recebem presentes
São mãos que ajudam irmãos
São mãos que se movem contentes.
Mãos elegantes e ágeis
Mãos atraentes e belas
São mãos que parecem tão frágeis
São mãos tão macias e singelas.
Me ligo nas mãos carinhosas
Me ligo nas mãos da senhora
Que cuidam dos cravos e rosas
Que cuidam do filho que chora.
(Mãos são elementos especiais,
Ferramentas naturais,
Insubstituíveis,
Que nos permitem ver, sentir, agir
Falar, acenar, comunicar
Mãos são as mãos
Que falam pela alma,
Que falam pelo coração)
Composta em 17-05-1995
domingo, 15 de julho de 2012
Neve de 1965 - Uma paisagem europeia
Quando se fala em épocas em que as pessoas viveram, ou mesmo para estimar quantos anos viveram, muitos têm o hábito de dizer: "A fulana (ou o fulano), viveu mais de 100 anos, porque sempre me dizia que tinha presenciado x florações das taquaras". Bem, uma pessoa que deve ter vivido muitas florações das taquaras foi o "Caboclo Estevão", que morou em Pinheiro Baixo, Ouro, e era homem de confiança de um de nossos pioneiros, o Veríssimo Américo Ribeiro, carroceiro. O Estêvão teria vindo com o colonizador da região de Vacaria-RS, trabalhou com os Ribeiro e depois foi para Bonsuecesso, e os que o conheceram dizem que ele era uma pessoal leal e bondosa. Guardo comigo uma foto dele, cedida pelo amigo João Américo Ribeiro, que cuida da propriedade da família em Pinheiro Baixo. Ele deve ter vivido mais de 100 anos... O caboclo tinha uma mão enorme. (O Benito Campioni, irmão da Márcia, minha colega de trabalho, também tem uma mão daquelas de segurar e derrubar boi no chão). Quando o encontro, brinco muito com ele sobre isso, meu ex-vizinho, gente boa.
Esse intróito todo, fi-lo para chegar ao assunto do título: as neves que tive o prazer de presenciar, e que marcaram, de alguma forma, a minha vida. Mas, diferentemente das florações das taquaras, ela não tem um ciclo definodo para vir.
O inverno de 1965 foi muito forte no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Eu tinha doze anos, estudava no Ginásio Padre Anchieta, e começou a fazer muito frio naquela estação. Tínhamos uma casa nova, de madeira, bem desenhada, ali na Felip Schmidt, ao lado da Indústria de Bebidas Prima, onde produziam refrigerantes e engarrafavam vinhos e outras bebidas. Quando fizeram o "engarrafamento", escavaram o terreno e deixaram um barranco, que com as chuvas que precederam o inverno foi desmorronando, pondo nossa casa em risco de desabamento. Na noite do dia 19 para 20 de agosto, fazia muito frio. De manhã, meu pai, Guerino, acordou-nos cedo para vermos e espetáculo que se desenhava à nossa frente: Ali onde hoje há o Posto da Combustíveis da Família Dambrós, havia uns gramados e umas plantinhas sobre as terras que eram jogadas para formar um aterro, e tudo estava coberto de neve. A Ponte Nova estava recoberta por um manto alvo, e o mesmo era contemplado nos telhados das casas, a maioria de madeira. Até os cabos de aço de sustentação da ponte pênsil acumulavam camadas de neve. As ruas de Ouro e Capinzal pareciam aqueles caminhos que se veem em filmes, numa autêntica paisagem europeia. Os poucos carros que havia, e as carroças e charretes, estavam todos recobertos pelo branco brilhante. Os telhados do Hospital São José, do Hotel Imperial, do Hotel do Túlio, do Cine Glória, do Cine Farroupilha, da Distribuidora de Peças e Acessórios, da Casa do Ernesto Zortéa, do Marcos Fortunato Penso, do Pedro Surdi, da Dona Dileta da Silva, do Adelino Casara, do Adelino Beviláqua, e de muitas outras edificações, era possível vê-los por nós, que observávamos a paisagem com nossos olhos originários do Ouro.
O peso da neve mexeu com a estutura de nossa casa. Tivemos que abandoná-la. Fomos distribuídos nas casas dos parentes, dos tios Arlindo Baretta, Adelino Casara e Victório Riquetti. Eu, fui para a casa da Tia Maria, do meu primo Moacir. Lembro-me bem, que à tarde, precisei ir à Comercial Baretta fazer umas compras para a tia, e meu único par de sapatos estava molhado, gelado. Fui com as chuteiras do Moacir, que tinha as traves altas , e que minha ingenuidade fazia-me pensar que a sola ficaria mais alta que a neve. Só ilusão: congelei os pés. Aulas suspensas. O Frei Gilberto (Giovani Tolu), suspendeu nossas aulas, estava muito feliz, porque via, aqui na América do Sul, a mesma nostálgica paisagem que sua mente trazia de sua infância na Itália.
O Joe e a Bunny, eram norteameriacanos que atuavam junto aos Clubes 4-S no interior do Ouro, havendo um clube pioneiro em Linha Sul ( o primeiro de Santa Catarina), moravam de pensão na casa do Sr. Guilherme e da Dona Mirian Doin. Eles eram dos 4-H, clubes dos Estados Unidos da América que tinham as mesmas funções e objetivos que os 4-S do Brasil: Head, Hands, Heart, and Health, que em português entndíamos como: Saber, Servir, Sentir e Saúde. Acostumados com a nove do Norte, fotografavam, faziam bonecos e esculturas. O Joe, que jogava basquetebol na quadra do Padre Anchieta com o Dr. Leônidas Ribeiro, o Rogério Toaldo e outros, era alto e usava óculos ( até para jogar). Ficou maravilhado com a neve. E, nós, tivemos que demolir nossa casa, da qual tenho muitas saudades...
Como resultado do frio, houve perdas e animais nos sítios e fazendas. Lembro que houve muita mortandade de abelhas. Até mesmo o mel que vinha de Abdon Baptista, não veio mais. Não vinha mais o caminhãozinho carregado, com as latas de 20 Kg, com que estávamos acostumados. E o produto encareceu. Alías, ficou sumido pelos anos seguintes, até que os enxames e as colmeias foram-se recompondo.
Além dos eventos climáticos que resultaram na enchente de 1983, penso que a neve de 1965 seja o outro fenômeno que mais nos marcou.
Ah, acho muito bonitas a neve e a geada. Mas, agora, com ar quente no carro, é muito mais fácil de encarar o frio. Viva a bela lembrança do passado! E viva a moderna tecnologia!
Euclides Riquetti
15-07-2012
Esse intróito todo, fi-lo para chegar ao assunto do título: as neves que tive o prazer de presenciar, e que marcaram, de alguma forma, a minha vida. Mas, diferentemente das florações das taquaras, ela não tem um ciclo definodo para vir.
O inverno de 1965 foi muito forte no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Eu tinha doze anos, estudava no Ginásio Padre Anchieta, e começou a fazer muito frio naquela estação. Tínhamos uma casa nova, de madeira, bem desenhada, ali na Felip Schmidt, ao lado da Indústria de Bebidas Prima, onde produziam refrigerantes e engarrafavam vinhos e outras bebidas. Quando fizeram o "engarrafamento", escavaram o terreno e deixaram um barranco, que com as chuvas que precederam o inverno foi desmorronando, pondo nossa casa em risco de desabamento. Na noite do dia 19 para 20 de agosto, fazia muito frio. De manhã, meu pai, Guerino, acordou-nos cedo para vermos e espetáculo que se desenhava à nossa frente: Ali onde hoje há o Posto da Combustíveis da Família Dambrós, havia uns gramados e umas plantinhas sobre as terras que eram jogadas para formar um aterro, e tudo estava coberto de neve. A Ponte Nova estava recoberta por um manto alvo, e o mesmo era contemplado nos telhados das casas, a maioria de madeira. Até os cabos de aço de sustentação da ponte pênsil acumulavam camadas de neve. As ruas de Ouro e Capinzal pareciam aqueles caminhos que se veem em filmes, numa autêntica paisagem europeia. Os poucos carros que havia, e as carroças e charretes, estavam todos recobertos pelo branco brilhante. Os telhados do Hospital São José, do Hotel Imperial, do Hotel do Túlio, do Cine Glória, do Cine Farroupilha, da Distribuidora de Peças e Acessórios, da Casa do Ernesto Zortéa, do Marcos Fortunato Penso, do Pedro Surdi, da Dona Dileta da Silva, do Adelino Casara, do Adelino Beviláqua, e de muitas outras edificações, era possível vê-los por nós, que observávamos a paisagem com nossos olhos originários do Ouro.
O peso da neve mexeu com a estutura de nossa casa. Tivemos que abandoná-la. Fomos distribuídos nas casas dos parentes, dos tios Arlindo Baretta, Adelino Casara e Victório Riquetti. Eu, fui para a casa da Tia Maria, do meu primo Moacir. Lembro-me bem, que à tarde, precisei ir à Comercial Baretta fazer umas compras para a tia, e meu único par de sapatos estava molhado, gelado. Fui com as chuteiras do Moacir, que tinha as traves altas , e que minha ingenuidade fazia-me pensar que a sola ficaria mais alta que a neve. Só ilusão: congelei os pés. Aulas suspensas. O Frei Gilberto (Giovani Tolu), suspendeu nossas aulas, estava muito feliz, porque via, aqui na América do Sul, a mesma nostálgica paisagem que sua mente trazia de sua infância na Itália.
O Joe e a Bunny, eram norteameriacanos que atuavam junto aos Clubes 4-S no interior do Ouro, havendo um clube pioneiro em Linha Sul ( o primeiro de Santa Catarina), moravam de pensão na casa do Sr. Guilherme e da Dona Mirian Doin. Eles eram dos 4-H, clubes dos Estados Unidos da América que tinham as mesmas funções e objetivos que os 4-S do Brasil: Head, Hands, Heart, and Health, que em português entndíamos como: Saber, Servir, Sentir e Saúde. Acostumados com a nove do Norte, fotografavam, faziam bonecos e esculturas. O Joe, que jogava basquetebol na quadra do Padre Anchieta com o Dr. Leônidas Ribeiro, o Rogério Toaldo e outros, era alto e usava óculos ( até para jogar). Ficou maravilhado com a neve. E, nós, tivemos que demolir nossa casa, da qual tenho muitas saudades...
Como resultado do frio, houve perdas e animais nos sítios e fazendas. Lembro que houve muita mortandade de abelhas. Até mesmo o mel que vinha de Abdon Baptista, não veio mais. Não vinha mais o caminhãozinho carregado, com as latas de 20 Kg, com que estávamos acostumados. E o produto encareceu. Alías, ficou sumido pelos anos seguintes, até que os enxames e as colmeias foram-se recompondo.
Além dos eventos climáticos que resultaram na enchente de 1983, penso que a neve de 1965 seja o outro fenômeno que mais nos marcou.
Ah, acho muito bonitas a neve e a geada. Mas, agora, com ar quente no carro, é muito mais fácil de encarar o frio. Viva a bela lembrança do passado! E viva a moderna tecnologia!
Euclides Riquetti
15-07-2012
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