sábado, 14 de janeiro de 2017

A voz que veio da lua


A voz que veio da lua
E que chegou mansa e suave
Veio pelos trilhos do vento
Ou então pelas pedras da rua
Talvez embarcada numa nave
Que flutuou no firmamento...

A voz que veio na noite
Trouxe-me paz, me acalmou
Deu-me o sono reparador.
Fez como a água em seu açoite
Que na minha pele se lançou
E que amainou minha dor...

Tua voz veio na noite estrelada
Sussurrar em meus ouvidos
Trazer-me do gozo o gemido
Fazer-me a carícia esperada.

E então meu sonho te abraçou
Te beijou...
Te amou!

Te amou de verdade!

Euclides Riquetti

Ouro do sol e dos trigais



Balneário Thermas de Ouro - localizado no perímetro urbano do município, no Bairro de Nossa Senhor da Saúde - Vale a pena conhecer!


          Ouro do sol e dos trigais/Ouro dos nossos laranjais... Os dois versos que iniciam o Hino do Município de Ouro bem refletem o que ele sempre representou em termos de cultura,  força de trabalho e grande celeiro agropecuário do Vale do Rio do Peixe, onde se localiza,  em território catarinense.
          Já no início do Século XX, começou a receber corajosas famílias de descendentes de italianos que vinham  da Serra Gaúcha, grande parte deles de Caxias do Sul e Farroupilha, e foi-se constituindo num lugar próspero que muito os atraía, em razão das características topográficas  semelhantes  às de seus lugares de origem, tanto na Itália como no Rio Grande do Sul.  Era uma paisagem que lhes trazia sempre as mais  saudosas lembranças.
          A vila que originou a cidade foi fundada em 20 de outubro de 1906, mas a ocupação das terras deu-se ainda antes, existindo aqui muitas famílias de caboclos, que eram chamados de “brasileiros”, sendo que alguns deles chegaram a possuir grandes áreas de cultivo. Depois  vieram os colonos, que desbravaram seu território montanhoso.
          Hoje, a cidade com pouco mais de sete mil habitantes e que está comemorando seu cinqüentenário,  tem sua economia assentada na produção de frangos, suínos,  bovinos, milho, leite e erva-mate. Pequenas manufaturas e agroindústrias, em sistemas associativos, tornaram Ouro a Capital Catarinense do Associativismo. O Turismo é uma atividade  com crescente importância no contexto local. Um balneário com águas termais e a belíssima e verdejante paisagem rural são fortes atrativos.
          Com bons índices em Educação e Saúde, sua população é alegre e acolhedora, uma  gente que trabalha com afinco e que busca sempre o melhor. A religiosidade, com predominância católica, é representada pela  Padroeira, Nossa Senhora dos Navegantes..
          Vale a pena conhecer Ouro, uma cidade que tem grande importância no contexto histórico, social e econômico do Meio-oeste Catarinense.
Colaborou: Euclides Riquetti
Matéria publicada no Diário Catarinense, 
no Caderno Especial para o Meio-oeste
Catarinense, em 29-07-2013

Quando as verdes folhas dos plátanos voltaram







Quando as verdes  folhas dos plátanos voltaram
Vieram  com elas minhas recordações
Dos outonos em que se soltaram
E me avivaram as emoções.

Caídas nas noites de melancolia
Para cobrir as pedras e os gramados
Abrem-me um vazio de nostalgia
Das manhãs dos céus azulados.

E, entre as lembranças que não fenecem
Volvo-me em tênues pensamentos
E perco-me nos sonhos que me enternecem.

E buscarei, no entanto, um novo abrigo
Para me  acalmar em  meus desalentos
No abraço carinhoso  que dividirei contigo.


Euclides Riquetti

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

O Julgamento de Paris - histórias sobre vinhos...



          Ao contrário do que muitos pensam, as uvas que produzem o vinho colonial no Sul do Brasil não vieram da´Europa, mas sim da América do Norte, algumas há bem  mais de 100 anos.  Dentre elas, as mais utilizadas são a Niágara, para a produção de vinho branco,  e as variedades Bordô e Isabel para os tintos. Foram trazidas para a Colônia Gaúcha e, de lá, aqui para o Vale do Rio do Peixe, com a chegada dos descendentes de imigrantes italianos radicados na Serra Gaúcha. Isso começou a acontecer logo depois da inauguração da Estrada de Ferro São Paulo/Rio Grande, que corta nosso Vale do Rio do Peixe, e que aconteceu em 1910.

          A introdução de uvas viníferas europeias é bem mais recente. O tempo e os costumes acomodaram (definiram) a classificação,  e hoje são consideradas "americanas" ou "coloniais", as variedades acima mencionadas. As viníferas têm como característica principal serem cultivadas em terras de altitude. As melhores têm origem na França, mas temos também as vindas da Itália, do Tirol, de Portugal e da Espanha, e de outros lugares. As principais cultivadas no Sul são: Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Syrah, Tannat  Cabernet Franc, entre as escuras; e Chardonnay e Sauvignon Blanc entre as claras. A Sauvignon Blanc, segundo Maurício Grando, da Villaggio Grando, de Água Doce, aqui perto,  é considerada a "mãe das uvas do mundo". Concordo com ele.

         Os franceses, especialmente, sempre trataram com desdém, inferioridade e desconfiança as uvas e os vinhos produzidos nas Américas (Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile, Uruguai...). O conceito, porém passou a mudar a partir de 1976, com um fato que ocorreu em Paris, na França. E, de lá para cá, os vinhos produzidos nas Américas passaram a ser respeitados e a tornarem-se, até, campeões em concursos que lá realizam, com os melhores vinhos, das melhores safras do mundo.

          Um filme de muito boa produção, um drama,  na verdade, de produção nortemericana em 2008, mostra uma história ( e por isso mesmo verdadeira), protagonizada por famílias da Califórnia, EUA, em que uma dúzia delas, no Napa Valley, produzem vinhos com parreiras trazidas da França. Com a Direção de Randall Miller e tendo como protagonistas Bill Pullman (no papel de Jim Barrett, o produtor de vinhos), Cris Pine (Bo Barrett, filho de Jim) e Rachel Taylor (Sam, por quem Bo nutre grandes sentimentos), enfoca a fazenda que produz vinho no seu Chateau Montelena. Um sommellier francês  vem aos Estados Unidos e prova dos vinhos produzidos naquele vale. Acha que têm condições de competir com igualdade aos vinhos franceses, num concurso a ser realizado em Paris, em 1976. Leva 26 garrafas, sendo duas do Montelena, entregues escondidas por Bo, contra a vontade do pai.As garrafas seguem sem que o produtor saiba, encaminhadas pelo filho.

          Classificado à final do Concurso, Bo segue a Paris para ver o julgamento. Os sommelliers escolhem, sem saber que é produzido na Califórnia, EUA, o Montelena como o melhor vinho. E, então...
(Final de filme não se conta!).

          A história apresentada no filme "O julgamento de Paris" muda a história dos vinhos nas Américas e hoje o vinho, para nós sul brasileiros, tem forte importância econômica. Houve grande evolução no sistema de armazenagem, sendo que a maior parte, hoje, é acondicionada para repousar em grandes tonéis inoxidáveis, em que cabem milhares de litros. A sua temperatura é controlada por sistemas de computação e, vinho que se preza, antes de ir para a garrafa passa uma temporada em barris de carvalho americano ou francês.

           Para nosso orgulho, a região do Meio-oeste Catarinense e Alto Vale do Rio do Peixe, tem contríbuído com vinhos e espumantes de excelente qualidade. Pessoalmente, destaco as cantinas de Pinheiro Preto e Tangará ( Treze Tílias também tem evoluído), e Água Doce, onde se situa a Villaggio Grando, que vale a pena conhecer.

          Mas, voltando ao filme, vale a pena assistir, pois além de um enredo interessante e paisagem espetacular (imagine os extensos parreirais...) ainda a presença de Cris Pine e Rachel Taylor fazendo a parte romântica.

          E, como diz a poetisa Denize Maria Cecatto Bee, que produz vinho com sua família ali em Pinheiro Preto, e que sabe muito bem poem(ar), " A magia do vinho não está só na qualidade da bebida, mas também na companhia de quem a desfruta". Tem razão a minha colega, pois o vinho é a bebida dos deuses, a bebida do amor!

Euclides Riquetti
01-11-2013  

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Não te quero ver triste




Não te quero ver triste, não, não quero
Quero escutar-te respirar constantemente
Quero te ver feliz, é só isso que espero
Apenas ver-te muito alegre e contente!

Não te deixes abalar por nada no mundo
Usa a inteligência nas horas  de crises
Usa a sabedoria, teu dom mais fecundo
Deixa o planeta
Veja girar, vamos ser felizes!

Não te entregues à dor do pessimismo
Luta para que as coisas sejam melhores
Olha quanta beleza há nos arredores...

Atira-te a mergulhar no maior otimismo
Atira-te a te ancorares em meu porto
Atira-te a te abraçares em meu corpo!

Euclides Riquetti
09-01-2017



Vinhos - arte de produzir e conhecer



          Quem não gosta de um bom vinho? A resposta vem, naturalmente, de cada um de nós, e é difícil encontrar alguém que não aprecie um bom produto, seja ele de uvas americanas ou de europeias. Aqui no Vale do Rio do Peixe, duas cidades se destacam na produção de vinhos e espumantes: Pinheiro Preto e Tangará. Produtos bons, em marcas que ganharam fama nacional e internacional, com uvas americanas ou europeias. Em Campos Novos, com a supervisão de técnicos da Epagri, são produzidos bons vinhos de viníferas de altitude, bem como em São Joaquim, que vem conquistando nome no mercado nacional e internacional.

          Passei a interessar-me por vinhos, tentando entender os processos de fabricação, as varietais e a qualidade,  lendo muito sobre o assunto, vendo reportagens televisivas e mesmo participando de degustações. Apenas degustar, por si só, não nos ensina muito. Porém, quando a degustação vem acompanhada da avaliação e opinião de enólogos, você passa a perceber a diferença que há em cada um. Tenho aprendido gradativamente sobre eles.

          Quando criança, ajudei a fazer vinho lá no Leãozinho, no sítio de meu padrinho, João Frank, na casa de quem fui morar com apenas um ano, um mês e dezessete dias. (Nasceu minha irmã Iradi, que mora hoje em União da Vitória, e meus padrinhos João e Rachel, levaram-me gentilmente para morar com eles, onde permaneci até os oito anos de idade, quando voltei para a casa de meus pais, em Capinzal.)  Lá, ajudei, desde tenra idade, a produzir vinho, com a função de pisar a uva nas tinas de carvalho, amassando os grãos de uvas americanas brasileiras, a Bordô, a Isabel e a Francesa. Esta, por ter a casca fina, é mais recomendada para o consumo in natura. As outras, para a produção do vinho colonial, como o chamamos por aqui.

          A primeira vez que tive contato com gente que entendia de vinhos aconteceu na cidade de Catanduvas, na casa do colega Prefeito Saul Leovegildo de Souza, numa reunião de prefeitos, há 22 anos. Nosso colega Faustino Panceri, Prefeito de Tangará e produtor de bons vinhos, pegava garrafa por garrafa dos vinhos que o anfitrião nos oferecia e dava o veredicto: "Este Niágara (branco), que é de produção de minha vinícola, pode jogar fora. É "vinho morto!"  Todos olhavam, não entendiam por que se haveria de dispensar um vinho de uma garrafa que ainda não fora sequer aberta.  Então, ele a colocava diretamente junto a um facho de luz e nos mostrava. Não havia transparência no líquido. Depois, abria a garrafa, colocava numa taça. Abria outra, da mesma marca e variedade e comparava: "Vejam a diferença: o vinho morto está turvo. O outro está com sua cor natural, mas límpido, transparente". E constatávamos a grande verdade.

          A partir de então, comecei a ler tudo o que me aparecia à  frente em termos de literatura sobre vinhos, de todas as procedências e de todas as qualidades. Frequentei as Vinícolas Cordelier, Aurora e Miolo, na Serra Gaúcha, participei de degustações com enológos experientes, aprendi a entender o porquê de haver astronômicas diferenças de preços entre uma garrafa e outra, muitas vezes da mesma varietal e marca. Na Miolo, em Bento Gonçalves, um enólogo me disse que os vinhos da América do Sul produzidos em 2000 e 2002 eram os "medlha de ouro"; os produzidos em 2004, "medalha de prata"; e os de 2005, "medalha de bronze". Isso foi em 2007.

          Então, passei a analisar melhor os vinhos produzidos em Capinzal e Ouro, com uvas americanas: Casca Dura, Isabel, Bordô e Niágara. O Casca Dura da marca Monte Sagrado, produzido pelos meus primos Alceu e Josenei Rech, lá na Linha Sagrado, é de ótima qualidade. Assim como sabem produzir bom vinho colonial o Jamir Dambrós, o Ariston Lanhi e os Molin. em Capinzal. O Niágara, do Hilário Rech, com a marca Nono Saule, também lá no Sagrado, vale a pena ser consumido. E o Cabernet Sauvignon Bertolla, do amigo Joair, com uvas europeias, de altitude, sempre é muito bom! Mas há outros produtores que fazem vinho para o consumo próprio de muito boa qualidade. Conta para isso colherem a uva no tempo certo, com grãos saudáveis. E nos períodos de pouca chuva a uva é mais doce e gera vinho de melhor sabor. O cuidado na confecção e, sobretudo, a sua armazenagem, são fatores fundamentais para sua boa qualidade.



          Nos últimos anos, fui duas vezes à Vinícola Villaggio Grando, no Distrito de Herciliópolis, em Água Doce. Em ambas participei de degustações de seus vinhos de altitude. Ali ele tem parreirais com videiras que ele mesmo desenvolve, promove sua evolução genética. Maurício Grando era madeireiro e, segundo ele, quando ser madeireiro passou a significar "inimigo do meio ambiente", foi à Europa aprender sobre vinhos e parreirais. Aprendeu e trouxe suas ideias inovadoras para Água Doce. Fez parreirais e todos o chamavam de louco. Substituiu a serraria por uma cantina.  Hoje,  produz vinhos dos melhores do país, como o Canernet Sauvignon, o Sauvignon Blanc, o Chardonnay,  o Tannat e outros. Também seu exclusivo "Innominabile". 



          A fazenda do Maurício  Grando é algo difícil de descrever pela beleza paisagística e organização singulares. O capricho mora ali! . Seu projeto, que está implantando gradativamente, é fabuloso. Seus vinhos e espumantes são de altíssima qualidade e só são encontrados em algumas casas especializadas. Podemos afirmar, com toda a certeza, que o Sul do Brasil produz vinhos de qualidade igual às melhores marcas da França, Portugal e Itália.

          Então, você que gosta de um bom vinho, procure ler muito na literatura especializada e converse com enólogos ou bons apreciadores. Não com aqueles  que compram uma garrafa porque é cara, mas com aqueles que sabem identificar, realmente, o que é um bom vinho.

Euclides Riquetti
30-10-2013

Faça de cada manhã



Faça de cada manhã mais que o início de uma jornada
Faça com que pareça algo que já vem de tempos
Faça como a andorinha que espera pelos ventos
Para planar suas asas na planície azulada.

Faça de cada tarde mais do que uma parte de seu dia
Faça com que ela se torne um momento adorável
Faça como a senhora  do sorriso inefável
Que nos  sorri, amável e  que nos  contagia.

Faça de cada noite a espera por alguém
Faça com que esse alguém sinta falta de você
Faça como a namorada que espera quem não vem...

Mas faça tudo significar que vale a pena
Pois  que no mundo sempre se  haverá de crer
Que a vida será  bela se a alma  permanecer serena.

Euclides Riquetti

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Angelina Jolie feia?


Angelina Jolie - lindíssima! Podem ficar com inveja à vontade...


          Mais do que ler as notícias nos portais, me atrai ler os comentários postados. Dizer que os pensamentos divergem seria apenas chover no molhado. Mas,  na manhã de sexta, bem cedinho, abri o globo.com e lá estava a notícia de que a belíssima atiz Angelina Jolie estaria dirigindo uma produção "provavelmente sem calcinha e sutiã no set de filmagens". E daí? 

          Bem,  os comentários eram diversos. Captei dois: um dizia que a imprensa deveria noticiar as coisas boas que a família Pitt faz em favor dos excluídos. Concoro plenamente com o comentarista. Outro, assinado por uma mulher, dizia mais ou menos assim: "Acho ela uma feia e não venham dizer que eu sou uma recalcada".  Então, cara senhora, tu não deves ser recalcada. Deves ser invejosa!

          A Senhora Pitt, com toda a elegância e beleza "não barbie"que Deus lhe deu, cobria-se com  um vestido escuro, um preto ônix ou um marinho muito forte, opaco, à  altura dos joelhos. Estava lá, na foto, dirigindo homens de terno cinza, em meio a filmagens. Só de ver uma mulher dirigindo filmes já dá uma baita inveja, né!!!??? Quantas não gostariam de ser como ela!  (Pensem num Brad Pitt...)

          Bem, democracia é assim mesmo. As pessoas têm o direito de dizer o que querem, até as bobagens que querem. E, lê, apenas quem quer. Mas têm coisas que a gente lê porque há algo nelas que nos atraem... Mais democrática que a redenet, só a praia! Na rede, é só escrever e postar. E os interleitores podem replicar, treplicar... Mas, na praia, ali sim a justiça social é exercitada.

           Vejam, amigas leitoras e leitores: um corpo bem moldado e bronzeado, uns dentes bem cuidados, um cabelo solto e molhado, uma roupinha simples, biquini, maiô ou shortinho e camiseta e o sucesso está garantido! Não precisa de muito salão de beleza, cremes, cabelão, óculos de griffe, nada! Não importa se comeu uma baita porção de camarão no Boka 's ou apenas uma espiga de milho de quatro reais. E, se a gatinha ou gatinho de sunga ou bermudão estiverem com um livro na mão, nem que seja uma  "Sabrina", estão inserido no admirável mundo dos leitores.

          Na semana, vi que uma senhora, provavelmente de minha idade, postava no face:  "não leio, não gosto de ler, só gosto de jogar no computador". Ah, que decepção! Bem pior do que aquela que acha a Agelina Jolie uma mulher feia. Opinião é opinião. Aceita e lê quem quer!

Euclides Riquetti
Manhãzinha de sexta-feira
22/11/2013, véspera de completar 61 belos anos!

Não me peças




Não me peças o que eu não te possa dar
Eu e as minhas limitações mais severas
Mas permite-me dar asas ao meu sonhar
Em todos os meus invernos e primaveras.

Pede-me apenas o meu carinho ilimitado
Expresso em meus poemas e nas canções
Naquilo que te escrevo está o meu legado
Nas divagações em que vivo as emoções.

Canto, com a força do íntimo de meu ser
Canto, com o ímpeto que vem de dentro
Canto aquilo que me faz sentir, faz viver.

Escrevo, porque a escrita é o que liberta
Porque é a porta pela qual sempre entro
Que me tira da rua erma, triste e deserta.

Euclides Riquetti
11-01-2017

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Dance comigo!


Dance comigo, me abrace, me conduza
Dance a música tocada pelo nosso coração
A que vem orquestrada pelo pensamento
Que nos faz flutuar nas ondas do firmamento
E que me faz chorar em cada refrão!

Dance comigo, me abrace, me seduza
Viaje comigo, embale-se no mundo da paixão
Quero ter esse delicioso privilégio
Quero cometer esse pecado, o sortilégio
Entregar-me com o frenesi da perdição!

Jogue-se na pista dos sonhos, vem dançar
Perca-se, entregue-se a mim por inteiro
Porque estoy estonteamente  enamorado,
Porque amar é o verbo mais sagrado
Faz brilhar a luz dos sonhos, do ser amado.

Euclides Riquetti

Chapecoense 4 x 2 São Paulo na Copinha - Vamos, vamos, Chapêêê!

       
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            O anoitecer desta terça-feira, 10 de janeiro de 2017 vai ficar na história e no coração dos chapecoenses, catarinenses e na grande maioria dos brasileiros. E eu convido você, meu leitor da América, da Europa, da Ásia, ou de qualquer outro lugar possível no mundo, a compartilhar de minha, de nossa emoção: A equipe de juniores da Associação Chapecoense de Futebol, com atletas de menos de 20 anos de idade, venceu, na cobrança de pênaltis, ao São Paulo Futebol Clube, na Arena Capivari, por 4 gols a 2. Brilhou o jovem goleiro Tiepo, que defendeu duas penalidades e ainda viu uma cobrança dos são-paulinos passar pelo lado de fora de sua baliza esquerda. Certamente que ele defenderia também esta cobrança, pois chegou a tocar, de leve, na bola. Com isso, a Chape passa à terceira fase da Copinha São Paulo de Juniores, devendo se defrontar com a equipe do Capivariano.

         Depois da tragédia que vitimou 19 jogadores e ainda dirigentes da Chape na Colômbia, ao final de novembro último, os torcedores seus jogadores e torcedores, ainda consternados pelo luto e a dor da irreparável perda, puderam abrir a garganta e entoar o seu já costumeiro grito de guerra: "Vamos, vamos, Chapêêê!..." Foi bonito ver os jovens do Verdão do Oeste vibrando, com o apoio e os aplausos dos torcedores de Capivari, e todos os que se encontravam naquela arena, com exceção dos tricolores.

          Se considerarmos que os times de São Paulo, Grêmio, Atlético Mineiro e Atlético paranaense já foram eliminados do torneio, torna-se ainda mais importante e valorizada a sua conquista. O trabalho sério e o planejamento eficiente de seus diretores reflete, sempre nos resultado em campo.

          Há que se considerar, também, que 11 jovens jogadores das categorias de base da Chapecoense foram alçados à categoria dos profissionais neste início de ano e não viajaram para jogar na Copinha. Após o jogo, os jovens atletas se abraçaram, rezaram o Pai Nosso e agradeceram a deus pela vitória, sem deixar de dedicar a mesma aos que perderam a vida naquele trágico desastre aéreo.

         Nesta quarta-feira, à tarde, estaremos visitando a Arena Condá, em Chapecó, para sentir de perto como está a situação do clube que vem recompondo seu plantel. Nossa Chape precisa da torcida do e do carinho de todos. Hoje, seguramente, é o time preferido dos oestinos e o segundo time da maioria dos torcedores dos principais times brasileiros.

Parabéns, Verdão do Oeste Catarinense!

Vamos, vamos, Chapêêê!!!

Euclides Riquetti
10-01-2017

Filhos, ah, amados filhos!

     

 Michele... filha

Caroline ... filha -  e Júlia , neta...


 Fabrício ...filho... e Luana ...nora.

           Os filhos são nossos grandes e valiosos bens. Que não os tem, não sabe o quanto é bom tê-los. E, o lugar deles, na infância e na sua juventude, é ao nosso lado, ou o quanto mais próximos de nós for possível. Depois, quando eles passam a ganhar o mundo, mudam de endereço físico, mas ficam ainda mais próximos de nosso coração.

          Tenho ouvido muitas notícias de tragédias em que ex-casais  se digladiam e se matam, muitas vezes em decorrência de seriíssimos conflitos e confrontos ocasionados pelo não entendimento de com quem os pequenos devem ficar quando das separações. Neste final e inicio de ano, vimos até uma chacina, amplamente noticiada pelos meios de comunicação, resultante do inconformismo de um pai que não tinha livre acesso ao seu filho...

          Quando casais decidam ter filhos, falam e propagam que estes foram consequência de um ´profundo ato de amor... Depois, com o passar do tempo e os desentendimentos, todas as teses e teorias caem por terra. Pessoas escolhem "ser felizes" em caminhos distintos, sob tetos diferentes, e as consequências, muitas vezes, são as piores possíveis.

         No meu entender, e não abro mão do direito de ter essa opinião, os casais deveriam fazer tudo o que fosse possível para não causar a decepção a seus filhos. Criança quer pai e mãe juntos, adolescentes também, jovens idem. Pessoas que têm alto nível de sensibilidade deixam de lado as querelas para poderem curtir o crescimento dos filhos, para dedicar a eles as orientações necessárias para que possam defender-se em sua vida.

         Hoje quero homenagear meus queridos filhos Michele, Caroline e Fabrício Guilherme. A primeira, gêmea com a irmã, Carol, mãe da Júlia, minha neta adorável, esperta, bonita e muito inteligente. Um amor de  criança também.

Abraços em  todos eles, com muito carinho!

Euclides Riquetti
10-01-2017

Deixe-me beijar o teu sorriso largado




Deixe-me beijar o teu sorriso largado
Sentir o perfume dos teus cabelos escuros
Abraçar o teu corpo docemente adocicado
Acariciar os teus pensamentos puros...

Deixe-me apalpar a tua leve respiração
Afagar os teus olhos quando lacrimejam
Encostar meu peito ansioso no teu coração
Sentir teus sentimentos que marejam.

Deixe-me dizer-te palavras bem sensuais
E sentir a reação de teu íntimo entristecido
Sentir as sensações inesperadas e casuais

Deixe-me escrever-te versos livremente
Declarar-te o amor mais profundo já sentido
Deixe-me cortejar-te sempre, infinitamente.

Euclides Riquetti
08-01-2017

Pecado é não querer amar alguém




Pecado é não querer amar alguém
É vestir-se de conceitos e preconceitos
É não querer amar de nenhum jeito
É não querer entregar o coração pra ninguém.

Pecado é não  mais querer  sonhar
É dizer que perdeu sem ter perdido
É não perceber se venceu ou foi  vencido
É não mais querer ter o direito de me  amar.

Pecado é frear a beleza de sua  vida
É anular-se diante de todos os desafios
É vegetar enquanto o mundo anda e gira

Pecado é  olhar ao lado e não me encontrar
É não ver como correm as águas em nossos rios
É fingir não me querer, não me sentir, não desejar...

Euclides Riquetti

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Barbeiros e topetes



           Não sei por que chamam os barbeiros de barbeiros. Ora, poucos são os que vão às barbearias para cortar a barba. Vão, sim, para cortar o cabelo. Antigamente havia preconceitos contra cabeleireiros, acho que era por isso. E a maioria dos homens, hoje, prefere cortar seus cabelos com as cabeleireiras. Muitas mulheres preferem cabeleireiros. Então tudo está empate. Eu pouco me importo, corto o meu pelo menos duas vezes por semana, sagradinho, eu mesmo, enquanto tomo banho. Às vezes três, é uma questão de hábito...

          Antigamentre, e eu sou bem antigo, eu não gostava de ir ao barbeiro por alguns  motivos: primeiro, porque cortavam os cabelos com aquelas máquinas metálicas, e doía. Pouco usavam as tesouras. Tesoura era mais  para quem tinha cabelão de galã. Nós, crianças, tínhamos que nos contentar com um corte bem raso. E deixavam um topete na frente, este sim moldado pela tesoura. Era um corte militar, como o dos soldados. Os italianos, lá da roça, chamávamos esse topete de "sthufet. Para mim, um sthufet é um montinho de cabelos na frente, na testa. E também porque eu tinha medo da navalha que usavam para o acabamento, os aparos finais. Parecia que iriam cortar meu pescoço fora. Eu tinha medo.

          O mais famoso topete de que se ouviu falar foi o do Presidente Itamar Franco. Uma vez o topete dele ficou muito comentado  porque, junto com o topete, esticou os olhos para olhar para uma certa modelo que estava com ele  num camarote de carnaval, acho que no Rio de Janeiro. (Ele não faria isso em Juiz de Fora...) Um fotógrafo,  esperto, flagrou uma pontinha, só uma pontinha bem tiquitinha de uma peça da roupa de baixo da "peça", e foi uma azaração só. Zoaram muito daquela situação, mas a moça teve seus minutos de fama. E não foram apenas quinze, porque, adiante ela tirou umas fotos para uma revista...e ficou famosa até que ele deixou o cargo.

          Lembro com saudades dos meus  barbeiros: O Estefenito, no Leãozinho. Meu pai, na Linha Bonita e na cidade, cortava os cabelos dos amigos por puro amadorismo, não cobrava nada.  Quando cresci, fui cliente do Alcides Spielmann e do Surdi, que atendia lá no "redondo", perto da Igreja de Capinzal. Na Barbearia do Spielmann, ele tinha um quadrinho na parede com uma gravura em que aparecia o "Amigo da Onça", personagem assinada pelo Stanislaw Ponte Preta. O Amigo da Onça era um barbeiro e estava com a navalha na mão, cortando a barba de um cliente, que olhava asustado. Pudera, ele olhava para um totó e dizia: "Calma, Totó, vai sobrar um pedaço de orelhinha pra você também"!  Era mais ou menos isso. O Spielmann nos contava belas histórias, entretinha os que estavam na espera da vez.

          Em Capinzal, ali na esquina da XV com a Ernesto Hachmann, havia a Barbearia do Eurides Gomes da Silva. Era um barbeiro muito gentil também. Dava conselho para nós, jovens e sempre tinha uma filosofia nova para incutir. Seu auxiliar era o Maneco. Mais tarde, o Schwantes, que era nosso inquilino, foi trabalhar com eles. Aos fundos havia uma sala de jogos de mesa. O melhor jogador era o Roque Manfredini. Visitei ele aqui em Porto União nesta tarde. Está vizinho de seu irmão Alvadi e do Fernando Martini, meu colega de chapa no Diretório da Fafi. Sua alma está lá em cima. Mas eles agora são vizinhos aqui. A Barbearia do Eurides era  um lugar simples,  mas muito bom para passar o tempo. Os anos passaram e essas pessoas também passaram, foram morar lá em cima. Que pena!

          Quando vim morar em União da Vitória, meus colegas da República Esquadrão da Vida já foram me orientando: Melhor lugar para cortar cabelo, aqui, é no Salão dos Estudantes, perto do Hotel Flórida. Recebi trote atrasado na Faculdade e no outro dia, cedo, fui raspar o cabelo naquele salão. Virei cliente. Foi bom porque meu cabelo deixou de ser liso e ficou encaracolado. Eu me sentia o tal! Até arrumei uma namorada e casei com ela. Passei por lá hoje e conversei com um barbeiro. Está trabalhando do Salão do Estudante desde 1977, justamente o ano que saí da cidade. 

          Quando o Spielmann morreu, seu salãozinho passou a ser atendido pelo Sr. Calgaro, que veio de Curitiba. O Calgaro também era muito calmo e tinha boas histórias para nos contar. Ficamos amigos. Quando ele partiu, jovem, seu filho Neguito, o Adriano,  o sucedeu. Ele e a sua mãe atendem até hoje.

          Uma das características indispensáveis para um barbeiro ou uma cabelereira é ser um bom papo. Estar atualizado (a) ajuda a manter uma boa conversa. Mas não é só isso, tem ser muito bom em seu serviço. Precisa ser um bom exemplo, estar bem cuidado, elegante.  Quem os procura vai porque quer ser sentir mais atraente, mais bonito. Isso vale tanto para ele quanto para ela.

          As mulheres sabem que um lugar para ficar sabendo "o que vai pela cidade" é nos salões de estética. Lá se sabe de tudo. O que elas não sabem é que nos salões para os homens  ou barbearias  os assuntos são os mesmos! Nós também ficamos sabendo muito sobre elas...

Euclides Riquetti
Redigido em União da Vitória, PR, em
 07-02-2013

Uma canção de amor (flutuando no ar...)


 Gramado´- RS


Quando andares pelos caminhos do sul
E te deslumbrares com a natural beleza
E  a singeleza da flor da hortênsia azul
Saboreie tudo com a paixão e a leveza.

Quando ouvires  cantos doces e suaves
Que vêm da mata, que vêm das flores
E que se propagam em todos os lugares
Sente a alegria dos pássaros multicores.

E, quando o vento soprar em teu rosto
Na manhã nublada, de céu encoberto
Beija-o com alegria e com muito gosto...

Há, em cada momento e em cada lugar
Um sentimento vivo, um coração aberto
Há uma canção de amor flutuando no ar.

Euclides Riquetti
02-11-2015

domingo, 8 de janeiro de 2017

O Seminário: boas lembranças!

Vista da cidade de Ouro - Sc - O seminário Nossa Senhora dos Navegantes funcionava no prédio azul localizado atrás do prédio em amarelo, após a ponte sobre o Rio do Peixe, que liga Ouro a Capinzal. 



          Vivi minha infância muito presente no Seminário Nossa Senhora dos Navegantes, no então Distrito de Ouro, município de Capinzal.  Havia um Frei lá, João, depois o Frei Otávio, que eram os responsáveis pela educação inicial dos nossos futuros padres. Um  casarão que pertencera à Família Penso fora adquirido pelos Padres Capuchinhos e, com ampliações, comportava o Seminário. Os meninos estudavam no Mater Dolorum, até concluir o Primário. Depois iam para Riozinho, na região de Irati, no Paraná. Mais adiante, o Padre Adelino Frigo e o Victorino Prando estiveram na sua Direção.

      Lembro que o Martin Mikoski e o André Bocheco eram os braços direitos dos diretores nas décadas de 1960 e 1970.  Lideravam os meninos nas lides da roça, do estudo e das orações. Tomaram outros rumos, foram exercer outra vocação que não a do sacerdócio. Depois veio o Frei Orlando, que dirigia o jeep azul e a Ford, levando os seminaristas para trabalhar na granja deles. O esforçado Frei Orlando, compositor do Hino a Nossa Senhora dos Navegantes tornou-se sacerdote. Era uma alma bondosa. Continua sendo uma figura muito carismática. Com sua voz ressonante, enche os espaços das Igrejas onde canta.

          Eu tinha muitos colegas de aula que eram do Seminário. E também um primo. Tinham suas horas de estudos, as de orações e meditação, e ainda ajudavam na Granja dos Padres. Uma Senhora, Dona Aurora, era a mãezona de todos eles. Era uma matrona forte e respeitada, impunha respeito em talvez umas cinco dezenas de meninos afoitos.

          Aos domingos, iam para alguma comunidade, a pé, para jogar futebol. Lembro que o Luiz Frigo corria muito, tinha as pernas compridas e reclamava do juiz, normalmente um Frei.

          Quando a Festa de São Paulo Apóstolo  se avizinhava, eram colocados a pintar estatuetas de gesso do padroeiro, que eram trazidas de Curitiba. A batina marrom, um manto verde, o rosto marfim. Era mais ou menos isso. E havia alguns acabamentos que eram feitos pelo Frei João, para que o serviço ficasse bem feito. Ainda hoje há, em algumas casas no interior, exemplares desse São Paulo Apóstolo, que era benzido e vendido no Dia da Festa, 25 de janeiro, ou no domingo mais próximo. 

          No Colégio, os meninos eram bulidos, sistematicamente, por muitos dos colegas. Eles tinham umas características que os diferenciavam de nós, como por exemplo, na fala: Nós dizíamos "pra" e eles diziam "para". O Frei exigia que aprimorassem sua fala. Nós achávamos que aquilo era coisa de granfino. E diziam os esses nos plurais. E as declinações certas ao final dos verbos. Na sala eram comportados e isso nos deixava intrigados porque tinham mais prstígio do que nós que fazíamos nossas  inocentes  baguncinhas.  No futebol, eram melhores do que nós, porque em seu tempo livre, jogavam muita bola. Faziam petecas com palha de milho e penas de galinhas que eram uma maravilha. Tinham seu material escolar organizado, bem mais do que o meu, que não posso me citar como exemplo para ninguém, tamanho era meu desleixo. Por tudo isso os colegas buliam com eles.

          Eu ia diariamente ao seminário, era quase um deles. Algumas vezes me tentava a dizer que queria estudar para me tornar padre, mas  sabia que não tinha nenhuma aptidão ou vontade para isso. Acho que era por causa da companhia dos amigos. Aqueles que terminavam o primário iam para Irati e nós ficávamos muito tristes, pois só vinham para casa ao final do ano. Tinham que ficar lá em provação. Acho que isso levava  muitos deles a desistir de seu intento.

          Certa vez houve uma briga no Colégio e a minha turma de amigos ficou dividida, uns contra e outros a favor deles. Eu era a favor, pois aqueles meninos não incomodavam ninguém, mas havia uma cisma de alguns contra eles. Lembro que os contra eles desciam o morro rapidamente,  ao final da aula, antecipando-se aos seminaristas,  e amarravam as guanxumas  que havia ao lado dos carreiros para que, quando eles corressem, caíssem. E, depois, armavam uma algazarra para vê-los correr e caírem. Para nós, aquilo era divertido, não levam mais do que uns esfolões. Tinha um que era bravo, o Paulo Rosalem, que virou padre e soube que ele faleceu recentemente, em Capinzal.

           E muitos deles acabaram saindo  e tornando-se bons professores. Aliás, muitas das universidades do Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina foram bem sucedidas porque ex-seminaristas tornaram-se professores delas, chegando ao Doutorado ou Pós-doc. E tornaram-se  diretores, reitores até. Mas também rechearam o mercado com profissionais liberais. Ou na área pública. A seriedade com que eram cobrados no estudo lhes deu uma base sólida de conhecimentos que lhes permitiu galgar escalas acima com relativa facilidade.

          Tenho boas lembranças daquelas tardes em que eu ia com um irmão pequeno participar das brincadeiras com os seminaristas.

          O Seminário Nossa Senhora dos Navegantes foi desativado, assim como os demais da região. Seus prédios são ocupados por escolas particulares, centros de administração pública e de múltiplo uso. Foi assim em Ouro, Luzerna, Ibicaré e Iomerê. No Paraná, em Ponta Grossa, um deles hoje abriga a Universidade Federal Tecnológica do Paraná.

          Nossa região, em razão de sua colonização italiana, era povoada de seminários. Os pais sonhavam em ter um filho Padre. Os filhos viam no Seminário uma maneira de sair de casa e estudar. E já valia para eles a regra de que "o futuro a Deus pertence". Talvez o Vaticano não tenha conseguido ter o número de propagadores do Evangelho que esperava, mas o certo é que muitos colégios e faculdades ganharam excelentes professores, ajudando a dar um ton de maior qualidade à nossa educação. Graças a Deus,  e não em nome de Deus...

Euclides Riquetti
28-01-2013

Mergulhar em você...


Eu queria mergulhar em você
Infinitamente...
Eu queria me jogar em você
Perdidamente...
E me inundar de seus  lábios  que atraem
Constantemente...
E olhar os seus olhos bonitos
Certamente...

Eu queria abraçar o seu corpo
Desejosamente...
E esquecer de meu mundo agitado
Num repente...
E gritar pra você que seus beijos
São ardentes...
E alimentar meus sonhos para que sejam reais
Para sempre...

E que você nem respondesse
Mas apenas dissesse:
"Eu também quero você!"

Euclides Riquetti

Lembranças dos campinhos de futebol - segunda parte

 

 


          Já me referi a campinhos de futebol aqui e hoje volto ao tema. E voltarei também com a terceira parte...

          Na minha adolescência, joguei bola em diversos campinhos de Capinzal e Ouro. Na juventude, também, em União da Vitória. Um dos que mais me marcou foi o que implantamos na beira do Rio do Peixe, na margem direita, entre a barragem da usina hidrelétrica da família Zortéa e a Ponte Irineu Bornhausen.
          Havia uma estrada abandonada, a qual vinha da parte sul da cidade e dirigia-se para o norte, no sentido de Joaçaba. Com a construção da "ponte nova", a estrada foi desativada, restando apenas a que hoje se diz "Rua do Beco", que o prefeito Ivo Luiz Bazzo, em 1982, propôs denominar-se Rua Giavarino Andrioni, o Bijuja, juntamente com a antiga Rua Brasília, que segue reta da ponte em direção ao Bairro Nossa Senhora dos Navegantes, cujo nome oficial passou a ser "Professor Guerino Riquetti", numa homenagem que ele fez a meu saudoso pai, e cujo projeto, de ambas, foi aprovado pela Câmara de Vereadores do Município. Pois, nesse campinho, jogávamos ao final das tardes, especialmente na primavera e no verão, e nos feriados e fins de semana.

         Ali era o local de nosso encontro diário. Os jogadores do Palmeirinhas, todos de pés descalços, brincavam muito. Formávamos vários times, com cinco, seis, ou até sete jogadores. Ninguém tinha relógio, então, quando havia vários grupinhos, fazíamos o "dois vira, quatro ganha". Os perdedores davam lugar à equipe que estava esperando, sentada no barranco, lado oeste. A escolha era feita por dois, às vezes três meninos da mesma idade e cada um ia escolhendo os jogadores que achavam melhores. Os mais espertos, saíam escolhendo o goleiro, porque poucos gostavam daquela posição.

         Havia bons goleiros: meu primo Cosme, que só jogava nas férias, porque era seminarista em Riozinho, na região de Irati/Ponta Grossa, Paraná. o Bernardo, era filho de um ourives que morou na antiga Siap e também num  casarão de André Colombo, na entrada da Ponte Pênsil, ao lado da Praça Pio XI. O Darci Lucietti, saudoso, morreu em acidente me parece que em Rondônia, a quem chamávamos de Tostão. E, dentre os pequenos, o Gilmar, que usava camisa amarela, igual à que era usada pelo goleiro Raul, no Cruzeiro de Minas Gerais. O Gilmar era irmão da Matilde, professora, casada com um nosso conterrâneo. Adiante, o Gilmar ganhou a medalha de prata pela seleção brasileira nas olimpíadas de Los Angeles, EUA, em 1984, melhor resultado que o Brasil já teve no naipe. E, ainda, tetracampeão mundial, em 1994, pela seleção principal, como reserva do outro gaúcho, o Taffarel. O Gilmar Rinaldi, hoje, nosso colega, é supervisor da Seleção Brasileira de Futebol. Era de Mariano Moro, ali antes de Erechim. Passava as férias em Ouro, na casa da irmã, e jogava com a gente.

          Aldair, conhecido como Neguinho Aldair, e Osni, conhecido como Flamenguinho, filho de um ferroviário, Ademar Miqueloto (Motorzinho) e seus irmãos Ademir (falecido em Porto Alegre), o Adélcio, empresário e carreteiro, e o Adelto, (Micuin), Agrônomo e fazendeiro; o Nenê Stopassola, que foi para Floripa,  e Luiz Alberto Dambrós  ( o Tratorzinho - Goiás)), "Peta"  (Reinaldo Padilha) e seu irmão Reni, (Joaçaba) e os familiares Ferrinho e Reinoldo (Nordo), in memorian ;  Ivo Santo  Guerra , o Bode Branco e seu irmão Carlinhos, Altivir e Valdir Souza (os Coquiarinhas - estão em Joaçaba); o Bichacreta (Juventino Vergani - mora aqui pertinho de minha casa); Sidney  Surdi, que morava ao lado do campinho e está em Passo Fundo; Ricardo Baratieri, que está eem Florianópolis, Celito Baretta ( o Bandido), que está em Linha Bonita; o Ironi, meu irmão, nosso treinador, e o Hiroito (Piro), que está em Capinzal; o Mário Thomazoni e o Arlindo, que estão em Araruna; o Nereu e o Nico, que foram embora para União da Vitória; O Adelir Paulo Lucietti (Paulinho), que está em Pato Branco,  no Paraná; O Pedro e o Zé Vieira (Curitiba e Porto Alegre); o Zezo Doin e o Djair Picinato (foram para Curitibanos e Lages); o  saudoso  Dário Micheletto, foi para Lages e Joinville.
         Tínhamos o saudoso Chuchu (Hilário da Rosa), que faleceu em Piratuba, bem jovem; o Ademir Mantovanello (Curitiba, agora),  o saudoso Tchule (José dos Anjos) e o mano Eugênio (Chefo), o Rogério Rodrigues (Caburé - Lages); o Rogério e o Renô Caldart,  que permanecem em Ouro; o Adalir (Pecos) Borsatti, que está em Florianópolis; o Ademir Mantovanello (Curitiba) e o irmão Milton, filhos do Santo e da Zelinda (Baretta) que foram para Cascavel; o saudoso Ivan Casagrande (Bianco), com quem trabalhei na Prefeitura, em Ouro, O Romário Vargas e seus sobrinhos Dirceu e Sérgio, o Ademir Bernardi, que está na Barra do Leão, (Campos Novos), o Rosito e o Heitor Masson, que continuam na cidade, o saudoso Célio Boz,  e muitos outros também arrancaram unhas dos dedos dos pés naquele campinho. Todos esses  viraram maridos, pais, avôs, foram buscar outros destinos... mas restam-me as lembranças de cada um, o seu semblante, a sua imagem da época. Eram uma família que se divertia, brincava jogando bola, brigava um pouco, mas no final todos se abraçavam...

         Saudades daqueles bons tempos...

Euclides Riquetti
02-11-2012