Estive por alguns dias "tomando banho de chuva" na praia de Canasvieiras, na Ilha da Magia, Florianópolis, coisa que, depois de definitivamente aposentado, agora de fato e antes de direito, repito uma três vezes por ano. Claro que, na maioria das vezes, "tomando banho de sol", coisa que fiz durante toda a minha vida. Adoro Canasvieiras: é minha praia!!!
A belíssima praia do Norte de Floripa tem uma faixa de areia de um 5 km de extensão, com a largura variando entre 5 e 15 metros em 80% do dia. Com a maré baixa, fica entre 15 e 20 metros. Areia fina e limpa, muito boa para caminhadas. Costumo correr logo de manhã, sempre mais do que uma hora, e caminhar mais uma, o que me permite usufruir, com alegria, das delícias dos restaurantes. Há dezenas de boas opções para refeições por lá. A "praia dos argentinos", pelo menos duas vezes ao ano, é invadida pelos uruguaios.
Na semana que passou, nos deparamos com bandos de jovens que tomaram as ruas da Ilha de Santa Catarina. Conversei com alguns deles, gente muito bonita e educada. Humildes, cordatos, respeitosos, elegantes. Idade entre 16 e 20 anos pelo menos 80 por cento deles. Mas, na primeira vista, se tem a impressão de que tenham entre 14 e 16 anos. Muito bem cuidados, têm uma estatura mais baixa do que os brasileiros. Nisso, assemelham-se aos argentinos, porém, pelos seus hábitos alimentares, são praticamente todos magros. Ao contrário dos outros, os meninos usam corte de cabelo curto e as garotas, todas, com cabelos longos ou médios., acima dos 30 centímetros. Castanhos ou negros são os seus cabelos, poucas pessoas loiras. Mas, de uma forma geral, no quesito "beleza e apresentação", dou-lhes notas entre oito e nove. Sete e dez seriam as exceções.
Mas a tônica da presença deles, ao meu ver, é a o seu nível de educação e respeito. Falou-me um jovem casal que eles estavam em mais de 1.000 jovens uruguaios que comemoravam a conclusão de seus estudos em nível de Ensino Médio , Segundo Ciclo, lá, e que estarão ingressando na Universidade. Em dados momentos, adentravam em mais de duas centenas deles num supermercado e nada de anormal ocorria. A padaria e as prateleiras de frios eram os departamentos mais visados. Sucos, iogurte, pão, bolos e cucas, salgados e doces, sorvetes, refrigerantes. A cerveja, que costuma ser regra entre brasileiros e portenhos, era raríssima exceção. Mesmo assim consumida com moderação. Nada daquelas caixas de isopor cheias de latinhas e gelo que os outros costumam levar para a praia. Acho que é por isso mesmo que a obesidade não está presente dentre eles. Andam sempre em grupos, que é a forma que têm para proteger-se.
No Uruguai, os alunos da escola pública frequentam seis anos de Curso Primário, mais três de Ciclo Básico. E mais três do Segundo Ciclo, quando, em seu segundo ano, são orientados, de acordo com as suas aptidões, para as áreas onde podem dar-se melhor. No último (terceiro ano), saem prontos para ingresso na Universidade, sem vestibular, inclusive para Medicina e Direito. Acho o modelo deles fantástico. Exames de Classificação, lá, muito poucos.
Eu já conhecia bem a conduta dos uruguaios adultos, que na Semana Santa tiram uma semana de feriadão, em seu país. Chamam a isso de "Semana do Turismo", em que serviços públicos e privados param para que possam descansar ou viajar. Acho isso também uma ótima ideia. Aqui, pessoas trabalham muito e costumam, boa parte, "vender suas férias para o patrão", para garantir um dinheiro a mais no ano. E os patrões pouco folgam porque não podem descuidar-se em seus negócios para não quebrarem ou mesmo porque gostam muito de ganhar muito dinheiro...
Registro que, ao contrário de muitos que se expõem inconsequentemente, os jovens uruguaios têm muito a nos ensinar. Parabéns a eles!
Euclides Riquetti
28-09-2014