sábado, 11 de fevereiro de 2012

Raios de Sol

Raios de sol propulsionam pensamentos
Que flutuam no firmamento
Que pairam na leveza do ar
A vagar,  divagar,  de vagar.

Raios de sol incitam anseios  remotos
Escondidos nas mentes e corpos
Que andam a esmo nas ruas
Com as almas frias,  nuas.

Raios de sol são a vitamina do poeta
São a adrenalina discreta
Que movem o ideal compositor
E que fazem de mim um mero escritor.

Escrevo, sim, porque no céu há azul e sol brilhante
Escrevo, sim, porque sou apenas um corpo errante
Mas tenho uma alma que me inspira e impulsiona
E um há um coração que me anima e amociona.

Escrevo, sim, porque raios de sol iluminam meu pensamento
Que divaga em si
Que vaga até ti
Até ti...
Por isso escrevo, sim!

Euclides Riquetti
11-02-2012

Sábado de Sol

          Cedinho, o sol apareceu timidamente neste sábado. Fomos  para a "despedida" na pista do Comercial. Temporária nossa depedida, mas não deixa de ser uma sensível despedidinha...  Deixar de ir a um lugar que prezamos muito, mesmo que por poucos dias, pouco mais de uma semana,  nos remete a uma pontinha antecipada de saudade. Sentem-se saudades das pessoas, dos lugares. Saudade é uma palavra tão significativa da nossa língua que, dizia-me o saudoso professor Geraldo Feltrin, em minha efervecente juventude, não há  uma similar em qualquer língua que se fale no mundo. Não no Inglês, não no Francês, não no Espanhol,  nem no Flamingo: apenas em Português ela tem um efeito tão profundo nas pessoas. Vou sentir saudades de ti, sim!

          Manhã de céu azul, balõezinhos de algodão flutuando suavemente no céu, canários ameigando o canto nos galhos em meio às folhas balançantes, rolinhas ciscando por debaixo de árvores exóticas, pessoas buscando estar em forma para o carnaval, caminhando, correndo, rindo,  sorrindo: todos querendo ser e parecer melhor no corpo, na alma, na própria individualidade. A pista é de todos. De todos os que querem, de alguma forma, buscar os louros das vitórias. Vencer, cada um à sua maneira, ter êxito, superar-se. A garota tentando ser mais bonita, mais "escultural"; o jovem buscar o vigor físico; o maduro tentando mostrar agilidade e resistência; o "bem experiente"  pensando em alongar sua longevidade, num pleonasmo que, pessoalmente, eu também busco sem cessar. Eu também...

          Ah, mas um sábado de sol pode ser bem melhor do que isso. Bem melhor, se analisarmos o cenário que nos rodeia, se soubermos entendê-lo, se soubermos compreendê-lo, ver como as pessoas podem ser felizes, e que as limitações que temos, somos nós mesmos que nô-las impomos.

          Aline, braços finos, elegantes e medilíneos, acionando agilmente a cadeira de rodas, estimulada pelo namorado treinador. Igualmente Daluan, empregando a força de seus braços para superar a marca de seu tempo. Regina, com dificuldade para articular seu próprio nome e limitações nos braços, acionando os dardos. Nádia e seu companheiro, arremessando pesos, juntamente com a Gisele, que gosta de ser chamada de Gise. Todos animados, de vontade de superação ilimitada, cada um fazendo o que seu corpo permite. Que bonito isso! Pessoas felizes, contando piadas (algumas nem dá pra escrever aqui), rindo muito, fazendo gracejos de si mesmos, falando sobre sexo, namoro, casamento.  E pensar que há muitos que se acham perfeitos e que vivem lamentando-se por não terem isso ou aquilo, por não poderem aquilo ou isso.

          Vou contar apenas a que a Gise, cadeirante, pernas amputadas,  contou-nos: "Li na internet que  um amputado quer se candidatar nas eleições e seu slogan de campanha é: Vote em mim que eu não vou passar a perna em você!!!!". "Olhe, se eu for candidata, não vou passar a perna em ninguém, porque não tenho..." E ria, feliz, porque nosotros ríamos de sua piada. Que gente feliz! Quanto espírito proativo, quanta vontade de viver.

          Tudo isso fez com que minha despedida de lá (temporária), fosse bem mais amena!

Abraços a todos!

Euclides Riquetti
11-02-2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Décima Crônica do Antigamente

         Há aquele chavão muito batido e repetido:"Recordar é viver". Recordar, para mim, não é viver, é reviver. E, quando recordo, revivo momentos de minha vida. Meu subconsciente esforça-se por deletar os ruins, dando  "stop-and-go" e chegando  a momentos que me trazem a sublime felicidade. Ah, mas não é tão mecânico, tão fácil assim...

          E, quem é antigo, como eu, tem muito mais a re-cordar, a re-viver. Bem hoje que o Vando, o colecionador de calcinhas e corações foi pro "outro andar", pegou o elevador pro céu. É, quem dilacerou tantos corações, fez afagos generosos a tantas almas, embalou tantos sonhos, encarnou tantas vezes o cupido, deixou-nos. Moça...

          Que bom quando podemos dizer algo de bom sobre alguém que muito nos deu "de bom". O Vando foi a alegria de muitos  jovens, como foi o Paulo Sérgio, de "Última Canção", o Evaldo Braga, de "Sorria", o Carlos Imperial com "A Praça", e tantos, tantos outros, que nos encantaram no som do três-em-um ou no toca-fitas do Fusca, do Chevette, ou da Brasília. Deus o receba romanticamente em sua Eterna Glória...

          E, lembrando-me dos antigos tempos românticos, lembro das noites dançantes do Primeiro de Maio, da Cabana, do Ateneu e do Floresta, na OUROCAP, e do "25", em Porto União da Vitória. E havia o romantismo singelo, puro, das pesoas que viviam os sonhos mais simples, como jogar ou ver voleibol no Floresta, no campinho do Botafoguinho, ali na XV, ou do Expresso, lá pras bandas do Santa Terezinha, estes em Capinzal, ou jogar futsal na quadra do Padre Anchieta. Bons aqueles tempos que minha mente atiçam, minha alma provocam. Bons, porque tínhamos uma poderosa juventude, uma força descomunal em cada um de nós, uma vida preciosa em cada ser e, em nossa imaturidade, não sabíamos quanto isso nos era importante...

          É, naqueles tempos não tínhamos a novela das seis,  a "Vida da Gente", a Marjorie Estiano,  mas tínhamos os filmes do Cine Farroupilha, do Cine Glória, onde íamos ver a Gina Lolobrígida, a Catherine Deneuve, a Brigitte Bardott, a Claúdia Cardinalle, a Marylin Monroe. E elas iam ver o Giuliano Gemma, o Dean Martin, o Marlon Brando, o Elvis Presley, o Kirk Douglas... E ouvir trilhas sonoras de Romeo anda Juliet e Love Story! Agora, amigo, amiga, tu podes curtir um Michel Telló, um MC-não-sei-o-quê, um funk arretado, ver um filme de mutações, ou qualquer outra banalidade que queira.

          Ter sido antigo me permite falar de pessoas assim. Até da Demi Moore, ex Senhora Bruce Willis, a belíssima de "Proposal", que está internada para desintoxicar-se de álcool e outras drogas, como já esteve a mais antiga do que eu, vera Fisher.

          Deus dá beleza e talento para muitas pessoas. Algumas desperdiçam isso, perdem a noção de quanto a vida é imortante, esquecem-se de re-cordar, de re-viver! E, eu, cá, desperdiçando minhas habilidades em escrever sobre o Telló.

Euclides Riquetti
09-02-2012  - 0,47 horas
 

        

Dona de mim

Dona da noite prateada
Enluarada
Dona da noite imaginada
Acalentada
Dona das noites e dos dias
Dona das noites e de minhas poesias
Dos dias encalorados e das noites frias
Dona de todas as noites
Minhas e tuas
Nuas...

Dona das manhãs claras
Das nuvens raras
E das lembranças caras...

Dona das notas das canções
Dos abandonados e dos encontrados
Dos susurros amordaçados
Dos perdidos ... e de nossas perdições...

Dona...
Apenas dona|
Dona, assim
Dona de mim
Dona do meu livre verso
Dona do universo
Sem fim...
Dona de mim!

Euclides Riquetti
08-02-2012