sábado, 10 de maio de 2014

Abençoai, Senhor, todas as mães


Abençoai, Senhor, as mães que perderam seus filhos
As que os tiveram nascidos em berços com ouros
As que os tiveram em leitos pobres e  maltrapilhos
Dai a todas elas  uma coroa com louros.

Abençoai, Senhor, todas as mães que choraram
As que os viram partir para ganhar o mundo
As que os viram  partir e que não mais voltaram
Mas levaram a certeza de  seu  amor profundo.

Abençoai-as , Senhor, com suas sagradas dádivas
Todas as mães que velaram em vigília
Abençoai as que derramaram rios de  lágrimas
E que em todos os momentos honraram a  família.

Abnçoai, Senhor, aquelas que tiveram filhos adotados
E que os amaram como seus, incondicionalmente 
Que foram gerados em outros ventres abençoados
Mas que os amaram, sempre, verdadeiramente.

Abençoai, Senhor
Todas as mães do mundo!

Euclides Riquetti

Se eu soubesse pintar...

Se eu soubesse pintar
Começaria pelo teu rosto contente
Pincelaria teu corpo envolvente
Poria vermelho nas unhas de  teus pés...

Se eu pudesse pintar
Pintar-te-ia com roupas pretas
Que te tornam bonita, atraente
Que te deixam morena fascinante...

Se eu soubesse pintar
Pintar-te-ia como és:
Com toda a tua exuberância
Com tua beleza e elegância.

Se eu pudesse pintar
Pintaria teu rosto com tinta clara
Cor da primavera que chegara
E o próprio verão cobrir-te-ia com verniz...

Mas,  todo o teu corpo
Idealizado, desejado
Eu jamais conseguiria concretizar!
Não eu, nem outro:
Ninguém conceberia o ideal de tua perfeição...

Mas teu beijo
Sensual, gostoso, (ardoroso?)
Eu levaria!
Tuas palavras
Doces, amáveis, (adoráveis?)
Eu também as levaria!

E teus olhos fugidios teriam que fitar os meus e dizer:
"Eu te amo!"

Euclides Riquetti
02-07-97

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O Reencontro de Jair Rodrigues com Simonal e Elis Regina


          O Jair Rodrigues também foi pro céu. Não é lá o lugar de destino de quem vai embora depois de ter feito o bem e de ter alegrado tanta gente? Chegou com o violão embaixo do braço, de terno escuro, camisa branca, gravata escura, distribuindo sorrisos. Saiu de Cotia no meio da manhã, foi levando seu sorriso jovial e alegre, uma sacolada de alegria. Nem deu tempo pra se despedir dos amigos. Difícil imaginar que alguém pudesse ir embora assim, de repente, sem se despedir de ninguém...  Foi recebido pelo Wilson Simonal. Nas décadas de 1960 e 1970 fizeram muito sucesso cá na terra. O Simona com seu Patropi. O Sr. Rodrigues chegou com seu sorriso largo, com sua voz rouca e bem característica, e foi disparando: "Prepare o seu coração... pras coisas que eu vou contar... eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão... e posso não lhe agradar!!!
         
          O coração do Simonal quase que parou de novo. Era muita emoção. O Simoninha chorou muito a partida do Jajá, deu pra ver no Jornal Nacional. O Velho Simona veio, rápido, ao encontro do amigão e foi um abraço que teve hora para começar e não para terminar, fervoroso! Depois Simonal ensaiou uns passinhos e lascou: "Moro... num patropi...!" E os dois começaram a dançar, pareciam duas crianças. Foi emocionante o reencontro. Relembraram de muitas passagens de sua vida, dos festivais, do Geraldo Vandré, do Chico Buarque, do Ronie Von, do Roberto Leal,  de muitos outros.

          "Jajá, vem mais aqui que quero te apresentar a um amigo. Este, conheci quando aqui cheguei, já estava morando na Estância de São Pedro..." E chamou um rapaz bem apessoado, o Tchule. Era assim que era conhecido o José dos Anjos, que foi baterista dos "Fraudsom", lá em Capinzal. O Tchule também foi habilidoso jogador de bola, esteve no Arabutã e no Vasco, lá na sua terra natal. Também foi zagueiro no Grêmio Lírio, no Zortéa!

          O Tchule se achegou, tinha  um papel branco da cor de seus dentes na mão morena, uma caneta Bic, sorriu muito e pediu um autógrafo. E o Jajá: "Vem cá, Negão!, vamos ser grandes parceiros aqui! Nem se preocupe, teremos muito tempo para autógrafos. E mais, vou te dar um bolachão, um dos primeiros LPs meus.  E os dois abraçaram-se, afetuosamente, fã e ídolo, agora companheiros na mais nova jornada, a da Vida Eterna.

             Jair Rodrigues começou a fazer sucesso em 1964, e foi  o primeiro cantor brasileiro a superar a venda de 1.000.000 de discos. Ganhou  muitos prêmios. A vida toda com a agenda cheia, e ainda a atenção necessárias aos filhos Jairzinho e Luciana, também cantores. Ele e a esposa Claudine Mello sempre fizeram o melhor pelos filhos.

            Simona e Tchule ajudaram levando a sacola e o violão, foram para o Departamento dos Sambistas, que se situa ao lado direito da estrada dos músicos, após o Departamento de MPB. Deste,  vinha uma melodia suave e uma voz cheia de ternura, bem familiar, bem  conhecida... Abriu-se  uma cortina de uma porta,  branca, cujos marcos eram adornados com véus dourados. Olhou,  discretamente,  e ouviu: "Os sonhos mais lindos, sonhei...!"  Nem parecia acreditar, era ela que estava lá, que veio com seu cabelo curto, jeito moleque, sorrisão, braços abertos, pronta para saudar o antigo companheiro de atuação na TV Record: Elis Regina!

          É impossível descrever os minutos que se seguiram. Apenas se ouvia um coro de aplausos que saíam das mãos enternecidas de milhares de anjos vestidos de branco, que aplaudiam o grande reencontro: Jair e Elis, agora, vão alegrar o céu.

Euclides Riquetti
08-04-2014

Fera desprotegida

Vejo
Desejo
Não o horizonte azul
Nem a neve no sul
Apenas vejo ... e desejo!

Espero
Quero
O melhor momento
Do mundano pensamento
Calmamente,  eu espero... porque quero!

Tu sorris
Tu, ali
Indefesa e desprotegida
Fera desassistida
Em meio a meus pensamentos banais... e vis!

Entendo
Compreendo
Há uma lógica destoante
Em teu rosto fascinante
Belo, formoso, estupendo!

E eu me declaro
Na negra noite, ou no dia claro:
Sou teu fã incondicional!
Não, o mundo não é banal:
Tu és bonita, e resistes
Porque tu és real, e existes!
Euclides Riquetti

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A música do vento... me faz sonhar!

A música do vento... embala meus sonhos
E me leva pra longe... me faz navegar
A música do vento... afaga meu rosto
E me transporta pra perto... pra perto do mar!

A música do vento me vem como uma canção
Que você cantava
Pra me animar
A música do vento acalma meu coração
Me faz pensar em você
E de novo sonhar

Adoro o vento que vem brando
Que sopra suavemente
Que vem me acariciando
Como se fossem suas mãos...

Adoro o vento soprando
Deliciosamente
E que vem acalentando
As minhas doces ilusões...

A música do vento é assim,  prazenteira
A música do vento me traz esperanças
De reencontrar a verdadeira
E a mais saudosa das lembranças.

A música do vento... me faz sonhar!

Euclides Riquetti
07-05-2014

terça-feira, 6 de maio de 2014

Mulher - o poema


Mulher

Mulher dos olhos amendoados
Encantados...
Mulher dos lábios rosados
Beijados...
Mulher dos cabelos castanhos
Que já não me são estranhos...
Dos pensamentos proibidos
Dos sentimentos bandidos...
Do corpo sensual
Da atitude magistral...

Teus abraços me despertam desmedida paixão
Teus beijos me levam à perdição!

E meus devaneios me conduzem ao infinito
Minhas palavras são apenas iguais a outras tantas.
Mas, quando as combino
E dou-lhes o romântico destino
Eu as torno santas
E elas me remetem ao teu rosto bonito.

Em minhas ilusões e em minhas turbulências
Tu te fazes presente
Vens, e somes de repente
E levas contigo o carinho que guardei
Nas horas em que esperei
Pra te ver de novo
Pois sou a madeira
E tu és o fogo...

Tu és demais!

Beijos!

Euclides Riquetti

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Manhãs de outono

Manhãs de outono, frescas aragens do mês de maio
Cinza espalhado no céu, pássaros acanhados
Folhas inseguras, despreendendo-se dos galhos
O sol querendo nos saudar com seus tímidos raios...

Manhãs dos poetas como são as outras todas
Da caneta e do papel, das palavras  nele jogadas
Dos versos escritos, dos bonitos,  e dos rejeitados
Das mulheres meninas, das já moças e das lobas.

Manhãs de outono, das goiabas e  das laranjeiras
Dos odores que vêm das plantas que vicejam
Das cores das rosas, dos espinhos das roseiras.

Manhãs  dos poetas, dos enamorados e dos sonhadores
Das mentes que criam, dos pensamentos que navegam
Dos que, na noite, foram amantes, anjos ou pecadores...

Euclides Riquetti
05-05-2014

domingo, 4 de maio de 2014

Vento moreno (de outono)

Venta o vento moreno de outono
Venta e venta...
Cai a pálida folha, vencida no tempo
E venta o vento.

Brilha o brilho do sol brilhante
É maio, maio de mês
É a noiva que noiva, que sonha
Sonha com a noite da primeira vez...

Cintila a estrela prateada
Na madrugada
E sibila o vento na gélida  noite
Embala a noite, adentro avançada...

Escreve o poeta o poema, e a noite
É a moça, a musa
E os versos, dispersos, não rimam: fascinam
E a noite provoca, encanta, abusa!

E viva você, tema do canto
Viva, viva!
Como o barco que vai, flutuando, leve
Na noite breve
Festiva!

Euclides Riquetti
07-05-1997