sábado, 3 de fevereiro de 2018

O sol e a poesia

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O sol da manhã negou-se a me trazer a poesia
Não me deixou sorver os seus raios dourados
E não me trouxe a minha tão esperada alegria
E meus desejos de te querer foram abortados.

O sol veio, deu o ar de sua graça e foi embora
Partiu a brilhar para outro ser que não fosse eu
E eu fiquei procurando reavê-lo em toda a hora
Tentando buscar o lugar onde ele se escondeu.

O sol, aquele mesmo sol que já nos alimentou
Que nos deu a energia, a força e o maior vigor
Simplesmente veio, sorriu e logo se ausentou...

Sim, o sol nos anima, nos motiva e nos inspira
Quero que volte para me inspirar a te compor
Um poema novo, como ar que a gente respira.

Euclides Riquetti
03-02-2018


sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Me deem notícias


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Me deem notícias...
Digam-me onde a gaivota foi voar
Digam-me onde a canária foi cantar
Me deem notícias!

Informem-me simplesmente
De alguma forma muito cara
Ou mesmo me deem uma pista clara
Pois preciso saber, realmente
Onde foi parar essa ave tão bonita e rara!

Digam-se se voou sobre o oceano
Ou se foi passar o fim de ano
Em algum lugar de nosso mundo
Ou foi dormir seu sono mais profundo
Nos galhos de uma árvore de um pomar!

Informem-me, de imediato, por favor
Desejo saber seu paradeiro
Se a gaivota foi voar o céu inteiro
Ou se foi esconder-se do calor
Do verão que veio pra ficar!

Me deem notícias...
Digam-me onde a gaivota foi voar
Digam-me onde a canária foi cantar
Me deem notícias!

Euclides Riquetti

De Nossa Senhora dos Navegantes e de Yemanjá

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Anualmente, em 02 de fevereiro, após procissão
pelo Rio do Peixe, os fiéis veneram Nossa Se-
nhora dos navegantes, na Praça Pio XII, em
Ouro - SC



          Em 02 de fevereiro várias cidades do Brasil e de Portugal comemoram o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes. Isso  acontece em Pelotas, Porto Alegre  e Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, destaque para Navegantes e Itajaí,  e para algumas praias. Em Salvador, na Bahia, é venerada como Yemanjá, a Rainha do Mar. No bairro do Rio Vermelho, 350 embarcações estarão participando de uma procissão e milhares de oferendas sendo jogadas ao mar. Se foram devolvidas, é porque não foram aceitas. Se o mar as levar, Yemanjá as aceitou.

          No Rio de Janeiro há grande reverência à Rainha do Mar em toda a orla marítima. Estas são as referências mais badaladas anualmente. Contudo, outras cidades pequenas, de menos visibilidade, também veneram a  Santa que está no coração de tantos e tantos. Para os católicos, Nossa Senhora dos Navegantes. Para os umbandistas, Yemanjá.

          Acompanho Nossa Senhora dos Navegantes desde minha infância. Em janeiro de cada ano, meu pai começava a preparar seu bote para ajudar na procissão que costumava acontecer no Rio do Peixe. Ele e os amigos gostavam de trazer a imagem vinda desde proximidades da Ilha, na antiga SIAP, pelas águas do Rio, até o valo que abastecia de água a usina hidrelétrica da família Zoréa, ali abaixo da barragem de pedras. E isso se repete até hoje. É uma magnífica procissão fluvial, ao anoitecer. Um belo show pirotécnico a recebe quando chega, em sua comitiva, próximo à ponte, onde é retirada das águas no portinho da família Costa, seguindo pelas ruas  Giavarino Andrioni,  Guerino Riquetti e Felip Schmidt, até a Praça Pio XII, onde acontece a Santa Missa. Lembro que o Sr. Olivo Zanini era um dos que sempre estavam ali esperando para ajudar a levar o seu andor.

          Padroeira do Município de Ouro, é venerada pela população, que, no dia que lhe é consagrado, feriado, costuma aglomerar-se por sobre a Ponte Nova, na ligação com Capinzal, para presenciar a chegada da imagem que foi esculpida em cedro na década de 1980, pelo escultor Paulo Voss, que residia no Bairro que leva o nome da Santa. Nos dias anteriores, celebra-se um tríduo nos bairros da cidade, em preparação para o dia culminante.

          Diz-nos a História local que o balseiro Afonsinho da Silva, logo após a Guerra do Contestado, construiu um pequeno capitel à margem direita  do Rio do Peixe, colocando uma imagem para sua proteção, próximo ao passo. Contudo, na enchente de 1939 as águas levaram a imagem mas, tendo implorado pela sua ajuda,  foi atendido, salvando-se num momento muito adverso, quando achava que isso já era impossível. Então, adquiriu outra, em Caxias do Sul, que acabou na primeira capela construída, aos fundos da atual Prefeitura e, depois, na esquina da Rua Formosa com a Pinheiro Machado. Atualmente, a imagem esculpida é exposta num belo capitel, na Praça Pio XII.

          Há pelo menos três  fatos que me marcaram a presença da Santa em minha vida: A primeira vez, na metade da década de 1980, eu estava em casa ouvindo no rádio as preocupações  em relação à estiagem que vinha ocorrendo e pensando em Nossa Senhora dos Navegantes. Lembrei que o amigo Reinaldo Durigon, que aniversaria no dia 02 de fevereiro, e era muito devoto dela. De repente, escuto um bater de palmas, é o Durigon vindo a minha casa, coisa que nunca havia acontecido antes. Adivinhei o que seria: veio propor-me realizarmos uma procissão, mexer com a imagem da Santa que, dizem, ajuda a movimentar as águas. Organizamos uma procissão levando a imagem desde a matriz, em Capinzal, até o Seminário, em Ouro, e logo depois choveu.

          Na segunda vez, a estiagem assolando nossas plantações, todo mundo desesperado e pedindo uma procissão para que chovesse. Aguentamos mais uma semana, até o dia 02, quando montamos um palco para celebração em cima de um caminhão do Ivo Maestri, na ponta do canteiro central, próximo do comércio de sua família. Bem na hora do Evangelho veio uma chuva tão intensa que todos foram abrigar-se embaixo das marquises das lojas. A Eliza Scarton trouxe uns guarda-chuvas  para o Frei David continuar a celebração. Restaram somente o Padre e algumas abnegadas senhoras para ajudar. Poucos restaram para receber a comunnhão e para os ritos finais...

          Numa oportunidade mais recente,  estava participando da Festa de São Paulo Apóstolo, na área de Lazer, em Capinzal, quando o Sr. Pingo, o Pingo das Cocadas, veio falar comigo, queria autorização para vender seus doces na semana seguinte, dia da Procissão, na Praça Pio XII. Estava a explicar-lhe que a responsailidade do evento, naquele ano, era da Capela do Bairro Navegantes, liderados pelo Rovílio Primieri. Dizia-lhe que era para falar com ele, que eu concordava, e tentava mostrar-lhe onde se situava a casa do mesmo, apontando com o dedo, para que o Pingo o procurasse lá. Nesse instante, uma mão tocou meu ombro: era o Rovílio. Queria saber porque estávamos olhando para seu bairro! E já se entenderam ali mesmo. Coincidência, ou presença de Nossa Senhora?

          Essas são apenas as minhas histórias, mas há as de outros. A grande verdade é que as pessoas acreditam, firmemente, que Nossa Senhora dos Navegantes tem poder e domínio sobre as águas dos mares e dos rios. Tem poder de regular as chuvas. E ajuda as pessoas a se defenderam das incertezas dos mares da vida. Como Yemanjá ou como Nossa Senhora dos Navegantes, o fato é que ela tem um elevado número de adeptos no país, principalmente nas cidades litorâneas. Então, todos os anos, no Dia da Padroeira, as pessoas   se reúnem para render-lhes graças. E, se for em tempo de estiagem, para pedir por chuva...
       

Euclides Riquetti

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

O Sabonete e a Orora - crônica de humor...


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           O ano era 1972. Plena juventude, cidade nova, novos amigos, morada nova. A vontade de conhecer novos lugares, novos ambientes. Fiz grande amizade com o Sabonete, meu colega de República Esquadrão da Vida e de Letras na  Fafi. Ex-seminarista e muito bem empregado, costumávamos sair juntos nos finais de semana para "explorar a cidade". Fomos ao Aeroporto José Cleto e conseguimos tirar fotos ao lado de um avião. Fomos ver o "Cristo", no alto do Morro, em União da Vitória, que estendia seus braços e olhar sobre o Rio Iguaçu e as cidades gêmeas. Andávamos a pé, gastávamos nossos sapatos.

        Mas também gostávamos de ir a Bailes no Clube Apollo, do qual ficamos sócios. E, nos domingos, tarde dançante no 25 de Julho. Imperdível.  De vez em quando, uma saidinha para São Miguel, em Porto União. E, naquele tempo, só entrávamos lá de terno e gravata. Ainda bem que tínhamos nossos ternos fa formatura do então Segundo Grau. No final do domingo, o Cine Ópera. Tudo para compensar a semana de muito estudo na Faculdade e no Yázigy, onde fazíamos Inglês para desenvolver nossa fluência na conversação.

          Mas tínhamos tambérm nosso lado "sinistro" das coisas. Só que o sinistro da época era bem light, soft. Era um sinistrinho brando... No domingo, iamos ao Estádio Enéas Muniz de Queiroz ver o Iguaçu, torcer. " Chuta, Joaquim! Corre, Rotta! Corta, Chavala! Defende, Roque! Juiz ladrão!!! Muita gritaria, reclamação com o juiz. E, em muitos de nossos sábados, a ida para as gafieiras, levados pelos "mais antigos", que sabiam tudo disso, eram experientes no assunto e na ára.  Tinham lá o Primavera, que era um "meia-boca", o Farinha Seca, o Boneca do Iguaçu, ao lado da ponte férrea, e o Poeira. Estes três eram "boca inteira". 

          Éramos muito tímidos, mas nossos companheiros nos encorajavam e acabávamos indo para "dar uma espiadinha". Lembro bem de uma vez que nos levaram para o Boneca do Iguaçu. O Sabonete, que era muito "liso", tinha alta formação religiosa. O apelido, uma conformação fonética e semântica, contando seu sobrenome e sua inteligência. Como bom de "argumento", sabia Latim e Grego,   ia na frente e pedia para que deixassem "dar uma olhadinha", sem pagar entrada. Cheio de falas,  prometia que se gostássamos pagaríamos ingresso e ficaríamos, viraríamos fregueses. Ao contrário, iríamos para casa.

          Pois que em nossa primeira incursão, tão logo passamos por uma cortina de fumantes, adentramos ao salão e lá tinha de tudo. Cheiro de cerveja e conhaque. Cadeiras de várias cores e modelos, mesas de múltiplas cores e estampas. E genrosas senhoras,  de todos os padrões: altas, baixas, esquálidas, obesas, loiras, morenas, ruivas. E os homens: de todos os padrões: pobres, ricos, feios, bem feios, mais feios, carecas, mais carecas, obesos, bem obesos, solteiros (nós e mais alguns) e... casados! Mais casados do que solteiros! Todos tinham bons motivos para ali starem.

          Até aí tudo bem não fosse o susto do Sabonete: "Vamos sair já daqui! Não podemos ficar! Tá louco, cara!... O meu chefe tá aqui. O que ele vai pensar de mim? Vai pensar que eu sou um depravado. E estou no estágio probatório... - Argumentei que quem tinha que se preocupar era o chefe dele, "bem casado", que estava ali fazendo festa, amassando uma "bem fornida, teúda e manteúda". Mas não teve jeito, o Sabonete ficou apavorado, dando graças a Deus que o chefe não o viu. Ainda bem que entramos na "condi"!sem pagar o ingresso!

          Passado o susto, demos umas caminhadas pelas ruas centrais,  olhamos as vitrinas da Loja do Zípperer, da Loja Olga, dos Domit, das lojas do Magazine Jacobs, passamos pelo Bar do Bolívar no outro lado dos trilhos, vimos os cartazes dos filmes do Odeon, do Ópera e do Luz, este bem perto de casa. Ainda passamos pela  Willy Reich, bem pertinho de casa. Era época do "Sesquitecentenário da Independência" e estavam inaugurando a transmissão de TV em cores no Brasil, até transmitindo a "Mini Copa" de Futebol. Nos embasbacamos com a beleza das imagens coloridas no aparelho.

          Chegamos em casa e contamos para o Frarom sobre a decepção que o Sabonete teve ao encontrar seu chefe, um exemplo de chefe, um homem honrado, lá com sua teúda amarrada ao pescoço no "Boneca".
E ele veio  com essa: "Olha, cheguei agorinha. Fui dar uma olhadinha no "Poeira", mas nem entrei. Só dei uma esticada de pescoço pela porta.  Estava no intervalo, porque lá a dança já começa pelas oito horas. E o vocalista da bandinha estava dando um aviso: "Queremos dizer para a sociedade portuniense que aqui comparece  que temos em nossas mãos uma aliança de casamento que foi encontrada no chão de nosso tradicional salão, tendo se grudado na sola do sapato de borracha daquele amigo ali, ó..." E ninguém se manifestou, ninguém que estava lá queria mostrar seu verdadeiro estado civil, "casado". Com  o precioso objeto  na mão, pegou-o entre os dedos  e foi adiante: "Olha, aqui estão  gravadas  as iniciais da dona dessa preciosa jóia: Começa com " Ó", deve ser da... "Órora"! E lá não havia Ororas nem Auroras...

          Nem precisou ele continuar com a história. Ríamos mais do jeito com que ele nos contava das histórias do que com a graça que traziam.  E começava uma rodada de histórias e piadas que nos faziam esquecer das tristezas. Tudo muito divertido. Melhor que ter ido ao bailinho! Diversão com economia de dez cruzeiros. Dava para pagar a lavadeira na semana.

          E o respeito entre o Sabonete e o Chefe dele nunca foi abalado...

Euclides Riquetti
17-05-2013

Como nos desertos

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Como nos desertos
Ventos e areias me ferem os olhos
E meu coração cheio de imbróglios
Entrega-se aos rumos mais incertos...

Como se num inverno
O frio inibe meus movimentos
E fico paralisado como se os ventos
Me tornassem um corpo de gelo eterno...

Como se não houvesse luz
Escondo-me nas trevas misteriosas
Nas estradas mais longas e perigosas
Nos caminhos pelos quais você me induz...

Como se não houvesse nada
Nem um amanhã risonho a me esperar
Ou um barco com o qual navegar
Sou uma alma perturbada...

Mas espero por um novo dia
Por seu sorriso terno e cativante
Por flores perfumadas com alegria
Pelo seu abraço contagiante.

Apenas por isso, nada mais!

Euclides Riquetti
26-12-2015





quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Feridas no coração


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Dores que não se acalmam
Vêm de feridas no coração
Que rapidamente se espalham
Causando angústia e aflição...

Dores vêm por algum motivo
E nos causam muita tristeza
Quando atacam um ser vivo
Trazem o sofrer e a incerteza.

Dores, é melhor nunca tê-las
São como pedras em desertos
Jamais serão luas ou estrelas
Nem me inspirarão os versos!

Dores, delas é difícil livrar-se
Pois dissabores elas nos dão.
Como de sofrimentos afastar-se
Se há dor em nosso coração?

Euclides Riquetti
27-12-2015

Pão quente - dos tempos de Rio Capinzal


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    Imagem meramente ilustrativa

          O dia  não vira, ainda, os primeiros claros do sol que deveria vir de Leste. As pessoas já andavam pelas ruas em sua ida para o trabalho, quando a fábrica da Pagnoncelli Hachmann abria sua estrondosa buzina a vapor, anunciando à cidade e a seus funcionários a hora do início de seu trabalho. Algumas senhoras emoldurando a cabeça com uma fita vermelha ao pescoço, que pertenciam ao "Apostolado da Oração", dirigiam-se à Matriz São Paulo Apóstolo para a Missa das Seis que seria celebrada pelo Frei Gilberto. As crianças nem tinham saído de suas casas para tomarem o caminho de suas escolas.. O frio da noite inibira até os animais de emitirem seus uivos, piados, grasnados  e mugidos. Apenas um ou outro galo liberava o canto na garganta. Era ainda madrugada...

         O silêncio era quebrado apenas pelo toque-toque das ferraduras nos cascos de um cavalo zaino que vinha em marcha bem ritmada pela "ponte nova", tracionando uma charrete. E algumas senhoras desciam até as proximidades da ponte, ali defronte a Indústria de Bebidas Prima,  portando suas cestinhas ou esportas confecionadas com palha de trigo. Objetivo: comprar pão sovado, da Padaria do  Cadorim, a única existente no primeiro quarto da década de 1960.

          Lembro da época como se fosse hoje. Fiz até amizade com o padeiro, que depois virou meu colega de aula na Escola Técnica de Comércio Capinzal: Artêmio Tonial, o Padeiro. Adiante, foi sucedido pelo Alcebides Soccol. A cidade se habituava a essas pessoas que traziam alegria em forma de pão quentinho...

          E lembrar do pão que vinha na  caixa de madeira portada pela charrete faz-me volver  o pensamento para aquela cidade bucólica de nosso Vale do Rio do Peixe, com a praticamente ausência de veículos nas ruas naquelas horas da manhã. Apenas um ou outro caminhão carregado de toras de madeira para alimentar as serrarias. Quando acabava nossa fornada de pão caseiro meu pai ia,  às sextas-feiras, esperar pelo pão de padeiro. Era uma alegria comer aquele "sovadinho". Depois,meu pai e eu tomávamos o mesmo rumo naquelas saudosas manhãs: o Colégio Mater Dolórum, onde eu frequentava o Terceiro Ano Primário, tendo como professora a Dona Marli Sartori. E meu pai o Normal, em nível do atual Ensino Médio, que naquela tempo chamavam de Segundo Ciclo Secundário.

       E ele era o único dentre duas dezenas de mulheres. Ainda lembro de seu quadro de formatura e de algumas pessoas que tinham sua foto nele: Vanda Faggion Bazzo, Dr. Nelson de Souza Infeld e algumas freiras. E, como colegas, Luinês Soares, Inês Dalpisol, Estela Flâmia, Lourdes Eide Fronza, Doraci Infeld, dentre outras.

          Os anos foram passando, as coisas mudaram muito. As cidades entopetaram-se de carros, multiplicaram-se as padarias, mercearias, mercados. Inventaram mil e uma receitas, todas muito deliciosas. A cada dia inventam maravilhosos novos produtos nas confeitarias e padarias.  Mas há duas coisas insubstituíveis em minha cabeça e meu coração: O cheirinho do pão quente saído do forno a lenha que minha mãe fazia  e a maciez do pão sovado do Cadorim, que o Artêmio e o Bide nos traziam na charreta do cavalo zaino. Isso é impagável...

Euclides Riquetti
22-05-2013

Vem beber do cálice da paixão

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Vem beber no cálice da paixão
Vem beber do vinho que nos excita
Vem beber de minha alma e de meu coração
Vem beber-me  com tua boca bonita...

Vem, e traz com ela teu corpo sedutor
Os teus olhos amendoados
Delicados...
A tua pele macia
E tua  voz de poesia...

Traz também as tuas mãos carinhosas
As tuas pernas formosas
O teu rosto divinal
O teu corpo colossal.

Vem beber de meus sonhos
De meus lábios risonhos
Vem banhar-te em meu suor
Declamar-me versos de cor.

Vem. Te espero...
Vem beber no cálice da paixão!

Euclides Riquetti

Abrace a canção que vem do mar

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Abrace a canção romântica que vem do mar
E que nos traz a ternura da manhã dourada
Quando esperamos pela tarde ensolarada
Enquanto não nos chega a noite pra sonhar.

Abrace a canção suave que flerta com a pele
E que nos embevece enquanto nós sonhamos
Quando fechamos os olhos e então meditamos
E usufruímos tudo o que a vida nos concede.

Abrace aquela canção e também me abrace
E me convide para viajar pelo seu universo
Expressão autêntica, sem nenhum disfarce.

Então, dance comigo uma valsa da saudade
Enquanto lhe sussurro os mais doces versos
E me beije com ardor, mate minha vontade!


Euclides Riquetti
31-01-2018




Há uma dor em mim...

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Há uma dor em mim:
Algo inimaginável, inconcebível
Mas que me faz sofrer e me aflige
Não sei por que isso tem que ser assim
Mas há uma dor em mim!

Há um desconforto em mim:
Algo que me incomoda e preocupa
E de que não tenho nenhuma culpa
Mas há essa dor assim
É uma dor que está dentro de mim!

E, se o tempo cura as nossas feridas
As mais consistentes, as mais doloridas
Pois que este passe!
E, que nas novas jornadas a serem vividas
Venha o vento que anima e que você me abrace!

Apenas isso!

Euclides Riquetti
17-12-2015

Ponte Pênsil Padre Mathias Michelizza - unindo Capinzal e Ouro


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Ponte Pênsil Padre Mathias Michelizza
coberta pela neve ocorrida em 1965.



          Os Distritos de Ouro e Rio Capinzal, na terceira década do Século XX, pertenciam ao Município de Campos Novos, de vasto território envolvendo o Planalto Catarinense e o Vale do Rio do Peixe.

           Um fator de dificultava a vida da população dos mesmos, principalmente dos moradores da margem direita do Rio do Peixe, era a falta de conexão entre os dois povoados, uma vez que apenas o serviço de balsa e botes era disponível para o transporte de pessoas e produtos de um para o outro. No lado Rio Capinzal,  havia a Estrada de Ferro, inaugurada em 20 de outubro de 1910,  ainda diversas indústrias, hospital,  um comércio bem organizado e até hotéis. No lado de  Ouro, o comércio era bem ativo e a produção agrícola muito forte, até por causa da vocação de seus colonizadores, descendentes de italianos originários da Serra Gaúcha.

          Em 1932, estando em bom estágio de desenvolvimento, precisavam construir uma ligação fixa entre os dois povoados. Então as comunidades, lideradas pelo Sr. José Zortéa, uma pessoa de alto espírito empreendedor, com grande agilidade e muio criativo, fez projetar uma ponte de madeira, sustentada por cabos de aço assentados em pilastras também de madeira. Coube aos Srs. Otávio Ferro e Aníbal Ferro formarem a equipe de trabalho e executarem a obra, pois tinham grandes conhecimentos em crpintaria e marcenaria.

          Para financiar a obra obtiveram, através do Município, uma pequena ajuda do Governo do Estado, mas o custos maiores foram bancados pelos moradores dos dois Distritos. Depois de quase dois anos desde a concepção do projeto, a ponte ficou pronta e teve sua inauguração em 1934, numa concorrida solenidade, quando o Padre Mathias Michelizza, um dos grandes incentivadores da obra, atravessou-a a cavalo. Na parte localizada em Rio Capinzal, havia sobre ela uma Casa de Pedágio, onde os usuários pagavam para passar de um lado a outro. À época,  era considerada a terceira ponte do gênero no mundo.

         Porém, por ocasião da grande enchente de 21 de junho de 1939, ela veio a ruir pela força das águas do Rio do Peixe, que atingiram, inclusive, a Rua da Praia, hoje Rua Governador Jorge Lacerda, e a Felip Schmidt. O local onde se situa a Praça Pio XII foi totalmente inundado. Fora uma enchente sem prcedentes. Também houve alagamento na área central da Rio Capinzal.

          Mas nossa comunidade, muito unida e determinada, contratou um responsável técnico, o Engenheiro Austríaco Máximo Azinel, que também teve o apoio do prático,  também austríaco,  Antônio Holzmann, e conseguiram reconstruí-la, agora com pilastras de concreto e com um vão central de 84,50 metros e ainda a parte de extensão imóvel. Hoje, na totalidade, atinge 142 metros. A segunda ponte exigiu um investimento de Cr$ 200.000,00 (Duzentos mil cruzeiros), e houve a participação do estado com Cr$ 90.000,00. Os Cr$ 110.000,00 faltantes e ainda muitos serviços, foram bancados pelos moradores dos Distritos de Capinzal e Ouro. Foi inaugurada em 1945. Os nossos benfeitores guardam, até hoje, plaquetas metálicas em que consta serem "sócios" do emprendimento.

          Cabe mencionar que tinha uma largula de 3,5 metros, o que possibilitava a passagem de carroças com tração animal e de pequenos caminhões, os quais transportavam artigos de consumo de Capinzal para o Ouro,  e suínos deste para serem abatidos no Frigorífico Ouro, mas que era localizado em RioCapinzal, ali próximo da Estrada de Ferro.

         Alguns anos depois da inauguração da Ponte Irineu Bornhausen, a chamada "Ponte Nova",  inaugurada em 06 de janeiro de 1955, a pista da Ponte Pênsil foi estreitada, ficando na largura atual, apenas permitindo-se a passagem de pedestres.

          Na enchente de 07 de julho de 1983, ela foi parcialmente destruída, sendo reconstruída pela ação dos Prefeitos de Capinzal, Celso Farina, e de Ouro, Domingos Antônio Boff. Entretanto, na segunda metade do ano de 1984, pouco tempo após a sua reconstrução, um violento vendaval seguido de ciclone atingiu a área central de Ouro, levando parte da cobertura de alumínio do Ginásio Municipal de Esportes André Colombo e derrubando a ponte.

         Foi uma cena horrível: A cidade escureceu na meia tarde, virou tudo noite, vieram fortíssimas rajadas de vento, o ar frio misturava-se ao quente, formava redemoinhos, as pessoas se agarravam aos postes e mesmo aos pneus dos carros estacionados na rua Felip Schmidt para não serem levadas pela sua força. E, num dado momento, os cabos laterais de segurança foram rompidos, a plataforma de madeira foi lançada ao ar sentido Sul/Norte, até a altura do topo das colunas altas que sustentavam os cabos de aço.

          Com o represamento do vento, foi tanta a força exercida, que as pilastras de concreto quebraram-se ao meio, na altura da plataforma, caindo tudo dentro do Rio do Peixe. Custou-me acreditar que isso tivesse acontecido. Presenciei a cena da janela da sala do Pré-escolar da Escola Prefeito Sílvio Santos, para onde corri quando percebi que vinha a escuridão. Preocupei-me porque esta era uma casinha de madeira, ao lado do prédio principal da Escola.  Com calma incentivei as crianças da Professora Neusa Bonamigo a "brincarem de se esconder" debaixo de suas mesinhas. Formulei uma brincadeira de nos escondermos, pois tive medo de que a edificação também desabasse sobre eles. A professora logo entendeu o que eu estava fazendo e o porquê. . Eu apontava o dedo para a janela sugerindo que fosse olhar sem as crianças notarem aquele cenário desolador. Fazia sinais e ela não imaginava a cena de horror que se passava lá fora. Eu não queria que as crianças se assustassem, mas entendeu que algo se passava e alojou os pequenos sob suas mesinhas.  Evitamos  que as crianças percebessem o que se passava. . Felizmente, nada de mal  lhes aconteceu.

          Alguns minutos  depois, a ocorrência de chuva. Um aluno nosso e o filho de uma professora, nossa colega, estavam sobre a ponte, mas conseguiram escapar de cair no rio ou serem atingidos pelos materiais da ponte. Caíram fora das águas. Tudo terminou bem. Mas as águas subiram e levaram todas as madeiras embora, de novo...

          No ano seguinte, 1985, foi reconstruída, com o aproveitamento das bases dos pilares e a fixação dos pórticos de sustentação dos cabos de aço sobre essas. Fizeram furações verticais nas pilatras restantes e conseguiram "chumbar" as colunas sobre elas. Tudo ficou bem novamente. Houve substituição do madeiramento por duas vezes, desde então, em 1991 e em 2005, , ficando no mesmo padrão, com o objetivo de preservar seu modelo arquitetônico, uma verdadeira obra de arte. Está ali, impondo sua simplicidade historica, majestosamente, sobre o nosso Rio do Peixe!


Euclides Riquetti
24-05-2013

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Novos ventos, novos alentos

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Trouxe-me o vento na morna noite novos alentos
A doce paz que meu coração há tanto procurava
Na verdade, eles amainaram meus sentimentos
Trouxeram conforto a uma alma que os buscava.

E os alentos que me revigoraram e me devolveram
Aquela energia que por dias havia desaparecido
Foram os bálsamos que de novo me fortaleceram
E me transportam a ti para novos sonhos revividos.

E, com eles, voltaram-me as esperanças ausentes
Que estavam navegando em estranhos universos
E me inspiraram a cantos românticos e repentes.

Ah, suaves alentos inebriantes que nesse novo dia
Me repõem toda a inspiração para meus versos
Obrigado por tanta  paz e pela renovada alegria!

Euclides Riquetti

Rosas vermelhas também choram


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Rosas vermelhas também choram
Quando não são recebidas com amor
E quando dadas nos momentos de dor
As rosas vermelhas também choram.

Choram por causa do coração  incompreendido
Choram pelo amor não correspondido
Apenas choram...

Rosas vermelhas da conquista
Rosas vermelhas da comemoração
Rosas do dia dos namorados
Do pedido de perdão pelos pecados.

Choram porque existem as distâncias
Choram por causa da intolerância
Mas choram...

Choram as rosas vermelhas, choram tanto
Choram o leve e o copioso pranto
Choram a pureza, choram o mundano
Enquanto esperam, como eu, pelo novo ano.

Algumas rosas riem
Outras comemoram...
Enquanto algumas delas...
Apenas choram!

Euclides Riquetti

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O Mash e o Cabo Maciel : lembranças de Porto União

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5º BE - Porto União - SC

          A Finlândia é um país muito bem desenvolvido. Tem consideráveis indicadores sociais e solidez econômica. Situa-se entre a Suécia, a Rússia, a Noruega  e a Estônia. Dizem que lé existem ruivas de olhos bem azuis...

          O Cabo Maciel servia no 5º BE, em Porto União. Era natural de Concórdia e moramos na República Esquadrão da Vida, em União da Vitória, em 1973. Nessa época, meu Inglês já estava com uma base razoável, pois, além de Letras na FAFI eu estudava no Yázigy, com o Professor Geraldo Feltrin.  Quando o Maciel chegou ao nosso convívio, estava muito interessado em praticar a língua dos britânicos e americanos.

          O Maciel não havia feito nenhum curso de Inglês. Tinha estudado o Técnico em Contabilidade, na CNEC de Concórdia. Mas era um autodidata. Aprendera a chave de pronúncia do dicionário do MEC, aquele verde, que pesava pelo menos uns três quilos, e se afundava nos estudos. Tinha um livro básico, fazia os exercícios, traduzia, verificava a pronúncia, seguindo as orientações que teve de seus professores. No Exército, passara no concurso para Cabo e já estava se preparando para o de Sargento. Pouco saía de casa, ficava estudando.

          Mas o Maciel, moço bem apessoado,  num daqueles anúncios de pessoas que queriam "manter correspondência" com outras, que as revistas de fotonovelas traziam, retirou o nome de uma garota e mandou uma proposta de amizade. Bem mais difícil do que hoje, em que as pessoas se jogam numa ferramenta da internet e arrumam quantos amigos queiram ter. (Não é o meu caso, que aceito as solicitações de amizade,  mas só convido para ser meu amigo pessoas que tenham um pensamento próximo do meu ou sejam meus amigos "na real").

          Mandou carta, pediu-me para ajudar na primeira e, depois, pegou o tranco e seguiu independente. Iam e vinham cartas, em Língua Inglesa. Ele me mostrava as cartas, pedia-me para ajudá-lo em algumas expressões idiomáticas que não entendesse. E me mostrou a foto da sua amiga. Não lembro o nome dela, acho até que era Emmy, mas não tenho certeza disso. Mas, sei, perfeitamente, como ela era, isso ficou muito bem marcado: cabelo ruivo, corte meio chanel, razoavelmente liso, blusinha azul piscina e, o mais importante e harmônico: um belo par de olhos azuis, dois diamantes brilhantes bem da cor de sua blusa. A inveja, lá na Rua Professora Amazília, 322, foi geral.

          Num domingo fomos ao cinema Ópera, íamos assistir ao M.A.S.H. Era um filme que versava sobre a Guerra da Coréia, lançado em 1970, do Diretor Robert Altman, que tinha no elenco, dentre outros, o então jovem Donald Sutherland. O cenário era um bagunçado Posto Médico, em meio ao campo de guerra, onde os médicos militares atendiam os soldados feridos. Havia uma menina, lembro que era amiga de um cabo do Exército Americano, Mac Bee, me parece. E ela chamava: "Corporal  Mac Bee! Corporal  Mac Bee"! E os médicos acudiam, aqueles soldados de maneira muito louca. O filme, na verdade, era uma sátira àquela guerra e à do Vietnã, numa só tacada.

          A milicada, lá da nossa república, foi toda: Os Cabos Godoy, Figueira, Maciel, Frarom, Backes... E nos levaram. Até o japa, Mineo Yokomizzo, que também nos influenciou e  levou a ver "Tora Tora" deve ter ido.

          Chegamos em casa, o Maciel foi para o dicionário, pesquisou, procurou, bateu na porta do meu quarto, meu e do Osvaldo Bet, e perguntou-me: "Riquetti, como é Cabo, em Inglês". Falei-lhe: "Bem Cabo é cable, mas, dependendo do que você quiser significar,  pode ser outra coisa. Você viu que menina do filme chamava o personagem de Corporal Mac Bee?"  -  E o Maciel: "Tô frito!!! Que vergonha!!! Cara, não é que escrevi para a ruiva  da Finlândia que eu era "Cable of the Army" e agora você diz que cabo do Exército é Corporal? Bah, será que ela entendeu? O que ela vai pensar de mim?..."   - Disse-lhe: "Calma, colega, tem uma pequena chance de ela pensar que você seja o encarregado de mandar "cabogramas" do Exército, uma prática muito comum em tempos de guerra...

          Desde 1975 não mais tive notícias dele. Como nunca aprendi o seu primeiro nome, não sei localizá-lo. Pela dedicação aos estudos e sua disciplina, certamente que fez bela carreira militar Vou ter que pedir para o Leoclides Frarom que me informe sobre ele pelo facebook. Muito mais fácil do que escrever o manuscrito, por no envelope, selar e, ainda arrumar lugar para estacionar lá perto do Correio!

Euclides Riquetti
26-04-2013

          A Finlândia é um país muito bem desenvolvido. Tem consideráveis indicadores sociais e solidez econômica. Situa-se entre a Suécia, a Rússia, a Noruega  e a Estônia. Dizem que lé existem ruivas de olhos bem azuis...

          O Cabo Maciel servia no 5º BE, em Porto União. Era natural de Concórdia e moramos na República Esquadrão da Vida, em União da Vitória, em 1973. Nessa época, meu Inglês já estava com uma base razoável, pois, além de Letras na FAFI eu estudava no Yázigy, com o Professor Geraldo Feltrin.  Quando o Maciel chegou ao nosso convívio, estava muito interessado em praticar a língua dos britânicos e americanos.

          O Maciel não havia feito nenhum curso de Inglês. Tinha estudado o Técnico em Contabilidade, na CNEC de Concórdia. Mas era um autodidata. Aprendera a chave de pronúncia do dicionário do MEC, aquele verde, que pesava pelo menos uns três quilos, e se afundava nos estudos. Tinha um livro básico, fazia os exercícios, traduzia, verificava a pronúncia, seguindo as orientações que teve de seus professores. No Exército, passara no concurso para Cabo e já estava se preparando para o de Sargento. Pouco saía de casa, ficava estudando.

          Mas o Maciel, moço bem apessoado,  num daqueles anúncios de pessoas que queriam "manter correspondência" com outras, que as revistas de fotonovelas traziam, retirou o nome de uma garota e mandou uma proposta de amizade. Bem mais difícil do que hoje, em que as pessoas se jogam numa ferramenta da internet e arrumam quantos amigos queiram ter. (Não é o meu caso, que aceito as solicitações de amizade,  mas só convido para ser meu amigo pessoas que tenham um pensamento próximo do meu ou sejam meus amigos "na real").

          Mandou carta, pediu-me para ajudar na primeira e, depois, pegou o tranco e seguiu independente. Iam e vinham cartas, em Língua Inglesa. Ele me mostrava as cartas, pedia-me para ajudá-lo em algumas expressões idiomáticas que não entendesse. E me mostrou a foto da sua amiga. Não lembro o nome dela, acho até que era Emmy, mas não tenho certeza disso. Mas, sei, perfeitamente, como ela era, isso ficou muito bem marcado: cabelo ruivo, corte meio chanel, razoavelmente liso, blusinha azul piscina e, o mais importante e harmônico: um belo par de olhos azuis, dois diamantes brilhantes bem da cor de sua blusa. A inveja, lá na Rua Professora Amazília, 322, foi geral.

          Num domingo fomos ao cinema Ópera, íamos assistir ao M.A.S.H. Era um filme que versava sobre a Guerra da Coréia, lançado em 1970, do Diretor Robert Altman, que tinha no elenco, dentre outros, o então jovem Donald Sutherland. O cenário era um bagunçado Posto Médico, em meio ao campo de guerra, onde os médicos militares atendiam os soldados feridos. Havia uma menina, lembro que era amiga de um cabo do Exército Americano, Mac Bee, me parece. E ela chamava: "Corporal  Mac Bee! Corporal  Mac Bee"! E os médicos acudiam, aqueles soldados de maneira muito louca. O filme, na verdade, era uma sátira àquela guerra e à do Vietnã, numa só tacada.

          A milicada, lá da nossa república, foi toda: Os Cabos Godoy, Figueira, Maciel, Frarom, Backes... E nos levaram. Até o japa, Mineo Yokomizzo, que também nos influenciou e  levou a ver "Tora Tora" deve ter ido.

          Chegamos em casa, o Maciel foi para o dicionário, pesquisou, procurou, bateu na porta do meu quarto, meu e do Osvaldo Bet, e perguntou-me: "Riquetti, como é Cabo, em Inglês". Falei-lhe: "Bem Cabo é cable, mas, dependendo do que você quiser significar,  pode ser outra coisa. Você viu que menina do filme chamava o personagem de Corporal Mac Bee?"  -  E o Maciel: "Tô frito!!! Que vergonha!!! Cara, não é que escrevi para a ruiva  da Finlândia que eu era "Cable of the Army" e agora você diz que cabo do Exército é Corporal? Bah, será que ela entendeu? O que ela vai pensar de mim?..."   - Disse-lhe: "Calma, colega, tem uma pequena chance de ela pensar que você seja o encarregado de mandar "cabogramas" do Exército, uma prática muito comum em tempos de guerra...

          Desde 1975 não mais tive notícias dele. Como nunca aprendi o seu primeiro nome, não sei localizá-lo. Pela dedicação aos estudos e sua disciplina, certamente que fez bela carreira militar Vou ter que pedir para o Leoclides Frarom que me informe sobre ele pelo facebook. Muito mais fácil do que escrever o manuscrito, por no envelope, selar e, ainda arrumar lugar para estacionar lá perto do Correio!

Euclides Riquetti
26-04-2013

O grito da sua alma

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O grito de sua alma ecoa, livremente, no universo
Vem para encontrar o meu, sua ressonância
Enquanto meu pensamento jaz, ali submerso
Sob os eufemismos da matéria em substância!

O grito de sua alma, quando encontra a voz rouca
Da noite, dos lençóis de algodão, de travesseiro
Funde-se nas delícias de uma sensualidade louca
Para buscar em meus braços o afeto verdadeiro.

O grito de sua alma que me seduz afetuosamente
Move as imensidões, sobrepõe-se às montanhas
Cala em mim o desejo, que vem silenciosamente...

Vem para se juntar aos pingos da chuva fria
Vem para atiçar nossas vontades mais estranhas
Vem para me trazer amor, pra me trazer alegria!

Euclides Riquetti

domingo, 28 de janeiro de 2018

O Zico Show


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Cantor Valdir Anzolin um dos incentivadores do
"Zico", Selézio Guido Lopes.


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Reprisando...

          Nos primeiros anos da década de 1980, apareceu lá em Ouro um jovem muito dinâmico oriundo da cidade de Tubarão-SC. O Prefeito da época, Ivo Luiz Bazzo e eu, seu Secretário, o recebemos em seu Gabinete. Moço simpático, aquele rapaz de tez morena, cabelos escuros e olhos um tanto claros mostrava bons modos ao falar e na postura das mãos. Viera à cidade para exercer a função de Exator da Fazenda Pública Estadual, concursado que fora. Seu nome: Selézio Guido Lopes.

          Pois que o Selézio enturmou-se nas cidades gêmeas em pouco tempo. Além de sua comptência profissional, tinha algumas  habilidades que o destacavam: Tocava muito bem o seu violão, cantava e jogava futebol, de campo e de salão. Praticava tênis. Nós o convidamos para jogar em inaugurações de quadras de futsal e campos de futebol e ele ia, entusiasmado. Depois, passou a disputar os campeonatos no Ginásio Municial de Esportes e a atuar no Penharol Esporte Clube, um time amador local,  mas que costumava ir às finais do estadual. E, a outra paixão, o violão e a voz, o tornavam conhecido em toda a região. Construiu sua casa ali na Rua Senador Pinheiro Machado. Branca, com janelas de madeira,  venezianas de arco, estilo colonial, pintadas de verde. As portas,  idem. Casou-se com uma bela jovem de Tangará, mas diferentes estilos de vida não combinaram e veio o divórcio.

          Já na chegada,  fez grande amizade com os Riquetti da Alfaiataria e da Churrascaria, o Sérgio, o Ovídio e o Hélcio, conhecido como o "Fantasma". Meu primo Sérgio, costumava chamar todos os rapazes de "Zico". Era o vocativo que empregava para chamar qualquer pessoa de que não conhecesse o nome. Com o tempo generalizou e passou a usar esse nome como se quisesse significar: "Cara!, Moço!, Amigo! e equivalências. E o Selezio era o cara certo pra ser mais um "Zico", até porque isso poderia representar uma corruptela de seu nome. E o Selézio virou nosso "Zico".

          E o Zico animou-se com sua popularidade como bom cnator e aprendeu a cantar em italiano. Cantava todas, os boleros românticos, as marchas, as valsas,  e até os vanerões em dialeto vêneto.  E começou a fazer pequenos shows pelo Vale do rio do Peixe. Mandou até imprimir cartazes em "off set", coloridos, a melhor tecnologia da indústria gráfica na época.

         Frequentemente, no início dos anos de 1990, o cantor Valdir Anzolin, de Veranópolis - RS, que tinha um vozeirão e gravava LPs em italiano, autor e intérprte de "Filtron", era contratado para realizar bailes por aqui. Animou pelo menos duas Noites Italianas no Centro Educacional Celso Farina, em Capinzal. Com exceção de Capinzal, ele trazia uma equipe que preparava os jantares italianos nos bailes. Vinha com uma carreta enorme e um ônibus trazendo a banda e os cozinheiros. Fui a bailes em que ele tocou em Treze Tílias, Tangará e Campos Novos. Em Tangará, quando lá fomos, tivemos uma bela surpresa: O Show de Abertura de seu baile era protagonizado pelo amigo Selésio, nosso Zico. E o locutor, animadamente, anunciava: "E agooooora, Senhoras e Senhoooreeesss: Zico Show".  E ele fazia um show muito bonito, cantando as músicas em italiano.

          Nessa época, nosso Zico pediu transferência e veio morar em Herval D´oeste. Comprou um  terreno, fez nova casa e aquilo que mais gostava e queria ter: uma quadra de futsal, com iluminação. Angariou uma nova legião de amigos e ainda convidava os da nossa cidade para lá jogar.

          Fatalmente, após um desses jogos, ao desligar a chave da iluminação da quadra, eletrocutou-se e morreu...E seu corpo foi levado para sua cidade natal, Tubarão.

          A lembrança desse rapaz,  que se tornou nosso amigo e companheiro em muitas de nossas jornadas esportivas e políticas, nunca mais me saiu da cabeça. E, há dez anos, uma vez em que eu passava por Tubarão, conversei com um senhor que me perguntou de onde e eu era e,  ao saber, falou-me que tinha perdido um amigo aqui na região, o Selésio. Era vizinho deles, amigo dele e de sua famíla. Levou-me para conhecê-los: estavam lá sua mãe, uma irmã e um sobrinho.

       Ficaram emocionados quando lhes falei que não poderia passar pela cidade e, sabendo que ali residiam os familiares de um amigo que se foi, deixar de visitá-los. Sua mãe abraçou-me carinhosamente, jamais esquecerei disso. Aquele senhora simpática, meiga e de olhar benevolente e marejados  mostrava-me,  nas paredes, orgulhosamente, fotos do filho, com as camisas dos times em que jogou, ali de Capinzal e Ouro, Penharol, Arabutã, CME. Lá estavam muitos rostos de amigos nossos que conosco jogaram uma bolinha. E, bem ao meio de uma parede da sala, um daquele cartazes em que aparecia  caracterizado para cantar em italiano e a sua marca grafada:  "Zico Show".

          Não sei por que hoje me veio à mente as lembranças do Selézio. Tive vontade de chorar. Não poderia deixar de homenageá-lo, amigo Zico.   Zico foi, realmente, muito show!

Euclides Riquetti

The Voice Kids - Capinzalense Arthur Simas Secco classificado no The Voice Kids

    
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Apresentação de Arthur - imagens TV Globo

       Arthur Guilherme Simas  Secco é um menino de 11 anos, estudante da Escola Municipal Dr. Vilson Pedro Kleinubing, localizada no Loteamento Parizotto, em Capinzal. Tenho vários colegas que ali lecionam. para nossa alegria, vimos, pouco depois das 14,30 h, na TV Globo, a classificação dele para a próxima etapa do The Voice Kids.
 
       Arthur interpretou "Será que foi Saudade", música gravada pela dupla Zezé di Camargo e Luciano, sendo aprovado pelos jurados.

      Sua inscrição foi feita pela coordenadora pedagógica da escola, Cleciane da Silva. Todos os seus colegas, familiares e amigos Vibraram muito com a classificação de Arthur. Vi o programa e era visto que os jurados estavam muito bem atentos e entusiasmados com a performance de nosso conterrâneo.  Ele é filho de Dirlei e Gilberto Simas Secco.

       Falaram-me que ele se apresentou no Palco da Expovale, em Capinzal, no fim do ano que passou e foi muito aplaudido. Canta desde pequenino e sempre foi muito incentivado pela sua irmã Alessandra, com que costuma se apresentar em público.

       No domingo passado, assisti o The Voice Kids junto com a sobrinha Naiana, sua mãe, Marise, e meu irmão Hiroito Riquetti, o Piro, em Capinzal, que já aguardavam a apresentação de Arthur ainda naquele dia, Inclusive, instalaram tela na área de lazer Dr. Arnaldo Favorito, pois achavam que sua apresentação seria naquele dia.

       Estou na casa de meu filho, Fabício, da nora Luana e do neto Ângelo, recém nascido, em São José dos Pinais, região metropolitana de Curitiba, onde assisti à belíssima aparição de Arthur na TV Globo. Simpático, bem comunicativo e com excelente desempenho, mereceu sua aprovação!

Grande abraço nele e em todos os seus familiares e conterrâneos capinzalenses!

Euclides Riquetti - São José dos Pinhais
28-01-2017

Depois que a chuva caiu

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Depois que a chuva caiu e veio o sol
Aquele mesmo que você me mandou
Que chegou vestido de poesia e cachecol
Veio, então, a tarde em que me desejou.

E, nela, a doçura romântica, a fala muda
O desejo tácito, o ímpeto desenfreado
A paixão implícita, da musa desnuda
O instinto que brota livre e desnaturado.

E perderam os pensamentos os seus freios
Que, portentosos, foram buscar outro lugar
Longe de suas açoiteiras e dos seus reios.

E, no entardecer da mansidão, a calmaria
Aloja-se  nas entranhas de meu divagar
E eu penso em você com amor e alegria.

Euclides Riquetti

Guerra do Contestado - o que temos a ver com ela?

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          O tema "Guerra do Contestado", pelas características da mesma e pela data de seu início,  cujo centenário se aproxima, vai trazer-nos de volta muitas informações que um dia ouvimos, mas que nem sempre demos muita bola para o assunto. Sempre tive muita paixão por isso, é um assunto que me atrai profundamente.

          A data fatídica é 22 de outubro de 1912, quando ocorreu a Batalha do Irani e, tanto o jovem  Coronel Gualberto quanto o líder dos revoltosos, Monge José Maria, foram mortos. Brevemente, dedicarei um escrito exclusivamente para o que ocorreu nos dias que antecederam e sucederam esta importante data para nós, catarinenses, principalmente moradores das áreas que serviram de palco para a Guerra. Tenho informações exclusivas que obtive na Fazenda Nossa Senhora de Belém, com o Sr. Alceu Saporite, no interiorzão de Água Doce, num final de  ano em que acampamos, com nossa família, uns 50 metros  abaixo de uma Cachoeira existente na propriedade, e que ali ocorreu um fato que ajudou a mudar a história da Grande Batalha entre os liderados por José Maria e os soldados do jovem Coronel Gualberto.

          Mas, hoje, vou-me dedicar a repassar algumas informações que obtive em minha vida,  e outras que li em  "O Oeste Catarinense - Memórias de um Pioneiro", escrito pelo saudoso José Valdomiro Silva, (tio da Leda Sílva Kerber, Soprano de nosso Teatro Alfredo Sigwalt, de Joaçaba, e   dos seus manos  Cláudio e João, meus amigos). Valdomiro construiu uma biografia irretocável, nascido em 21 de junho de 1902, na Fazenda Umbu, interior, na época, de Campos Novos, próximo de Duas Pontes, hoje Zortéa, e que viveu sua adolescência em lidas com seu pai, durante a construção da Estrada-de-Ferro São Paulo/Rio Grande.

          Em 1914, quando a Guerra do contestado estava  no ápice, 500 soldados da Força Federal estiveram acampados, por muitos meses, próximo à Estação Férrea de Capínzal, com a finalidade de guarnecer a cidade e impedir que os classificados como "fanáticos jagunços", tomassem o rumo do Sul.

           Nossa cidade armou-se antes antes de os soldados chegarem, conforme descreve José Valdomiro Silva, na página 18 de sua obra: "À vista de  tal situação, o farmacêutico Cavalcanti, que era solteiro, resolveu organizar uma guarda-civil, para o que convidou diversos homens e rapazes, entre os quais eu também fui incluído, na qualidade de seu empregado. Não houve problema para armar o pessoal, pois, na época havia muita Winchester e revólver Smith & Wesson que apareceram no comércio logo após a passagem da estrada de ferro. Até eu com meus doze anos, também mereci uma Winchester 44 que mantinha na farmácia, para enfrentar os jagunços. E como a dita guarda foi organizada em caráter amador, não havendo recursos para sua alientação, requisitavam porcos e galinhas das casas abandonadas pelas família fugitivas".

          Pela descrição, você, leitor (a), pode ter noção de o quanto a situação estava complicada. E o adolescente José Valdomiro Silva, que a meu ver merecia ter sua vida retratada em documentário cinematográfico, é figura marcante em nossa história. Há muitos fatos interessantes em sua publicação, de 1987, e que você pode encontrar nas bibliotecas da região e sebos de Florianópolis.

          Felizmente, hoje vivemos outros tempos, enfrentamos outros tipos de problemas, frutos da organização social atual. Mas, naquela época, a realidade era bastante cruel com os moradores de Rio Capinzal, localizado à margem esquerda do rio do Peixe, e o "Distrito de Abelardo Luz", à margem direita. Naquela época, desde 20 de outubro de 1906, com esse nome, pertencíamos à Colônia de Palmas, do Estado do Paraná. e era comum, em minha infância e juventude, colegas de Capinzal "inticarem" comigo, dizendo que nós, os abobreiros, do Ouro, éramos argentinos, e que eles, de Capinzal, os porungueiros, eram os brasileiros.


          Intrigas e rivalidades à parte, a realidade é que Ouro pertenceu a Capinzal apenas por 14 anos, de 1948 a 1963. E que, se buscarmos profundamente a nossa verdadeira história, vamos descobrir muitas coisas interessantes, inclusive que tivemos ativa participação na Guerra do Contestado, pela nossa localização e pelas disputas de Paraná e Santa Catarina pela região Contestada.


Euclides Riquetti
05-08-2012