Já faz muito tempo que os três Poderes
de nossa República estão em desgraça perante a opinião da população brasileira.
A falta de seriedade da classe política e a busca de protagonismo nos cenários
teatrais que são montados em Brasília e em alguns estados, tudo na tentativa de
ganhar a simpatia do eleitor, sempre eivados de demagogia e fala fácil, fazem
com que as pessoas, cada vez mais, detestem muitos desses atores. Ninguém
tolera mais a enganação, quer na política, no futebol, no meio artístico e na
imprensa. E, o que é preocupante, é que cresce a descrença no Poder Judiciário.
Tenho procurado diversificar ao máximo
minhas buscas de material para leitura informativa. No momento, o pessoal está
pegando geral em tudo o que lhe incomoda. Notícias falsas ou verdadeiras estão
aí, colocadas conforme a conveniência de quem as propaga. Uma, bem real, atraiu
minha atenção nos últimos dias, disseminada por uma Rede de Televisão
brasileira, referindo-se ao STF. Passei a buscar mais informações e vi que no
primeiro semestre deste ano, o Supremo já gastou mais de meio bilhão de reais,
o que nos projeta as despesas de mais de um bilhão em 2021. Temos 11 ministros
de alta toga, sendo que cada um tem 269 funcionários. Uma estrutura fabulosa,
com um capital intelectual de elevada monta, que poderia ajudar as coisas a
fluírem, mas que não andam porque os políticos, principalmente do Congresso
Nacional, e do Executivo, lhes dão muita mão-de-obra. E isso é fruto daquilo
que os ministros têm plantado, pois são tão contraditórios entre si, que
semeiam dúvidas em vez de clareza jurídica. Intrometem-se nos outros dois
Poderes, Legislativo e Executivo, como se fossem os eleitos para legislar e
executar.
Os ministros do STF são colocados lá por
indicação de presidentes da República e sua aposentadoria compulsória, que era
aos 70 anos, passou aos 75, sob a justificativa de que quanto mais experientes,
mais podem ajudar a nação. Há controvérsias. Há salários altos. Há vaidade. Há
teatro e votos excessivamente demorados nos julgamentos. E há a indignação da
população, que rejeita aqueles juízes. Ganharam o cargo que ocupam e devem
obrigação aos que os colocaram lá. Vejam isso:
- Marco Aurélio Mello, ficou lá
por 31 anos, foi colocado pelo primo Fernando Collor de Mello. Aposentou-se no
início desta semana, dia 12 de julho de 2021.
- Ricardo Lewandoski, indicado
por Lula em 2006, vai permanecer no STF até maio de 2023.
- Rosa Weber, indicada por Dilma
Rousseff, em 2011, fica até outubro de
2023.
- Luiz Fux, indicado por Dilma
Rousseff em 2011, fica até abril de 2028.
- Cármen Lúcia, indicada por lula
em 2006, fica até abril de 2029.
- Gilmar Mendes, indicado por
Fernando Henrique Cardoso em 2002, fica até dezembro de 2030.
- Edson Fachin, indicado por
Dilma Rousseff em 2015, permanece até fevereiro de 2033.
- Luís Roberto Barroso, indicado
por Dilma Rousseff em 2013, permanece até março de 2033.
- Dias Toffoli, indicado por Lula
em 2009, vai até novembro de 2042.
- Alexandre de Moraes, indicado
por Michel Temer em 2017, fica até dezembro de 2043.
- Kássio Nunes Marques, indicado
por Jair Bolsonaro em 2020, permanece até maio de 2047.
E agora, com a aposentadoria de
Marco Aurélio, Bolsonaro vai indicar André Mendonça, 49 anos, que ficará até
dezembro de 2047.
Isso, sim, que é vida mansa! Conforto de tudo o que é
jeito, refeições “top da balada”, salário igual ou superior ao de Presidente da
República, motorista, garçom, holofotes,
prepotência, arrogância... Por essas e outras, são pessimamente avaliados pela
população que trabalha muito, é altamente tributada, e ainda maltratada!
Euclides Riquetti – Escritor
Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC
em 16-07-21