sábado, 14 de novembro de 2015

Deixe-me embalar seus sonhos

Deixe-me embalar seus sonhos e seu sono
Como se eu fosse uma canção de ninar
Da planta alvissareira quero ser o pomo
Que adoça seus lábios com o meu beijar...

Deixe-me cativar seu sorriso brilhante
Que tanto me seduz  e me faz contente
Maroto, ousado, muito lindo e cativante
Que adorna seu rosto de adolescente...

Deixe-me compor-lhe apenas um soneto
Simples como as canções que você canta
E no seu ninho ser ao menos um graveto...

E, depois, colha de mim o que lhe agrade
Pegue pra você o que mais lhe encanta
Me pegue, me tenha, me queira, me abrace!

Euclides Riquetti
15-11-2015











Meus medos e meus segredos

Tenho medo de meus muitos medos
Não de meus segredos...
Tenho lá minhas preocupações
Vivo, intensamente, todas as emoções
Pois pra viver nunca é cedo!

Há uma fragilidade emocional
Algo que até  parece banal...
Não sei se é por zelo desnecessário
Se é cuidado extraordinário
Mas só quero nosso bem, não o mal!

Conflitos, que fiquem longe de mim
Que toda a confusão tenha fim...
Prefiro o sol que doura ao céu cinza
E que nenhum raio me atinja
Que cresçam as flores no jardim!

Sou apenas um ser comum
No contexto complexo, apenas mais um
Que quer viver normalmente
Nem sei quão intensamente
Aqui, ali, e ou em lugar algum

Apenas isso...
Bem assim!

Euclides Riquetti
14-11-2015












Uma folha de papel na areia..

 Perdi uma folha de papel na areia
Que alguém encontrou e me devolveu sorrindo
E, a manhã que poderia tornar-se feia
Deu lugar a um indescritível horizonte infindo...

Um pedaço de papel com uma das faces em branco
O espaço ideal para um poema de teor inefável
Descrevendo venturas ou simplesmente um pranto
Uma declaração de amor ou uma mensagem amável.

E, na manhã do sorriso largo, de tanta gente bonita
As galés flutuam, deliciosamente, sobre as águas
Decorando o mar azul na sua beleza infinita.

E, enquanto eu relembro de outras manhãs como esta
Quando  as horas apagam os ressentimentos e mágoas
Eu contemplo as ondas que me trazem o vendo que refresca...

Euclides Riquetti

Rodovia Ouro/Jaborá - um sonho antigo que vem se realizando!

          Neste domingo, 15 de novembro, comemoro os 27 anos de minha eleição como prefeito do município de Ouro, aqui em Santa Catarina, desmembrado de Capinzal em 1963. Fui eleito no ano de seu jubileu, 1988, 25 anos de emancipação. Eu tinha 35. Muitos sonhos... E os sonhos precisam, além de povoarem nosso pensamento, serem atiçados a tornarem-se realidade. Posso dizer que, desde 1980, quando voltei àquela cidade, depois de ter morado e estudado em Porto União da Vitória e no distrito de Zortéa (então pertencente a Campos Novos), e trabalhei como secretário do saudoso prefeito Ivo Luiz Bazzo, o grande idealizador da estrada Ouro/Jaborá, (que deverá ter seu nome), estive empenhado, juntamente com outras lideranças, para que esta se transformasse em realidade. Costumo dizer que os projetos, todos eles, não importando o seu tamanho, têm elevada importância para o bem comum. os e maior investimento são mais morosos, tanto para a concepção, quanto nos encaminhamentos e na execução. Por isso as lideranças precisam agir em conjunto, promover a necessária sinergia para que aconteçam.

          A rodovia que liga Ouro e Jaborá é um sonho que se realiza, mesmo que lentamente. Não com a celeridade que imaginamos, na tarde do  dia 29 de maio de 2012, quando dirigi o cerimonial, de apresentação do edital para a licitação da contratação de uma empresa para execução dos serviços de adequação do leito e pavimentação da Rodovia SC 467, para a execução de 33,6 quilômetros de extensão, em valores orçados de R$ 62,5 milhões. Duas horas depois, houve o lançamento do edital para reabilitação do trecho da SC 355, com 22,8 Km,  (já asfaltado), entre Jaborá e a BR 153, em Concórdia, em valores orçados de R$ 31,1 milhões . O governador Raimundo Colombo atendia, no caso da Ouro/Jaborá, uma reivindicação de quase 40 anos...Mais de 96 milhões de investimento.

          Em Ouro, o evento aconteceu no Centro de Eventos de Nossa Senhora do Caravággio, e em Jaborá no seu  CTG. E, já em 22 de dezembro daquele ano, 2012, num sábado pela manhã, no mesmo local, em Ouro, Raimundo Colombo assinou a Ordem de Serviço para a pavimentação de Ouro e Jaborá em valors pós-licitatórios de R$ 52,8 milhões, sendo que a empresa vencedora do certame licitatório foi a portuguesa MonteAdriano Engenharia e Construção S/A. O prazo estabelecido e contratado  para a execução foi é de 900 dias e a empreiteira se comprometeu em instalar o canteiro de obras a partir de janeiro de 2013.

           Iniciadas as obras, o trecho de reabilitação de Jaborá até a BR 153, em Concórdia, teve uma razoável atuação da empreiteira contratada para aquela obra, porém, com a execução apenas parcial, esta passou a alegar que não teria como executar pelo valor contratado e abandonou o serviço. Muitos protestos dos moradores da região, pois transformou-se num trecho esburacado, que põe em risco a vida dos que a utilizam. Depois de muitas negociações e querelas, o Estado de Santa Catarina teve que realizar nova licitação, com valor maior, e a obra foi retomada há poucos meses. Passei por lá nesta semana e posso considerar o trabalho elogiável, pois  estão fazendo alguns cortes laterais, possibilitando terceira faixa de rolamento e retirando algumas curvas. Conseguem trabalhar sem atrapalhar a vida dos usuários, de forma organizada. A espera, quando das "bandeirinhas vermelhas", não chega a 3 minutos. Parabéns!

         O trecho da SC 467, está recebendo uma forte intervenção. Cortes e reaterros inimagináveis antes. A  via foi projetada ao final da década de 1970 e sua implantação foi até o primeiro ano da de 1980. Esperamos 31 anos pelo seu asfaltamento. Nesse tempo, significativas mudanças na legislação ambiental. E aprenderam a respeitar os proprietários lindeiros. Diversas galerias "passadeiras de gado", foram introduzidas no projeto, para que os animais das propriedades cortadas possam circular entre os pastos e as aguadas do rio Leãozinho e de uma sanga em Linha Vitória e à sua montante.

           Os 900 dias, (quase 30 meses...) passaram-se e a obra não foi concluída. Houve a prorrogação do contrato de execução para mais um ano. Pelas contas, a estrada deverá ficar pronta no meio do ano de 2016, pouco antes do período eleitoral. Torço para que inaugurem e que façam uma grande festa, que comemorem. Hoje, os moradores das margens e os usuários têm sofrido à beça por causa das obras, que dificultam o trânsito. A reclamação é grande. Ônibus escolares, automóveis e  caminhões que transportam a produção agropecuária e insumos passam a toda a hora por ali. O tempo chuvoso atrapalha, em muito, a execução dos serviços. Porém, vai nos contemplar com uma grande safra de milho, a assim continuar.

          A espera vai ser compensada. Empreendimentos já em plena atividade ao longo da via, como a Ervateira Charrua, em Santa Lúcia, e o Balneário Thermas de Ouro, a CoperOuro, e outros que estão em via de instalação, ganharão com a nova estrada.  e toda a área do trecho s valorizará e estará apta a receber novas empresas. Ouro e Jaborá merecem!

Euclides Riquetti
14-11-2015
 

Imagine-se

Imagine-se numa barca enorme
Flutuando sobre as águas do mar.
Faça de conta que ali você dorme
Sob um sol ameno a se bronzear...

E, enquanto dorme, você sonha
Com alguém que a possa querer
Com uma vida graciosa  e risonha
Sem lugar para a dor e o sofrer...

Imagine-se recebendo os afagos
Que minhas mãos podem fazer
E delicie-se com os meus agrados
Perca-se nas volúpias e no prazer...

E, enquanto você absorve a energia
Que vem do mar, do sol, de mim
Comemore a luz de mais um dia e...
Beije-me com seus lábios de cetim!

Bem assim!

Euclides Riquetti
14-11-2015


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Por qual janela?



Por qual janela devo olhar?
Pela da rua barrenta
Ou pela que me mostra o mar?

Por qual janela devo olhar?
Pela que  vejo a manhã cinzenta
Ou pela que me mostra o azul celestial?

Por qual janela devo olhar?
Pela que me leva até você
Ou pela que me quer afastar?

Você é quem escolhe
Quem determina meu destino:
Se faz de mim o amado lorde
Se faz de mim um mendigo
Se me mostra um caminho nobre
Ou aquele cheio de espinhos...

Há uma janela entreaberta
Que esconde indesvendáveis mistérios
Atiça minha mente inquieta
Me afunda em mil sortilégios.

(Mas há algo que emotiva
Que me acende minha paixão
Pois detrás daquela cortina
De onde vem a doce canção
Deve estar alguém que anima
Que mexe com meu coração).

Mas... por qual janela devo olhar?
Para poder encontrar
Aquela que me faz pensar
Aquela que pode domar
Meu indefeso coração?

Euclides Riquetti

Desculpa-me

Desculpa-me se eu não consigo ser
Tudo aquilo que sempre esperas
Se há  um dar e não há  um receber
Se fogem os sonhos e as quimeras...

Desculpa-me pela minha ansiedade
Talvez bem maior que a volúpia
Talvez seja minha a  fragilidade
Quando sou tomado de angústia...

Desculpa-me por não ser perfeito
Por não conseguir resolver tanto
Não sei se isso é o meu defeito...

Porém, tenho alma e sentimentos
E quando luto contra meus prantos
É porque não quero o sofrimento!

Euclides Riquetti
13-11-2015





Campinhos de futebol em Capinzal e Ouro - terceira parte

          Já me reportei a campinhos de futebol em posts anteriores. Os campinhos foram celeiros de jogadores habilidosos no Brasil. Muitos adolescentes escolhiam os terrenos vagos nos loteamentos das cidades, arrancavam as guanxumas, roçavam os gramados mais altos com foicinha de colher trigo, tiravam umas madeiras roliças dos matos, tipo bracatingas, faziam as traves e tinham seu próprio campinho. Então, era reunir a molecada no final das tardes, sábados e domingos, e jogar bola até que o claro do dia permitisse ver a bola.

          As bolas, na época, erram avermelhadas, de couro.  Alguns diziam que eram de "capotão", outros de "capão". Ter uma bola de capão era um luxo. A maioria das vezes,  comprada com "vaquinhas" ou alguma rifinha.  Quem não era sócio da bola, só jogava se faltasse gente. Algumas já bem marrons, de tanto gastas. E todos em pés descalços, tantas vezes com as unhas do dedão do pé pretas ou arrebentadas. Tanto que, quando alguém era meio ruim de bola, chamávamos de "arranca toco". O maior patrimônio de um time era ter uma bola razoável.

          Divididos os grupos, muita correria, muita gritaria, muito suor, muitos tombos, muitos dedões destroncados. Não podia jogar de sapato....Um time jogava com camisas e o outro sem, para poder identificar melhor o adversário e não dar passes errados. Para ser pênalti, não bastava fazer uma falta na área, tinha que derrubar e machucar. Se não tivesse sido machucado, não deveria ser falta, assim se tentava fazer acreditar que tivesse que ser. E, se recebesse a falta, não poderia bater, porque jogador machucado não bate falta. Umas regras que os mais espertos (ou maiores...) inventavam para levar vantagem. Gérson, o "canhotinha de ouro", de Flamengo e depois de Botafogo, ainda nem tinha gravado aquele comercial de cigarros em que dizia que gostava de levar vantagem em tudo e que acabou virando lei, a "Lei de Gérson". Tudo muito divertido!

          Uma vez formamos um time, eu e o Altivir Souza, o coquiarinha, que era torcedor do Vasco, bem como seu irmão Coquiara (Ivanir) e o outro coquiarinha, o Valdir, que aqui em Joaçaba chamam de "Valdirzinho da Prefeitura". Denominamos de "Canindé", em alusão ao estádio da Portuguesa de Desportos, de São  Paulo.  Nosso campinho era o do qual já mencionei aqui e a sede era o porão do Demétrio Surdi, pai do Sidinei. Na sede, além de nos trocarmos para os jogos, guardávamos a bola, o apito, a bomba de encher a bola e sentávamos em tocos de lenha ou pilhas de tijolos. Cadeiras seriam artigo de luxo...

          Para uniforme, compramos camisas de manga longa, de algodão, empeluciadas por dentro, brancas. A mãe de um dos jogadores assentou  na gola em V e nos punhos um tecido vermelho, uma espécie de friso. Ficou bonito!  Para o goleiro, uma camisa tingida de verde. Tínhamos as cores da lusa paulista nas camisas. Meias vermelhas e calções brancos, mas nada a ver com o Arabutã FC. Aliás, na época, eu era torcedor do Vasco e não do alvi-rubro. Jogar com uniforme só em jogos importantes!

           Havia, em Capinzal  e Ouro, pelo menos esses campinhos: No Ouro, o da família de Lúcia Ferrari Bazzo, conhecido como "Dos Bazzo", na antiga Rua do Comércio, hoje Presidente Kennedy, e o defronte ao Clube Esportivo Floresta (com piso em serragem da Marcenaria e Carpintaria São José), onde também jogavam voleibol à noite e nas tardes de sábado. Em Capinzal, o do "Morro do Pão-duro", perto da estação férrea, onde depois se construiu a Telesc. Ali, por ser uma pequena elevação, os que não podiam pagar ingresso para ver os jogos do estádio municipal, (onde hoje está a Rodoviária e a Praça Pedro Lélis da Rocha), ficavam a ver os jogos de Vasco, Arabutã,  São José, Frigorífico Ouro, Operário, EGO Esporte Ginasial Olímpico), e de outros mais antigos, como o Estrela...  "dono" do campinho era o saudoso "Camomila", Pedro Raimundo Hilguert, com quem jogamos bola nos tempos do Grêmio Lírio, de 1977 a 1980. Esse era craque, nos deixou ainda jovem...

          Tínhamos também o do Botafogo, entre as ruas XV de Novembro e a Narciso Barison, ao lado do "picador" de carnes (açougue) da Comercial Baretta, onde jogavam vôlei masculino e feminino. O Orestes Francisco Antunes (Montanari) era o treinador deles... De vez em quando conseguíamos autorização para jogar lá, contra o pessoal do "Ameriquinha", dos Baratieri e do saudoso "Pimba"  (Márcio Rodrigues). E o do "Loteamento" Santa Terezinha, ao lado do Clube Primeiro de Maio (o Mangueirão, onde se dançava nos soirées, com toca discos...). Ali jogávamos com gente das famílias Giacometti, Boff, Hannel, Oliveira e outras. De vez em quando armávamos um encreqnquinha...

        Boas e saudosas lembranças dos nossos campinhos. Dos amigos, de muitos que foram embora, alguns para o céu, outros viraram vovôs, isso e aquilo. Mas, de todos, colegas ou adversários, muitas e carinhosas saudades. Boas lembranças de um joguinho esquentado e depois um banho de rio, no "Valo" ou abaixo da barragem, no rio do Peixe, ou nos fundos do Mangueirão, no Santa Terezinha.

          Um carinhoso abraço aos  que estão ainda "por aí" e uma oração para os que foram antes de nós.

Euclides Riquetti
13-11-2015



 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Quando a chuva molhou as roseiras


Quando a chuva molhou as tuas roseiras
E as gotículas pousaram sobre a tenra folha
Os  cravos bailaram, serenos, nas fileiras
Ali dispostos, solitários, sem ter quem os colha.

Jazem, felizes e exalam seu perfume masculino
A excitar o mais erótico pensamento
A mesclar-se em meio ao frescor matutino
Com seu doce aroma de encantamento.

Cravos e rosas, uma comunhão singular
Na manhã que chegou um tanto acabrunhada
Rosas e cravos, lembranças sutis a me atiçar.

Sonhos, lembranças, paixão e beleza
Na tarde que te deixa deslumbrada
Lembranças, sonhos, majestosa realeza.

Euclides Riquetti

Guardo em mim o direito de sonhar

Parque e Jardim Ouro em versos

 
Ao Norte da cidade de Ouro
A Família de Werner da Silva
Fundou um bairro muito nobre
Que recebeu muitas famílias
Nosso Parque e Jardim Ouro
Um lugar que muito brilha!

Sua história é de gente honrada
Honrada e batalhadora
De gente de bem é a morada
Gente honesta e trabalhadora
Uma terra abençoada
Progressista e promissora!

Quantos ali já cresceram
E viram nascer as construções
Das pessoas que ali viveram
Temos muitas recordações
Saudades dos que já morreram
A quem devoto orações!

Frarom, Peroza e Thomé
Grulke, Martins, Bonamigo
Rodrigues, Bernardi e Bonato
Proner e  muitos amigos
Savaris, Lima e Mattos
Moradores muito antigos.

Precisamos também falar
Dos Zóccoli e Vilarino Dutra
E ainda nos  lembrar
Dos Duarte, Faccin e Oliveira
Dos Esganzela e dos Dacás 
Nesta terra hospitaleira.

Vieram depois os Córdova
Os Meneghini e os Deitos
Os Pereira e Schlindenwein
Os Chiocca e os Freitas
Mantovani e Franceschi
Os Andrioni  e os Vieira.

E  também dos Spadini
Com sua seriedade e respeito
Dos  Rosa,  Forlim e  Brandini
Dos Camargo e dos Fonseca
Beviláqua, Coeli e Tidre
Vian, Schwantes e dos Baretta.

Tieppo, Minks, Crippa e Gálio
Zambon, Wulf, Frá  e Franquini
Anjos,  Córdova e Bazzo
Biarzi, Recalcatti e Colpani,
Rático, Storti, Toigo e Santos
Miqueloto, Silveira e Souza.

Minha homenagem aos Garcia
Aos Bassotto e aos Teixeira
Aos Forlin e Morosini
Aos César e aos Possamai
Coronetti e Filipini
Bortolli e a todos os demais.

Os Casara e os Bressan
Pastore, Correa e Chiamolera
Parisotto, Casagrande e  Boz
Basei, Susin e os Durigon
Professora Ione  Dambrós
E ainda Adiles Masson!

Procurei aqui saudar
Os mais antigos moradores
Os pioneiros que lutaram
E ainda os fundadores
Os primeiros que chegaram
Os verdadeiros desbravadores.

Hoje podemos nos orgulhar
Desse povo tão educado
A quem eu quero homenagear 
Com esses versos rimados
Continuem a nos honrar
E sejam por Deus abençoados!

Euclides Riquetti

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Beijo com gosto de pudim

Eu quero um beijo muito doce
Sabor melhor que de alecrim
Queria um daqueles que fosse
Só beijo com gosto de pudim...

Um beijo terno, beijo demorado
Um beijo de desejo e perdição
Beijo com carinho, com pecado
Um beijo com amor no coração.

Beijo de pudim, com caramelo
Para ver estrelas em pleno dia
Momento de amor muito singelo.

Quero ter você apenas para mim
Vivermos a paixão com alegria
Você e seu beijo gosto de pudim.

Euclides Riquetti
11-11-2015













A Serra do Rio do Rastro - uma verdadeira aventura



(Terceira parte do relato das aventuras nos cânions sul brasileiros)

          No domingo, 08, deixamos o Hotel Sesc de Torres, RS, às 13,30.  Cinco minutos depois, passamos a ponte Anita Garibaldi, sobre o Rio Mampituba, e retornamos a Santa Catarina pela cidade de Passo de Torres e, em seguida, pela BR 101. Adiante, deixamos a mesma e ingressamos no território de Morro da Fumaça, passamos ainda por Orleans e Lauro Muller, para nos dirigirmos à Serra do Rio do Rastro, tida como a "mais espetacular do Brasil e um dos locais mais bonitos do mundo. Lugar especial para o ecoturismo e o turismo de aventura. Um bioma fantástico, desfiladeiros suntuosos, quedas d´água encantadoras. Depois de subirmos cerca de 35 Km, saindo de uma altitude de apenas 18 metros em Morro da Fumaça, chegamos a Bom Jardim da Serra, onde se localiza  um mirante, a 1.421 metros de altitude. Na sequência, São Joaquim, Painel e Lages...

            A serra do Rio do Rastro se localiza no sul do estado de Santa Catarina, Brasil.  É cortada pela rodovia SC 390 (antiga SC 458). Andar por ela, tanto no sentido Leste/Oeste (subida), do litoral em direção ao Planalto e Oeste catarinense; ou de Oeste a Leste, indo-se do Oeste e Planalto até o litoral,  constitui-se numa aventura indescritível, pois a vista da serra é simplesmente espetacular. O cenário nos mostra uma estrada de cerca de 35 Km, dos quais 12 são pavimentados com concreto armado, a forma que o Governador Esperidião Amin e sua equipe encontraram para resolver o problema de ligação rodoviária entre as cidades da região. A  declividade acentuada não recomendava asfaltamento. Acredito, ainda, que o fator ambiental foi favorecido pela não utilização do concreto betuminoso. A Mata Atlântica, com suas cachoeiras, com 284 curvas acentuadíssimas, sendo que em duas delas os ônibus ou caminhões, (sem terceiro eixo), são obrigados a darem marcha à ré para poder vencer as curvas, atrai turistas de todo o mundo, é sempre um desafio a ser vencido.

           Não recomendo que a utilizem em dias chuvosos (para o caso tráfego de ônibus ou caminhões), nem à noite para esses tipos de veículos. A estrada é iluminada à noite, sendo a iluminação alimentada por uma usina eólica. Imaginem a beleza daqueles desfiladeiros durante a noite!

          A maioria das pessoas que se encontrava conosco na excursão não conhecia a serra, ainda. De minha parte, passei por ela por três vezes antes: uma com minha família, possivelmente em 1990, voltando de uma semanada na Praia de Fora, em Palhoça, outras duas vezes,  ambas na primeira metade da década de 2000, sendo uma com o amigo Prefeito Ségio Durigon e outra sozinho.  E, aqueles que sentiram "fortes emoções" no acesso aos desfiladeiros do Aparados da Serra, puderam vivenciar outras bem maiores no Rio do Rastro. Mas vale a passar pela mesma e chegar ao Mirante, em Bom Jardim da Serra, e olhar para o belíssimo vale que nos mostra Lauro Muller, Orleans e Morro da Fumaça.

          A viagem de retorno, iniciada após o almoço, (13,30), terminou à meia-noite, quando nosso ônibus estacionou defronte ao SESC de Joaçaba. Um passeio inesquecível que muito marcou a vida de todos os companheiros de empreitada.

          Conhecer a Serra do Rio do Rastro e chegar ao mirante de Bom Retiro, onde podem ser avistados quatis que vêm comer a menos de três metros das pessoas, ou outros animais e aves, é gratificante. Respirar todo aquele ar puro, em temperaturas que podem variar ao ponto de viver-se as quatro estações do ano num mesmo dia, ora com um "fog londrino, ora com uma paisagem ensolarada deslumbrante, ou molhar-se pela neblina, admirar os diversos jardins de hortênsias azuladas, a mata verdejante, os véus de noiva, tudo isso nos faz dizer que vale a pena estar lá.

Visite-a e curta algo que se registrará para sempre em seu acervo mental das mais belas lembranças.

Euclides Riquetti
11-11-2015




"Milico" - minha personagem: Gente que faz!

Em 18 de maio de 2014, publiquei este texto homenageando uma pessoa merecedora de nosso reconhecimento. Hoje, alguém reclamou  que a pista do Clube Comercial está sendo tomada pelo mato... Então, estou reprisando minha crônica. O Milico mudou-se para outra cidade, mas deixou saudades por aqui:
          Conheço o "Milico" há uns três anos, acho. Descobri, nas corridas e caminhadas na Pista Olímpica do Clube Comercial, aqui em Joaçaba, que ele era meu vizinho. Quando lhe perguntei o nome, disse que era melhor que o chamasse apenas de "Milico". Era militar aposentado.

          Aos poucos,  fui conhecendo bem o Milico. Tornamo-nos amigos. Eu corria na velocidade que minha idade me permitia. mas ele era um maratonista, na verdade. Esquecia-se de parar. Vinha de casa correndo, continuava correndo, ia embora correndo! Algumas vezes,  vinha com seu carrinho, muito simples. Logo deu para perceber que ele é uma pessoa "do bem", confiável. Dava opinião aos mais jovens, orientava. E incentivava os mais velhos a correrem, caminharem, movimentarem-se. Só isso já é algo de muito bom que faz para a comunidade joaçabense.

          Quando a Pista foi abandonada, em razão de que outro "cidadão do bem", o Sr. Djalma Ouriques, parou de capinar as ervas que cresciam na borda da pista, estas cresceram muito, e o local ficou muito feio. Vieram os PARAJASC e a Prefeitura fez uma bela limpeza. Passado o verão, estavam as ervas voltando, ficando feio de novo. Mas um dia, ao chegar lá, deparo-me com metade da pista de 400 metros já limpa, livre das ervas daninhas. Aparece-me, depois, o Milico, com uma enxada, e começa a realizar uma bela de uma limpeza. Em poucos dias, tudo estava bonito de novo.
          Entendo o Milico. Ele é uma pessoa que sabe da importância que uma pista de atletismo tem para uma comunidade. Os paraatletas da ARAD treinam ali. No sábado, bem cedo, estavam lá treinando, preparando-se para competir nos PARAJASC e, daqui a poucos dias, no Rio de Janeiro. Cumprimentei todos eles, mãos estendidas e abraços em todos. São pessoas maravilhosas que, em vez de queixarem-se da vida, estão lá buscando a superação de suas limitações. Admiro-os e os incentivo. Dou-lhes palavras de ânimo e estimulo-os a continuarem progredindo, derrotando as limitações. No sábado, o Milico não estava lá. Estava ali, defronte a Escola Nossa Senhora de Lurdes, 3 minutos a pé de minha casa.

          Parabenizei-o pelo trabalho que faz. Disse-me que não estava ajudando a comunidade, estava ajudando a si mesmo. A si, porque seu filho estuda naquela Escola e, por conseguinte, ele e sua família são beneficiados. Com uma daquelas "forcas", retirava todas as folhas, gravetos e papéis que estavam no meio das pedras britadas. Arrancava, com as mãos, todas as ervas, e colocava numa caixa de papelão, para depois depositar na lixeira. Naquela Academia ao Ar Livre, ao lado do Ginásio de Esportes, que está depredada e ainda não ganhou o merecido piso, embora prometido ainda em 2011 pelo Poder Público, recolheu as ferragens que estavam espalhadas e empilhou-as. Quem sabe isso "inspire" a quem de dever consertar o que foi estragado e que NUNCA teve manutenção!

           Há muito tempo já vinha pensando em escrever sobre o trabalho social comunitário dele. Perguntei-lhe o nome: Francisco Birajara Pires de Souza. É natural de São Sepé, região central do Rio Grande do Sul. Veio de Palhoça, onde tem sua casa. A esposa, Denise, trabalha num Banco aqui,  e aguarda transferência para a Grande Florianópolis. Tem 55 anos, muita vitalidade, cabelos grisalhos, corpo de atleta. Tem um sorriso permanente e uma disposição extraordinária de ajudar os outros. Mora perto do Comercial, gosta de cachorros, por isso mesmo não quer morar em apartamentos. Faz parte da Igreja da Congregação Cristã do Brasil, localizada na Rua Frei Rogério, aqui em Joaçaba. Tem notáveis e dignos pensamentos sobre a conduta do Ser Humano. Diz que as pessoas precisam pensar mais, refletir. A pressa as leva a atitudes inconsequentes. As pessoas precisam valorizar mais a vida e respeitar o próximo. Tenho absoluta certeza de que ele pratica aquilo que prega e defende.

          Admiro muito o amigão Milico. Gostaria que ficasse morando aqui em Joaçaba. Pena que os projetos dele e sua família são para outra cidade. Mas reconheço nele um cidadão honrado e do bem. Admiro-o pela maneira como vive e pelo que faz. Grande abraço e parabéns, Francisco Birajara Pires de Souza!

Euclides Riquetti

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Apenas um raio de luz

Eu queria ser apenas um raio de luz
Ou a ponta de uma estrela prateada
Ou então a nuvem branca que seduz
Em meio à manhã serena e azulada.

Eu queria ser um suave brilho solar
Ou um ventinho fresco e audacioso
Ou então um grão da areia do mar
Que acaricia o seu corpo formoso.

Eu queria escrever - lhe as canções
Para que lhes pusesse as melodias
E dividíssemos as nossas emoções.

E, mais do que o querer, eu quero
Quero me perder em mil fantasias
E isso é tudo o que eu mais espero!

Euclides Riquetti
11-11-2015



Aventura nos Aparados da Serra - Parque da Guarita: segunda parte

             Se, em nossa excursão para o litoral gaúcho e catarinense, no final da semana que passou, não fomos contemplados com o que esperávamos no Parque da Serra dos Aparados, no domingo pela manhã tivemos uma programação sensacional e compensadora. O guia Geraldo Medeiros de Lima nos propôs visitarmos a Parque da Guarita, onde se localiza a praia do mesmo nome (Praia da Guarita), bem próximo do centro da cidade de Torres, no Rio Grande do Sul.

          A cidade de Torres está com cerca de 45.000 habitantes fixos e recebe centenas de milhares de pessoas na época do veraneio. Há, inclusive, uma parte da cidade que foi historicamente ocupada por famílias de Caxias do Sul e que hoje é dominada, basicamente, por seus sucessores. O nome "Torres" vem da existência de pelo menos 6 formações rochosas elevadas localizadas nas praias da cidade, os chamados "torreões". Essas formações rochosas, boa parte com cobertura vegetal, enfeitam a orla da cidade.

         O Parque da Guarita, oficialmente, tem o nome de  Parque Estadual José Lutzenberger, e é uma Unidade de Conservação Brasileira. O nome veio em homenagem ao ambientalista gaúcho, um dos grandes incentivadores de sua criação. O Parque da Guarita é  constituído por um ecossistema costeiro e, na sua implantação foram criadas áreas reproduzindo outros ecossistemas da região.Tem carca de 350 hectares. No parque, localiza-se  um prainha, que já serviu ( e serve) de área de escape para embarcações. Duas torres ponteiam a praia e, em meio delas, uma menor, em forma de pirâmide, dando característica ímpar ao lugar. Uma pessoa que tenha visitado o local, ao ver uma foto qualquer,
facilmente identificará o Parque da Guarita. Inicialmente, o parque foi projetado pelo renomado paisagista Roberto Burle Marx. Adiante, recebeu algumas modificações, as quais foram aprovadas pelo próprio Burle.

          Ao pisar as areias macias, ou respirar o ar gostoso e com leve cheio de maresia,  é possível que se tenha a sensação de que já se esteve lá antes. O mesmo sentimento se tem quando se sobe até o topo das torres. Romantismo e saudosas lembranças ficam no coração de quem lá se faz presente em alguma época da vida.  Um local que tem muita história, que foi palco de um projeto de porto de atracamento de navios, com extenso molhe, pelo presidente da República Marechal Deodoro da Fonseca, mas que foi abortado pelo sucessor Marechal  Floriano Peixoto, que preferiu empreender na cidade de Nossa Senhora do Desterro,( que o homenageia e que também contesta esta homenagem...), Florianópolis.

          Após a visitação, fomos levados a uma casa de artesanato, onde lembranças puderam ser adquiridas a preços altamente viáveis, sem exploração do turista. Uma programação muito boa em que todos desfrutamos de ótimos momentos. Um passeio de menos de duas horas, uma excelente sugestão do guia Professor Geraldo que, além de biólogo e oceanógrafo, tem amplo conhecimento e domínio da história de Torres e dos locais turísticos daquela região.

          Obrigado, Geraldo, por nos ter proporcionado tão bela programação!

Euclides Riquetti
         

Por que os pássaros cantam?

Por que os pássaros cantam
Já de madrugada?
Por que me acordam bem cedinho
Como que a chamar por carinho
Na manhã da noite amena e estrelada?

Por que o dia demora a chegar
Demora para clarear
Quando há uma angústia na gente
Talvez uma saudade a apertar
Que nos impede de ficar contentes?

Talvez eu não tenha entendido
Não tenha compreendido
Por que motivo eles cantam
Assim, de manhã, escondidos
Atrás das folhas que balançam...

Só o  tempo cura as feridas
Cura as mágoas  sentidas
As tristezas manda embora
Apaga as dores mais doridas
Enquanto minha alma chora...

Por você!

Euclides Riquetti
10-11-2015






segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sobre as areias brancas

Puseste teus pés a deslizar sobre as areias brancas
Das dunas desprotegidas que bordam o mar
Puseste teu frágil coração a pulsar
Buscando no horizonte, quem sabe, um olhar
Em meio a santas lembranças, tantas!

Andaste minutos, horas, um dia inteiro
Pelo trajeto desconhecido que teu coração escolheu
Andaste sobre  pedras que vieram para o caminho teu
Procurando reviver o passado que se escondeu
Mas  não consegues  reencontrar  teu amor verdadeiro.

Para onde podem te levar teus  pés bonitos e elegantes?
Para onde podem te guiar os teus sentimentos mais sagrados?
Para onde querem olhar os teus olhos brilhantes?
Ah, para os braços de alguém que te tenha um dia amado...
Para que dois corações voltem a pulsar juntos, como antes...

Euclides Riquetti

Aventuras nos Aparados da Serra - primeira parte

          Estivemos, de sexta a domingo, numa excursão para a cidade balneária de Torres, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Sempre tive curiosidade em conhecer a região litorânea dos cânions, na divisa dos dois estados, onde se situam verdadeiros santuários ecológicos. No sábado,  pela manhã,  tomamos a BR 101 e nos dirigimos à cidade de Praia Grande, em Santa Catarina. Subimos, em ônibus, em direção ao desfiladeiro Itaimbezinho, na divisa desse município com o de gaúcho de Cambará do Sul. Uma aventura deslumbrante que aqui descreverei. Tivemos a ação de três guias turísticos: Natália, uma paulista radicada em Florianópolis, que nos acompanhou de Joaçaba até o local em "ida e frida". Para nós, aqui, "ida e frida" nos significa "ida e volta".

           A partir do hotel SESC de Torres, contamos também com o guia Geraldo Medeiros de Lima, também chamado de "Augustinho", pois é um verdadeiro clone do personagem que fez muito sucesso em "A Grande Família", em que era marido da personagem Bebel, da atriz Guta Stresser.  Muito competente em seu trabalho, com formação em Oceanografia e Biologia, professor, deixou-nos grandes ensinamentos. Descobri que é amigão do meu amigo geólogo Jorge Augusto da Silva, de Torres, que agora mora em Ouro e com quem desenvolvemos projetos na área de saneamento ambiental. Entendíamo-nos "por música". E, a partir da Praia Grande, entrou em ação outro guia, o Leonardo, (Léo), que reúne conhecimentos específicos dos cânions daquela região.

          O Cânion do Itaimbezinho se localiza no parque Aparados da Serra e sua extensão tem aproximadamente 5.800 metros e a largura máxima chega aos 2000 metros. É composto por rochas basálticas, com paredes de até 720 metros de altura, cobertas por uma vegetação baixa e pinheiros nativos. As formações rochosas montam de pelo menos 130 milhões de anos. As montanhas, ali, parecem terem sido aparadas, com a formação de platôs planos bem no alto, daí o nome "Aparados".
O nome do cânion vem do Tupi-Guarani, significando "pedra afiada".

          Nossa incursão pelos cânions foi uma verdadeira aventura. Imaginem caminhos quase que parecidos com os da Serra do Rio Rastro, em Bom Jardim da Serra. Porém, sem pavimentação! Estrada de terra batida, cascalhada com macadame, mas com pontos vulneráveis, onde um ônibus leva 60 minutos para subir ou então para descer cerca de 20 Km. Não raro, na descida, o veículo é conduzido a 5 ou 10 Km por hora, por questões de segurança.

         Abastecemo-nos com água num Café Colonial, antes de o ônibus iniciar a grande batalha da subida. Alguns tomaram uns traguinhos de licor ou mesmo uma cachacinha pura para se esquentarem. Em pelo andamento da Primavera, muito frio! O uso dos banheiros foi concorrido. Tínhamos tomado um café bem reforçado no Hotel, em Torres, por recomendação dos guias. Retomamos a estrada...

          Imagine você, leitor, leitora, a preocupação de algumas pessoas que nunca tinham participado desse tipo de empreitada. Nas curvas, olhavam pelos vidros e se assustavam. Acredito que houvesse quem estivesse rezando baixinho.... E, outros, zoando com os mais medrosos, fazendo piadas...

           No meio do percurso de subida íngreme, bem numa curva, nosso ônibus passou sobre uma laje de pedra em que uma ponta arredondada estava saliente devido à erosão do leito da via. Foi uma pancada seca, o veículo recuou uns poucos centímetros. Falei: Cardam! Foi o cardam que quebrou! Ou uma flange ou junta, mas algo quebrou. Vamos descer do ônibus! Olhavam-me surpresos: "Como é que você sabe?" Falei que sabia e que, com isso o ônibus não mais se moveria, nem para a frente, nem para trás. Descemos do ônibus, alguns dos homens. O motorista deitou-se e falou: Foi o cardam... quebrou a cruzeta. Lembrei-me: vendi muitas dessas cruzetas quando trabalhei no Mallon, a Mercedes-Benz em União da Vitória, de 1972 ao início de 1977, quando mudei-me para o Zortéa. Uma peça simples, de baixo valor, mas imprescindível. Se você perder um amortecedor, a descarga, ou mesmo algum parafuso, você  pode continuar andando. Mas há algumas peças que são vitais e a cruzeta do cardam, ou qualquer parte desse eixo, é vital para o veículo, pois ele não tem como movimentar-se.

          Todo mundo desceu, rápido, e empurramos o ônibus, de ré, para um espaço lateral à direita da curva da estrada, para que o outro, que vinha atrás pudesse continuar sua subida aos desfiladeiros. Sugeri ao motorista que, além de mecânico, ferramentas e da peça para reposição, que fosse acionado outro ônibus, pois, dadas as dificuldades locais, o reparo poderia ser demorado.

           Em alguns minutos, foi convencionado que o outro ônibus, que nos seguia,  um  "micrão", levasse uma senhora em idade avançada, outra colega professora que dias antes havia tido um acidente num dos pés e andava em muletas, mais outras duas do grupo. E que o micro-ônibus fizesse os 11 Km faltantes e retornasse para nos buscar. Para que se tenha uma ideia da situação irregular da rodovia, foi necessária mais do que uma hora para que deixasse seus passageiros na recepção do parque e voltasse.

          Estava muito frio e havia um chuvisco a nos deixar congelados. Tínhamos roupas para o frio, mas não para uma situação dessas, com chuvisco.  O guia, Leonardo, sugeriu que caminhássemos morro acima. Alguns achavam que deveriam esperar ali. Falei que, se não nos  movimentássemos, ficaríamos congelados. Precisávamos caminhar para esquentar nossos corpos. Havia, ao lado da estrada, umas folhas grandes, dos urtigões, que poderiam nos servir como guarda-chuva se chovesse.
          Andamos mais de uma hora em bom  ritmo, até encontrarmos um lugar mais aberto. Porém, sem nenhuma casa ou barraco que nos abrigasse. No caminho, encontramos um gaúcho de Viamão, Jairo, que estava lá com sua Renault Scenic de capô aberto. O carro havia incendiado na parte elétrica dianteira. Ele estava só, pois mandara a esposa buscar socorro. Perguntei se tinha extintor ABC e ele falou que tinha, mas que, apavorado, não soube nem como utilizar na hora do desespero. Então, como tinha um vasilhame de plástico com água (que sempre leva consigo...), jogou aquela no local e foi pegando mais água na valeta até apagar. Depois, olhou com calma e lambuzou o motor do carro com a espuma branca do extintor. O Darold, nosso companheiro de viagem, que é bombeiro, deu uma conferida e tomou umas providências de modo que o carro não se incendiasse de novo.

          Depois de um bom tempo, eu e o filho do Darold, com mais meia dúzia de  pessoas,  já estávamos bem adiante do grupo, ouvimos um ronco de motor e vibramos com a chegada do ônibus que voltava para nos socorrer.

          Chegamos à entrada do parque Aparados da Serra com grande atraso. Mas o local é bem protegido, há banheiros, um museu, uma estrutura muito boa para receber os turistas. Nosso guia Geraldo nos forneceu um sanduíche natural, bananas, maçãs, pêssegos ou nectarinas, barras de cereais e chocolates, além de suco de uva. Tudo isso para garantir-nos a reposição da energia já perdida e a suficiente para a caminhada por uma trilha que totalizava 6 Km de ida e frida, e mais uma de 1.500 metros na volta, ao lado da recepção.

           Foi uma verdadeira aventura. Nem todos estavam acostumados com esse tipo de imprevisto. Mas, com bom humor, conseguimos cumprir aquilo a que nos tínhamos proposto. E já estou-me propondo a dar continuidade a essa história nos próximos dias. Você está convidado a conhecer, acessando meu blog.

          Grande e carinhoso abraço a todos os que participaram conosco dessa emocionante aventura.

Euclides Riquetti
09-11-2015

Pioneiros do Navegantes

Crônica histórica

          O Bairro Nossa Senhora dos Navegantes, em Ouro, surgiu em decorrência de o ex-Prefeito de Capinzal, Sr. Sílvio Santos, através de sua Urbanizadora Nossa Senhora dos Navegantes, tê-lo idealizado. O loteamento, em si, já existia na década de 1960, com as ruas longitudinais abertas, porém com um mínimo de habitantes.

           Uma descrição simplificada nos remete a dizer que, onde hoje se situa a Rua Formosa, que faz sua ligação com a Felip Schmidt, havia basicamente duas famílias residindo:  a primeira, Família Scapini, ocupava uma casa de madeira no lado direito no sentido sentido de ida do Centro para o Bairro, defronte à propriedade da família do Sr. Biaggio Spada, ali onde há atualmente o casarão azul, com janelas brancas, que foi construído lá atrás, como casa do Cartorário David Cruz. A segunda, após o entroncamento com a Rua Brasil, também do lado direito, onde funcionava um misto de residência e clube de bailes do Sr. João Fontoura. Pejorativamente, os populares o denominavam de "Sete Facadas", embora o nome oficial fosse Salão do Fontoura. Mais adiante a família do Sivo Molitetti veio para ali e está até hoje.

          Ali próximo da Capela de Nossa Senhora Aparecida, logo abaixo, onde reside a família Ribeiro e outros  descendentes, havia a residência do Sr. José Ferreira, que tornou-se conhecido como o "Zé de Amargá". O Vovô Zé  obteve esse apelido porque, para tudo o que as pessoas lhe falavam, dizia: ´"É de amargá" (amargar)!  Era um moreno escuro bem alto, magro,  simpático, forte, e muito trabalhador. Foi trabalhador da Prefeitura Municipal de Ouro, emprego pelo qual se aposentou. Antes, trabalhou para os padres na construção do Seminário Nossa Senhora dos Navegantes.  Foi um dos primeiros funcionários da Prefeitura. Ajudava na confecção de calçamentos e conservação de estradas, tinha muita energia e habilidade para com a pá, a marreta  e a picareta. Após aposentado, continuou a realizar serviços de escavações e remoção de terras, sendo excelente cavador. Com cerca de 80 anos ainda trabalhava como um gigante. Dizia-me: "Preciso trabalhar para comprar carne. Comer feijão, arroz, carne, polente e radici, que isso me dá forças para continuar trabalhando". Morreu com idade avançada e sempre foi um digno pai de família, religioso e  muito respeitado.

          Bem ao centro do morro, próximo de onde se situa a Escola Professor Guerino Riquetti e o Centro de Educação Infantil Raio de Sol, residia o Sr. Sebastião Félix da Rosa, conhecido como "Véio Borges" e também por "Champanhe". Tinha muitos filhos, que eram exímios roçadores de matos e capoeiras. Tinham grande habilidade no manejo das foices e  enxadas. Faziam empreitadas em todas as bandas, tinham resistência para o trabalho. De descendente direto dele ainda temos a Dona Lurdes, casada com o Francisco da Silva, que está ali, rodeada de sobrinhos e netos, até hoje. É uma senhora muito simpática, trabalhou muito em sua Juventude. Quando ofendida, por causa de sua cor, partia pra cima do mal educado e o fazia correr. Não levava desaforo pra casa. Numa casa ao lado, residia o Alípio, conhecido como "Rancheira", um pedreiro entroncado, que cultivava um bigidão. Sua irmã, Dona Jandira Pedroso, é que ficou morando ali na casa da família.

          E, ao final da Rua Agenor Jacob Dalla Costa, morava o Sr. Abílio de Oliveira, com dois filhos, o Nereu e o Irineu, que foram embora para Porto União. Uma filha, antes ainda de ele ir  morar ali, fora dada em adoção, no Engenho Novo, Capinzal. O Nereu era um bom jogador de futebol, tanto na linha como no gol.  Hilário da Rosa, o Chuchu, filho do Sebastião da Rosa, também era um verdadeiro craque de futebol. Era muito habilidoso mas gostava de jogar sem chuteiras. Com estas  nos pés, tinha dificuldades, pois acostumara-se a driblar nos campinhos, sempre de pé no chão. No início da década de 1960,  veio a família do Sr. Olino Lucietti, fixando residência na mesma propriedade, onde até hoje está sua esposa e descendentes.

          Nos primeiros anos da década de 1980 já havia outras famílias morando no Bairro: Os Freitas, lá próximo da casa do Zé Ferreira, os Esganzela, vizinhos do Lucietti, a Dona Aurora Tonini, o Caetano Rech, a Família dos Anjos. O Agnaldo de Souza, que trabalhava como Agente da Estação Ferroviária, tinha uma casa ali, mas estava alugada para um terceiro.

          Como algumas dessas famílias estavam desmembradas, no recenseamento de 1980 contei ali 16 domicílios, pois em algumas unidades havia uma família no pavimento principal e outra no porão das casas. Em 1981 não havia ainda  rede de fornecimento de água nas residências. Nos períodos de estiagem, um caminhão da Prefeitura levava água para as famílias. Esta era despejada nos poços, caixas, tonéis  ou fontes. Na época, o Sr. Vilson Surdi organizou um documento manuscrito, com a assinatura de um representante de cada uma das famílias que ali moravam, menos de 20, solicitando a consrução de rede de águas, sendo que foi atendido pelo Prefeito Ivo Luiz Bazzo. O Sr. Sílvio Santos cedeu um terreno para que o SIMAE instalasse ali o primeiro reservatório de águas. Também doou o terreno para a construção da Capela e de uma cancha de bochas, o que foi possível com o apoio do Prefeito Domingos Antônio Boff. Boff também iniciou a construção da creche local, que foi concluída pelo Prefeito Euclides Riquetti. Este construiu a escola Professor Guerino Riquetti.

          Hoje o Bairro é muito bem estruturado, tendo um bom comércio instalado, bom nível de ensino na Escola, um ginásio de Esportes construído na gestão do Prefeito Sérgio Durigon. A pavimentação de suas ruas foi realizada, gradativamente, por todos os prefeitos que atuaram a partir de 1983. Também comporta, em sua parte mais elevada, as torres repetidoras para retransmissão local das imagens dos principais canais de TV brasileiros. Uma emissora de rádio Comunitária, a Rádio Cidade FM, perrtencente à Associação de Difusão Comunitária Prefeito Luiz Gonzaga Bonissoni ali se situa.

          Do alto do Bairro Nossa Senhora dos Navegantes é possível avistar-se toda a cidade de Capinzal. Uma paisagem encantadora, com o Rio do Peixe dividindo os dois pequenos Municípios. Vale a pena fazer-lhe uma visita.

Euclides Riquetti
23-04-2013

Feche os olhos

Feche seus belos olhos e navegue
Viaje pelos mares da ilusão
Feche seus  olhos distantes  e imagine
Estar trilhando os caminhos da paixão.

Feche seus olhos e pense, pense
Busque voltar para seus tempos de criança
Traga  tudo  do passado até o presente
E veja se eu estou em suas lembranças.

Se você notou-me um dia,  estarei entre os demais
Resgatado de um passado bem  remoto
Então,  valeu-me esperar, eu e meus ais
Ou não me passei de um pobre  moço, assim  ignoto?

E agora, poeta e sempre sonhador
Resta-me eternizar você em meus  pobres  versos
Viver as ilusões, propagar cantos de amor
Espalhar os meus poemas pro universo.

Euclides Riquetti