sábado, 25 de janeiro de 2025

Movem-se as estrelas

 


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Movem-se as estrelas no céu
Durante a noite
Movem-se no firmamento escuro
Durante a noite!

Movem-se as estrelas para abrir caminhos
Para teus passos
Movem-se as estrelas devagarinho
Bailando no espaço...

Movem-se as almas pecadoras
Nas noites e dias
Nos corpos das mulheres sedutoras
Noites e dias!

Movem-se as almas acanhadas
Buscando seus corpos
Movem-se nas ruas e calçadas
Nas praças e nos portos!

Movem-se as estrelas e as almas pecadoras
Movem-se pelo mundo
Movem-se nas manhãs encantadoras
E em noites de sonho profundo!

Também move-se a alma
Move-se a estrela
Que há em você!

Euclides Riquetti

Como num deserto...

 



Como nos desertos
Ventos e areias me ferem os olhos
E meu coração cheio de imbróglios
Entrega-se aos rumos mais incertos...

Como se num inverno
O frio inibe meus movimentos
E fico paralisado como se os ventos
Me tornassem um corpo de gelo eterno...

Como se não houvesse luz
Escondo-me nas trevas misteriosas
Nas estradas mais longas e perigosas
Nos caminhos pelos quais você me induz...

Como se não houvesse nada
Nem um amanhã risonho a me esperar
Ou um barco com o qual navegar
Sou uma alma perturbada...

Mas espero por um novo dia
Por seu sorriso terno e cativante
Por flores perfumadas com alegria
Pelo seu abraço contagiante.

Apenas por isso, nada mais!

Euclides Riquetti

Ecoam cânticos angelicais

 









Ecoam nos céus os cânticos angelicais
Secundados pelas clarinetas dos serafins
Ecoam nos céus os cantos universais
E perdem-se nas imensidões e nos confins.

Festejam os anjos as glórias triunfais
As vitórias do bem sobre o vil e o mal
Festejam os anjos com perfumes e florais
A vida eterna no paraíso celestial.

E, quando as carruagens flutuam ao vento
Levadas pelo trotear dos cavalos brancos
As gaivotas brancas  plainam no firmamento.

Vai, meu coração, pelas celestiais savanas
Vai para te encontrar, vai juntar-se a tantos
Parceirar-se  aos anjos em suas caravanas...

Euclides Riquetti


sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

É nossa toda a imensidão

 



 

 

É nossa toda a imensidão

É nossa toda essa imensidão
É nosso o vento que acaricia minha pele
É nossa toda essa imensidão
É nosso o luar que prateia a madrugada
É nossa toda essa imensidão
É nosso o poema que a alma concebe
É nossa toda essa imensidão
É nosso o canto, sinfonia da passarada.

É nosso o infinito do céu matizado
E também são as cores do arco-íris
É nosso o desenho da planta, articulado
E também o sorriso dos rostos felizes.

É nosso esse mundo de verde, de azul, de infinito
É nosso o frescor no dia que amanhece
É nosso esse vale encantado, bonito
É nosso o sonho que a alma aquece...

São nossos a alma, o sonho, o sorriso
É meu, muito meu, o prazer de estar contigo!
 
Euclides Riquetti

Como telhas quebradas - como almas mutiladas

 


Como telhas quebradas - como almas mutiladas


Como telhas quebradas
Como vasos quebrados
Almas  tristes, mutiladas
Corações despedaçados...

Como árvores desgalhadas
Como folhas que secaram
Almas  desamparadas
Corações que tombaram...

Como pássaros feridos
Como coelhos caçados
Pensamentos banidos
Poemas não inspirados...

Como canários desolados
Como crianças abandonadas
Pensamentos conturbados
Poesias desencontradas...

Nada mais que isso
Nada mais pra mim
Sem esperança e sem viço
Bem assim!

Euclides Riquetti

Visite o Blog do Riquetti - www.blogdoriquetti.blogspot.com

Euclides Celito Riquetti é egresso da FAFI - Letras-Inglês - 1975
Professor, Escritor, (Poeta e cronista) - dito Historiador.
Autor de Crônicas do Vale do Rio do Peixe e outros lugares e
Crônicas dos antigos Rio Capinzal - Abelardo Luz - Ouro e 
arredores. - Prefeito em Ouro - SC - 1989 a 1992. Atualmente 
mora em Joaçaba

Feche seus olhos e responda...

 






Feche seus olhos e me responda
Não quero que me diga que não me entende
Não quero que nada, nunca me esconda
Pois sei que se você quer, você me compreende.

Feche seus olhos e escute minha voz
Quero que ouça o que tenho a lhe dizer
Quero que saiba que eu estou muito só
E que em todos os momentos só penso em você.

Deixe que seu pensamento me busque e me encontre
Que venha juntar-se a meus sonhos românticos
Para que eles sejam entre nós uma doce ponte.

E, quando ouvir os anjos tocarem seus clarins
E eles orquestrarem os seus mais belos cânticos
Pensarei em você e espero que  pense  em mim....

EuclidesRiquetti

Eu vim te ver de madrugada

 




Eu vim te ver de madrugada


Transpus muralhas e paredes
Pra vir te ver de madrugada
Eu vim matar a minha sede
Voltei sedento, ganhei nada...

Não ganhei beijo, nem abraço
Nem o frescor de teu perfume
Vim e voltei com meu cansaço
Voando qual um vaga-lume...

Agora quero a compensação
Um "sim te quero, sim te amo"
Pra amainar minha frustração
Pra alegrar meu fim de ano!

Porque as muralhas e paredes
Não serão barreiras a impedir
Passá-las-ei por muitas vezes
Nada me impedir[a de vir!

Volto a  te ver de madrugada
Venho pra poder ficar contigo
Morena atraente, bronzeada
É só de ti que eu tanto preciso!

Euclides Riquetti

Visite o Blog do Riquetti
www.blogdoriquetti.blogspot.com 

A borboleta azul

 


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Uma borboleta azul pousava no jardim
Sobre as flores coloridas das cravilhas
Enquanto o anjo secundado por clarins
Cantava acalantos em suas redondilhas.

O murmúrio da água que brota da fonte
E corre em meio à mata com elegância
Traz-me a lembrança do verde monte
Que pintou o cenário de minha infância.

Inspira-me a borboleta e os passarinhos
A escrever-te os versos deste meu soneto
A dizê-los em teu ouvido de mansinho.

Transporto-me até ti na terna imaginação
Para levar a ti meu doce canto de alento
Para entregar-te o amor e meu coração!

Euclides Riquetti

Pedaços de amor (em teus sonhos, quero ser o primeiro)!

 



Amor em pedaços, quero mais, mais
Adoro tanto, que não me satisfaço
Quero amor com sabores  reais
Quero nozes, morangos, melaços
Quero sabores com amor, demais!
Quero um amor inteiro, de pedaço em pedaço!

Amor em fatias enormes, colossais
Amor da saudade que volta e que bate.
Quero o pedaço cheiroso que me atrai
A  polpa da maçã vermelha escarlate
E, da uva,  o suco bordô que se extrai
Pedaços de amor com sabor chocolate!

Quero, sim, nas noites de calor
Que busques os recheios no teu coração
Quero, sim, teus pedaços de amor
Que trazem os sabores da forte paixão
Apenas amor: em pedaços ou inteiro
E em teus sonhos, quero ser o primeiro!

Euclides Riquetti

A Legião dos Dançarinos Extraordinários

 


 


 



       Quem já não se encantou com danças harmoniosas, passos bem ensaiados, ou mesmo "singles" ou "dobles", que se apresentam em festivais de dança? Quem não se encantou com musiciais que viu na TV ou no cinema?

         Bem, a harmonia da dança á algo extraordinário.Às vezes movimentos espontâneos, outras com grupos cadenciados, articulados extraordinariamente, encantadores. Há, na dança, um inimaginável senso de poesia. É o belo expresso nos movimentos, que nos atrai, embasbaca, embala nossos sonhos, nos leva às mesmas viagens que nos leva a música, o poema, o canto, o voo do pássaro, o flutuar das patas dos animaizinhos sobre a relva, o sorrir e o abanar da criança, a calmaria das ondas nas águas. A dança, como a poesia e o canto, exercem um magnânimo fascínio sobre mim. Tudo se reveste de musicalidade. Definitivamente, é o belo que se expressa em múltiplas formas.

          Mas, o que me tem encantado docemente, nos últimos dias, é a capacidade coreográfica dos componentes da Legião dos Dançarinos Extraordinários. Vi-os num filme, busquei vídeos no you-tube, estudei sobre eles. Encantaram-me, sobremaneira, alguns personagens: Primeiro, Trevor Drift, o menino moço que consegue expressar-se em movimentos harmonicamente extraordinários, e que se incorpora à LXD. Igualmente, Jato e Katana, Katana e Jato, dois apaixonados, pela dança em um pelo coração, pela alma do outro. Jato, com sua estupenda  beleza ( e sutileza) de movimentos de seu corpo, atrai Katana, seu partner, seu amado, e nos embebece, nos envolve, transporta-nos para um mundo irreal, de imedível encantamento.

          E o maravilhoso mundo web nos permite buscar isso, deleitar-nos, navegar pelo universo sem sair de casa. Deus, salve os dançarinos, os músicos, os cantadores, os poetas extraordinários.

Euclides Riquetti

Sorria a Lua

 


 


 



Sorria a Lua com seu jeito acanhado
O seu sorriso dócil, gentil, encantado
Sorria aquele sorriso de alma pequenina
Que me deixava deslumbrado
Porque eu amava o seu sorriso de menina.

Amei desde sempre
Desde que eu estava no ventre
De minha mãe (querida!).
Certamente!

Oh, terno sorriso  a ameigar meus sentimentos
A amainar meus instintos
A me confortar em todos os momentos:
Vem abraçar o amor que eu sinto
E que me faz poeta e cantador
E que faz de mim um amante trovador.

Sorria levemente
Delicadamente
O seu sorriso bendito
Bonito
Envolvente.

Sorria. Apenas sorria.
E deixe seu prateado beijar
Com seu afeto lunar
Os meus lábios sedentos!

Euclides Riquetti

Nas brancas areias das dunas

 


 




Vêm as ondas verde-esmeralda banhar meus pés
Enquanto o vento atiça as brancas areias das dunas
Lá nas águas jazem as negras galés
Quando as vagas se requebram em alvas espumas.

Nas cinzentas manhãs do pré-verão
As verdades rebatem à minha porta
E uma dor leve açoita meu coração
Que já não tem certeza de que você se importa.

E em cada grãozinho de areia trazido
O despertar de um sentimento já adormecido
Reanimado pelas águas que balançam.

E em cada corpo que baila, bronzeado
Está você em seu presente e seu passado
Enquanto os anos avançam...

Euclides Riquetti

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Sorriso de criança

 

Sorriso de criança


















Nada é mais autêntico que o sorriso da criança
Pois nele há singeleza, beleza, ingenuidade
Suas palavras simples  denotam sinceridade
Tempo do qual se guarda a mais saudosa lembrança.

Gestos muito simples, modos sempre delicados
Olhar sutil, bondade no seu coraçãozinho
A proteção materna que a atende com carinho
A segurança ao ter sues pais presentes e dedicados.

Sorriso de criança,  enternecedor e contagiante
Belíssima transpiração de inocência e de docilidade
Sorriso de criança, encantador e  deslumbrante.

Sorriso de criança, dos sorrisos o mais risonho
Inspiração para o poeta, para os pais felicidade
Sorriso de criança, um mundo de amor e de sonho.

Euclides Riquetti

Inquietação

 


 




Há uma inquietação que invade meu ser
Na manhã em que o sol não se faz presente
Na manhã em que tudo me parece indiferente...

Há algo que me perturba, que não sei dizer
Que me deixa indisposto, frágil, sonolento
Que me torna tão volúvel quanto o vento...

Há um mundo de infortúnios e impropérios
Que me assustaria, se não tivesse força pra encarar
Que te amedrontaria, se não tentasses enfrentar...

Mas, mesmo que tudo seja coroado de mistérios
Nada afrontará  meu ímpeto avassalador
Nada me afastará de teu brilho e teu esplendor!!!

Euclides Riquetti

Bem perto de você

 


 



É bom  estar bem perto de você
De seu perfume, de seu corpo, de seus braços
E, sem nenhum cansaço
Me perder, me aquecer, me envolver
É bom estar bem perto de você...

Voltei para bem perto de você
De sua vida, suas palavras, de seus beijos
Pra ter o seu carinho que eu desejo...
Eu quero mergulhar e me esquecer
Mas me lembrar somente de você...

Não quero ficar longe de você
De nenhum jeito, pois preciso muito, muito
Preciso  conversar, eu  tenho muito assunto
E nem sequer precisarei me convencer
Pois não quero ficar longe de você!

Euclides Riquetti

Alimentar a alma

 


 


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Alimentar os pássaros eufóricos
Nas madrugadas melancólicas
Com seu canto de alento...

Alimentar as crianças indefesas
Colocar comida na mesa
Prover-lhes o sustento...

Mas, sobretudo, alimentar a alma
Com a meditação que acalma
Que ameniza o sofrimento...

E dar amor desmedido
A quem tenha sempre mantido
E preservado o sentimento...

Dar à vida o valor mais sagrado
Tê-la com todo o cuidado
Viver cada momento...

Enfim, amar quem nos  ama
Quem  mantém acesa a chama
Quem vive em nosso pensamento!

Euclides Riquetti

Amor e versos...

 




Amor e versos
Cada vez que escuto a  canção do  vento
Entendo porque as pessoas são diferentes
Indago-me se estou certo ou estou  errado
Livre é o meu, também é o seu pensamento
E não sei se estão certas todas as outras gentes.

Prefiro acreditar  que o destino foi traçado
Em linhas planas,  mas na terra arredondada
Riscado sem se saber por qual estrada
Ou por qual raio de sol se deve andar
Na busca por um porto sem se ter um mar.

Talvez seja maior o meu, o seu querer
Imagino quão difícil lhe deve ser.

Inspira-me a compor meus versos e canções
Nas noites estreladas e nas madrugadas
Sempre a imaginar dois belos corações
Presentes um no outro, as mãos dadas
Instantes de avivar nossas paixões...

Radiantes, alegres, sorrisos eternos
Almas cruzadas, vozes cativantes
Dias de turbulência, outros doces, ternos
Onde quer que esteja, sonhos consoantes
Rumos incertos, com pouca clareza
Amor  e versos, nossa a única certeza!

Euclides Riquetti

Visite o Blog do  Riquetti

Egresso da FAFI - Professor de Inglês e Língua Portuguesa
na rede Estadual de Santa Catarina - Prefeito em Ouro de
1989 a 1992 - Colunista de Política, Economia e Gestão 
Pública do Jornal, de Joaçaba SC, Poeta e cronista.
Cidadela, de Joaçaba - SC

Sentir o teu perfume no ar

 





Na manhã,  depois da tempestade
Volta o vento calmo do Sul
E lembro-me,  com muita saudade
De teu rosto de divindade
De teu  olhar verde-azul...

Na manhã, depois da tormenta
Volta-me toda a alegria
Meu coração já não  lamenta
E minha alma deseja, sedenta
Navegar nesta calmaria...

Na manhã do dia que chega
O canto dos pássaros a me alegrar
Para mandar embora a tristeza
E, no despertar da natureza
Sentir teu perfume no ar...

Euclides Riquetti

Sem mais ter por quem sonhar

 


 



Como vai você?

Por onde você anda?

Por qual rua costuma passar?

Onde está você?


Deixe-me aqui um recado

Diga-me onde você está

Apenas dê-me um sinal 

Que eu vou lhe buscar!


Como vai você?

Por onde você anda?

Por qual rua costuma passar?

Onde está você?


Você devia ter-me avisado

Mas foi-se, assim, sem avisar

E eu fiquei muito mal

Sem mais ter por quem sonhar!


Euclides Riquetti

Sonhos são sempre sonhos

 


 



quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Abra seus olhos e sorria

 





Abra seus olhos e me sorria
Como se fosse pela primeira vez
Como se não fosse apenas mais um dia
Um dia de incertezas, um dia de um talvez...

Olhe nos meus olhos e me  dê o seu sorriso
Faça como você costuma fazer
Você sabe o quanto eu preciso
Amar, amar, e sentir prazer.

Sinta o que meus olhos têm a dizer
Na manha bonita ou na tarde ensolarada
Na noite misteriosa em que não consigo ver
Quando me acordo durante a madrugada.

Dê-me apenas o brilho do seu olhar
E me faça sorrir e ficar contente
Temos um longo caminho a trilhar
Mas vivamos felizes cada minuto presente!

Euclides Riquetti

As Bicicletas - crônica de memórias

 









            Qual menino não sonhou em ter uma bicicleta na adolescência? Pois não fui diferente! Costumo chegar atrasados em algumas coisas, nem todas. Na escola, entrei no Mater Dolorum, em Capinzal, com oi anos feitos e terminei o ano já com 9. Um varapau compridão em meio aos petiços. Acho que tinha até vergonha... Rádio, na minha casa, chegou quando em tinha uns 13 anos. E, na época, ninguém tinha TV ainda em minha cidade. Mas, bicicleta, a gente tinha, sim. Tínhamos uma Monark Marathon, importada. 
          Meu pai deve tê-la comprado de segunda mão, imagino. Mas era bem conservada, em um tom esverdeado. Tinha um distintivo metálico, na frente, com um maratonista correndo. Eu via meu pai vindo com ela, na ponte Irineu Bornhausen de Capinzal para o Distrito de Ouro e ficava maravilhado. Meu irmão, cinco anos mais velho do que eu, andava faceiramente montado na nossa  Monark. O Alfredo Casagrande, da Livraria Central, tinha uma novinha. Ambas aro 28. O Isalino Baretta, meu primo, lá da Linha Bonita, tinha uma aro 26. Que inveja!
          Comecei a aprender a andar ali na Rua Felip Schmidt, no Ouro, em meados da década de 1960. Eu não conseguia sentar no selim e pôr os pés no chão. E tinha medo de cair. Então, eu colocava meu corpo meio entortado dentro do quadro da mesma e ia me soltando na declividade da rua. Assim, fui aprendendo a me equilibrar. Feito isso, comecei a tentar a andar, mas não conseguia pedalar. Acho que essa dificuldade todos têm no início, foi assim com a neta Júlia, nossa Jujubinha, que já está com 6 anos e já aprendeu a guiar sua bike. Disse-me ela: "Vovô, já caí uns 5 tombos e esfolei a barriga e o joelho, mas aprendi a andar de bike. Ninguém aprende sem cair uns tombos!" Acho que ela tem razão...
         Mas, para minha decepção e de toda a nossa família, nossa bicicleta criou asas... Alguém passou no porão de nossa casa e levou-a. E meu pai não comprou outra, porque estava economizando para fazermos uma outra casa.maior. Foi uma tristeza geral! Passei os anos seguintes sonhando que a polícia a havia recuperado. Também ficava olhando todas as que visse na rua para ver se não seria a nossa. Porém, nunca mais nos voltou...
         Aos 15 anos, depois de ter economizado durante 2 anos, consegui comprar uma usadona. Ruim de pneus e de câmaras. Era um mosaico de remendos. Eu amarrava os pneus com tiras de borracha de câmara de caminhão para que não estourassem. Era verde, fora pintada recentemente. E tinha outro problemas: o pedal não era daqueles inteiriços da Monark  e sim "com chavetas". Mais uma decepção. Vivia me incomodando com ela. Uma vez, vindo para casa da aula, quando estava na quarta série do Ginásio Juçá Barbosa Callado, no escuro, por sobre a ponte nova, ouvi vozes e desviei. Bati na mureta lateral e ainda bem que não caí no rio do Peixe. Fui socorrido pelo Sr. Vitor Bazzo e a Dona Vanda, que eram os pais de minha professora de Português, Vera.
          Então, muito incomodado, troquei o primeiro bem de minha propriedade por um rádio a luz, com o Alcides Venâncio. o Cidinho. O rádio até que funcionava mas eu acabei vendendo também.
          Então, só aos 19 anos, quando fui trabalhar na Mercedes-Benz, em União da Vitória, consegui ter uma para meu uso. Na verdade, era da empresa onde eu trabalhava e eu a usava para ir buscar peças na São Diego, no Alfredo Scholze, na Mecânica Unidos  e na Auto Real.  E também para visitar clientes.
           Há uns 12 anos ganhei uma dessas com marchas, numa rifa. Era meio porqueira. Vendi por não mais que R$ 100,00. Acho que foi por uns 60. Ou 50. Quem sabe uns 40. Me livrei dela  também.
Agora, estou pensando em comprar uma outra. Conversei com uns vizinhos e descobri que eles têm bicicletas guardadas e que não usam há um tempão. Vou comprar uma e deixar novinha. Tomara que meu entusiasmo continue e eu não desista desse projeto logo. Tomara que eu encontra uma Monark Marathon igualzinha à que nos roubaram. Ficaria muito feliz e ter uma daquelas. Será que ando saudosista?

Euclides Riquetti
16-10-2016

Meus Poemas Haicai

 


 




Olhar de janela
Paisagem de imensidão
Riqueza na mão.

Ponte majestosa
Liga cidades irmãs
E almas bondosas.

No vale encantado
Vai o sinuoso rio
Do peixe e do nado.

Natureza viva
Esperança renovada
Verde e colorida.

Dia ensolarado
Vem meu verão, vem meu sol
Alento esperado.

Só não vem você
Acalentar minha alma
E não vem por quê?

Acho que não vem
Porque há um pecado em querer
E culpa também.

Então pensamentos
De dúvidas povoados
Misturam-se aos ventos.

E eu aqui...

Euclides Riquetti

Açúcar mascavo - uma história de paixão! - De volta a minha infância (relebrando)

 





          Por ter nascido e  morado na colônia tive estreita ligação com a roça  desde meus tenros anos. Dos meus 4 aos 8, já ajudava a cuidar dos animais na propriedade de meu padrinho, João Frank , no Leãozinho.  Bem cedinho, 5 horas, já estávamos de pé, nas frias madrugadas de julho. Café com leite e pão com mel era comida de crianças. Os adultos tomavam café preto com grappa (graspa, como dizem aqui), para esquentar. Antes de o dia clarear,  estávamos com os bois atrelados à canga e andando em círculo ao redor do "torcho", o Engenho com três cilindros e engrenagens de madeira, para moer a cana. E, minha função, era a de puxar os bois. Ia à frente deles, com uma corda, a ligeira, madrinhando-os. Depois que eles se adaptavam à rotina,  a corda era jogada para trás e era só ficar segurando-a que eles iam à frente, fazendo seu trabalho. Quando clareava, a cana já se transformara em caldo, a guarapa.

         Uma parte da guarapa ia para o tacho retangular, colocado sobre umas pedras, para se fazer o açúcar amarelo. Só na idade adulta vim a saber que o tal de açúcar mascavo era o açúcar amarelo. Eu imaginava que o mascavo, pelo nome, devia ser fabricado somente em Portugal. Era assim meu desconhecimento e minha ingenuidade... Sob o tacho, fogo lento, brando, e as moças mais jovens, Catarina e Delcia,  cada uma com uma pá de madeira, tipo espátula, para vir mexendo o líquido, evitando que a fervura o fizesse transbordar. Era uma tarefa que levava umas duas horas. Ao final, se o açúcar saía "quase branco", era a glória. Porém, se a cana tivesse tomado muita geada, sairia mais escuro.

          O padrinho orientando tudo, dando as ordens. E levando guarapa para o alambique para fazer cachaça. O Estefano,  que já buscara os bois, ia colocando a cana para moer. O Aristides ajudava.  A madrinha  Raquel e a filha mais velha, Alaídes, tiravam o leite das vacas e punham coalhar para fazer o queijo que iriam vender na cidade, para o comércio do  Adelino Casara, do Alcides Zuanazzi,  do Jacob Maestri ou do Severino Baretta. O Estefnito cuidava de apetrechar os bois e eu, faceiro, ia tocando-os. Todos trabalhávamos. Eram assim as famílias de origem italiana. Trabalhavam, rezavam antes das refeições. Na quaresma havia terço todas as noites, as famílias iam em rodízio, de casa em casa. Depois, um mate doce e pipocas "melecadas". Melecadas eram aquelas que até hoje fazem aqui em casa, e que a turma adora, com o "açúcar amarelo" quente, deretido, dando-lhes inigualável sabor.

          Depois de tudo encaminhado, o Estefenito pegava a carroça e me punha em cima. Os bois iam sob o seu comando de voz e da corda. Subíamos o morro para buscar o milho, em final de colheita, onde ainda havia umas cargas já quebradas e cobertas com uma lona velha. Ele ia cantando: "O Sílvio Biarzi tem três filhas pra casar/Uma delas é a Irlandina/Aquela mesma eu vou buscar"!. E eu ia cantando junto. Ele era apaixonado pela moça que morava em Linha Vitória, do outro lado do morro das terras deles...

          Hoje, 55 anos depois, está lá ele, casado com a sua musa inspiradora, a Irlandina, e com os filhos e netos, morando na Linha Sete, grisalho e participando de todas as festas e bailes da Terceira Idade do Baixo Vale do Rio do Peixe. Brinco muito sobre isso com eles quando os encontro! E, encontrá-los, me remete à infância, a muitas e agradáveis lembranças. E, como diz o amigo Adelto Miquelotto, Agrônomo da Cidasc: "Como o amor é lindo"!!!

Euclides Riquetti
03-01-2013