O toque de suas mãos carinhosas
O beijo nos seus lábios vermelhos
O seu corpo refletido no espelho
O doce sabor de nossos desejos
As minhas intenções pecaminosas.
O silêncio que vem depois
A quietude que toma lugar
O pensamento a duvidar
A água a se derramar
A inundar o caminho de nós dois.
O toque de minhas mãos em seus ombros morenos
A chama do amor que arde incessantemente
O meu olhar no seu olhar de veneno
A chama do amor que arde vorazmente
A rejeição da dor que mata lentamente...
Ah, lentas noites dos enamorados!
Do toque de nossas mãos, sensual
Do nosso envolvimento frágil mas real
(Porque a vida não é banal...)
A vida é dos corações apaixonados!
Euclides Riquetti
03-08-2013
sábado, 3 de agosto de 2013
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
A amizade da Jujuba e da Pietra!
Quem de nós não teve um amiguinho ou amiguinha de infância? Há os que têm até amigos imaginários. Eu os tive verdadeiros, em carne e osso, vivinhos e espertinhos da silva. E, por falar nisso, como todo o avô que se preza, eu também tenho orgulho de minha netinha, a Jujuba, é minnha amiguinha, que fez três anos em abril. Ela recolhe o jornal e me traz: "Vovô, olhe aqui o seu jornal!" E outras vezes me traz o radinho de pilhas, meu radinho de pedreiro que ganhei da Carol e da Michele. É que todo o pedreiro tem que ter um bom rádio para escutar no serviço. Traz-me o pen-drive, CDs, chinelos. Sem essa de exploração de mão-de-obra infantil, que ela faz isso porque quer...
Mas hoje foi meu dia de fazer uma surpresa para ela e sua amiguinha Pietra, que mora aqui pertinho de casa. Com o vô dela, o Pedro, aprendi a fazer um belo balanço. Elas se procuram através das hastes das cercas, se chamam, querem se ver e brincar. E a tropa da idade avançada compactua, alegremente, com isso.
Reservei duas latinhas dessas de conservas de uns 200 ml, um barbante de algodão de 5 metros para fazer-lhes um telefone com fio. Primeiro mostrei-lhes a diferença entre um celular, sem fio, e o telefone convencional, com fio. Mostrei, deste, por onde o fio sai de casa, passa pela mureta, sobe por um cano galvanizado e depois atravessa a rua, dobra a esquina e se gruda lá na casa da Dona Terezinha, a bisavó da Pietra. E expliquei que a voz é conduzida através do fio e vai parar lá no outro fone. Disseram que entenderam. Não sei se posso acreditar. Alunos na escola, sempre quando o professor pergunta, dizem que entenderam tudo e, depois, na hora da prova...
Com um prego, fiz um furo no fundo de cada lata. Perpassei o barbante, dei dois nós, corrigi as bordas das latinhas para que não se cortassem, e ensaiei uns telefonemas. Fazíamos assim quando éramos pequenos. Procuro fazer com que tenham as mesmas experiências que tive quando criança. E elas assimilaram, vão brincar muito de telefone, ainda. Ela também trouxe-me, outro dia, um carrinho de papel que fez lá na Escola Girassol e me deu de presente. Brinquedos convencionais são instigadores, motivam para a criatividade.
Nessa semana, duas coisas que a Jujuba fez me fizeram rir. Primeiro, perguntou-me se eu sabia por que os cachorros fazem xixi nas rodas dos carros. Respondi que seria porque as rodas são quentes e atrai o xixi deles. Ela me disse: "Não, é porque eles são safadinhos! Tive que concordar. Pedi-lhe quem lhe ensinou isso e ela me disse que ninguém a ensinou, que sempre vê cachorrinhos fazerem isso..
Depois, ela estava com as duas mãos ocupadas em mexer com massinhas coloridas, fazendo coisas: bolachas, lápis, balinhas, me ensinava. A vovó pediu-lhe para ajuntar um lápis do chão e veio a resposta: "Não posso, vovó. Não vê que eu só tenho duas mãos?"
Lembrei-me da sobrinha da Lili Braun, a Luciane, que ainda pequena pediu para sua mãe se os cabelos de sua vovó eram brancos por causa das artes que esta fazia para a avó. Ah, mas isso faz muito tempo, foi em 1975 lá em União da Vitória. Agora essa menininha deve estar bem grandinha, uma vez que sua avó está com 88 anos.
Bem, crianças são nossa verdadeira alegria de viver. Basta que prestemos antenção para ver quantas coisas engraçadas elas fazem. E, como dizem as vovós: quando elas estiverem fazendo algo em silêncio, cuide bem, pois estão aprontando alguma coisa. E a Jujuba e a Pietra não são diferentes!
Euclides Riquetti
02-08-2013
Mas hoje foi meu dia de fazer uma surpresa para ela e sua amiguinha Pietra, que mora aqui pertinho de casa. Com o vô dela, o Pedro, aprendi a fazer um belo balanço. Elas se procuram através das hastes das cercas, se chamam, querem se ver e brincar. E a tropa da idade avançada compactua, alegremente, com isso.
Reservei duas latinhas dessas de conservas de uns 200 ml, um barbante de algodão de 5 metros para fazer-lhes um telefone com fio. Primeiro mostrei-lhes a diferença entre um celular, sem fio, e o telefone convencional, com fio. Mostrei, deste, por onde o fio sai de casa, passa pela mureta, sobe por um cano galvanizado e depois atravessa a rua, dobra a esquina e se gruda lá na casa da Dona Terezinha, a bisavó da Pietra. E expliquei que a voz é conduzida através do fio e vai parar lá no outro fone. Disseram que entenderam. Não sei se posso acreditar. Alunos na escola, sempre quando o professor pergunta, dizem que entenderam tudo e, depois, na hora da prova...
Com um prego, fiz um furo no fundo de cada lata. Perpassei o barbante, dei dois nós, corrigi as bordas das latinhas para que não se cortassem, e ensaiei uns telefonemas. Fazíamos assim quando éramos pequenos. Procuro fazer com que tenham as mesmas experiências que tive quando criança. E elas assimilaram, vão brincar muito de telefone, ainda. Ela também trouxe-me, outro dia, um carrinho de papel que fez lá na Escola Girassol e me deu de presente. Brinquedos convencionais são instigadores, motivam para a criatividade.
Nessa semana, duas coisas que a Jujuba fez me fizeram rir. Primeiro, perguntou-me se eu sabia por que os cachorros fazem xixi nas rodas dos carros. Respondi que seria porque as rodas são quentes e atrai o xixi deles. Ela me disse: "Não, é porque eles são safadinhos! Tive que concordar. Pedi-lhe quem lhe ensinou isso e ela me disse que ninguém a ensinou, que sempre vê cachorrinhos fazerem isso..
Depois, ela estava com as duas mãos ocupadas em mexer com massinhas coloridas, fazendo coisas: bolachas, lápis, balinhas, me ensinava. A vovó pediu-lhe para ajuntar um lápis do chão e veio a resposta: "Não posso, vovó. Não vê que eu só tenho duas mãos?"
Lembrei-me da sobrinha da Lili Braun, a Luciane, que ainda pequena pediu para sua mãe se os cabelos de sua vovó eram brancos por causa das artes que esta fazia para a avó. Ah, mas isso faz muito tempo, foi em 1975 lá em União da Vitória. Agora essa menininha deve estar bem grandinha, uma vez que sua avó está com 88 anos.
Bem, crianças são nossa verdadeira alegria de viver. Basta que prestemos antenção para ver quantas coisas engraçadas elas fazem. E, como dizem as vovós: quando elas estiverem fazendo algo em silêncio, cuide bem, pois estão aprontando alguma coisa. E a Jujuba e a Pietra não são diferentes!
Euclides Riquetti
02-08-2013
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
É noite...
É noite...
Noite de inquietude
De escuridão, sem cor
Da perdição e de amor
Cor de negritude.
É noite dos corpos deitados
Nus, quentes, colados!
É noite dos amantes
Das vontades insaciáveis
Noite dos poetas e pensadores
Das almas vulneráveis.
É noite dos corações errantes
Que se despem sem pudores
Que expõem suas fagilidades
E que buscam a felicidade
Ardentemente...
Incessantemente!
É a noite dos pecados
Que sucede as tardes e precede as manhãs
Das negras almas vãs
Dos beijos trocados
Do corpo desejado
Noite, apenas mais uma noite
Em que eu me perco infinitamente
Ardorosamente
Em você!
Euclides Riquetti
01/08/2013
Noite de inquietude
De escuridão, sem cor
Da perdição e de amor
Cor de negritude.
É noite dos corpos deitados
Nus, quentes, colados!
É noite dos amantes
Das vontades insaciáveis
Noite dos poetas e pensadores
Das almas vulneráveis.
É noite dos corações errantes
Que se despem sem pudores
Que expõem suas fagilidades
E que buscam a felicidade
Ardentemente...
Incessantemente!
É a noite dos pecados
Que sucede as tardes e precede as manhãs
Das negras almas vãs
Dos beijos trocados
Do corpo desejado
Noite, apenas mais uma noite
Em que eu me perco infinitamente
Ardorosamente
Em você!
Euclides Riquetti
01/08/2013
quarta-feira, 31 de julho de 2013
As mais recentes considerações do Amílcar
Liga-me o Amílcar - "Ô, Riquetto! É o Amílcar. Como que tá o amigo? Passando muito frio ali?" Respondo que o frio veio tarde, mas muito forte, que matou até os caxis que vieram fora de época, as flores das pereiras, que foi de arrepiar até os cabelos de quem não os tem, como eu.
"Ma óia, aqui pros lado de Palmas foi muito triste. Coitado dos cortador de erva. Passarum as deles. E em General também. Acho que no Porto num foi diferente. E nós tinha muitos pedido, muitas incomenda e intón até fumo junto tirá as rama. Ma que tava frio, isso que tava. De fazê o suor virá bolinha de gelo antes de chegá no chão".
Sempre é uma alegria ouvir o Amílcar. Dei corda pra ele, gosto de escutar suas histórias ricas em detalhes, embora queime muito capim com chuva. Conversa vai, conversa vem, lembrei-o de uma vez que fomos jogar futebol num campo que havia ali em União da Vitória, quando estavam construindo a ponte sobre o Rio Iguaçu. A gente vinha lá do centro, com dois fuscas, com seis jogadores espremidos em cada um. Passávamos a ponte dos arcos e depois seguíamos pelas bandas da chácara dos Camargo, até o campinho. Na ponte lá perto do bordel, lá pra baixo dos areiais. Jogavam os funcionários da Proenge, onde trabalhava o colega Osvaldo Bet, e nós íamos para ajudar a compor o elenco. Os adversários eram uns peões lá do Rio Jangada. Nem um torcedor. Apenas dois times, poucos reservas que era pra ninguém reclamar de ter que ficar no banco. A Proenge era uma empresa fiscalizadora das obras da Rodovia BR 476.
"Ma claro que me alembro, Riquetto. Vocêis querium que eu jogasse de golero porque eu era grandón. Ma eu dizia que num tinha muita prática na defesa e acabava jogando na linha. E agora tenho que te contá uma: daquela veiz que as ropa aparecerum todas ennozadas, fui eu que dei os nó. Tinha onze jogador e bem eu que tive que dá o lugar pro reserva no segundo tempo. Quando vocêis tavum distraído jogando, eu dei os nó nas ropa. E ainda apertei bastante. E disse que quando saí do campo as ropa já tavam com os nó. Eu me segurava pra não ri..."
Tive que rir diante daquela confissão. Lembro da confusão no final do jogo, quando fomos nos vestir, a as pernas das calças estavam amarradas, as mangas das jaquetas também. E com o frio, pressa de vestir-se e ir para casa.
Pergunto-lhe como viu a vinda do Papa para o Brasil, e ele foi lascando: "Ma tchó, sabe que gostei muito desse Papa. Non tem mordomia, disse que o Papa é Argentino ma Deus é brasilero e eu achei muito ingraçado isso. Também me emocionei que ele abraçava as criancinha e as véia. E fiquei muito contrariado cum aquelas muié que forum lá com as têta de fora pra protestá. Uma pura falta de repeito co Papa e cum nós que somos pessoa de bem. Nem os cachorro gostaro disso. O Brasil tá ficando uma perdiçón. Veja que amanhan é o dia do orgasmo".
Falei que concordava com ele, que senti em Francisco um grande exemplo de humildade, um líder que vai implantar muitas coisas boas na Igreja Católica e que foi muito justo e habilidoso aos convidar os líderes das outras religiões para participarem de uma celebração e conversarem sobre a importância de as religiões atuarem unidas em seus objetivos de evangelizar. E que, dia do orgasmo, para quem pode, é qualquer dia. Ele concordou comigo...
Depois falamos de amenidades e banalidades, mais destas do que das primeiras. Disse-me que mais tarde iria com o genro fazer umas entregas de erva em Pato Branco, que lá é um lugar onde tomam muito mate amargo. Perguntou-me se eu precisava de uns quilos de erva e eu disse que já tenho minha Charrua aqui, que tomo meu mate até quando estou escrevendo meus textos.
Marcamos para nos encontrar ainda neste ano, quando eu for para Porto União. Possivelmente vamos almoçar junto em General Carneiro, quer que eu conheça seu netinho. Convencido, me diz que o neto é bonito e inteligente como o nono...
Euclides Riquetti
31-07-2013
"Ma óia, aqui pros lado de Palmas foi muito triste. Coitado dos cortador de erva. Passarum as deles. E em General também. Acho que no Porto num foi diferente. E nós tinha muitos pedido, muitas incomenda e intón até fumo junto tirá as rama. Ma que tava frio, isso que tava. De fazê o suor virá bolinha de gelo antes de chegá no chão".
Sempre é uma alegria ouvir o Amílcar. Dei corda pra ele, gosto de escutar suas histórias ricas em detalhes, embora queime muito capim com chuva. Conversa vai, conversa vem, lembrei-o de uma vez que fomos jogar futebol num campo que havia ali em União da Vitória, quando estavam construindo a ponte sobre o Rio Iguaçu. A gente vinha lá do centro, com dois fuscas, com seis jogadores espremidos em cada um. Passávamos a ponte dos arcos e depois seguíamos pelas bandas da chácara dos Camargo, até o campinho. Na ponte lá perto do bordel, lá pra baixo dos areiais. Jogavam os funcionários da Proenge, onde trabalhava o colega Osvaldo Bet, e nós íamos para ajudar a compor o elenco. Os adversários eram uns peões lá do Rio Jangada. Nem um torcedor. Apenas dois times, poucos reservas que era pra ninguém reclamar de ter que ficar no banco. A Proenge era uma empresa fiscalizadora das obras da Rodovia BR 476.
"Ma claro que me alembro, Riquetto. Vocêis querium que eu jogasse de golero porque eu era grandón. Ma eu dizia que num tinha muita prática na defesa e acabava jogando na linha. E agora tenho que te contá uma: daquela veiz que as ropa aparecerum todas ennozadas, fui eu que dei os nó. Tinha onze jogador e bem eu que tive que dá o lugar pro reserva no segundo tempo. Quando vocêis tavum distraído jogando, eu dei os nó nas ropa. E ainda apertei bastante. E disse que quando saí do campo as ropa já tavam com os nó. Eu me segurava pra não ri..."
Tive que rir diante daquela confissão. Lembro da confusão no final do jogo, quando fomos nos vestir, a as pernas das calças estavam amarradas, as mangas das jaquetas também. E com o frio, pressa de vestir-se e ir para casa.
Pergunto-lhe como viu a vinda do Papa para o Brasil, e ele foi lascando: "Ma tchó, sabe que gostei muito desse Papa. Non tem mordomia, disse que o Papa é Argentino ma Deus é brasilero e eu achei muito ingraçado isso. Também me emocionei que ele abraçava as criancinha e as véia. E fiquei muito contrariado cum aquelas muié que forum lá com as têta de fora pra protestá. Uma pura falta de repeito co Papa e cum nós que somos pessoa de bem. Nem os cachorro gostaro disso. O Brasil tá ficando uma perdiçón. Veja que amanhan é o dia do orgasmo".
Falei que concordava com ele, que senti em Francisco um grande exemplo de humildade, um líder que vai implantar muitas coisas boas na Igreja Católica e que foi muito justo e habilidoso aos convidar os líderes das outras religiões para participarem de uma celebração e conversarem sobre a importância de as religiões atuarem unidas em seus objetivos de evangelizar. E que, dia do orgasmo, para quem pode, é qualquer dia. Ele concordou comigo...
Depois falamos de amenidades e banalidades, mais destas do que das primeiras. Disse-me que mais tarde iria com o genro fazer umas entregas de erva em Pato Branco, que lá é um lugar onde tomam muito mate amargo. Perguntou-me se eu precisava de uns quilos de erva e eu disse que já tenho minha Charrua aqui, que tomo meu mate até quando estou escrevendo meus textos.
Marcamos para nos encontrar ainda neste ano, quando eu for para Porto União. Possivelmente vamos almoçar junto em General Carneiro, quer que eu conheça seu netinho. Convencido, me diz que o neto é bonito e inteligente como o nono...
Euclides Riquetti
31-07-2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
Fim de tarde...
Os animaizinhos vão-se escondendo sem alarde
Os últimos raios de sol fenecem lentamente
As crianças entram em casa alegremente
Não, não é apenas um final de tarde!.
No horizonte alaranjado do ocidente
O firmamento se cobre de vernizes
E nas cores quentes de todas as matizes
Desenha sua paisagem envolvente.
Indescritível cenário de harmonia
Pintura divinamente emoldurada
Pelas mãos de Deus executada
Visão que se renova em cada dia.
É, sim, bem mais que um simples entardecer
É, sim, um maravilhoso fenômeno sem igual
Quando o sol se põe no horizonte natural.
É a mão do divino Mestre a se estender
Abençoando cada planta e cada ser
Protegendo esse conjunto colossal!
Euclides Riquetti
30-07-2013
Os últimos raios de sol fenecem lentamente
As crianças entram em casa alegremente
Não, não é apenas um final de tarde!.
No horizonte alaranjado do ocidente
O firmamento se cobre de vernizes
E nas cores quentes de todas as matizes
Desenha sua paisagem envolvente.
Indescritível cenário de harmonia
Pintura divinamente emoldurada
Pelas mãos de Deus executada
Visão que se renova em cada dia.
É, sim, bem mais que um simples entardecer
É, sim, um maravilhoso fenômeno sem igual
Quando o sol se põe no horizonte natural.
É a mão do divino Mestre a se estender
Abençoando cada planta e cada ser
Protegendo esse conjunto colossal!
Euclides Riquetti
30-07-2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
O último poema...
"Professor, faz um poema pra mim?" - Quantas vezes ouvi essa pergunta nos anos em que lecionei lá na Escola Sílvio Santos, no Ouro!
Sempre estimulei meus alunos a escreverem textos diferenciados, em qualquer modalidade que fosse. Aprendíamos a "fazer redação" juntos. E, como sempre tive em mente de que "se aprende fazer fazendo", e que, para estimular, precisamos dar o exemplo, não apenas mandando fazer ou pedindo para que façam, eu escrevia simultaneamente. Fazer junto para que pudessem sentir que é possível, com liberdade, sem amarras e com estímulo, criar algo que possa encantar alguém. E o poema, ou qualquer texto poético, me encantam, sim!
E, quando volto a lembrar, saudosamente, de meus alunos, lembro-me de suas atitudes, seus gestos, seus movimentos, alguns com extrema sensibilidade, leitores, criadores. Lembro daqueles que não conseguiam fazer algo extraordinário, mas eu lhes dizia que o importante era que conseguissem transmitir, mesmo que da maneira mais simples, aquilo que sentissem. E, muitas vezes, sentiam, mas tinham alguns bloqueios, eram acometidos pelo indizível, o inefável, como dizia nosso professor de Literatura, o Francisco Filipak, lá na Fafi, em União da Vitória, no início da década de 1970, quando éramos grandes sonhadores, eu e meus colegas. Sonhadores, porque almejávamos ter um bom emprego, uma carreira profissional e, quem sabe, um dia termos nossos textos publicados em algum lugar.
Para dar uma certa materialidade ao que os alunos produziam, tínhamos um grupo de professores de Capinzal e Ouro que trabalhava unido. Dedicávamos um bimestre escolar para trabalhar a poesia na sala de aula. Dávamos as condições para que os alunos escrevessem, estimulando-os a lerem suas criacões para a turma, E alguns até tinham talento para a declamação, com serenidade e desinibição. Escreviam, liam, declamavam... Depois, eles mesmos indicavam as que devessem ser mostradas ao público, além do âambito da sala de aula. Organizávamos apresentações nos eventos da Escola e, parte das produções, iam para o "Recital de Poesias", que realizávamos no auditório do Colégio Mater Dolorum. No palco deste, os alunos se superavam, recebiam os aplausos e se emocionavam.
Um dos anos mais marcantes foi o de 1998. Realizamos o Recital, um aluno fazia a locução, ( e, destes, dois seguiram a carreira e são bem sucedidos: o Éder Luiz, do portal ederluiz.com; e o Marlo Matiello, da Rádio Capinzal e do portal vejaovale.com.br), e foi um evento maravilhoso. Até filmamos em vídeo. Passamos o filme nas escolas nas semanas seguintes, pois isso gerava muita motivação, já visando as ações seguintes nas escolas.
Meu aluno André Franquini, do Ensino Médio, declamou um poema de sua autoria, muito bonito. Ele era estudioso e talentoso. Era um orgulho para seus pais e suas irmãs. Nosso também. Vimos o vídeo, ficou muito bom. Ele estava contente. Declamou com camisa branca e um colete bordô, que guardo até hoje comigo... E, agora, estou eu cá, com as palavras saindo com dificuldade, não sei mais por onde seguir...
Acontece que, numa noite da primavera daquele ano, eu dei a última aula da noite na sala dele. Ele me fez muitas perguntas, era indagador, um investigador da vida, um irrequieto perguntador, mas um sereno e educado ouvinte. E emitia sua opinão com elegância, moderação. Era muito querido pelos colegas e pelos professores.
No outro dia, fui a Joaçaba e, na volta, quando chegava ao Parque e Jardim Ouro, vi um movimento de pessoas ali na Rodovia, os policiais com suas pranchetas, algo acontecera, eu sentia em mim algo preocupante. Desci do carro e fui ver. Perguntei a uma pessoa o que havia acontecido e me disse que houve um acidente, que um menino descera pela rua lateral com sua bicicleta sem freios, vinha freando a roda da frente com a sola do tênis, fazia isso sempre, mas naquele dia não deu certo e fora parar embaixo do rodado traseiro de um caminnhão. Perguntei se o haviam levado ao Hospital e me disseram que não, que ele perdeu a vida ali mesmo... Era nosso aluno André!
Ficamos todos abalados. Uma comoção, um grande desespero tomou conta de todos nós, amigos dele e da família. As duas irmãs e a mãe foram alunas minhas. O pai, meu amigo pessoal. O André, aquele doce rapaz com que eu muito me afinava, tínhamos em comum o hábito de gostar de poesias, de compor, de declamá-las, tinha partido...
Na cerimônia religiosa de despedida, rodaram o vídeo com ele declamando. Parecia uma despedida dele... havia uma angústia em suas palavras, em seus gestos, em sua expressão... Algo marcante, que ainda me faz chorar quando lembro daquele menino, um rapaz já, que gostava de poesia...Deve estar no céu, dividindo seus poemas com os anjos...
Euclides Riquetti
29-07-2013
Sempre estimulei meus alunos a escreverem textos diferenciados, em qualquer modalidade que fosse. Aprendíamos a "fazer redação" juntos. E, como sempre tive em mente de que "se aprende fazer fazendo", e que, para estimular, precisamos dar o exemplo, não apenas mandando fazer ou pedindo para que façam, eu escrevia simultaneamente. Fazer junto para que pudessem sentir que é possível, com liberdade, sem amarras e com estímulo, criar algo que possa encantar alguém. E o poema, ou qualquer texto poético, me encantam, sim!
E, quando volto a lembrar, saudosamente, de meus alunos, lembro-me de suas atitudes, seus gestos, seus movimentos, alguns com extrema sensibilidade, leitores, criadores. Lembro daqueles que não conseguiam fazer algo extraordinário, mas eu lhes dizia que o importante era que conseguissem transmitir, mesmo que da maneira mais simples, aquilo que sentissem. E, muitas vezes, sentiam, mas tinham alguns bloqueios, eram acometidos pelo indizível, o inefável, como dizia nosso professor de Literatura, o Francisco Filipak, lá na Fafi, em União da Vitória, no início da década de 1970, quando éramos grandes sonhadores, eu e meus colegas. Sonhadores, porque almejávamos ter um bom emprego, uma carreira profissional e, quem sabe, um dia termos nossos textos publicados em algum lugar.
Para dar uma certa materialidade ao que os alunos produziam, tínhamos um grupo de professores de Capinzal e Ouro que trabalhava unido. Dedicávamos um bimestre escolar para trabalhar a poesia na sala de aula. Dávamos as condições para que os alunos escrevessem, estimulando-os a lerem suas criacões para a turma, E alguns até tinham talento para a declamação, com serenidade e desinibição. Escreviam, liam, declamavam... Depois, eles mesmos indicavam as que devessem ser mostradas ao público, além do âambito da sala de aula. Organizávamos apresentações nos eventos da Escola e, parte das produções, iam para o "Recital de Poesias", que realizávamos no auditório do Colégio Mater Dolorum. No palco deste, os alunos se superavam, recebiam os aplausos e se emocionavam.
Um dos anos mais marcantes foi o de 1998. Realizamos o Recital, um aluno fazia a locução, ( e, destes, dois seguiram a carreira e são bem sucedidos: o Éder Luiz, do portal ederluiz.com; e o Marlo Matiello, da Rádio Capinzal e do portal vejaovale.com.br), e foi um evento maravilhoso. Até filmamos em vídeo. Passamos o filme nas escolas nas semanas seguintes, pois isso gerava muita motivação, já visando as ações seguintes nas escolas.
Meu aluno André Franquini, do Ensino Médio, declamou um poema de sua autoria, muito bonito. Ele era estudioso e talentoso. Era um orgulho para seus pais e suas irmãs. Nosso também. Vimos o vídeo, ficou muito bom. Ele estava contente. Declamou com camisa branca e um colete bordô, que guardo até hoje comigo... E, agora, estou eu cá, com as palavras saindo com dificuldade, não sei mais por onde seguir...
Acontece que, numa noite da primavera daquele ano, eu dei a última aula da noite na sala dele. Ele me fez muitas perguntas, era indagador, um investigador da vida, um irrequieto perguntador, mas um sereno e educado ouvinte. E emitia sua opinão com elegância, moderação. Era muito querido pelos colegas e pelos professores.
No outro dia, fui a Joaçaba e, na volta, quando chegava ao Parque e Jardim Ouro, vi um movimento de pessoas ali na Rodovia, os policiais com suas pranchetas, algo acontecera, eu sentia em mim algo preocupante. Desci do carro e fui ver. Perguntei a uma pessoa o que havia acontecido e me disse que houve um acidente, que um menino descera pela rua lateral com sua bicicleta sem freios, vinha freando a roda da frente com a sola do tênis, fazia isso sempre, mas naquele dia não deu certo e fora parar embaixo do rodado traseiro de um caminnhão. Perguntei se o haviam levado ao Hospital e me disseram que não, que ele perdeu a vida ali mesmo... Era nosso aluno André!
Ficamos todos abalados. Uma comoção, um grande desespero tomou conta de todos nós, amigos dele e da família. As duas irmãs e a mãe foram alunas minhas. O pai, meu amigo pessoal. O André, aquele doce rapaz com que eu muito me afinava, tínhamos em comum o hábito de gostar de poesias, de compor, de declamá-las, tinha partido...
Na cerimônia religiosa de despedida, rodaram o vídeo com ele declamando. Parecia uma despedida dele... havia uma angústia em suas palavras, em seus gestos, em sua expressão... Algo marcante, que ainda me faz chorar quando lembro daquele menino, um rapaz já, que gostava de poesia...Deve estar no céu, dividindo seus poemas com os anjos...
Euclides Riquetti
29-07-2013
domingo, 28 de julho de 2013
Avós felizes, netos felizes!
Quem não tem muitas boas lembranças de sua avó? - Ora, crianças, frequentemente são cuidadas pelas avós, afinal, são as que mais dispõem de tempo, uma vez que a grande maioria delas já cumpriram seu tempo de trabalho profissional e, aposentadas, elas mesmas procuram algo com que se (pre)ocuparem. E, há no mundo preocupação ou ocupação melhor do que cuidar de um netinho, uma netinha? Ah, certamente que não há! E o vovôs? Bem, esses estão aí para dar às crianças aquilo que os pais modernos não dão, porque leram na literatura (farta, por sinal...), para aprender como cuidar de um bebê ou como educar um filho". Pape de vovô não é muito diferente do que o da vovó.
Essa geração de pessoas bem maduras que está no estágio "pós-vovó", não precisa de nenhuma consultoria para saber como lidar com crianças. Elas não precisam de supernânis ou de qualquer outro tipo de conselheira do lar. Elas têm no seu interior a autoridade da experiência e do conhecimento, sabem dizer não quando é preciso, não têm nenhuma culpa em relação a terem se omitido em algum momento, nem deixado de estarem presentes sempre que isso se justificou.
Vovós sabem quando a criança está doentinha, sabem qual o remedinho certo, qual o chazinho ideal, sabem quando há manha apenas, sabem até o que as crianças estão pensando...E ainda deixam as netinhas usarem os vestidos, os sapatos, os colares, as pulseiras, os chapéus, os cintos da vovó para suas brincadeiras, seus desfiles pelos corredores e pelas salas das casas...
Netos são alegria da casa. E, hoje, por serem tão poucos, recebem a atenção redobrada, triplicada, pois quantas titias e avós postiças estão aí a candidatar-se para ajudar ( e a mimar...), as adoráveis crianças da presente geração.
E as vovos têm bem clara a importância do papel delas em ajudar as crianças em tempos em que as mães trabalham fora, estudam, têm compromissos para todas as horas do dia e da noite.
E nós, os vovôs, qual o nosso papel? Bem, nós temos que fazer a nossa parte: cuidar bem da vovó para que ela possa continuar a ter energia e vitalidade suficientes para fazer tudo o que a criança precisa. E ainda inventar brnquedos convencionais, fazer balanços com pneus e cordas, carregar no cavalinho do pescoço, jogar bola e ajudar a localizar bons filmes de desenho na TV.
É uma pena que os pais, muito focados em seu trabalho, seus projetos e vida pessoal, estejam perdendo de vivenciar momentos que jamais voltarão, ois as crianças crescem muito depressa e, quando vemos, não cabem mais em nosso colo, nem mais o desejam.
Será que os pais atuais terão que esperar também para que se tornem avós e possam ter o tempo disponível para sentir quão relevante e maravilhosa é a vida da criança, e quanta luz ela nos traz?
Euclides Riquetti
28-07-2013
Essa geração de pessoas bem maduras que está no estágio "pós-vovó", não precisa de nenhuma consultoria para saber como lidar com crianças. Elas não precisam de supernânis ou de qualquer outro tipo de conselheira do lar. Elas têm no seu interior a autoridade da experiência e do conhecimento, sabem dizer não quando é preciso, não têm nenhuma culpa em relação a terem se omitido em algum momento, nem deixado de estarem presentes sempre que isso se justificou.
Vovós sabem quando a criança está doentinha, sabem qual o remedinho certo, qual o chazinho ideal, sabem quando há manha apenas, sabem até o que as crianças estão pensando...E ainda deixam as netinhas usarem os vestidos, os sapatos, os colares, as pulseiras, os chapéus, os cintos da vovó para suas brincadeiras, seus desfiles pelos corredores e pelas salas das casas...
Netos são alegria da casa. E, hoje, por serem tão poucos, recebem a atenção redobrada, triplicada, pois quantas titias e avós postiças estão aí a candidatar-se para ajudar ( e a mimar...), as adoráveis crianças da presente geração.
E as vovos têm bem clara a importância do papel delas em ajudar as crianças em tempos em que as mães trabalham fora, estudam, têm compromissos para todas as horas do dia e da noite.
E nós, os vovôs, qual o nosso papel? Bem, nós temos que fazer a nossa parte: cuidar bem da vovó para que ela possa continuar a ter energia e vitalidade suficientes para fazer tudo o que a criança precisa. E ainda inventar brnquedos convencionais, fazer balanços com pneus e cordas, carregar no cavalinho do pescoço, jogar bola e ajudar a localizar bons filmes de desenho na TV.
É uma pena que os pais, muito focados em seu trabalho, seus projetos e vida pessoal, estejam perdendo de vivenciar momentos que jamais voltarão, ois as crianças crescem muito depressa e, quando vemos, não cabem mais em nosso colo, nem mais o desejam.
Será que os pais atuais terão que esperar também para que se tornem avós e possam ter o tempo disponível para sentir quão relevante e maravilhosa é a vida da criança, e quanta luz ela nos traz?
Euclides Riquetti
28-07-2013
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