É assustadora a
alta dos preços no Brasil. Em nossa microrregião, não se foge à regra. A Lei da
Oferta e da Procura, a mais natural a regrar a economia, nunca esteve tão
invocada como no decorrer deste segundo semestre de 2020. Há razões que vão além
da possível redução da oferta e do aumento do consumo... justifica-se com o
aumento do volume das exportações, a alta do dólar e do consumo durante a
pandemia. E, diz um internauta: “É o efeito do fique em casa. Para de produzir, consuma bastante e deixe
que as coisas aconteçam...”
Tenho lido e
ouvido as reclamações sobre a alta de preços de alguns produtos do consumo
cotidiano das famílias brasileiras e as maiores e mais propaladas recaem sobre
o arroz, o leite, a carne e o óleo de soja. Mas, além desses gêneros de
primeira necessidade, há que se mencionar a de parte dos medicamentos, material
de proteção pessoal como as máscaras cirúrgicas e as luvas que são utilizadas
pelos que atuam na manipulação de alimentos. Em Santa Catarina, houve a tentativa
de um aumento exagerado no fornecimento de energia elétrica, mas que foi
barrado pela Justiça, ao menos para que não aconteça de imediato.
No entanto, tão
preocupantes quanto todos esses, são os aumentos verificados nos materiais de
construção, em material de informática e mesmo em artigos para o lar. Primeiros
foram os computadores. Notebooks que eram ofertados por R$ 1.399,00 em novembro
do ano passado, estão sendo vendidos a R$ 3.099,00. Mesma marca, mesmas
configurações, mesma capacidade de armazenagem de dados e velocidade. Há uma
explicação simples para isso: Muitos
aparelhos pessoais tiveram que ser substituídos por outros com mais capacidade
de resolução. Também muitas novas aquisições para facilitar o manuseio pelos
usuários estudantes e pelos professores. Pelos educandários, pelas prefeituras,
pelos estaduais e federais. E a corrente levou à situação de alta de preços em
razão da aceleração das compras.
Na área da
construção civil, que foi a primeira a retomar as atividades produtivas durante
a pandemia, os preços, pelos diversos motivos e razões, estão já fugindo do
controle. Aumentos em até 100 por cento na fiação elétrica e até 50 por cento
nos metálicos, incluam-se ali o ferro para construção e mesmo as embalagens das
latas de tintas. Estas, com mais de 20 por cento de reajuste, conforme as
marcas, não pela alta dos insumos derivados do petróleo, mas justamente por
causa das embalagens e pelo aumento do consumo. É certo que a alta dos preços
tem sido atribuída à vontade de as indústrias recuperarem os preços que vinham
sendo defasados pelo freio do consumo nos últimos anos.
Mas, indo para a
área social e política, é necessário mencionar que no dia 27 comemoramos o Dia
Nacional do Idoso. O Dia Mundial, no dia 01 de outubro, quinta-feira. A classe
política, especificamente a local, deveria se preocupar mais com o idoso e ir
além de oferecer discursos bonitos e lazer, este, aliás, inexistente no momento
em razão dos necessários cuidados com a saúde, por causa da pandemia. Estudos
do Dieese apontam que em 34,5 % das residências brasileiras há ao menos 01
pessoa com mais de 60 anos de idade, sendo que 83% delas moram com outras
pessoas e 17% moram sozinhas. E 23 por cento delas continuam a trabalhar.
Por conta da
pandemia, muitas pessoas ativas voltaram a residir com os pais e avós por terem
perdido o emprego ou terem reduzidos os seus salários e isso resultou no
aumento dos índices de violência contra os idosos e a mulher. Agressões e até
assassinatos, com destaque aos feminicídios entre os casais mais jovens por
causa da intolerância.
Então, agora que
se passaram mais quatro anos e não vimos grande evolução na questão de
benefícios aos idosos, quando foram realizadas apenas as questões básicas, como
em todos os lugares, é bom que todos os candidatos ao Executivo e ao
Legislativo perguntem a si mesmo: 1. O que tenho feito em favor do idoso? 2.
Tenho conhecimento e ciência de que o percentual de idosos entre a população
está crescendo e muitos deles não têm sucessores, consequentemente passarão a
depender dos cuidados do serviço público? O que se poderá fazer pelas pessoas
idosas que já perderam os companheiros (as) e os filhos terão que sair para
trabalhar? Quem cuidará delas? Onde ficarão no tempo em que os filhos estiverem
fora? Como serão arcados os custos com seus cuidados se as aposentadorias não
permitem a autossuficiência, muitas vezes nem suficientes para cobrir os gastos
com saúde?
Na semana
passada, um familiar meu esteve numa repartição pública para requerer um
documento. Após agendamento por meio digital. Na repartição, encontrou uma
pessoa que lá havia ido para requerer um documento e, enquanto um funcionário
atendia meu familiar, outros dois nada faziam. E diziam ao idoso que ele tinha
que agendar por internet para que pudesse ser atendido. Mas ele disse que não
sabia lidar com isso, que era idoso e não tinha internet. Então, senhores, ISSO
É MUITO SÉRIO! Onde está o respeito ao
IDOSO? Os decretos e as portarias, ou o que quer que seja, estão acima dos
direitos do cidadão? Vocês têm consciência de o quanto as pessoas são
maltratadas pelo poder público, que se torna semideus, enquanto a sociedade
parece ter pouco valor? Então, especificamente, quem já ocupou ou ocupa cargos,
no Executivo e no Legislativo, entendam que o Ser Humano está muito acima das
leizinhas e normas que vocês ajudam a criar e aprovar. Fazer o trivial é sua
OBRIGAÇÃO, fazer o melhor pelas pessoas é condição humana e de dignidade.
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com