sábado, 18 de abril de 2015

Caso Mariane Telles - a tragédia que se confirmou, infelizmente!

          Um dos casos de desaparecimento de jovens  que mais repercutiu aqui na região de Joaçaba foi o da Mariane Telles, que se deu em 16 de março, aqui no SENAI, a um quilômetro de minha casa. Mariane sumiu de seu local de trabalho, onde era estagiária. Segundo um amigo meu, Matheus Lehrer, que era muito ligado a ela, porque atuavam juntos no Grupo de Jovens da Igreja Luterana, era uma pessoa muito cordata, amiga dos amigos. Ela  professora na Escola Bíblica de sua Igreja.
          Nos 30 dias em que ficou desaparecida, em cada um deles eu acessava os portais de notícias daqui, imaginando que uma hora iria ter uma surpresa agradável, que a tivessem encontrado. No entanto, a notícia do achamento de seu corpo me veio enquanto voltava de Erechim, RS, onde fora buscar minha sogra, Dona Anna, que estava visitando seus familiares de lá. Escutávamos a programação da Rádio Catarinense, quando o repórter Paulo César começou a informar sobre o fato de um corpo ter sido encontrado num local ermo, na estrada que vai do trevo de Catanduvas até Jaborá.
          Imaginei que, em menos de duas horas, eu chegaria ao local. Meus cálculos estavam certos e lá chegamos no momento em que diversos carros da Polícia Civil e Militar, e do Instituto Geral de Perícias, partiam para Joaçaba. O corpo seguira minutos antes, levado para a análise do Medico Legista e dos peritos do IGP . Havia sido encontrado por meninos que estavam catando pinhão numa propriedade rural.
          O caso da Mariane tem algumas características parecidas com o da menina Andressa Holtz, que se deu  em Luzerna, ainda em 2010. Seu corpo ficou 3 meses desaparecido, até ter sido encontrado, de cabeça para baixo, dentro do tronco de uma árvore, num sítio da área rural. E, até hoje, não foi solucionado.
          Durante os 30 dias do desaparecimento da Mariane, procurei manter-me informado e conversar com as pessoas sobre que opinião tinham sobre o caso: Havia um consenso: "ou fora levada para um lugar distante, mantida incomunicável, ou fora morta  brutalmente e enterrada". Assim era a linha geral de pensamento das pessoas.
          Porém, nessas ocasiões, as informações e especulações propagadas são as mais diversas. Nem vale a pena mencionar as barbaridades que surgem nesse momento. A imprensa, em si, a pedido do delegado Regional de Polícia, evitou manifestar-se, sendo recomendada a não entrevistar nem mesmo os pais da garota, para evitar que houvesse qualquer tipo de atrapalho nas investigações. Segundo a Polícia, todas as hipóteses de seus protocolos de investigação foram seguidas. Nenhuma informação deixou de ser investigada.
          Por volta das 18,45 da quinta-feira, 16,  um perito do IGP concedeu entrevista dizendo que o corpo encontrado fora identificado como sendo da desaparecida, que estava com a camiseta verde do SENAI e usava aparelho ortodôntico nos dentes. O exame da arcada dentária realizado pela dentista dela atestou que o corpo era de Mariane.
         Naquele momento, antes mesmo de os portais confirmarem a identificação, fiz contato in box com o amigo Matheus, que me disse que, infelizmente, era a amiga dele, a Mariane, e que nada mais restava a fazer a não ser dar força aos pais dela.
         O corpo foi velado na Capela da Igreja Luterana de Joaçaba, onde centenas de pessoas passaram para dar-lhe o último adeus e dedicar-lhe orações. Cheguei à Capela bem antes da celebração: Havia um caixão branco, lacrado,  com uma foto dela sobre este. Na entrada, à esquerda, o livro de assinaturas e alguns porta-retratos com suas fotos. Num delas, estava bem bonita, alta, elegante, com sapatos de salto e um belo vestido de cor pastel. Era a foto de um desfile de que participara. Cerca de 200 pessoas assistiram à celebração.
         O Pastor solicitou que não fossem utilizados celulares nem câmeras de imagem no local, em respeito à família. Conversei alguns minutos com a mãe dela. Estava serena, não chorava. Imagino que ter encontrado o corpo da filha amada já era um consolo. fiquei imaginando o que se passava na cabeça e coração dos pais e dos demais familiares que ali se despediam daquela menina inteligente e que fora uma ótima filha.
         A celebração, muito singela. Todos cantavam e respondiam às orações do Pastor. Um clima sereno, o silêncio, apenas o som do violão nas canções de louvor. As pessoas não querendo acreditar que uma jovem tão preciosa tivesse se tornado vítima de tanta violência.
         Neste sábado, aqui na Capela de Santa Luzia, no bairro Nossa Senhora de Lurdes, a 700 metros do seu local de trabalho, a Celebrante Vivian que mora nas proximidades do SENAI, convidou os presentes a dedicarem suas orações aos pais da Mariane, para que tenham forças para superar o trauma e o sofrimento.
           Todos sabem que ela fez por merecer o céu. Não pode dar sequência a seus projetos de vida; estudar, trabalhar, ter sua família, dedicar-se aos demais jovens de sua Igreja.
           Agora, cabe à Polícia a tarefa difícil de dar respostas à família e à sociedade. Muitas são as indagações, as posições colocadas pelas pessoas, as desconfianças. E, ainda, o temor das famílias. Lembram que já houve o caso da Andressa Holtz que ficou sem solução. Esperam que em breve se possa ter a justiça feita. E se aguarda, com ansiedade, o laudo do IGP. A comunidade quer saber se ela foi morta de imediato e como isso possa ter acontecido. O perito do IGP declarou que o estado de decomposição de seu corpo mostrava que estava morta de 20 a 25 dias. Como estava desaparecida a um mês, imagina-se como possa ter sido a vida dela no período.
          Lamentavelmente, a vida banalizada. Mais uma jovem que nos deixa e uma família que perde uma pessoa maravilhosa. Que Deus conforte a família e que ela possa ter sua Vida Eterna em Paz.

Euclides Riquetti
18-04-2015

Muito mais que flores

Quero abraçar-te na manhã discreta
Beijar teus lábios, doce namorada
Poder dizer-te de forma direta
Que meu coração de escritor poeta
Pensou em ti durante a madrugada.

Quero escrever-te versos alinhados
Colocar romance nas palavras ditas
Poder dizer dos sonhos projetados
Que são aqueles por nós esperados
Pra nossas almas sempre tão aflitas.

Quero sentir-te em  noites prateadas
Pousar no telhado de nosso castelo
Voar com asas brancas emplumadas
Andar nas nuvens das manhãs douradas
Botar amor no teu amor singelo.

Quero sonhar os sonhos mais bonitos
Amor eterno, firme e  sem temores
Fazer poemas longos, belos e  infinitos
Viver o amor sem riscos ou conflitos
Dar-te carinho muito mais que  flores.

Euclides Riquetti
18-04-2015






quinta-feira, 16 de abril de 2015

Roubaram-me os versos

Roubaram-me os versos e minha alegria
Na noite docemente enluarada
Roubaram-me as estrofes, o poema inteiro
Em que eu falava,  com nostalgia
De minha doce amada...

Roubaram-me os versos das redondilhas
Também os de meus alexandrinos
Do último ao primeiro
E minhas declamações ficaram maltrapilhas
Empobrecidos meus instintos libertinos...

Roubaram-me a expressão de meu lirismo
Tiraram-me a tela, a tinta e o pincel
Jogaram os meus clássicos num abismo.

Só não conseguiram me tirar o pensamento
Que mesmo sem caneta e sem papel
Permite-me expressar meus sentimentos.

Euclides Riquetti
17-04-2015



quarta-feira, 15 de abril de 2015

Versos ao vento...

Versos jogados ao vento
Desprotegidos e desconexos
Versos jogados ao tempo
Que flutuam dispersos...

Versos sem rimas e sem consequências
Palavras escritas sem consentimento
Jogadas ao vento...
Estrofes escritas sem alma, sem nenhum sentimento:
Apenas palavras e versos solteiros
Sem um poema hospedeiro
Sem endereço certo
De um poema perdido nos caminhos do universo...

Versos procurando sentido e razão de ser
Versos procurando quem os queira ler
Mas tu não os vês
E ninguém  os lê.

Versos órfãos de autores e de leitores
Que, no anonimato
Escrevi e te mandei
Que se desintegraram dos meus sonetos
E de meus poemetos
Mas que teimam em te  procurar
Nos caminhos do vento!

Euclides Riquetti

O botão da rosa


O botão da rosa tremeu
Quando você passou
Acho que foi seu perfume
Que o contagiou
(E seu balançar o  emudeceu)...

O botão da rosa era vivo e galante
Portava-se como um príncipe virtuoso
Bonito, formoso!

O botão da rosa era predestinado
A tornar-se uma rosa encantada
Talvez branca
Talvez vermelha
Ou rosa matizada.

Mas quando você passou
Bonita e deslumbrada
Jogando sorrisos pra todo lado
Intimidou-se o rapagão
Que via-se ficar apenas botão.

Mas passou a tarde e a noite chegou
E caiu sereno na madrugada.

Então, na manhã azul chegou a fada
Com sua varinha abençoada
E o botão sentiu-se revigorado
E ficou todo prosa:
Um toque da varinha mágica
Era tudo de que precisava.

Então  virou uma bela de uma rosa
Esplendorosa
Perfumada!
Que foi por você beijada
E levada...

O botão  virou uma moça
Bela, risonha, cobiçada
Muito amada
Como você...
Euclides Riquetti

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Gabriela Weber - Uma História de amor!

          A Gabriela Weber era uma jovem muito bonita. Estudiosa.  Inquieta. Trabalhadeira. Caprichosa. Preocupada com o futuro. Responsabilíssima. Carinhosa. Generosa. Adorada pela família, pelo namorado, pelos amigos. Sonhadora, tinha os mesmos sonhos da maioria dos jovens de sua idade:  Queria ser feliz!

          Na manhã de 13 de outubro de 2011,   saí de casa muito cedo para ir ao meu trabalho em Ouro. Passei, de carro, pela Escola do Bairro Nossa Senhora de Lourdes, fui em direção à BR 282. Também Passei diante de uma sequência de casas ao lado esquerdo da Avenida Santa Luzia, e de prédios ao lado direito. Eram poucos minutos antes das 6,30. De uma dessas casas, também, saiu com sua motocicleta a jovem Gabriela...

         Gabriela tinha 18 anos, era terceiranista do Colégio Certi, aqui de Joaçaba. Trabalhava numa gráfica aqui na parte alta da cidade, 1 Km distante da sua casa.  No dia anterior, Dia da Criança, Dia de Nossa Senhora Aparecida,  recebeu um telefonema: Era para ir mais cedo do que o horário de costume para o trabalho, na manhã seguinte,  pois com a proximidade do final do ano havia muito serviço a darem conta. Acordou muito cedo naquele dia pós-feriado, plena Primavera. Os dias já costumavam clarear mais cedo, as pessoas eram acordadas pelos cantos dos passarinhos. Próximo à casa de Gabriela, muitos deles  nas árvores. Flores nas floreiras e nos jardins das casas. O vento, no entanto, sacudindo os eucliptos, as plantas pequenas, as árvores altas. O céu, naquela manhã, teimava em não clarear. Nuvens escuras o  cobriam, havia perspectiva de tempestade, de turbulência.

          Dona Rosa da Silva, a mãe da Gabi, não queria que ela saísse de casa, pois  o tempo estava ameaçador, perigoso. Mas o senso  de responsabilidade da jovem era muito grande. Tinha os sonhos a realizar, precisava ser assídua no trabalho, na escola. Nunca deixara de cumprir seus compromissos e não seria naquele dia que iria falhar.

          Gabriela logo ia casar. Amava e era muito amada pelo namorado, o Jair da Silva. Queria estudar Pedagogia, ser professora, adorava crianças. Não gostava de ver criança chorando, aquilo lhe partia o coração. Tinha a vocação para o magistério, para a maternidade. Gostava de crianças, gostava de animais. Tinha seus gatos  de estimação, não admitia que fossem maltratados. Duas semanas antes,  o casalzinho havia sido  padrinho de um casamento. O sonho deles era o do casamento também.

          Gabriela gostava de jogar  futebol e vôlei, de ir à praia. Viajar a encantava, principalmente quando o destino era estar nas areias das praias, nas águas  do mar. Tinha planos, muitos planos. Trocar a motocicleta por um carro para se sentir mais segura era um deles.

          Fazia amizades com facilidade, tinha amigos jovens, crianças, pessoas de todas as idades. Adorava festas sertanejas, que frequentava sempre que possível. Mas também gostava de estar em casa, junto com a família, escutado música ou vendo filmes na TV. A menina que gostava da cor pink e que tinha sonhos rosados e gostava da música "Sem ar", de D´Black (uma belíssima canção),  também gostava do Grupo Roupa Nova, de Jorge e Matheus, Fernando e Sorocaba, e Paula Fernandes.

          Mas naquela manhã em que saiu antes do horário de  costume para o trabalho, a moça bonita,  de pele macia, olhos brilhosos e cabelos castanhos,  não imaginava o que estava a esperá-la: No trajeto para o trabalho, na Rua 12 de Outubro, paralela à BR 282, os fortes ventos partiram o tronco de uma árvore. Fatalmente, Gabriela Weber ia passando pelo local com sua moto. Atingida na cabeça, teve morte instantânea. Chamada, sua mãe, a Dona Rosa, foi a terceira pessoa a chegar ao local. Foi levada ao Hospital Universitário Santa Terezinha pelos Bombeiros Socorristas, mas lá já chegou sem vida.

          A voz silenciou, o sorriso se apagou, seu rosto serenou... Gabriela partiu deixando uma legião de amigos e os familiares: Rosa e Osmar, seus pais; Carla Cristina, Daiane, Viviane e Douglas, seus irmãos; Vany, a cunhada, e os sobrihos. E Jair, o namorado, com quem pretendia realizar o sonho maior: O de viver, para sempre, sua História de Amor.

          Dos muitos recados que lhe passaram pelas  redes sociais, escolhi o postado por sua colega  Bonnie, que sintetiza o que seus amigos pensavam dela:

"Gabi, eu gostaria de dizer que você era uma pessoa maravilhosa e que nunca irei te esquecer. Foi um imenso prazer ter te conhecido, nunca me esquecerei de nosso tempo juntas na escola, de como você era simpática e bonita. Nunca achei que isso iria acabar um dia, sempre achei que você teria um grande futuro... Adeus, Gabi, em sinto muito... sem palavras... ( de sua amiga Bonnie)".

          Por dois anos eu  passava diante daquela casa e via a figura solitária de uma senhora que olhava para a rua, para o céu, imóvel sentada numa cadeira da varanda. Ficava imaginando o que aquela família deveria estar passando. E, quando lia notícias de  mães que perderam seus filhos, me comovia. Há uns meses subi a escada e fui conversar com aquela mulher simples e  de aspecto tão triste. Apresentei-me, ouvi sua história, a  da  filha Carla Cristina, e pedi-lhes licença para escrever esta crônica sobre a Gabi. A Gabi, como tantos outros jovens que perderam a vida, não foi  uma simples folha em branco. Teve seus sonhos, sua História. Amou e foi amada.  Não partiu por vontade própria, mas a fatalidade a afastou de seus entes queridos.

          Tenho em mim a lógica de que os filhos é que devem enterrar os pais. Infelizmente, como a Dona Rosa, muitas outras mães tiveram que passar por isso.

          Que Deus tenha para a Gabriela um belíssimo lugar no paraíso. Que possa, com sua bondade e sorriso, ser luz para os que aqui ficaram e que sentem muita dor pela sua perda.

           Esteja bem, tenha a certeza de que seus familiares e amigos muito a amaram também, Gabi!

Euclides Riquetti

Que bom te ver, te ouvir, te sentir...

Que bom te ver, te ouvir, te sentir
Que bom te querer, te querer, ter-se aqui!

Que bom ver o vento balançando as folhas
Que bom que a gente pode fazer escolhas!

Que bom escutar-te e poder responder-te
Que bom encontar-te e poder te abraçar
Que bom te dizer "te amo" e dest´arte
Sentir o teu sim estampado no olhar.

Que bom ver que o tempo é mais que  lembrança
Que bom relembrar de nossa primeira dança!

Que bom apenas poder te dizer
Que bom apenas ouvir a melodia
E poder te dizer que também neste dia
Eu estou em ti e tu estás no meu ser.

Que bom escrever românticos  poemas
Com palavras doces de que me lembro
Quando vagam no céu os trenós e as  renas
No calor das tardes e manhãs de dezembro.

E eu, aqui pensando em parnasianos!...

Euclides Riquetti

domingo, 12 de abril de 2015

Embalado na noite...

O vento que move as folhas das aroeiras arredias
É o mesmo que me acaricia com seu dileto açoite
Que me traz as estrelas e o frescor da noite
Após as chuvas ditosas do final do dia...

O vento que beija teus lábios de vermelho maçã
É o que me inspira na noite sedutora
Que me acalma com sua aragem redentora
E alenta meu corpo e minha alma sã.

Ah, noite de verão que meus medos esconde
No aguardo do outono que derruba a folha
Noite para pensar em quem está longe.

Pensar, sim, viajar pelo ignoto  firmamento
Que essa seja a nossa melhor escolha
Buscar-te  na noite, embalado ao vento...

Euclides Riquetti