sábado, 7 de janeiro de 2017

Um poema a mais


 Vou compor-te um poema a mais
Talvez não tão bom como eu queria
Com palavras simples, mas reais
Um poema de saudade e nostalgia
Algo de que não te esqueças jamais.

Vou compor-te um poema eloquente
Que eu possa declamar a toda a hora
Mas que te leve um recado diferente
Que te alegre e te anime desde agora
E te mostre que te quero realmente.

Na verdade eu te farei uma oração
Uma prece de amor, um juramento
Pra que eu possa mostrar-te a devoção
Um poema de amor, amor e sentimento
Tão bonito quanto a letra da canção.

E, quando os tempos já tiverem passado
E dos anos tivermos perdido a conta
Vagando de mãos dadas ou com braços dados
Toda a certeza de que nada nos amedronta
E que o futuro risonho estará de nosso lado.

Euclides Riquetti

Lembranças dos campinhos de futebol








          Quem não jogou bola num campinho de futebol?
           O primeiro campinho que conheci foi na Linha Bonita, colônia rural do município de Ouro, na margem direita do Rio do Peixe. Situava-se num potreiro de propriedade de meu avô, o nono Victório Baretta, bodegueiro, entre a estrada geral e o riacho ali existente. Do  outro lado do rio,  havia a "Estação Avaí", onde parou o trem por 73 anos. Adiante,  a comunidade foi nomeada Ricardópolis, em homenagem à família "Ricardo da Silva", que tinha um líder e político muito forte, o udenista José Ricardo da Silva, cujo nome de guerra foi "Zeca Ricardo".

          Lá na comunidade,  havia dois campos de futebol: o dos Teixeira, entre a Capela de São José e o Rio do Peixe,  e dos Viganó, na propriedade do Sr. Arthur, no Ramal dos Durigon.  O Arthur Viganó foi um baita de um "pegador de pênaltis".

          No Leãozinho, onde nasci e vivi até fazer meus 8 anos, havia um campo ao lado do cemitério, muito questionado por aqueles que ficavam revoltados em razão de a bola, muitas vezes, ir parar por sobre os túmulos dos mortos. Meu padrinho, Joanin Franck, ficou tão indignado, que resolveu vender a propriedade e mudar-se para Sete de Setembro (hoje Distrito de Santa Lúcia), na saída para o Rancho Grande. Depois a diretoria do EC Primavera mandou colocar uma tela de arames  de razoável altura, resolvendo a situação. Só jogador "manco" manda a bola para o cemitério.

          Corro o "zap' e chego a minha adolescência. O cenário passa a ser a propriedade da família de Augusto Masson, ao lado da de Aníbal Dambrós, onde hoje se situa a cadeia pública, em Ouro. Ali nos reuníamos,  aos sábados e domingos,  para jogar bola. Havia adolescentes e jovens: Irineu. Irenito e Neri  Miqueloto; meu irmão Ironi e eu;  os três "Coquiaras": Ivanir, Valdir e Altevir; os Thomazoni  Mário e Arlindo, que foram para Araruna;  Nereu de Oliveira e seu Irmão Nico (Irineu), que foram morar em União da Vitória; os irmãos Félix, Aquiles, Rosito e Heitor Masson, o Armindo (Hermindo) Campioni; o Olino Neis, meus primos Cosme e Moacir Richetti; os irmãos Ademir, Ademar e Adélcio Miqueloto e o Luiz Alberto Dambrós, o Tratorzinho. Mais adiante, construíram a cadeira no terreno,  então fizeram outro usando o leito da uma estrada antiga que vinha desde a ponte nova (Irineu Bornhausen), passando pelo abatedouro da Comercial Baretta, e defronte a casa de Benjamim Miqueloto. Depois foi abandonada, restando dela apenas a Rua Giavarino Andrioni (o Bijuja), que chamamos de Rua do Beco, que se inicia na Rua Professor Guerino Riquetti, que se inicia na ponte e vai, reta, morro acima. E outro, usando o mesmo leito da antiga estrada, ao sul da ponte, sobre o qual escreverei na segunda parte deste texto, oportunamente, e outros ainda de Ouro e Capinzal.

          Os campinhos fizeram parte de nossa vida, minha, de amigos e de outras pessoas. Pelo espaço diminuto, os jogadores acabavam desenvolvendo habilidades em driblar e controlar a bola. Naquele tempo não estava instituído, ainda o futsal.

Euclides Riquetti
18-10-2015

Oitava Crônica do Antigamente - "Across the Universe? e alguns músicos conterrâneos meus"



          Sobre ser antigo ainda há muito a dizer. E, se tu ainda não o és, ainda o serás. A Marjorie Estiano, daqui a 30 anos, será bem antiguinha. Eu e a Vera Fischer também, porém um pouco mais do que ela. Seremos antigones.

          O ator Jim Sturgees tem 30 anos, nasceu em Londres. Em meio ao "fog londrino". E, nem por isso virou "foggy". Foi aceito para alguns filmes nos Estados Unidos. A Evan Rochel Woods nasceu no Canadá, tem 24 anos, onde tem neve em todos os invernos. No Canadá. Aqui tem sol em todos os verões, em todos os meses do ano. A dupla estrelou o musical  "Across the Universe", em que se apaixonam. Interpretam canções dos Beatles, o garotos de Liverpool que nos encantaram, a nós, antigos, e ao mundo, no início dos anos 60. Foram condecorados pela Rainha Elisabeth, da Inglaterra.

          A Gabriela é muito educada. E bonita. Toca piano. E nos deliciamos com os acordes que ela tira dele. De graça para nós, seus vizinhos, que escutamos, (e nos deliciamos), sem sair de casa! E toca belas músicas clássicas. O Heitor toca violino. O Fernando Spessatto tira belas composições de seu teclado. Ele  e o Heitor, juntos, são imbatíveis. O Pablo Rossi está melhorando sua condição de pianista no exterior, é um catarinense que nos orgulha muito.

          Uma mulher que tem o nome Gilberta Tedeschi pouco nos  diz. Mas se, seu prenome for Carla, aí a coisa melhora. Se disser que tem Bruni no primeiro sobrenome, tu já começas a pensar coisas. E,  se descobrires que ela é filha de mãe e pai músicos, industriais, ricos, e que foi modelo de sucesso e cantora, tem o italiano como língua materna, fala e canta em inglês e francês, é atriz, tem 54 anos, estudou na França e na Suíça, cursou a Sorbone, tu já concluis que é ela mesma, a fera,  casada com o Presidente da França, o Sarcozi: Carla Bruni, que não chegou onde chegou apenas por ser bonita, mas por ter alguns talentos e por ter frequentado as melhores escolas do mundo, orgulha os italianos e é bem quista pelos franceses.

          O Negão toca gaita.O Valdir Bonato também.  O Loide Viecelli também ajudava a animar as quadrilhas do Mater Dolorum nos invernos de minha adolescência. O velho Todeschini tocava uma Todeschini, lá na "Siap", que convencionaram chamar de Parque, mas que a maioria chama de Siap. Tem uma Senhora, amiga, lá na Linha Sete, que convencionaram chamar de Santa Lúcia, que toca gaita.

          Ah, o Michel Teló também toca gaita. O Borghetti toca gaita-ponto. O Luan Santana nem precisa de gaita, só canta. Outros tocam por ele. Eu nem toco flauta, porque respeito os outros. Não toco flauta nem em flamenguista. Só quero que percam os jogos para o Vasco, mas não temos tido muito êxito contra eles.

          O Teló arrumou uns padrinhos: O Neymar, jogador bem marqueteado; o Cristiano Ronaldo, jogador português que atua  na Espanha, e está enfernizando os ouvidos deles, lá. Ainda bem que eles nem entendem bem aquelas letras chulas, bregas, que mais desdizem do que dizem. O Luan Santana tem uma rede de TV que é sua madrinha, faz sucesso. O Negão, Olindo Esganzerla, nosso, tocava de graça. O Bonato  ainda ganhou uns dinheirinhos que lhe possibilitaram montar sua vidraçaria. O Todeschini morreu pobre, mas feliz. O Loide também foi morar no andar de cima. Tem o Tio Valério, meu vizinho, que  dedilha o teclado com maestria, animou os bailinhos de antigamente no interior do Ouro e em Nova Petrópolis.

          Acho que os compositores, aqui, têm contra si o Sol que,  em vez de iluminá-los, cozinha-lhes os miolos, e dali saem muitas composições que não nos orgulham em nada. Lá com o "fog" ou a neve, os cérebros se ativam para coisas mais "bem elaboradas".

           Ouvir canções dos Beatles, principalmente tendo o privilágio de conhecer suas letras, onde há canções de protestos, clamor pela paz e a propagação do amor, mesmo num rock pesado (para a época, pois agora isso já é clássico), e comparar com as bobagens gravadas atualmente no Brasil dispensa comentários. "Dear Prudence, see the sunny sky", (Querida Prudence, veja o céu ensolarado) cantaram Lucy  e Jude (Evan e Jim), no "Across the Universe". E eu, antigo que sou, lembrei de "Lucy in the  sky with diamonds", "Hei Jude", "Imagine", "Help" (I need somebody=Eu preciso de alguém) . E até chorei...

Euclides Riquetti
22-01-2012     

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Antes que venha a chuva





Antes que venha a chuva, observe as nuvens escuras
Veja que o ar quente e o vento fresco se misturam
Veja que a noite abriga os corpos e mentes impuras
Que, na tarde que a precede, meus olhos a procuram.

Antes que a chuva se vá, procure sentir seus pingos
Sinta o frescor que vem deles, o ânimo que exalam
Sinta que as plantas sorriem com seu sorriso lindo
Que, embaixo das suas folhas os pássaros se calam.

Depois que a chuva cessar, veja a água que desce
Buscando as sarjetas, as valas, os rios e os mares
Buscando se esconder em meio à grama que cresce.

E, quando o sol voltar, apanhe seus raios dourados
A bronzear sua pele e a reinar em todos os lugares
Pois, se a chuva vai e volta, pode voltar seu passado.

Euclides Riquetti
06-01-2016









Dormem as almas, no silêncio da madrugada





Dormem, as almas, no silêncio da madrugada
Recolhem-se para a intimidade de sua reflexão
Mergulhadas no âmago da infinita ponderação
Miram a realidade presente, a futura, a passada.

Dormem, ao navegar nas ondas da turbulência
Entronizadas nos altares da escuridão universal
E, muito mais do que num ambiente sepulcral
Aguardam a luz do sol para render reverência.

Dormem as almas, dorme o corpo, o coração
Choram as angústias, seus olhos lacrimejam
Dormem as almas com sua dor e sofreguidão.

Esperam pelos cânticos dos anjos, dos serafins
Das alturas onde as estrelas e os sóis vicejam
Desfilam protegidas por guerreiros querubins.

Euclides Riquetti
06-01-2016




Professor







Defende, com toda a honra,  a profissão que escolheste
Orgulha-te de pode ajudar a melhorar tantas vidas
E, mesmo que não te valorizem, lembra-te que venceste
Que superaste obstáculos, que virtudes foram colhidas.

Plantaste sementes boas, ajudaste a quebrar os espinhos
Permitiste colherem flores, a saborearem os frutos
E os ensinamentos deixados ao lado do longo caminho
Dar-te-ão toda a certeza de ter formado homens astutos.

O valor de teu digno trabalho, nem todos reconhecerão
Mas ajudaste a formar mestres, quantas senhoras e senhores
E se no mundo há progresso, é porque houve  tua mão
Houve a luz que tu acendeste, na mente de tantos doutores.

Relembra com muita alegria de quantas almas conduzistes
Anima-te pelo dever cumprido, por todos os bons exemplos
Que Deus te abençoe e guarde, nos momentos mais tristes
E que te abra todas as portas dos palácios e dos templos.

Aceita esta homenagem sincera deste que é um teu igual
Tenha saúde e colha o êxito em todos os teus  projetos
E que a nobreza de teu caráter torne-se ampla e  universal
Conta sempre com meu incentivo, meu carinho e meu afeto!



Euclides Riquetti

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Veja...





Veja!Olhe tudo o que o mundo lhe ensinou
A não ser que você não tenha aprendido...
Veja, em seu diário, o que a vida lhe legou
Os prós, os contras, os ativos e os passivos...
 
Veja, até os pássaros, hoje, estão felizes
Cantam canários e pardais no pessegueiro
Nas lavouras vagam  pombos e perdizes
Até o ar que respiramos venta prazenteiro.

Veja, nem parece ser uma manhã chuvosa
O sol se esconde,  mas vai e vem, e volta
As nuvens brancas repousam silenciosas
No céu azul que em meu andar me escolta.

Veja, eu a amei e fui amado intensamente
Eu esqueci do mundo e me entreguei total
Foi bem assim, eu me doei perdidamente
Quis pra você o bem, jamais lhe quis o mal.

Então eu me delicio com o lufar do vento
Me contagio com aquela canção dourada
Que vem do sol e agita meu pensamento
Que me atiça, me envolve, me embriaga!

Euclides Riquetti
05-01-2017





quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Amar a quem nos ama, ter o amor que desejamos!




Segure minhas mãos, segure-as delicadamente
Mas, se quiser, também me tome e me abrace
Não deixe que o tempo breve fuja, ou que passe
Mesmo que pareça tudo muito lentamente...

Olhe para os meus olhos tristes, mas despertos
Mas, se quiser, pode deixar os seus fechados
Importa-me, muito, confessar-lhe meus pecados
Dizer-lhe palavras bonitas, recitar meus versos...

Traga o seu pensamento aqui pra junto ao meu
Venha dividir comigo suas angústias e dilemas
Podemos  colocar isso tudo num belo poema
Em algo que eu possa dizer que seja meu e seu...

Me deixe acariciar seu formoso rosto de menina
E com as mãos, poder sentir os seus cabelos lisos
Trazer de volta o brilho cativante  em seu sorriso
Porque, quando a alma sente, o coração precisa...

Venha, podemos desfrutar da vida que ganhamos
Podemos celebrar nossa vitória, a maior conquista
A vida é um triunfar, é um querer, nunca desista
Amar a quem nos ama, ter o amor que desejamos!

Euclides Riquetti
05-01-2017









Asfalto



Alfalto molhado, acinzentado
Palco de alegrias e de dilemas
Alfalto de brilho prateado
Inspira-me cantos e poemas.

Alfalto que se perde nas longas curvas
Onde somem  carros e vagam  os conflitos
Os corações despedaçados as almas turvas
As perdas, os abalos, os  aflitos.

Asfalto alongado a se perder de vista
É o vai-e-vem nas faixas de cada  pista
É o desafio ousado  e sedutor

É a provocação, a incerteza presente
É um palco de tragédias inclementes
É a vida ceifada de tanto sonhador...

Euclides Riquetti

Genghis Khan Moscow - Quantas saudades!

          A partir de 1979 os programas de auditório da Televisão Brasileira apresentavam um grupo dançante/musical chamado Genghis Khan. No ano seguinte, as rádios não paravam de tocar suas músicas, já estava no auge de sua carreira, sendo integrado por dois homens e duas mulheres: Jorge Danel  (Thor) líder do grupo; Omar Leon (Genghis), vocalista; Heloísa Nascimento (Tuly):  e Tânia Souza (Tânia). Tinham um visual bastante exótico e atraente, que ajudava muito a fazerem sucesso.

          Na verdade, o conjunto brasileiro ( e pouca gente sabia na época), era um grupo "cover" do autêntico Dschinghis Khan, da Alemanha, que fazia sucesso com a música  "Moskau", e cujas traduções de sua letra pouco têm a ver com a significação original:  "Moscow, Queen of the Russian land/ Built like a rock to stand, proud and divine..."  E os temas de todos os seus sucessos musicais revernciavam o Mongol Genhis Khan, que viveu entre 1162  1227, grande líder e guerreiro da época.

          Mas, o conjunto habilmente treinado para coreografias, fazia dublagem das canções originais, principalmente de "Moscow" e "Genghis Khan". Mais adiante, gravaram com sua própria voz o grande sucesso infantil "Comer Comer", e outras canções em português, que os ajudaram a vender milhares de discos e à contratação para infindável número de shows. Tinham que viajar com aviões fretados,  tantos eram os shows para os quais eram contratados. Faziam sucesso em todo o território nacional.

          A segunda metade da década de 1970  comportou uma grande onda de hits disco-dance, com bandas como Boney M, que projetou-se mundialmente com "Brown girl in the ring" e "Rivers of Babylon" e a norteamericana  Village People, com  "Macho Man", "Y.M.C.A", "In the Navy" e "Go west",  sendo também  executadas em todas as pistas de danças e no rádio brasileiro. A Genghis Khan veio complementar a onda.

          Infelizmente, em 1990 a banda brasileira então chamada Brazilian Genghis Khan perdeu seu Genghis, Omar Leon, que morreu infartado dentro de um avião, e Tuly, vitimada por câncer, no ano seguinte. Foi uma grande perda para o grupo. O próprio grupo original, da Alemanha, perdeu dois de seus integrantes, um de aids e outro de câncer, mas conseguiram nova formação e conseguem atuar ainda, agora com o nome de "The Lagacy of Dschinghis Khan", mas sempre executando o sucesso "Moskau".

           Danel, com o apoio de Tânia, tentou novas formações para a Banda, mas de real, mesmo, só nos restam as lembraças do som discotheque, que bombou e animou as noites nas casas de show e bailes da última geração jovem que precedeu o presente milênio.

          Tenho, sempre, muitas saudades daquele tempo em que músicas bonitas embalavam nossos sonhos e ilusões, eram agradáveis de se ouvirem, bem melhor do que o muito lixo que hoje é produzido em termos de música.


Euclides Riquetti
13-11-2012

Um ano de alegria e paz




Se abençoado foi o mês de dezembro
Assim espero que seja o de janeiro
Como antes já fora o de novembro
O que espero também para fevereiro.

Que seja auspicioso o mês de março
Tudo em paz em abril, maio e junho
Até mesmo com pouco me satisfaço
Até chegar o frio do mês de julho...

Que agosto venha com ventos amenos
Que sorria a primavera em setembro
Um outubro florido sempre queremos
A plenitude em novembro e dezembro.

Espero por um ano de total alegria
Com amor, felicidade e muita paz
Que vivamos todos com harmonia
E as virtudes todas o tempo nos traz.

Euclides Riquetti
04-01-2017





terça-feira, 3 de janeiro de 2017

No teu sorriso cativante



 Pensei em ti, no teu sorriso cativante
No teu jeito sutil,  nos teus modos delicados
Na leveza de teus gestos e  encantos
No teu olhar com brilho excitante
Nos teus pensamentos santos
Nos teus lábios vermelho-rosados.

Pensei em ti, na tua voz doce e suave
No movimento de teu corpo terno e elegante
No perfume que exalas  pelo caminho
No desejo ardente que te  invade
No teu semblante a denotar  carinho
Na tua beleza simples e contagiante.

Pensei em ti, com  a força de meu sentimento
E me entreguei,  com todo o amor e paixão
Mandei-te  meus versos, estrofes e  poemas
E, no afã de recuperar o nosso  tempo
Dei-me a esquecer as decepções e os meus dilemas
Para te oferecer minha alma e meu coração.

Euclides Riquetti

O que sua mãe lhe deixou, amiga?!



          "Que legado uma mãe pode deixar para uma filha? Que tipo de lembranças, de lições, ensinamentos?"

          Imagino que a amiga leitora deve estar  remetendo seu pensamento de volta ao seu tempo de criança. Às   saudosas lembranças daquele ser que a pôs  no mundo, deu-lhe educação, orientou-a, ajudou-a  de alguma fora. Até a amparou na hora em que teve  filhos. Muitas, felizmente, ainda as têm por perto, muitas vezes dividindo  com elas o mesmo teto. Mas mesmo meninos e  rapazes seguem os ensinamentos de suas mães, pois são elas que estão presentes na maioria do nosso "tempo de criança".

          Perguntei a uma jovem senhora que lembranças ela tinha de sua mãe, que hoje já está velhinha:

         "Minha mãe teve uma presença muito forte e marcante em minha vida, embora eu tenha saído de casa muito jovem, antes de meus dezoito anos. Ela me deixou alguns príncípios e valores que sempre procuro seguir. Respeitar as pessoas e dar-lhes o devido valor. Não ter nada do que não é legitimamente nosso. E, se alguém nos der algo, fazer um serviço para retribuir. Oferecer-se para fazer-lhe alguma coisa. Todos podem pagar por aquilo que recebem".

          Certamente que, seguindo essas orientações, ela se deu bem, constituiu sua familia, estudou, trabalhou e pode-se considerar uma pessoa realizada e feliz.  Claro que também aprendeu os afazeres do lar, os cuidados com a casa, com a comida, com as roupas. E, aquilo que se aprende com a mãe se internaliza, fixa, preserva-se.

          Ora, como é bonito ver uma pessoa dizer:  "Esta cuca me faz lembrar das cucas que minha nona fazia. E que, depois, minha mãe também fazia!"  E, agora, certamente que esta mãe, que pode já estar também sendo avó, ensinará suas filhas ou netas a fazer. Mas também poderia dizer em relação à macarronada  com seu delicioso e incomparável molho, o bolo de anivesário carinhosamente preparado ou enfeitado, a bolacha pintada com açúcar cristal colorido ou  com aqueles chumbinhos de confeitos. Ou a toalha bordada, o jogo de cama bordado e crocheteado, a blusa tricoteada, a toalha franjeada.

           Por falar em toalha, quando fui para a Faculdade e mudei-me para Porto União, minha mãe me fez uma toalha de algodão com uma belas franjas bem  trabalhadas. Era macia, gostosa, linda! Mas, naquele tempo, eu não entendia muito desse valor que as coisas têm, que trazem na sua elaboração o carinho das mãos dadivosas ou mesmo as lágrimas de uma saudade que ainda virá... E, para mim, veio, muitas, muitas vezes, fazendo brotarem-me lágrimas de saudades!

          Ah, cara leitora, que bom ter tido uma mãe presente, mesmo que morando longe dela!  Ou podido partilhar com ela todas as emoções de ter gerado os filhos, ver chegarem  os netos!

          Pois convido você a meditar. A voltar ao passado. A lembrar, relembrar. A analisar, com profundidade, quantas e quantas belas lições ela lhe deixou. Quantas vezes foi ombro para você chorar e, com sabedoria, ensinou-lhe a dar tempo ao tempo, aguardar a chegada de soluções para os problemas, respostas para suas angústias?  E, se ela não está mais aqui, faça-lhe uma bela e silenciosa oração. Deixe seu coração rezar por você. Se ainda vive, ligue pra ela, agradeça por aquilo que ela lhe deixou e lhe ensinou. Ou, se ela está perto de você, dê-lhe um abraço, enregue-lhe uma flor, deixe que ela perceba que você é aquela filha que ela quis ter.

          Hoje, em especial, da forma que for possível, dê-lhe seu mais profundo carinho!

Euclides Riquetti
05-12-2013

Abrace esta canção




Abrace esta canção e leve-a embora
Segure-a, firmemente, cuide bem dela
São versos que eu escrevi bem agora
Inspirei-me em sua vida tão singela.

Abrace minha canção, guarde-a bem
Coloque num cantinho de seu coração
E, adiante, quem sabe no ano que vem
Você a possa recolocar na minha mão.

Está escrita em folha branca, de paz
Letra azul, na papel da cor do algodão
Tem letra simples esta minha canção.

Nela, falo da alegria que você me traz
Falo da alma, do corpo que me seduz
De seus cabelos e de seu olhar de luz.

Euclides Riquetti
03-01-2017

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Gotinhas de cristal



Um dia você chorou, vibrou, vibrou, chorou
Seus belos olhos encheram-se de gotinhas de cristal
Você que calou, sofreu, sofreu, calou
Seu grito de alegria se fez explodir, afinal.

Você esteve lá, elegante, glamourosa
De seu rosto moreno brotou um sorriso sensual
De seus lábios saíram as palavras mais carinhosas
Você vibrou com a conquista colossal!

Na madrugada silenciosa me veio seu doce sorriso
As palavras mágicas se embalaram no meu ser
E seu rosto comovido, bonito,  me encantou...

Então, meu coração bateu mais forte, mais preciso
E, no papel, pus este soneto pra dizer:
Você é o algo belo com que Deus me presenteou!

Euclides Riquetti

Espalhe seu perfume no ar





Espalhe seu perfume no ar
Deixe-o impregnar-se  em mim
Deixe sua fragrância eu tragar
Para que a possa sentir bem assim.

Eu quero me perder calmamente
Poder me envolver em suas carícias
Me deixar seduzir levemente
Por seus beijos de sabores e delícias!

E, mesmo nesta manhã turbulenta
Me convide ao carinho e ao afago
Me dê sua alma faminta e sedenta.

Me abrace, me roube, me tenha
Me prenda, me segure ao seu lado
Me enlace, me amarre,  me queira.

Euclides Riquetti

Conhecendo melhor ... Sérgio Grando

Escrevi em 2012. Sérgio Grando faleceu em Florianópolis - SC - no último  dia de 2016. Minha respeitosa homenagem a um cidadão ilustre.

 

 

A simplicidade do Professor Sérgio Grando - ex-Prefeito da Capital e ex-Deputado em SC

         Ao logo da vida, vamos formando conceitos sobre pessoas segundo o que lemos sobre elas ou delas ouvimos falar. Na verdade, somos induzidos a preconceitos por alguma razão e, sem que percebamos, acabamos por fazer um juízo nada verdadeiro, nada correto sobre pessoas, principalmente quando somos jovens e ainda muito influenciáveis. Há pessoas que imaginamos serem magníficas, pois de alguma forma nos seduzem e, com o tempo, nos decepcionamos por atitudes que vemos nelas e partindo delas. Mas, da mesma forma, há pessoas que, por não as conhecê-las, imaginamos que elas detenham determinado um tipo de personalidade, tenham características pelas quais foram ou são rotuladas e, na verdade, são diferentes disso. Hoje, em minha razoável maturidade, aprendi a admirar pessoas pelo que elas me mostram ser quando tenho contato pessoal com elas. Vou pela minha percepção e minha lógica, que me permitem fazer um melhor juízo de valor. .

          Quando conheci a Dra. Zilda Arns, lá em Brasília, e ela me perguntava como era minha cidade, Ouro, e me dizia sobre a sua, Forquilhinha, fiquei pasmo com a simplicidade daquela médica denentora de muitas honrarias, que não era famosa  por ser irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, mas pelo que pensava e o que fazia pela criança brasileira. Encantei-me com aquela figura humana  humilde, simplória,  querida, que até me  deu ser cartão, ditou-me o número do seu celular para por nele, para ligar quando precisasse. Perdi-o com minha carteira, mas ficou em meu coração aquela expressão de bondade acolhedora que transbordava de seu coração e de seu semblante. Deus a tenha no céu, Lady Arns, mãe das crianças brasileiras.

          Ah, mas onde eu quero chegar é ao endreço de outra pessoa, a quem aprendi a admirar ao longo dos anos, mas  que,  nos "anos de chumbo" tentavam  transmitir uma falsa imagem dela, como se representasse um "perigo" para nós, catarinenses. Ah, quanto engano!

         Certa vez, em Floripa, num barzinho da área central, vi aquela figura de camisa branca, mangas curtas, calça escura, barba espessa, tomando um cafezinho, "na dele". Percebi ser o Professor Sérgio Grando, da Universidade Federal, o "jogador de dominó", muito admirado pelos seus alunos, e fiquei observando-o: era uma criatura tranquila, parecia que seu pensamento andava longe, longe... Depois, vejo-o Prefeito da Capital, Deputado, Diretor da FATMA e, agora, Diretor Geral da Agesan, a Agência de Saneamento de Santa catarina, eleito que foi. E, com os anos se passando, fui aprendendo a conhecer melhor o Grando, lendo sobre sua capacidade intelectual elevada, seu excelente nível de compreensão da cultura, suas posições políticas éticas, sobre seu entendimento "lógico e físico" da vida e das coisas que movem o Universo.

          Mas, o grande conhecimento sobre ele, auferi há uns três meses, quando esteve na Prefeitura do Município de Ouro. Aquele cidadão que eu parecia conhecer entrou em minha sala, foi pedindo licença, estendeu-me a mão, pediu-me onde tomaria um café e, quando fiz um movimento para buscar-lhe um café, perguntou: "Onde fica a cozinha?". Apontei com o dedo indicador e ele foi lá, pegou seu copinho no armário, tirou café da garrafa térmica, e voltou para minha sala. Num átimo pecebi que era ele, o Professor Grando, que tanto vira na TV e nos jornais.  Não havia sido anunciado, veio fazer seu trabalho, à sua maneira. Reunimo-nos com o Dr. Dirceu Andrade, Advogado, e com o Sidney Penso, também Advogado e Diretor do SIMAE, e o Grando passou a dar-nos uma aula sobre Meio Ambiente. Que pessoa admirável! Rápido e objetivo, nos mostrou os caminhos para a filiação dos Municípios à AGESAN e depois começou a falar-nos sobre as pessoas de nossa cidade que trabalharam com ele, outros que foram seus alunos na UFSC, etc. Falou-nos que o Engenheiro Rubens Bazzo trabalhou com ele na Prefeitura da Capital, que eram muito amigos, que o Dr. Clóvis (Castanha) Maliska é um grande estudioso e foi descrevendo muitos de nossos amigos e colegas de infância que foram-se mudando para Florianópolis e com os quais conviveu.

          Bem, na semana passada, novamente esteve conosco, Deixou-nos um documento que será assinado pelo Prefeito Miqueloto e encaminhado para ele e, depois, começamos a falar sobre cultura, história, etc, etc. Ele é uma das pessoas como o Dr. Alexandre Dittrich Buhr, juiz e escritor, que quando conversamos com eles só temos a aprender. E, depois, presenteou-me, autografando, com o livro "Dominó - Meu Sistema", do Fernando Coruja Agustini, prefaciado pelo Esperidião Amin e posfaciado pelo Sérgio José Grando. Em retribuição, dei-lhe o CD que foi gravado pelo grupo "Pìccola Itàlia Del ´Oro", com 12 músicas do cancioneiro italiano.

          É, foi muito bom ter compartilhado bons momentos com o Professor Grando, amigo de tantos amigos da gente, um bom exemplo de ética a ser seguido!

Euclides Riquetti
27-06-2012

Um novo tempo...


Espero  por um novo tempo, um terno  novo dia
Uma nova e bela manhã, uma nova esperança
Um tempo de muito  amor, um tempo de alegria
Um tempo de colher, um  tempo de bonança...

Um belo novo ano, com êxito e sucesso
Saúde, paz e flores, rosas perfumadas
Poemas sem dilemas, versos e mais versos
Pecados absolvidos, almas perdoadas.

Um novo ano feliz,  com abraços e muitos beijos
Uma rosa vermelha, champanhe ou amarela
Lábios de cereja, de doce e de desejo...

Manhãs ensolaradas, tardes de céu azulado
Pensamentos profanos passando pela janela
Indo juntar aos teus, todos os meus pecados...

Euclides Riquetti

domingo, 1 de janeiro de 2017

Objetos em desuso - reflexão de final de ano


          Quando criança ainda, numa de minhas férias escolares, fui passar um mês com meus avôs em Linha Bonita. Os Baretta  eram comerciantes, tinham um casarão que mais atrás servira também de pousada. E, naqueles idos de 1961, eu era bastante observador, cuidava dos movimentos das pessoas e daquilo que faziam. Lembro que,  nos domingos à tardinha, após os jogos de futebol, vinham os jovens de toda a redondeza para jogar baralho. E tomar umas "birotas". Naquele tempo não tinham geladeira, pois não tinham energia elétrica suficiente, embora a maioria das casas tivessem  um rodão d´água, que acionava um dínamo, que permitia clarear os ambientes apenas para umas duas, no máximo três lâmpadas. Então, a cerveja era resfriada num tanque de alvenaria, construído sob o assoalho de madeira, com água do poço, retirada com baldes de madeira também. E pediam para minha nona, Severina, cozinhar ovos na água, em dúzias, para matarem a fome no final de tarde.

          Lembro que um dos jovens senhores que vinham até lá era o Vitalino Bazzo, com chapéu de feltro cinza, terno da mesma cor, de um xadrez discreto. (Foi na década de 1970 que os paletós "xadrezão" entraram na moda. Combinavam com aquelas calças boca-de-sino e os cabelos longos das pessoas).  baldes do poço. E havia o Américo Módena, o Fernande Maziero, o Dirceu Viganó, o Nézio e o Vilson Rech, o Alcides Antonietto, o Nelson Falk, o Itacir Dambrós, o Valdir Baretta, que se misturavam com outros mais jovens e com meus tios. Tinham chapéu de feltro, que eram os chiques. Alguns, de palha. Comprei um aos 9 anos, quando já estava morando na cidade e trabalhava. Lavava louça e lustrava a casa para uma prima. Com meu primeiro salário, comprei um belo chapéu.... Ah, e trabalhar não tirou nenhum pedaço de mim, não me queixo disso, mas me orgulho, pois aprendi a valorizar todas as minhas coisas.

          Na época, havia um cidadão que vinha da Estação Avaí, que ficava do outro lado do Rio do Peixe, e ia ver a namorada, a Lindamir, filha de um dos muitos Barettas que ali moravam, do Serafim. E tinha algo que dava inveja a todos os outros: um par de galochas de borracha, pretas. Era um material bem elástico e flexível, um "sapato maior que envolvia um sapato menor", que não deixava que o de couro embarrasse, nem que nele entrasse umidade. E ainda tinha um guarda-chuva com as varetas de madeira, bem grande. Vinha a pé, passava pela balsa ou bote, vinha de uma distância de dois quilômetros e meio para ver a namorada. Quando passava defronte à bodega, todos o invejavam. Naquele tempo não conhecíamos ainda as capas  chuva, de nylon, que apareceram por lá apenas uns cinco anos depois. Imagine o sucesso dele se tivesse também uma capa de chuva. Ter uma, foi um de meus sonhos de adolescência, que não pude realizar, pois só "quem podia" conseguia ter uma. (Só consegui comprar um chapéu...)

          Era o tempo em que não havia tratores para trabalhar. Colhíamos trigo com foicinhas, usávamos as enxadas para carpir, as máquinas pica-paus para plantar milho. E trilhadeira alugada para colher o trigo. Havia máquinas acionadas a mão para debulhar ou moer milho. Depois vieram equipamentos a gasolina e os elétricos. Foi uma "reevolução na roça".

          E, relembrando dessas coisas, das galhochas que caíram em desuso, lembrei-me do cinzeiro que meu pai ganhou de uma aluna, lá do Belisário Pena, do 4º ano, a Cássia.  Isqueiro  era um presente bonito para um aniversário, dias dos pais, formaturas. (Agora, eu não daria cinzeiros ou isqueiros para ninguém).  E davam também abotoaduras, algumas combinadas com um filete metálico que prendia a gravata, tudo ornando e combinando. E, antes ainda, as mulheres usavam luvas e  chapéus, que as tornavam mais elegantes. Bonitas não, pois bonitas elas já eram, apenas que os ornamentos as deixavam mais atraentes, chamativas, engraçadas.

         Hoje os sonhos de consumo são outros, criaram outrs necessidades para nós, encontraram outras formas de nos atrair, contagiar. As máquinas de escrever foram substituídas por computadores com impressoras. Muitos deixaram de fumar e dar um isqueiro ou um cinzeiro de presente é coisa muito brega e deselegante. Luvas, agora, para o trabalho,  para pilotar motos, ou proteger contra o frio. As máquinas fotográficas convencionais foram substituídas por digitais. Os filmes de pelícola 35 mm estão dando lugar a sistemas digitalizados. As vitrolas , os gravadores de rolo ou fita, os toca-discos, deram lugar a mídias moderníssimas, chegando-se aos bluerays.

          Muitos  acessórios clássicos, tão presentes nas novelas e filmes de época e revistas  podem voltar à nossa mente nesses dias em que paramos para refletir a chegada de mais um final de ano. Pensar nos chapéus de feltro, nas abotoaduras, nas luvas das senhoras, nos isqueiros, nos cinzeiros, nas galochas, nas agulhas dos toca-discos e nos discos de vinil. Quanta coisa mudou e quanto ainda tudo vai mudar. Até as bodegas das colônias dapareceram, junto com a energia da juventude de muitos amigos que se foram ou que estão aí, resistindo ao tempo. Olhamos para trás e vemos um filme que nos traz simples, mas saudosas lembranças.  E nos resta pedir saúde a Deus, e que nossas ideias não caiam de uso, não se tornem obsoletas também!

Euclides Riquetti

A Caixa d ´Água da Maria Fumaça em Rio Capinzal




          Era o ano de 1910 e o povo vibrava em todo o Vale do Rio do Peixe. Inagurava-se, neste dia, a estrada de ferro que ligaria Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul, na divisa com Santa Catarina, e Porto União, na divisa com o Paraná, a região contestada que viu muito sangue ser derramado tão logo isso aconteceu.

          Rio Capinzal, um povoado que se localizava no Baixo Vale do Rio do Peixe, e que pertencia ao vasto município de Campos Novos, situava-se à margem esquerda do Rio do Peixe. A área, que se constituíra em local de pouso de tropeiros, bastante povoada por capim paulista e com enorme quantidade de água, era o lugar ideal para o descanso das tropas de bovinos e muares que iam do Rio Grande do Sul para São Paulo. E ali levantaram-se algumas dezenas de residências urbanas, contruídas em madeira de pinheiro, um lugar que deveria prosperar muito com a inauguração da ferrovia. Do outro lado do rio, um pequeno povoado chamado de Distrito de Abelardo Luz, pertencente à Colônia de Palmas, do Paraná. Sim, o atual Ouro pertencia ao Estado do Paraná naquela época. A ligação entre os dois povoados dava-se por balsa e botes. Mais ao Sul, entre as atuais  Linha Savoia e Linha Dambrós, antigamente chamada Ribeirão Doze Passos, também era possível que os animais atravessassem o Rio do Peixe sem depender de embarcações, isso quando as éguas deste estivessem baixas. E, em seus cargueiros ou carroças, levassem as mudanças dos descendentes de italianos vinham para colonizar a área à direita do rio.

          E, com a estrada de ferro, foram construídas algumas benfeitorias para dar suporte à sua logística: alguns armazéns, para depósito de mercadorias; muitos estrados para o empilhamento de madeiras gradeadas, tábuas e madeiras quadradas; mangueiras para alojamento de tropas de bovinos destinados a Ponta Grossa e São Paulo; uma estação ferroviária, com local para venda de passagens, comunicação por telefone ou telégrafo; sala de estar para os passageiros, com bancos de madeira para assentar-se; uma sala para depósito de mercadorias; e um café-bar. Em frente, paralelamente à ferrovia, uma extensa plataforma com rampas de acesso ao Norte e ao Sul. E, pendurado num caibro, um sino de bronze que chamavam de "pode" (póde). O pode era acionado para dar autorização para o trem dar partida. O agente da estação ou seu auxiliar repicava o sino, o trem apitava,  e saía de mansinho...  todas essas lembranças me vêm à mente porque muito ouvi falar nas histórias de Rede e porque convivi com pessoas que fizeram parte dela. Acima da "Ponte Nova", localizavam-se as casas, também em madeira, pintadas de um misto de ocre e marrom, onde residiam os turmeiros, encarregados da manutenção da ferrovia.

          Localizada logo após a plataforma de embarque e desembarque, uns 40 metros desta, no sentido Norte, localizava-se a Caixa d´Água. Essa nos traz muitas e muitas histórias à lembrança. Um reservatório enorme para a época, onde se armazenava a água que vinha em canos de metal que lhe traziam a água desde o Morro da Pedreira. Havia um comando composto por uma haste de ferro com um volante, e um dispositivo de lona tecida, uma mangueira com mais de 20 centímetros de diâmetro, que era dirigida para o sentido da Maria Fumaça que ali estacionava, onde era alimentado o reservatório desta, a fim de gerar o vapor que acionava os mecanismos de movimento da locomotiva.  Ao lado da mesma, e à sua frente, do outro lado da ferrovia, os depósitos de lenha empilhada a céu aberto, trazida pelos caminhões, dentre eles o do Sebastião da Silva, pai do Naco, meu colega de ida aos bailecos de Piratuba, Lacerdópolis e Barra do Leão nos dois primeiros anos da dácada de 1970.  

           E o vapor era obtido através da elevação da temperatura da água, o que se sucedia na caldeira, alimentada por fogo de madeira  combustível, a lenha. E, com muita alegria, ouvíamos o apito produzido pela liberação de vapor, que chegava ao longe. Coisas muito simples, que representavam alta tecnologia para a época, mas de grande resultado.

          Nos dias de jogos ou treinos no campo municipal, mas que pertencia à Companhia da Estrada de Ferro, e se situava onde hoje funciona a Estação Rodoviária de Capinzal e a Praça Pedro Lélis da Rocha, os jogadores saíam do campo, nos intervalos, e iam ali para beber água ou tomar uma "refrescada". O volante que servia para liberação da água, por uma espécie de registro, e pela mangueira, era acionado à  esquerda e a água, pura e límpida, descia por sobre o corpo dos jogadores, que bebiam dela enquanto se banhavam, principalmente no verão. Mas os times visitantes não sabiam da existência desta, e enquanto os "da casa" se deliciavam, recuperavam-se e voltavam ao campo muito dispostos para o segundo tempo, os outros se recuperavam, no máximo, recostados nas paredes de madeira que circundavam o mesmo.

          Houve tentativas de desmancharem a caixa de água para vender o metal. Ora, uma voz se fez presente e bradou: "Essa caixa faz parte de nossa história, não pode ser demolida". Vinda de uma pessoa humilde, mas ardorosa defensora de Capinzal, do Sr. Alduir Silva, o popular Binde, impediu que ela fosse retirada. Imaginem perdermos um bem histórico, que foi importado da Inglaterra para, a aprtir de 1910, disponibilizar a água que produzisse o vapor o qual acionava a locomotiva destinada a puxar os vagões do trem. Vejam os leitores da importância de as cidades terem pessoas que gostam do lugar onde nasceram e defenderem sua história e seu patrimônio histórico! Obrigado, Binde!

          Aquele conjunto que ali reinou até a ocorrência da enchente de 7 de julho de 1983, resta-me na memória saudosa que não me abandona. E na de muitas pessoas de minha geração e das que nos precederam, que não viram o mundo mudar, mas que tiveram o prazer de andar de trem, ir para o Norte ou o Sul, andarem ali com a namorada, com o namorado. Em nosso trem se iniciaram e também se findaram, certamente, muitas histórias de amor... Conheço algumas, que guardo para mim, são minhas, me emocionam...

Euclides Riquetti
04-07-2013

E, se no meu primeiro poema ( do ano...)




E, se no meu primeiro poema, eu não falasse de amor?
E, se eu não falasse de sorriso, de estrelas, de flor?
E, se eu me esquecesse de falar do sol, do céu anil?
E, se eu me esquecesse da vida que corre, de falar de ti?

Se, no meu primeiro poema, eu não falasse dos momentos...
Em que te dei meu tempo dei-te os meus pensamentos?
Tu ficarias imaginando que eu te houvesse esquecido,
E que meu coração (apaixonado?)  tivesse virado bandido?

Se, no meu primeiro poema, em não tivesse dito as verdades
Eu me tivesse omitido de dizer que sinto muitas saudades?
Se eu não tivesse falado em manhãs frescas e em  tardes chuvosas
Sobre as manifestações da alma, calmas ou ruidosas?

Se, no meu primeiro poema, eu não tivesse falado de ilusão
E omitido os sentimentos que brotam de meu coração?
Se eu não te tivesse feito mais nenhum poema ou verso
E lhe dissesse que meu ímpeto de inspiração está disperso?

Então, no meu primeiro poema vou tentar dizer
Que neste mundo bonito é preciso viver
Viver, com a intensidade que a alma pede e quer
Satisfazendo os desejos que o corpo faminto requer!

O meu... o teu...
Bem assim...

Euclides Riquetti
01-01-2017





Eu e meus pecados - o último poema...


Aqui estou, meu Senhor
Eu e meus pecados
Não queremos muito, não
Apenas sermos perdoados.

Eu, por havê-los cometido
Por ter perdido,  às vezes,  a razão
Por não ter escutado meu coração.
Eles, por me terem seduzido.

Somos,  ambos,  duas almas descuidadas
Merecemos, assim, o incondicional  o perdão
Não somos da história o vilão
Queremos nossas culpas deletadas!

Preciso em minh' alma toda a alvura
Iniciar 2017 novinho em folha
Então, peço perdão, não tenho escolha
Perdoa-me, Bom Senhor lá das Alturas!

Falo por mim e por meus pecados
E por isso mesmo já vou escrevendo
Não podemos terminar dezembro
Sem que sejamos perdoados
Eu... e meus pecados...

Perdão, Senhor, perdão!!!
Euclides Riquetti