Ator brasileiro Davi Cardoso (A Moreninha), Barzinho, Pelé, Celso Farina, Euclides Riquetti, Ronaldo de Oliveira, Ademir Pedro Belotto
Foi em 1989. Eu era prefeito da cidade de Ouro - ao lado de Capinzal, aqui no Baixo Vale do Rio do Peixe, em Santa Catarina. Fui convidado pelo Sr. Altair Zanchet, Diretor da então Perdigão Agroindustrial, hoje BRF, de Capinzal, para recepcionar Edson Arantes do Nascimento, Pelé, Rei do Futebol, 49 anos, que visitava a planta daquela empresa na cidade onde nasci. Ele se fazia acompanhar de Davi Cardoso, consagrado ator do cinema brasileiro, (galã da novela A Moreninha). Estavam vindo do Pantanal Matogrossense, onde filmavam uma película sobre a Caça aos Jacarés, Pelé e Cardoso eram policiais federais, no filme. Combatiam os caçadores já na época.
Ele se fazia acompanhar de um dos filhos do saudoso Saul Brandalise, acho que o Saulzinho, proprietários da Perdigão. Conhecê-lo, foi uma alegria. O pessoal foi tietar o Pelé, e vi que não perceberam que o ator Davi Cardoso era o seu colega. Ambos foram muito receptivos, a simplicidade estava expressa em seus movimentos, expressões e atitudes.
No início, abordei o Davi Cardosso, falei que, na juventude, eu vira o filme Férias no Sul, em que ele andava de lambreta com a namorada, a bela atriz e Miss Brasil Vera Fischer. Que as filmagens foram em Blumenau e Gramado, cenários com muitas flores, em especial hortênsias. Falou-me que perdera as eleições a prefeito no Mato Grosso do Sul, e que se admirava de eu, tão jovem (35 anos) tivesse sido eleito em Ouro. Contou-me algumas passagens da vida dele, de seu irmão também ator global Mário Cardoso, e dos negócios que tocava com seus familiares, em negócios imobiliários, e outros assuntos.
Fizemos uma passagem por toda a fábrica e o Pelé esbanjava simpatia. Quando passamos pela oficina de manutenção, ele mesmo reuniu todos os mecânicos para uma foto. Pediu para um dos rapazes que estava agachado para que ficasse de pé, pois ali, naquela posição, era o lugar dele mesmo, o lugar da camisa dez. Depois, ao passarmos por uma sessão de cortes de frangos, havia uma jovem que recebia caixas com coxas de vários pesos. Ela, com a mão direita, pegava uma a uma e colocava na balança eletrônica. Vi o peso e as classificava, com diferenças de cinco gramas, atirando-as na caixa correspondente ao seu peso. O Pelé ficou encantado com a habilidade da garota. Foi lá, tirou uma foto com ela (Fotógrafo era o Jaime Baratto e o cinegrafista Arderbal Gaspar Meyer, o Barzinho). Elogiou-a muito e disse que gostaria de que ela jogasse futebol com ele, que ela tinha as mesmas habilidades. O Rei era humilde, bem humorado, carismático e afável para com todas as pessoas.
Por que o Pelé veio para nossa cidade? A resposta me veio numa oportunidade em que fomos para Videira, junto à Sede da Perdigão, com o Nadilce Dambrós, o Valêncio José de Souza e o Frei Nélvio Davi Colle. Na ocasião, fomos solicitar ao Sr. Saul Brandalise, presidente do Grupo Perdigão, apoio para a restauração da matriz São Paulo Apóstolo, de Capinzal. Fomos contemplados com grandes benefícios. Pessoalmente, falei diversos assuntos com Brandalise, que era tio de meu compadre Aníbal Bess Formighieri, marido da Vitória (Brancher), que era sobrinho do empresário. Ele me falou, entre outras coisas, que Pelé só concordava gravar comerciais e produtos se ele mesmo comprovasse a sua qualidade e se conhecesse os métodos de produção, considerando os aspectos ambientais e de não utilização de mão de obra que não fosse perfeitamente legal e com métodos dignos.
Sobre o Pelé, que todos chamavam de Edson na ocasião, quero registrar que virei grande fã dele. E nunca imaginei que o garoto de quem ouvi falar pela primeira vez na Copa de 1958, e eu tinha 5 anos, uma dia se tornaria meu ídolo, e eu pudesse conhecê-lo e passar um dia com ele. Registrando que, na oportunidade, além do staff da Perdigão e o seu, estávamos lá eu, Prefeito Municipal de Ouro, SC, Irineu José Maestri, Prefeito de Capinzal, Celso Farina, ex-prefeito de Capinzal, Altair Zancher, Diretor local da Perdigão, Frei Nélvio Davi Colle, da Paróquia de São Paulo Apóstolo, Ademir Pedro Belotto, locutor da Rádio Capinzal, Jaime Baratto, fotógrafo (Stúdio Foto Real), Ronaldo de Oliveira, fiscal e veterinário da Inspeção Federal. Havia uma senhora, a mãe do Serginho, que fez café e o Pelé elogiou o café dela.
Por alguns dias, Pelé vai ocupar as principais mídias de comunicação do Brasil e do Mundo. Para a História, haverá a eternização como o Rei do Futebol. Para meu coração vascaíno, a honra de ele ter atuado pelo Gigante da Colina. Para todos nós, a certeza de que o Pelé, na pessoa do Edson, ficará em nossa memória como um ser humano magnífico.
Euclides Riquetti