sábado, 9 de setembro de 2017

Atrás da luz do sol



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Atrás da luz do sol está o seu sorriso
Estão seus olhos meigos e brilhantes
Uma mulher muito doce e cativante
Com rosto de fada, com cabelo liso.

A luz do sol me provoca e me atiça
Com seu inefável fogo de esplendor
Traz  essências de perfume e de flor
Cheiro de mulher, de mulher noviça.

Luz que se esconde atrás da luz solar
Luz que se embaralha no astro-rei
Luz que vem a mim para me beijar...

Atrás do astro sol há uma outra luz
Muito mais forte do que eu imaginei
Uma luz eu me atrai e que me seduz!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

De todos os versos, o primeiro

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Gastei muito papel, talvez o caderno inteiro
Para escrever o poema ideal
Algo fenomenal
De todos os versos, o primeiro
O bonito, terno, sensacional.

Eu queria, certamente, encantar
Chamar toda a tua atenção
Fazer teu coração balançar
Tua cabeça repensar
Despertar amor e paixão...

Gastei todo o meu papel
Risquei e rabisquei ternamente
Até embaralhei minha mente
Busquei retratar com  pincel
Algo belo e  surpreendente!

Eu queria, certamente, chamar
Toda a tua  atenção
Dos teus olhos cor de mar
Os teus sonhos, teu sonhar
Tua alma e teu coração...

Sinceramente
Verdadeiramente
Apaixonadamente...
Apenas isso!

Euclides Riquetti

Alvorecer


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Levanta-se, no céu, emerge de atrás dos montes
A luz da foguenta, quente, e avermelhada esfera
Vem tingir, com suas cores, a superfície da terra
Vem  por réstia nas águas dos lagos  e das fontes.

Como um grande bastidor que se suspende no ar
Obra-prima das mãos perfeitas do nosso Criador
Vem  para inspirar-me os versos para te compor
Um poema-oração para que nós possamos  rezar.

É um  alvorecer perfeito, a beleza que se exprime
Na paisagem divinal da bem-aventurada natureza
É o encantamento a revelar o sentimento sublime.

É neste universo amplo, incompreensível e sedutor
Que me entrego a ti, com toda a doçura e a sutileza
Que navego nas nuvens de nosso mundo de amor.

Euclides Riquetti

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Morre Raul Anastácio Pereira, o " Pai do Bolinha"

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Raul Anastácio Pereira, rodeador por familiares, nas dependências
do Teatro Alfredo Sigwalt,em 25/08-2017 - no lançamento do livro-
álbum "Centenário de Joaçaba"



       Joaçaba perdeu, às 17 horas e 10 minutos do dia 06 de setembro de 2017, uma de suas figuras mais ilustres: Raul Anastácio Pereira, conhecido aqui em Joaçaba por "Seu Raul", o "Pai do Bolinha" (Antônio Carlos Pereira). Nascido em 21 de outubro de 2017, em Medeiros, distrito de Barra Velha, aos 19 anos saiu de casa e foi morar em Joinville. Chegou a Joaçaba em 1935, ausentou-se em 1938, indo trabalhar em Santos e depois no Ri de Janeiro, retornando a Joaçaba em 1942, casando-se com Dona Aniela Azubert em 1943.

         O casal teve sete filhos: Ana Maria, Carlos José, Terezinha Odete, Antonio Carlos, Raul Fernando, Maria Angelina, Maria José. Teve 23 netos 11 bisnetos. Implantou e dirigiu a  Livraria e Tipografia Santa Terezinha,até aposentar-se, quando se desfez de seu empreendimento, passando a viver sua vida em Joaçaba, onde andava muito pelas ruas, até os seus últimos dias.

       Recebi dele, em 2011, devidamente autografado, o livro "Velhos Tempos...belos Dias", em que narra a trajetória de sua vida, de suas andanças por outras cidades, até fixar-se, definitivamente, em Chegou ao Centenário de Joaçaba,comemorado no dia 25 de agosto, com seus 100 anos bem vividos. Nos últimos tempos, teve as devidas e bem merecidas homenagens da cidade de Joaçaba, onde escolheu lugar para viver sua vida.

        Seu corpo foi velado na sede da AABB, aqui em Joaçaba, onde ocorreu a celebração de despedida. Centenas de pessoas passaram pelo local para despedir-se de Seu Raul. Estive lá levando o meu abraço afetuoso ao filho Antônio Carlos, o Bolinha, à nora Marina e a outros familiares dele.

        No dia 27, nas dependências do Teatro, por ocasião do livro do Centenário de Joaçaba, ele esteve presente junto com seus familiares. No ano em que Joaçaba fez seus 100 anos, Seu Raul, de 100 anos de idade, foi enaltecido pela comunidade como ícone joaçabense.

        Asos familiares e amigos, nosso sentido e carinhoso abraço!

Euclides Riquetti
07-09-2017 


Lembranças dos desfiles de Sete de Setembro

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          Meu imaginário saudosista me leva de volta à infância em Capinzal. Anos: 1961 a 1964 - Os ensaios de marcha lá no Mater Dolorum, pela Rua Carmelo Zóccoli, em direção ao Sul, para os lados da Pagnoncelli & Hachmann, até as imediações da Fundição. Muitos ensaios, não havia professores de Educação Física ainda. As professoras nos orientavam e as freiras comandavam. E havia o José Carlos Souza que não pisava com o pé esquerdo na batida do Bumbo. A Irmã Terezinha ia à loucura, a professora Marilene Lando tentava insistir para que ele aprendesse. Acho que ele fazia de propósito para zoar com elas...

          Desfile pela Rua Felip Schmidt, no Distrito de Ouro, saindo do Posto de Gasolina que se localizava no meio da Rua da Praia, que depois virou Governador Jorge Lacerda. Indo em direção à Ponte Nova. Havia calçamento apenas até defronte à casa do Amélio Dalsasso. Depois, marchávamos no pó (ou no barro): Soldado que se prezava e amava  o Brasil era corajoso, valente,  e com muito garbo e peito firme marchava, sem olhar para os lados, sem piscar os olhos: "A fronte erguida, o olhar brilhante..." - como no Hino a Capinzal!

          Passávamos pela ponte, dobrávamos à direita defronte ao Cine Glória e íamos até o Campo de Futebol. Ali, um palco especialmente feito com tábuas cedidas pelos Hachmann, os alunos ouvindo os discuros. Uma menina magrela, cabelos escuros, saia azul e camisa social branca com uma logomarca à esquerda, na posição do bolso: BP, de Beliário Pena! A jovem Inelvis, filha do Joanin Serena, lia um texto enaltecendo nossa Pátria, pela qual deveríamos morrer se necessário fosse... E, garbosamente, cantávamos o Hino Nacional.

          Os alunos do Belisário Pena com seu uniforme azul e branco. Num daqueles anos fizeram-lhes umas camisas de brim Santista, azul marinho, com aquelas "golas de padres". O Rosito Masson, o Ademar Miqueloto, O Irenito, o Olino Neis, todos  com aquelas camisas bonitas. Nós, do Mater, também no azul e branco. Mas as Normalistas, ah, essas, sim, com aquelas saias bordô e as camisas marfim/beje, encantadoras. Meu pai, único homem em meio a elas, calça social preta e camisa branca... Mas, muito bonito, era o uniforme do Ginásio Padre Anchieta, com calça social preta ou azul marinho (bem escuro), e aquele uniforme paramilitar, com uns babados na frentes, umas franjas, e  quepe igualmente em azul-marinho. Simplesmente espetacular!

          Todos os estudantes eram obrigados a marchar. Nos anos anteriores ao Governo Militar e também durante. O espírito cívico era algo sagrado que havia em nós. Claro que isso não era unanimidade. Mas havia o respeito pela Pátria em cada um de nós. Podíamos não concordar com os governos, mas queríamos o melhor para nosso país... E querer o melhor para o Brasil era querer o melhor para nós mesmos, nossas famílias.

          E os alunos do Ginásio Normal Juçá Barbosa Callado: Calça de Tergal verde e camisa branca. A maioria pessoas já adultas, que viram no ginásio noturno a oportunidade de estudar. Ah, para todos os uniformes, de todos os colégios, sapatos pretos. Em algumas situações, congas brancas, para algumas alas, especificamente.

          Minhas últimas lembranças de desfiles como estudante me remetem ao ano de 1971, quando concluí meu Técnico em Contabilidade pela então Escola Técnica de Comércio Capinzal: calças pretas e camisa social manga longa vermelho royal. A escola não costumava desfilar, mas convidada que foi, não queria recusar e a sugestão do Diretor Professor Antônio Maliska foi aceita: "Se é para aparecer, então vamos aparecer". E fomos com aquela roupa bem chamativa. Orgulhosos!

          E as fanfarras, muito bem ensaiadas, com os bumbos, caixas, taróis, pratos e cornetas. Lembro, com muita saudade. E, quando vejo fotos antigas daqueles tempos, sinto uma inefável saudade... não sei se dos sentimentos cívicos ou... da força de nossa juventude!

Euclides Riquetti

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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Passeio Faxinal do Céu, Bituruna e Porto União da Vitória





Convidando para quinto passeio ao Jardim Botânico Faxinal do Céu (município de Pinhão – PR), terra do vinho (Bituruna – PR) e Porto União da Vitória. Viagem de fim de semana, dia 30 de setembro e 01 de outubro /2017 pelo projeto:
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Jardim Botânico  Faxinal do Céu

Intercâmbio de Cultura de Turismo – Projeto Maravilhas do Iguaçu V
Data: 30-09-2017 – Sábado
6,00 h - Saída Praça da Catedral de Joaçaba (SC), com destino a Bituruna, Faxinal do Céu, União da Vitória (PR) e Porto União (SC).
7 h 45 min – Parada para café/banheiros em Posto Horizonte (não incluso).
9 h 45 min  – Início visitação  pontos turísticos de Bituruna, vinícolas (Rota do Vinho) e Museu do Vinho Sanber (ingresso não incluso na degustação e visita ao casarão).
12 h – Almoço Restaurante Massas Beponi , do Bepi Maziero (incluso).
13 h 30 min  – Entrada Hotel Grezele
14 h  – Saída para o Jardim Botânico de Faxinal do Céu (onde se encontram todas as espécies de árvores do mundo), com passagem pela barragem da Usina de Foz do Areia, no Rio Iguaçu.
15 h 30 min – Entrada e visitação ao Jardim Botânico
17 h 30 min – Retorno a Bituruna
20 h 30 min – Jantar no Empório Italiano (incluso)
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Bituruna - PR - Terra do Vinho

Dia 01-10-2017 – Domingo
6 h 30 min – ( a partir de...) – Café da manhã no Hotel Grezele (incluso)
8,00 h – Saída para União da Vitória e Porto União, com passagem pela Ponte do Arco, Centro das Cidades, Visitação ao  Mirante do Morro da Cruz, Poço do Monge João Maria, Steinhaegger, Praça do Exército, Marco Zero, Ponte Ferroviária, Estação Ferroviária, Catedral e parada na Praça Coronel Amazonas. 

11 h 30 min – Almoço no Restaurante  Ghidini & Riquetti (incluso)
13,00 h – Ida à Loja da  Havan para compras
14 h – Início do retorno a Joaçaba, com parada em ervateira de General Carneiro e no Posto Horizonte.
19 h – Chegada à Praça da Catedral, em Joaçaba – SC.


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Portal Cidade de Porto União - SC

Observação: Temperatura em Bituruna e Faxinal do Céu  um pouco mais baixa do que a nossa Joaçaba. Recomenda-se calçado fechado para a visitação ao Jardim Botânico.
Investimento: R$ 350,00 por pessoa – Viagem c/ ônibus, acomodação em apartamento Standard, incluindo 02 almoços, 01 jantar, 01 café no hotel.
Contatos/confirmação: Euclides Riquetti – ecriquetti@hotmail.com – (49) 35224874 – 999222188 – (Tim) 998327275 (Tim)


terça-feira, 5 de setembro de 2017

História de dois principezinhos e uma princesinha


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          A princesinha pegou um caderno e um lapisinho, rabiscou algo e passou para o principezinho. O príncipe Luís César estava a catar raízes. Uma raiz de uma planta boa para fazer chás. O Xá do Reino deles era um chato de galochas.  Depois foi tomar um cafezinho no bar do chinesinho, que era seu vizinho. A mulher do chinês fazia limpeza no bar da empresa do marido. A altivez da mulher do chinês era de dar inveja.

          Luís César tinha um primo, Luiz Adriano,  que lhe dava atenção máxima, extrema. A compreensão deste  para com as defecções daquele eram de verdade. O maior defeito dele era não gostar muito de estudar, pois havia muitas matérias chatas. Ambos haveriam de encontrar um meio de gostar delas.  Até que uma xícara de café cairia bem. Daria um pouco de ânimo a eles.

          Os primos planejavam fazer uma viagem. Estavam enrolando-se, então alguém disse: "Viajem logo, pois é  inverno e haverá neve na montanha. Haverá problemas para escalarem as árvores. E, ainda, vocês sabem, terão dificuldade em encontrarem um guia montês por lá se estiver frio".

          Ajeitaram suas mochilas e partiram. Antes, despediram-se da princesa. Sua Alteza era uma bela de uma moça. Uma moça bem moçoila. Cochichavam: "os guardas do palácio tinham cara de chuchu"! As mulheres iam tomar banho de cachoeira e deixavam partes do corpo à mostra", e outros cochichos. Luiz deu a Luís uma amostra do que iriam ver na montanha: tinha uma foto de um urso marrom perseguindo uma hiena. Será que seria perigoso o lugar, além de terem que enfrentar um frio rigoroso?

          No dia aprazado, foram. Deveriam executar o seu plano, sem exceções. Fazer com que seu projeto fosse exitoso de qualquer jeito. Encontraram um velho caçador que morava numa choupana e que fora assessor de um parlamentar cassado, daí ter requerido aposentadoria e se dedicado a guiar pessoas nas montanhas. Os animais que fossem caçados não deveriam ser abatidos. Na verdade, deveriam apenas serem capturados. Uma captura bem diferente das que costumamos ver nos filmes.

         Nas montanhas,  encontraram alguns montanheses trabalhando na lavoura: usavam enxadas para  carpir, foices para roçar,  e enxós para cavoucar nas madeiras e fazer canoas e utensílios caseiros, principalmente gamelas e pilões para a cozinha. Moravam em casinhas pequenas.

          Os simpáticos colonos, de origem japonesa, indicaram-lhes os lugares onde se encontram animais, principalmente raposas e aves raras. Luís César e Luiz Adriano localizaram algumas raposas de pele matizada. Eram matizes de marrom, cinza e branco. Elas são muito ariscas e não se deixam apanhar. E, como já dito, nada de tiros. Caçar, sim, abater, não! E as aves, com suas penugens coloridas, embelezavam grandemente o cenário.

          Pegaram suas câmeras digitais e  fotografaram tudo. Era a melhor maneira de caçar, sem fazer qualquer tipo de mal aos animais. E, ainda, cuidavam de não esbarrar em plantinhas para não prejudicar seu crescimento. Plantas e animais, água muito limpa, neve lá nos picos das montanhas. É assim que se compõe o mais ilustre cenário da natureza. Abater animais, jamais!

          Já em casa, a princesa os esperava com um pote de 2 litros de sorvete Sabrina, importado de Herval d ´Oeste, uma cidadezinha  que fica perto de Joaçaba, no Vale do Rio do Peixe, em Santa Catarina.  Tomaram todo o sorvete, que estava  muito delicioso. E, juntos, postaram as fotos no facebook, ganhando milhares de curtidas, centenas de comentários e  dezenas de compartilhamentos.

Foi uma bela de uma caçada, em que todos ganharam, ninguém perdeu. E, sobretudo, ganhou a natureza, que foi preservada.

Euclides Riquetti

Todas as rosas do mundo


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Imaginei que se eu te mandasse
Todas as rosas que há no mundo
De todas as cores que eu encontrasse
Dos solos mais férteis, mais fecundos
Quem sabe, tu te lembrasses
Que um dia te dei meu amor profundo...

Imaginei que as mais perfumadas
Todas as que estão nos vasos
As amarelas, as brancas, as rosadas
As que se misturam aos cravos
São todas flores abençoadas
Que libertam  os corações escravos.

Mas de que adiantaria
Mandar-te todas as flores
Se tu não as perceberias
Mesmo com seus perfumes e cores?

Assim, dou-te uma única rosa
Dou-ta com amor e paixão
E, quem sabe, com isso eu possa
Conquistar teu coração?

Ah, mas se eu pudesse
Mesmo que tu não quisesses
Eu ter mandaria um montão
De rosas, amor e paixão!

Euclides Riquetti

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

O Assalto Frustrado em Ouro há 37 anos

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          Setembro de 1980, eu havia voltado há poucos meses ao Ouro.  Lecionava na Escola Sílvio Santos. Em setembro, a oportunidade de ganhar um dinheirinho extra. Fui contratado para trabalhar durante o mês  na execução do serviço de recenseamento de toda a área urbana do município. Lá fui eu, de casa em casa, mapa da cidade na mão, maletinha  do IBGE sob o braço.  Era a época ideal para isso, estávamos  fugindo do Inverno, prestes a chegarmos à Primavera.

          Meu supervisor era o Rogério Baretta. Fizemos, em agosto, o  treinamento nas dependências do antigo Ginásio Padre Anchieta, juntamente com o pessoal de Capinzal. Naquela cidade, lembro que havia o Bragato e o Régis Golin atuando. Eu tinha outros companheiros: o Dirceu Cadore, popular Cadorna, na ára rural, e Francisco Miquelotto, na região de Linha Sete de Setembro. Lembro bem desses.

          Eu havia ficado oito anos morando fora, entre Porto União da Vitória e Duas Pontes, hoje Zortéa. Muitas pessoas não me conheciam mais. Comecei pelo centro da cidade, fui para o Bairro Navegantes e depois para o Parque e Jardim Ouro. Havia, no máximo, trinta famílias somando-se os dois bairros.

          Tenho alguns  fatos que ficaram fortemente registrados em minha memória. Primeiro, quando fui fazer o censo na casa do João Tessaro, ali na Rua Pinheiro Machado, ao terminar, agradeci a atenção da Dona Jaci e ela foi cuidar de seus afazeres domésticos. Ao descer da escada, revestida com cacos de cerâmica, foi "um tombo só". Fui parar lá na rua. Olhei para todos os lados e não vi ninguém, graças a Deus. Ia ser uma vergonha para mim. Uns pequenos esfolões, mas o produto do meu trabalho estava salvo: a maleta preservada, com os formulários dentro. Os óculos, que voaram longe, também intactos. Bem, os esfolões seriam resolvidos com um pouco de mertiolate...

          Dias depois, o maior e mais inesperado ( e inusitado) acontecimento da história de minha cidade: o assalto ao Banco Bamerindus. Lá trabalhavam alguns amigos e alunos, dentre eles: Minha futura cunhada, Marise Früauf, a Zanete Helt (Miqueloto), que virou minha comadre, O Ladir Reina, filho do Texaco, o Ivan Vitorazzi, sobrinho de minha madrinha Raquel, e o vigia, Onorino da Silva, irmão do Terto, e outros.

          Três bandidos, sendo um  menor em idade, que vieram de São Paulo para trabalhar na construção de um frigorífico em Capinzal, realizaram o assalto ao Banco, no horário de almoço.  Lembro que fecharam alguns funcionários no banheiro. Minha cunhada estava voltando do almoço com meu irmão, Piro,  e viram que o assalto estava acontecendo. Tiveram sorte. Funcionários, como o Texaco e o Onorino, foram feridos.

          A notícia espalhou-se em instantes pela cidade.As pessoas colocaram um caminhão atravessado em cada saída da Felip Schmidt para que os assaltantes não pudessem fugir. Lembro que algumas pessoas atiravam contra o Banco, como o Sr. Santo Segalin, com espingarda, e o Rangel, conhecido como  "Alemão da Carlota",  com seu 38.

          Mas a bravura maior veio com o então Delegado de Polícia, Sargento Pedro Morosini, que adentrou à agência dando tiros nos bandidos. Até saía fumaça pela porta, de tantos tiros trocados. Quando acabaram as balas, de ambos os lados, os assaltantes partiram de faca para cima do amigo  Mosorini, que acabou sendo projetado por sobre um banco de corvin preto (aquele em que a gente senta na frente do gerente para pedir empréstimo...) e ficou  defendendo-se com os pés.  Levou golpes de  faca na cabeça, tendo, inclusive, restado uma ponta de faca alojada ali  próximo do cérebro. E alguns chumbos de tiros de espingarda restaram cravados em seu pé.

          Foi um grande e sangrento combate: Ao final, dois assaltante mortos, estendidos ao chão. E o menor, sendo conduzido a pé, pelo Carleto Póggere, que o segurava pelo pescoço com o braço esquerdo e carregava seu revólver na mão direita. Encontrei-o e ele me disse: "Esse não vai incomodar mais ninguém", e o levou para a Cadeia do Ouro. Este, depois, foi recambiado para São Paulo, terra de origem.

          O Delegado Morosini teve muitos ferimentos. Mas, com coturno nos pés, defendeu-se bravamente dos golpes de faca desferido contra ele. E teve muita sorte de sobreviver.

          Nos dias que se seguiram, o pânico rondava as casas. Mal escurecia e todos trancavam portas e janelas. O trauma levou muitos meses para ser amenizado. Eu lembro que, quando fui fazer o censo na casa do Serafim Andrioni, a esposa dele não queria abrir a porta porque não me conhecia. E, na época, a cidade tinha 6.000 habitantes. Só depois que eu disse que era o filho do Guerino Riquetti que havia estudado em Porto União e voltado para casa,  que ela concordou em abrir.

         Seguramente,o assalto  foi um fato que ficará registrado em nossa Hístória. Já são 37 anos passados. Mas, coisas assim, a gente não esquece nunca...

Euclides Riquetti