sábado, 7 de novembro de 2015

Sonhos prateados

 Quando você estiver desolada, sentindo-se diminuída de vez
Quando você estiver injuriada porque não lhe deram o devido valor
Recusaram seu coração, rejeitaram seu infinito amor
Pense que há, em algum lugar,  quem ainda esteja rezando por você.

Quando você estiver sem entender o porquê de algumas coisas acontecerem
Quando você estiver desesperançada porque seus projetos pessoais foram frustrados
Olhe para trás e veja que em muitos deles você teve bons resultados
Veja que nem tudo é ouro, mas você pode ainda ter seus sonhos realizados.

Quando você julgar que não tem mais um ombro para se amparar
Quando você estiver com o ânimo abalado, porque julga que tudo está perdido
Imagine quão grande é o mundo e que alguém ainda espera por seu sorriso
E que moveria montanhas apenas para seus lábios beijar.

Então, cuide bem de seus sonhos prateados
Eles ainda a levarão a algum lugar
E você poderá ver, com seus olhos encantados
Que valeu-lhe  a pena me  esperar!

Euclides Riquetti

Emendando latas...você lembra disso?


          Certamente que você, sessentão (ona), já inserido na sociedade consumista,  não olha com bons olhos toda aquele montoeira de lixo que sai de sua casa, diariamente, para que o caminhão a leve para o lixão, o aterro, ou a usina. E você passa a verificar, (e analisar)  quanta coisa boa está indo para o lixo.

          Já fomos da geração dos hippies, da  coca-cola, do chicletes, do x-burguer... Mas já fomos da geração das latinhas emendadas, lembra?  Aquela em que, nas casas, todos zelozamente faziam furinhos nos cantos extremos da lata de azeite, retangular, com um preguinhos, para não estragar o vasilhame e aproveitá-lo para alguma coisa? Ah, duvido que não!

        Meu lado "antigamente" levou-me, hoje, para os tempos do óleo "Primor" e do "Sol Levante", produzidos com o legítimo caroço de algodão, embalado em latas, que "quem podia", comprava para compor os temperos das saladas. Sim, só para isso,  porque, para cozer, somente usavam  banha. Até lembrei-me que, em 84, no dia 7 de setembro, encontrei o Saul Parisotto, ali na XV, em Capinzal e eu estava de muletas, perna direita com gesso. E ele: "E aí, Riquetti, o que aconteceu?" - Expliquei-lhe que quebrara a perna, dois rachos no perônio, um na tíbia, ali no Arabutã, jogando futebol na friíssima  manhã de 22 de julho, o dia mais gelado de 1984. E, ele, prontamente: "Sempre digo que os ossos das pessoas estão ficando fracos. É o óleo de soja! Quando cozinhavam com banha isso quase que não acontecia! De repente que ele tenha razão.


          A partir da década de 1970, com a introdução das plantações de soja nos estados do Sul, o óleo comestível passou a  ocupar o lugar que antes era da banha, mas não é essa a questão que quero abordar...

          Bem, no meu antigamente, década de 1960, havia pelo menos três funilarias no antigo Rio Capinzal: a do Santo Segalin (com o filho Nilton), na Felip Schmidt, próxima ao Clube Floresta; a do Valdomiro Morosini, na Rua Narciso Barison, em que trabalhavam com ele o Paulino Teixeira e seus filhos, inclusive o que virou "Sargento Teixeira", e o Nelson Morosini. E, na Rua Dona Linda Santos, um pouco depois, a do Carlos Segalin, que também estabeleceu-se por conta própria. Todos originários da do Santo.

          Todos eles eram mestres em emendar latinhas. As pessoas guardavam as latas de óleo  vazias, levavam para eles, e eles faziam-lhes utensílios. Aparavam as bordas de cima, rebitavam e estanhavam-lhes os cabos, e tínhamos belos canecos, para usar na tirada do leite, para beber água na fonte, ou para apanhar a água que fervia na panelona de alumínio, a qual  descansava na chapa do fogão a lenha e jogar sobre a louça na pia. Ah, quantos canecos "Primor e Sol Levante".

          Mas outras coisas bem mais valiosas também eram feitas com as chapas das latas abertas e justapostas: chuveiros de campana, banheirinhas para bebês, bacias para amassar o pão, e  formas para assar pães, redondas, retangulares, onduladas.  E, com isso, além de se ter economia, não se produzia o incontável lixo que hoje se produz.

          Lembro bem  do preciso trabalho desses artesãos. Soldavam,  utilizando estanho, a ponta do soldador envolvida em brasas para ficar superaquecida, o fole acionado com as mãos ou os pés para soprar o oxigênio e manter os carvões bem acesos. E o capricho, o carinho empregado em cada peça produzida, como se fora para si próprio!

          Hoje tudo é prático. Os produtos vêm com as mais criativas e bem desenhadas embalagens e, ao fim do dia, temos todo aquele lixo para jogar fora. Olhamos para tudo aquilo: garrafas, copos, pacotes, pratos, bandejas, cordões, fitas, tudo coisa muito bonita, usados somente uma vez, e indo para o lixo... Quanto desperdício! E pensar que, antigamente, vivíamos sem tudo isso. Mas também sem ficar, a toda a hora, escutando notícias de que lá, em algum lugar, choveu muito e a água levou todas as garrafas pet e pacotes de plástico para as valetas, trancou as bocas dos bueiros e deu aquela inundação...

Euclides Riquetti
22-03-2013

Sinfonia na manhã de novembro

A sinfonia do passaredo me acorda
Neste  primeiro sábado de novembro...
É o novembro das madrugadas quentes
É o novembro das almas  que se tocam
É o novembro dos pensamentos que atiçam as mentes...

Reviro as páginas antigas de meus bagunçados apontamentos
E me vêm à mente as  lembranças de momentos
De antigas primaveras, antigos verões
De antigos versos, antigas melodias e canções
Porque, simplesmente, é novembro!

É uma manhã pra  pensar em ti
É uma  manhã pra rezar por ti.
É uma manhã para olhar o céu e nada pedir
Apenas agradecer por estar aqui
Apenas me alegrar por existir!


Me voltam os embalos das noites e tardes dançantes
De corpos que bailam, que acalentam, que seduzem
Há  lábios rosados, azulados,  vermelhos que reluzem
Há  risos que me afagam e  mãos que me conduzem
Há um rosto num corpo, um corpo a me provocar...

Eu divago no despertar pela  soberana orquestra
Harmoniosa  na manhã de novembro, extensa aldeia em festa
Não haverá, jamais, outra sensação como esta:
Regida pela mão de Deus, habilidosa Maestra
Vem como a suave brisa,  vem me acariciar.

Euclides Riquetti

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Deixe-se levar ... pelo pensamento!

Segure-se no céu azul, agarre-se no firmamento
Deixe-se levar pelo pensamento
Deixe seu corpo levar-se, transportar-se
Pelas ondas do ar, pelas asas do vento...

Jogue um pedaço dessa imensidão azul para colorir o mar
Jogue os raios do sol para azular a água
Jogue a morenice de sua pele para colorir a areia
Use o calor de minhas mãos para enxugar suas lágrimas...

Escute a música  que vem de meu coração
Sinta o sabor dos beijos que eu lhe dei um dia
Transforme meus versos numa bela canção
Seja os acordes de minha melodia.

E então, pouse como a gaivota sobre a areia quente
Mergulhe seus pés nas vagas turbulentas
E ouça  o poema que eu lhe disse num repente
Inspirado em almas brancas, mas  vorazes e sedentas.

Euclides Riquetti

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

ANC - Associação Nova Concórdia - vida sustentável!

         Para quem ainda não conhece, ou não visitou ainda, a Associação Nova Concórdia (ANC) poderia ser apenas uma comunidade formada por pessoas advindas da cidade de Concórdia, aqui do Estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil. Porém, quem acompanhou sua história, desde o tempo que a ideia foi trazida à cidade de Ouro, SC, pelo Dr. Alexandre Dittrich Buhr, então juiz da Comarca de Capinzal, a ANC, localizada na comunidade de Serra Alta, na divisa com Larcerdópolis, numa altitude de 970 metros,  representa uma grata e feliz realidade. Sempre admirei o trabalho desse grupo de pessoas, que tem ideais de vida bem definidos, que sabem o que querem dela. Pouco ou nada a ver com a cidade próxima,  e sim com o espírito de concórdia, engajamento e cooperação de seus associados.

           Se você, leitor, leitora, acessar o site www.associacaonovaconcordia.org.br/, verificará algumas informações sobre o que é a entidade e quais os seus projetos para o presente e o futuro. Para o presente, alguns projetos estão consolidados, como o observatório lítico, florais anc, mel silvestre, os lagos, o paisagismo, os cavalos crioulos e outros. Para o futuro, uma pirâmide e um observatório espacial. No site,  você conhecerá os projetos e algumas belas fotos do lugar onde está instalada. Porém, se você agendar uma visita e for com seus amigos conhecer a beleza natural do lugar, o pensamento e o modo de vida das pessoas, suas práticas de sustentabilidade, e compreender quais os objetivos e ideais daquela comunidade, vai ganhar muito em termos de conhecimento, desde sobre práticas ambientais e sanitárias, até de astronomia.

          Estivemos lá no sábado, 31, quando fomos recebidos pelo Julinho Bianchi (que foi gerente do BESC em Capinzal), o Doutor Alexandre, e associados de outros estados (RS, RJ e SP). Também reencontramos moradores das redondezas, das famílias Miqueloto, Bonamigo, Orso e outros. Muitas novas experiências, empatia, boa conversa, fraternidade! Lugar de paz, harmonia, tranquilidade!

          Já na estrada de acesso, numa das margens a fileira de hortênsias azuis e, na outra, de lírios amarelo-laranja. Beleza ímpar... à direita. Para saudar os visitantes, o Tori, portal que representa a separação do mundo  físico do espiritual, edificado em madeira de lei, legal, com duas colunas e duas vigas transversais que representam a terra.  A Casa Mãe, onde funciona a Academia para a Ciência Futura e a casa de apoio. Ainda, a casa de  modelo inspirado na arquitetura japonesa, do Dr. Alexandre e da Dona Magda. Abaixo, em fase final de construção, uma em modelo grego. Outra moderna, do  Engenheiro Adriano Buhr, que criou uma sistema de esgotamento sanitário individual, com vaso de fibra, em que os dejetos humanos sólidos e líquidos destinam-se em separado, uma caixa de compostagem. Depois, uma casa em arquitetura mineira, um chalé holandês e outra de que não lembro a origem.


         As ruas (Avenida das Nações e Mahatma Gandhi, por exemplo), de mão única, com meio-fio pintado de amarelo (proibido estacionar), placa indicando velocidade máxima de 20 Km, chão britado, extensos gramados ao meio, flores diversas, estacionamento defronte à casa-mãe.


No site, você encontrará, inicialmente, a identidade da mesma:

"A  Associação Nova Concórdia (ANC) é uma sociedade civil sem fins lucrativos e tem como objeto social o estabelecimento de um projeto de auto sustentabilidade energético e alimentar, ecologicamente equilibrado, bem como a criação de um local para convivência humanitária que visa promover atividades de responsabilidade social, espirituais, educativas, científicas e filosóficas, voltadas para o desenvolvimento da dignidade da pessoa humana." 

Vale a pena conhecer a ANC pelo que ela representa e pelo engajamento sério dos seus associados. Um grande apoiador, acredito que seja o patrono, é norte-americano, que já esteve ali palestrando e que tem livros publicados em diversos idiomas e é muito lido no mundo: James Jacob Hurtak P.hd, P.hd,,  que sugiro a vocês sobre ele pesquisarem e conhecerem. Nos ensinará muito. Finalizo com um dito dele, que nos remete à reflexão:

         
"Os nossos estágios de crescimento ocorrem não só nos nossos corpos Eu Superior, mas dentro da nossa família espiritual através do exercício de tolerância e compreensão, que vêm de um nível mais alto de Amor Incondicional".

 

O Despertar do Eu Superior p.13, Hurtak, P.hd, P.hd.

Euclides Riquetti
06-11-2015









































 
   


 

Tentei inventar

No dia do inventor
Tentei inventar
Algo fascinante
Uma coisa muito marcante
Para te encantar!

No dia do professor
Tentei te ensinar
Uma forma mirabolante
Uma maneira deslumbrante
De me conquistar.

No dia do escritor
Tentei escrever
Um poema apaixonado
Algo muito inspirado
Que te possa envolver.

No dia do pintor
Consegui retratar
Numa tela de tecido
Teu corpo esculpido
Na beira do mar!

Euclides Riquetti
05-11-2015











quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Revista "O Cruzeiro" e o "Amigo da Onça"


Revivendo ... mais um pouco!

          Ao final de 1928, quando se avizinhava  a maior crise econômica que abalou a História, o Embaixador Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, lançou uma revista que pretendia que se tornasse a "revista de todos os brasileiros", que circulasse, semanalmente, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, em todos os municípios brasileiros. Chatô, como ficou conhecido, já  era dono de alguns jornais diários nas principais cidades brasileiras. Jornalista por vocação e advogado,  ingressou na Faculdade de Direito do Recife aos 15 anos. Adiante, o Rio e São Paulo passaram a ser o chão do paraibano.

          O Grupo que ele liderava tinha muito conhecimento na área editorial impressa e,  então,  recrutou os "melhores dentre os melhores da época" para trabalhar na Revista, capitaneados por Davi Nasser. "O Cruzeiro" chegava às cidades por trem, ônibus, barcos, aeronaves, enfim, por todos os meios possíveis naquele tempo.

          Quando criança, eu via nas bancas da Livraria Central, ali de nossa Rio Capinzal, a já famosa revista, que iciciou com 50.000 exemplares e que, quando do suicídio de Getúlio Vargas, atingiu 720.000, mantendo-se asssim doravante. Em 23 de outubro de 1943, passou a incluir um novo atrativo semanalmente, a charge mais famosa e mais comemorada da História, a do "Amigo da Onça".

          Disputando o precioso espaço da revista, que trazia belas fotos de misses, cobrindo sempre com maestria os Concursos de Miss Brasil e de Miss Universo, a charge de humor, com aquele desenho de um cidadão magro, e com aquelas entradas brancas em meio ao cabelo escuro, que o cartunista Péricles Andrade  criou, passou a fazer parte das expectativas dos leitores que, tão logo dispunham do exemplar na mão, iam direto buscar o "Amigo da Onça".

          Mas a revista, muito moderna, nos trazia as notícias do mundo todo, colocava em suas páginas os políticos, os belos automóveis importados dos Estados Unidos e da Alemanha, o Carnaval Carioca, os prédios e viadutos das cidades, o Pão de Açúcar, e muitas outras atrações, em suas reportagens impecáveis e linguagem de fácil compreensão, tanto escrita quanto visual. Era determinado, tinha uma extraordinária visão empreendedora, e outorgava direitos e obrigações a seus colaboradores com facilidade. Tinha aliados e não empregados. Quando necessário, confrontava-se com autoridades que apoiara para chegar ao Poder. Não misturava jornalismo com amizade.

          Adiante, passou a ter sérias concorrentes, com o lançamento de "Manchete" e de "Fatos e Fotos", que seguiam um formato muito parecido com o de sua criação.  "O Cruzeiro" sobreviveu até 1975, teve uma vida de quase meio século, e a principal causa de seu desaparecimento foi que o grupo Diários Associados passou a priorizar mídia televisiva e radiofônica, inclusive com a criação das Rádio e Televisão Tupi, principalmente após a morte de Chatô.   Uma pena, porque seus registros vieram, no século passado, mantendo preservados, de forma concreta, os principais acontecimentos do Brasil.

           Admirador das artes, fundou o MASP, Museu de Arte de São Paulo. Em seus últimos anos de vida, datilografava seus textos com uma máquina de escrever adaptada, em razão de paraplegia ocacionada por uma trombose.

          O legado maior que "O Cruzeiro" nos deixou foi a personagem "O Amigo da Onça". Em muitos escritórios, restaurantes, postos de gasolina e padarias, era normal ver recortes das charges que o incluíam fixadas na parede. A mim, a lembrança mais marcante é a de uma que o Barbeiro Alcides Spielmann tinha na parede da barbearia, ali no Ouro, em que a personagem estava cortanto barba e cabelo de um cliente e um cachorrinho se colocava ali ao lado da cadeira. E o "Amigo da Onça" lhe dizia: "Calma, Totó, que vai sobrar uma orelhinha pra você também". Era mais ou menos  isso a frase...

         Nossa divertida figura tem seu nome, até hoje, aliado a situações em que alguém que parece amigo, constitui-se num misto de traidor e aproveitador: um amigo da onça! Parece, mas não é!

Euclides Riquetti
07-04-2013

Quero me perder contigo

Quero te beijar
Me deliciar
Quero te dar
Um beijo com gosto de chima...

Pode ser aquele roubado
Ou aquele duramente conquistado
Deliciosamente degustado
Com sabor de chima...

Um beijo depois de uma cuia de mate
Acompanhado de chocolate
Junto com o desejo que bate
No sorver de nosso chima...

Pode ser um beijo curtinho
Mas dado com todo o carinho
Levemente, de mansinho
Mas delicioso como o chima...

Quero mais do que um beijo de amigo
Quero um beijo caliente
Quero um corpo efervescente
Quero me perder contigo!

E dar-lhe um beijinho
Gostoso:
Com sabor de chima
E de Diamante Negro!

Euclides Riquetti

Luiz Faccioni - o colono inventor

Homenagem aos inventores, em seu dia:
          Em outubro de 1910, quando inauguraram a estrada de Ferro da Rede Viação Paraná Santa Catarina, mais tarde RFFSA, já havia muitas famílias morando em Rio Capinzal e no então Distrito de Abelardo Luz. E, pela questão do Contestado, Abelardo Luz, hoje Ouro, não pertencia a Santa Catarina e sim à cidade de Palmas, Paraná.

          Ocorre que, pela conveniência da história, contada pela "classe dominante", sempre se omitiu dizer que havia, em Ouro, muitos caboclos e "brasileiros" antes da chegada dos descendentes de italianos. (Se buscarmos a literatura histórica do saudoso amigo Dr. vítor Almeida, vamos ver que é um pouco diferente do que se propagou durante os anos). Mas, em reuniões que realizei, há 10 anos, nas diversas comunidades do Ouro, com as pessoas mais idosas, levantei que antes de nossos italianos havia, por exemplo, os Teixeira Andrade, em Linha Bonita (1902), o Veríssimo Américo Ribeiro (viram d Vacaria em 1919, mas ainda não havia italianos ali), e outros em Pinheiro Baixo, e um "tal Francisco D ´amendoa e um Benedito", em Leãozinho, e os Silva, em Pinheiro Alto. Os Teixeira Andrade e os Américo Ribeiro adquiriram sua terras. Os outros eram considerados posseiros.

          Pois bem, em Pinheiro Alto até hoje é bom escutar as histórias contadas pelos Morés, Masson  Dambrós e  Borsatti. Quando se reunem para jogar baralho ou bochas, no pavilhão da comunidade, tomando um brodo no inverno,  ou umas birotas, é até bom só ficar ouvindo-os contarem as histórias. E eles riem até dos próprios infortúnios.

          Uma das histórias que mais me marcaram foi a sobre Sr. Luiz Faccioni, um dos primeiros a chegar. Contam os que ali ainda vivem que este senhor era um grande inventor. Tinha farta imaginação e tudo o que imaginava gostava de materializar. Enquanto carpia ou roçava, pensava. Pensava muito. E, nos dias de chuva, procurava dar forma às suas ideias. Gostava de inventar máquinas e equipamentos. Até  inventou uma máquina de costura, feita em madeira. fez as agulhas com espinhos de laranjeira, que quebravam facilmente e isso o deixava irritado, mas não desistia nunca.

          Agora, do que mais riem nossos amigos lá, é da história das asas. De certa feita, com madeiras leves e panos, confeccionou um par de asas. Queria voar. Se os pássaros voavam, era possível que ele também pudesse voar. Amarrava-as ao corpo, às costas, e corria pelo pátio, ali onde morou, até recentemente, o Mário Masson. Fica numa estradinha que dá acesso à estrada geral, indo-se do sentido da cidade para lá,  uns dois quilometros antes da Igreja, à direita.

          E chegou o grande dia. reuniu esposa e filhos e falou-lhes, em seu dialeto italiano, que tinha chegado a hora. ia fazer sua primeira viagem voando. Voaria até Caxias do Sul, onde rencontraria seus parentes. Depois voltaria para o Pinheiro Alto. E, se as asas fossem aprovadas, faria depois umas que lhe permitissem voar até a Itália...

           E, no dia escolhido, subiu ao sótão da casa  e  fixou, com a ajuda dos filhos seu par de asas. Despediu-se e planou... Seu voo breve deu-se até sobre os arames do parreiral, onde quebrou umas costelas. A notícia logo espalhou-se pelas redondezas.

          Conta-me o amigo Deoclides Rech que ele era bem criança ná época e foi com seus pais visitar o vizinho que, além de algumas costelas quebradas estava com muitos hematomas pelo corpo. Lá, ainda encontrou a Vicenza Masson, uma menina da comunidade.

          Agora, o Vovô Deoclides vive com o filho Vanderley, a nora Jussara, e o neto Vanderlan,  na Vila Unidos, no mesmo local ainda. A Dona Vicenza  faleceu há quase dois anos. Hoje,  quando contam essa história, riem muito. E fazem a gente rir junto!
 
Euclides Riquetti

Busquei esquecer-te

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Sentimentos...


Trabalho com sentimentos
Eles são o formão de meu ofício
Com eles componho poemas aos centos
Nas madrugadas, nas noites, em todos os momentos
Sem nenhum sacrifício...

Moldar versos é minha ocupação
Para chamar tua atenção, atrair teu olhar
Combiná-los em estrofes,  minha paixão
No meu quarto, na rua, ou na beira do mar
Dou-lhes vida, luz, emoção!

Espalho-os pelo mundo como o vento
Espalha os perfumes da primavera
Levando minha alegria ou meu lamento
Propago-os no espaço e no tempo
Tão longo quanto os anos de espera...

Os sentimentos são minha matéria
Os meus, os teus, os nossos
E fazer com que ganhem artérias
Corpo, alma, coração
Com leveza e com paixão
É tudo o que eu posso...

Os sentimentos nasceram para meus encantos
Para provocar a alegria
Para nos lembrar da nostalgia
Para fazer brotarem as lágrimas nos prantos...

Sentimentos, ah, sim, sentimentos na paixão exacerbada
Que me brotaram no entardecer
E me acordaram  na madrugada
Para compor-te este poema
E te oferecer!

Euclides Riquetti

Dia do (a) Cebeleireiro (a): Parabéns a você!

          Já fui bom de cabelo... até meus 25 anos, quando o deixava solto e batendo nos ombros. Mas, como bem dizem, nem tudo é eterno!

          Neste dia 03 de novembro, em muitos lugares do mundo, é comemorado o dia de quem tem as mãos habilidosas em manusear uma tesoura para cortar os cabelos de gente que gosta de ficar mais bonita. Homens e mulheres, cabeleireiros, cabeleireiras ou barbeiros, estão na vida das pessoas, muitas vezes se tornando seus conselheiros e até confidentes. Imagine quantos segredos rolam entre esses confidentes. Pela circunstância do ofício, têm uma proximidade em que um age e o outro interage, em elocuções que navegam por temas os mais diversos, do papo razoável à simples conversa "jogada fora", mas tudo muito terapêutico.

          Esses profissionais têm clientes fiéis. Dificilmente alguém fica trocando-os por outros, tanto os homens quanto as mulheres. Os primeiros a colocarem as  mãos na minha cabeça foram, pela ordem, meu pai, o filho de meu padrinho, Etefenito (Estefano) Frank, o Alcides Spielmann, (no Ouro), o pessoal do Salão dos Estudantes (em União da Vitória), o Surdi, em Capinzal, o Calgaro e seu filho Neguito (Adriano), no Ouro. E algumas cabeleireiras. Somente esses, ninguém mais. E, aqui em Joaçaba, sem chances! Eu mesmo faço o serviço, duas ou três vezes por semana.

         Costumo dizer que uma pessoa que cuida de seu corpo, em especial de  seus dentes e de seus cabelos, é sempre muito bem apresentável. Claro que, a isso, se deve acrescentar os bons modos, a boa fala, a discrição, o fino trato...

          Mas as cabeleireiras, em especial, têm uma importância muito especial em nossa vida: elas têm o poder de deixarem as mulheres mais bonitas, mais sedutoras. Agregam ao seu trabalho, além do corte, a lavação, a tintura, tratamentos especiais e o penteado. Num simples olhar, num pequeno toque de mãos, já avaliam o tamanho do tratamento que os cabelos requerem, há quanto tempo deixou de ser cuidado, o que é preciso para restabelecer-lhes a energia, a maciez, a leveza e a...Beleza! Homens gostam de acariciar cabelos sequinhos, bem cortados, perfumados... Uaaaauuu! Delícia!!!

          Há que se considerar, também, que eles são autênticos ouvidores das lamentações dos que se sentem abalados emocionalmente. Mesmo que estejam com dores na coluna, de tanto trabalharem de pé e arcando o corpo, ou com dores nos braços, de tanto repetirem movimentos. Mas, ao final do trabalho, verem que conseguiram deixar uma cliente ou cliente satisfeita (o), que realizaram uma "obra de arte", recebem uma paga adicional: um simpático e franco sorriso!

          Então, cabeleireiro, cabeleireira, parabéns pelo seu dia! Continue a transformar, para melhor, a vida das pessoas! Com as bênçãos de São Martinho de Porres e minhas felicitações pessoais!

Euclides Riquetti
03-11-2015
         

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Se ela te pedir uma estrela...


Se ela te pedir uma estrela, promete que irás buscar
Se ela te pedir o céu, promete que ela o terá
Se ela precisar de um ombro para chorar
Encosta-te nela e deixa que chore...
Mas jamais deixa de dar-lhe a atenção que ela espera  e merece.

Depois, dize-lhe que as estrelas estão no brilho dos olhos dela
Que o céu ela já o tem no seu coração
E que teu ombro sempre estará, como sempre esteve
Ali pronto para ampará-la em todos os momentos
E que é por isso mesmo que o amor sempre se renova e sempre permanece.

Se ela te pedir balinhas de açúcar, dá-lhe o doce do teu beijo
Se ela te pedir que lhe recite um poema e tu não sabes, afaga-lhe o rosto com a mão
Se ela estiver esperando um presente no dia dos namorados, dá-lhe, mais uma vez,  teu coração
E faze com que ela se sinta uma princesa, amada, querida e respeitada
Como se fora, é é, a coisa mais importante de tua vida.


Euclides Riquetti

Dia de Finados

          Neste dia consagrado aos mortos, quero, respeitosamente, congratular-me com todos os meus leitores que já perderam familiares, pessoas próximas e amigos queridos. O ser humano, sensível, sofre quando perde entes que muito ama.

          Hoje, rezei pelos meus amados e saudosos pais, Guerino (falecido em 1977), e Dorvalina Adélia Baretta  (falecida em 2000). E pelo meu irmão Ironi Vítor, que partiu, aos 51 anos, em 1998. Sempre sonho com todos eles, parece-me, então,  reviver a realidade como se ainda estivessem conosco. Também por meus cunhados Anílton (Kiko) e Círio Carmignan, o primeiro descansando em Pato Branco e este em Araucária. Ainda, para meus ex-colegas de trabalho e ex-alunos que partiram antes de nós, para as pessoas que fui conhecendo, ao longo da vida, nas cidades onde morei: Capinzal, Ouro, Porto União, União da Vitória, Zortéa e, agora, Joaçaba.

          Costumo dizer que precisamos viver bem e com dignidade  aqui na Terra,  fazer o bem, querer que todos estejam bem e que fiquem bem. procuro fazer a minha parte, oriento as pessoas de quem me aproximo para que tenham a vida saudável e que estimulem a alegria, rejeitando a melancolia, que uma forma de dar saúde física e mental a nós mesmos.

         Que Deus dê muita paz aos que se foram e saúde e longevidade aos que aqui estão!

Euclides Riquetti
02-11-2015



         

Lembranças dos campinhos de futebol - segunda parte

          Já me referi a campinhos de futebol aqui e hoje volto ao tema. E voltarei também com a terceira parte...

          Na minha adolescência, joguei bola em diversos campinhos de Capinzal e Ouro. Na juventude, também, em União da Vitória. Um dos que mais me marcou foi o que implantamos na beira do Rio do Peixe, na margem direita, entre a barragem da usina hidrelétrica da família Zortéa e a Ponte Irineu Bornhausen.
          Havia uma estrada abandonada, a qual vinha da parte sul da cidade e dirigia-se para o norte, no sentido de Joaçaba. Com a construção da "ponte nova", a estrada foi desativada, restando apenas a que hoje se diz "Rua do Beco", que o prefeito Ivo Luiz Bazzo, em 1982, propôs denominar-se Rua Giavarino Andrioni, o Bijuja, juntamente com a antiga Rua Brasília, que segue reta da ponte em direção ao Bairro Nossa Senhora dos Navegantes, cujo nome oficial passou a ser "Professor Guerino Riquetti", numa homenagem que ele fez a meu saudoso pai, e cujo projeto, de ambas, foi aprovado pela Câmara de Vereadores do Município. Pois, nesse campinho, jogávamos ao final das tardes, especialmente na primavera e no verão, e nos feriados e fins de semana.

         Ali era o local de nosso encontro diário. Os jogadores do Palmeirinhas, todos de pés descalços, brincavam muito. Formávamos vários times, com cinco, seis, ou até sete jogadores. Ninguém tinha relógio, então, quando havia vários grupinhos, fazíamos o "dois vira, quatro ganha". Os perdedores davam lugar à equipe que estava esperando, sentada no barranco, lado oeste. A escolha era feita por dois, às vezes três meninos da mesma idade e cada um ia escolhendo os jogadores que achavam melhores. Os mais espertos, saíam escolhendo o goleiro, porque poucos gostavam daquela posição.

         Havia bons goleiros: meu primo Cosme, que só jogava nas férias, porque era seminarista em Riozinho, na região de Irati/Ponta Grossa, Paraná. o Bernardo, era filho de um ourives que morou na antiga Siap e também num  casarão de André Colombo, na entrada da Ponte Pênsil, ao lado da Praça Pio XI. O Darci Lucietti, saudoso, morreu em acidente me parece que em Rondônia, a quem chamávamos de Tostão. E, dentre os pequenos, o Gilmar, que usava camisa amarela, igual à que era usada pelo goleiro Raul, no Cruzeiro de Minas Gerais. O Gilmar era irmão da Matilde, professora, casada com um nosso conterrâneo. Adiante, o Gilmar ganhou a medalha de prata pela seleção brasileira nas olimpíadas de Los Angeles, EUA, em 1984, melhor resultado que o Brasil já teve no naipe. E, ainda, tetracampeão mundial, em 1994, pela seleção principal, como reserva do outro gaúcho, o Taffarel. O Gilmar Rinaldi, hoje, nosso colega, é supervisor da Seleção Brasileira de Futebol. Era de Mariano Moro, ali antes de Erechim. Passava as férias em Ouro, na casa da irmã, e jogava com a gente.

          Aldair, conhecido como Neguinho Aldair, e Osni, conhecido como Flamenguinho, filho de um ferroviário, Ademar Miqueloto (Motorzinho) e seus irmãos Ademir (falecido em Porto Alegre), o Adélcio, empresário e carreteiro, e o Adelto, (Micuin), Agrônomo e fazendeiro; o Nenê Stopassola, que foi para Floripa,  e Luiz Alberto Dambrós  ( o Tratorzinho - Goiás)), "Peta"  (Reinaldo Padilha) e seu irmão Reni, (Joaçaba) e os familiares Ferrinho e Reinoldo (Nordo), in memorian ;  Ivo Santo  Guerra , o Bode Branco e seu irmão Carlinhos, Altivir e Valdir Souza (os Coquiarinhas - estão em Joaçaba); o Bichacreta (Juventino Vergani - mora aqui pertinho de minha casa); Sidney  Surdi, que morava ao lado do campinho e está em Passo Fundo; Ricardo Baratieri, que está eem Florianópolis, Celito Baretta ( o Bandido), que está em Linha Bonita; o Ironi, meu irmão, nosso treinador, e o Hiroito (Piro), que está em Capinzal; o Mário Thomazoni e o Arlindo, que estão em Araruna; o Nereu e o Nico, que foram embora para União da Vitória; O Adelir Paulo Lucietti (Paulinho), que está em Pato Branco,  no Paraná; O Pedro e o Zé Vieira (Curitiba e Porto Alegre); o Zezo Doin e o Djair Picinato (foram para Curitibanos e Lages); o  saudoso  Dário Micheletto, foi para Lages e Joinville.
         Tínhamos o saudoso Chuchu (Hilário da Rosa), que faleceu em Piratuba, bem jovem; o Ademir Mantovanello (Curitiba, agora),  o saudoso Tchule (José dos Anjos) e o mano Eugênio (Chefo), o Rogério Rodrigues (Caburé - Lages); o Rogério e o Renô Caldart,  que permanecem em Ouro; o Adalir (Pecos) Borsatti, que está em Florianópolis; o Ademir Mantovanello (Curitiba) e o irmão Milton, filhos do Santo e da Zelinda (Baretta) que foram para Cascavel; o saudoso Ivan Casagrande (Bianco), com quem trabalhei na Prefeitura, em Ouro, O Romário Vargas e seus sobrinhos Dirceu e Sérgio, o Ademir Bernardi, que está na Barra do Leão, (Campos Novos), o Rosito e o Heitor Masson, que continuam na cidade, o saudoso Célio Boz,  e muitos outros também arrancaram unhas dos dedos dos pés naquele campinho. Todos esses  viraram maridos, pais, avôs, foram buscar outros destinos... mas restam-me as lembranças de cada um, o seu semblante, a sua imagem da época. Eram uma família que se divertia, brincava jogando bola, brigava um pouco, mas no final todos se abraçavam...

         Saudades daqueles bons tempos...

Euclides Riquetti
02-11-2012

Uma canção de amor flutuanddo no ar

Quando andares pelos caminhos do sul
E te deslumbrares com a natural beleza
E  a singeleza da flor da hortênsia azul
Saboreie tudo com a paixão e a leveza.

Quando ouvires  cantos doces e suaves
Que vêm da mata, que vêm das flores
E que se propagam em todos os lugares
Sente a alegria dos pássaros multicores.

E, quando o vento soprar em teu rosto
Na manhã nublada, de céu encoberto
Beija-o com alegria e com muito gosto...

Há, em cada momento e em cada lugar
Um sentimento vivo, um coração aberto
Há uma canção de amor flutuando no ar.

Euclides Riquetti
02-11-2015




domingo, 1 de novembro de 2015

Pendure atrás do fogão...

 
          O fogão a lenha ainda é um equipamento de cozinha indispensável nas casas das pessoas que hoje estão na condição de semi-idosas ou já inclusas. Principalmente nas de quem não reside em apartamentos.

          Os fogões, aqueles esmaltados brancos com estampas de flores bem coloridas, bem tradicionais, das margas Geral, Marumby, Wallig ou Venax,   estiveram presentes na história de nossas famílias. Deles, tenho belas lembranças, principalmente da casa de minha madrinha Raquel, no Leãozinho, ou da Nona Baretta, na Linha Bonita, em minha casa e nas das tias, no antigo Rio Capinzal. As panelas grandes, de alumínio, fervendo o leite, ou no preparo do arroz quebradinho ou da macarronada. As de ferro,  para o cozimento do feijão e  as carnes. A polenteira, pesada, presente também. Algumas famílias tinham uma composição tão numerosa que precisavam de duas dessas polentas no almoço para saciar a fome após a lida da manhã. Os queijos, os salames, as copas, as bacias de saladas, principalmente os radicci.

          Um grande caixão para a lenha, com tampa, situado atrás do fogão, onde as crianças gostavam de ficar para menterem-se aquecidas nas frientas manhã de nossos invernos. Era disputado, mas os pais o reservavam sempre para os mais pequenos. E, de vez em quando, um susto, quando o vapor da água elevava a tampa da panela e, em gotas caía sobre a chapa muitas vezes avermelhadas pelo calor...

          Minha mãe conservou um até o final de sua vida. Nós, aqui em casa, também tivemos o nosso, mas já abolido desde que as crianças cresceram.  Porém, o que me faz retornar a ele não é a sua utilidade como o principal componente da cozinha, em tempos que as pessoas não tinham geladeiras e nem fogões a gás.

          Lembro dos arames esticados atrás dos fogões, fixados com pregos na parede angular, de madeira. E ali penduravam os uniformes para que secassem e as crianças pudessem ir para a escola devidamente paramentadas. Outras vezes, punham dois peçados de lenha no forninho e sobre eles um par de calçados, para que secasse e no outro dia pudessem ser usados...

          E há até lembranças que me fazem rir: uma vez minha irmã Iradi, professora na escola em Linha Pocinhos, colocou uma gravura de uma cozinha no quadro-negro. Estava ensinando  os alunos a fazerem uma descrição. E, uma aluninha, hoje uma respeitável senhora, escreveu: "Atrás da bunda da moça tem o fogão". Nada mal se os malandros não tivessem apelidado de "fogão" o traseiro dos homens.

         Também  histórias muito tristes foram protagonizadas diante desse histórico equipamento, com pessoas levando queimaduras que as marcaramou que lhes tiraram a vida...

         O fogão a lenha é um objeto que está caindo em desuso, gradativamente. Mas há muita gente herdando o costume de tê-lo e vão continuar utilizando-o. Alguns já substituíram a lenha por um dispositivo a gás que aquece a chapa. Mas, aquele brilho saindo da porta do fogão, ou aquele cheirinho da cinza da gavetinha sob a grade da combustão das lenhas, nunca será esquecido.

         Não importava para as crianças se suas roupas ficassem impregnadas de odores de fumaça ou de frituras.  Quem ligava para isso? O importante era não passar frio e no outro dia ir para a escola de uniforme e com calçados secos. Além disso, no inverso, tomar mate doce e comer aquele pinhão delicioso cozido sobre a chapa aquecida. E, todos sabemos, a comida que a mamãe ou a nona fizeram nos fogão a lenha era muito mais gostosa, não era?

          E o seu, era de que marca? De que cor? Tinha flores estampadas? Como era o caixão da lenha? Qual a marca: Geral? Marumby? Wallig? Venax?

          Você pode ter esquecido da marca, mas não esqueceu, certamente, das roupas penduradas atrás dele...

Euclides Riquetti

Pecado é não querer amar alguém


Pecado é não querer amar alguém
É vestir-se de conceitos e preconceitos
É não querer amar de nenhum jeito
É não querer entregar o coração pra ninguém.

Pecado é não  mais querer  sonhar
É dizer que perdeu sem ter perdido
É não perceber se venceu ou foi  vencido
É não mais querer ter o direito de me  amar.

Pecado é frear a beleza de sua  vida
É anular-se diante de todos os desafios
É vegetar enquanto o mundo anda e gira

Pecado é  olhar ao lado e não me encontrar
É não ver como correm as águas em nossos rios
É fingir não me querer, não me sentir, não desejar...

Euclides Riquetti

A Casa da Fé de Capinzal - muita história...

          Para quem ainda não sabe, certamente por não conhecer a cidade de Capinzal  ou por ter ido embora dali há alguns anos, a Casa da Fé é o edifício onde se localizou, há mais de meio século, o extinto Ginásio Padre Anchieta e a Escola Técnica de Comércio Capinzal, esta passando a chamar-se "Colégio Capinzalense Flor do Vale" a partir do final da década de 1970, e Colégio Cenecista Padre Anchieta nos anos de 1980 em diante, até sua desativação.

         O prédio, há três décadas e pouco, tem nele instalada a "Escola da Fé", organismo da paróquia de São Paulo Apóstolo. Ali, por duas décadas, dei palestras para os casais participantes dos cursos de noivos. Também fui professor para as turmas da CNEC em nível de Ensino Médio, no curso de técnico em contabilidade. Ao final da década de 1980 e início da de 1990, quando fui presidente do Conselho Administrativo Paroquial, e nosso Pároco era o Frei Luiz Wolf, (nascido em 23-10-1052, exatamente um antes do que eu...), foi concluída uma grande reforma em toda a edificação, que já tinha sido iniciada na gestão anterior, do Valencio José de Souza.

          Vale lembrar que a construção do prédio foi liderada pelo "engenheiro prático" Giovanni Tolu (Frei Gilberto), que empregou, nos arcos frontais, taquaras e bambus em lugar do ferro e construção, conhecimento que trouxe da Itália, de onde era originário, tendo, inclusive, servido como soldado na Segunda Guerra Mundial.

          Foram "deixados em ordem", todos os quartos e banheiros do primeiro andar, bem como sua capela para orações e reflexão (esta na sala onde, em 1965, frequentei a primeira série do curso ginasial), e o salão que ocupou o lugar onde nós, alunos, brincávamos no recreio, defronte todas as salas de aula daquele pavimento. Os quartos e toda a estrutura servem para alojar jovens e casais que participam dos encontros de formação organizados pela paróquia. No pavimento superior, tínhamos o auditório (onde recebi meu diploma de ginásio pelo Juçá Barbosa Callado, com o salão tomado emprestado...), e o do Técnico em Contabilidade, em 1971, e algumas salas.

          A Casa da Fé está sento totalmente reformada. Foi substituída a estrutura de madeira que sustentava o telhado por uma metálica. Todo o prédio ficará completamente reformado, com a utilização dos recursos obtidos com a Festa de São Paulo Apóstolo deste ano, do dízimo arrecadado, e patê do que for arrecadado em janeiro de 2016. Nossa paróquia sempre foi muito bem dirigida pelos freis e apoiada pela comunidade. Há também um salão de festas muito bem estruturado, cuja reconstrução foi liderada pelo empresário Saul Parisoto, e nossa suntuosa Igreja Matriz, uma réplica da Basília de São Pedro, de Roma.

          Sempre digo que as diretorias das nossas igrejas e capelas, e as das APPs das escolas, são um bom exemplo de gestão. São compostas por cidadãos que trabalham pela causa religiosa, educacional e social, sem nenhuma remuneração ou vantagem material. Se os gestores públicos, em todos os níveis, agissem com tamanha seriedade, certamente que nós viveríamos muito melhor, não faltando recursos para muitos programas públicos.

          O conjunto Igreja Matriz, Casa Paroquial (recentemente reconstruída), Centro  Social São Francisco de Assis (salão paroquial), e casa da Fé, são obras de arquitetura que ajudam a embelezar e a registrar a história de Capinzal e Ouro. Há, ali, o suor de muitos cidadãos que ajudaram nas construções e muitas horas de trabalho de fiéis que ajudaram a manter e organizar as atividades religiosas, sociais e educativas.

Euclides Riquetti
01-11-2015

Dance comigo!

Dance comigo, me abrace, me conduza
Dance a música tocada pelo nosso coração
A que vem orquestrada pelo pensamento
Que nos faz flutuar nas ondas do firmamento
E que me faz chorar em cada refrão!

Dance comigo, me abrace, me seduza
Viaje comigo, embale-se no mundo da paixão
Quero ter esse delicioso privilégio
Quero cometer esse pecado, o sortilégio
Entregar-me com o frenesi da perdição!

Jogue-se na pista dos sonhos, vem dançar
Perca-se, entregue-se a mim por inteiro
Porque estoy estonteamente  enamorado,
Porque amar é o verbo mais sagrado
Faz brilhar a luz dos sonhos, do ser amado.

Euclides Riquetti
01-11-2015








Faça de cada manhã


Faça de cada manhã mais que o início de uma jornada
Faça com que pareça algo que já vem de tempos
Faça como a andorinha que espera pelos ventos
Para planar suas asas na planície azulada.

Faça de cada tarde mais do que uma parte de seu dia
Faça com que ela se torne um momento adorável
Faça como a senhora  do sorriso inefável
Que nos  sorri, amável e  que nos  contagia.

Faça de cada noite a espera por alguém
Faça com que esse alguém sinta falta de você
Faça como a namorada que espera quem não vem...

Mas faça tudo significar que vale a pena
Pois  que no mundo sempre se  haverá de crer
Que a vida será  bela se a alma  permanecer serena.

Euclides Riquetti