Nem Lula acreditava no que aconteceu no
STF no início da semana, com o Ministro Edson Fachin anulando todas as ações de
condenação do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, pela Justiça
Federal de Curitiba, capitaneada pelo então Juiz Sérgio Moro, articuladas por
ele e o Procurador Federal Deltan Dallagnol. O fato gerou perplexidade nos
meios políticos, muitos comentários nos jurídicos e confusão na economia
brasileira.
A decisão do Ministro do Supremo, que
anulou as condenações de Lula em Curitiba e mandou as ações para a primeira
instância, em Brasília, surpreenderam os brasileiros e até mesmo o
ex-Presidente. Um novo cenário passa a desenhar-se na política brasileira, o
que valia para o domingo não mais valia para a segunda-feira. O espanto começou
pelo presidenciável Ciro Gomes, que vinha se articulando para ter o apoio da
esquerda nas próximas eleições e também amealhar considerável faixa do centro e
da direita. Bagunçou as pretensões de João Dória, Luciano Huck, Ciro Gomes,
Luiz Henrique Mandetta e até do seu
correligionário, cão fiel, Fernando Haddad. Jair Bolsonaro sentiu mais uma
facada no peito, mas agora, para ele, ao menos, o cenário nebuloso se dissipa.
É mais fácil ter um alvo no qual atirar do que ficar atirando pra tudo o que é
lado e não acertar em ninguém. Lula já se apresentou como o legítimo
antagonista de Bolsonaro e o é, de fato, agora de direito. Pela história
política, o Presidente da República sempre vai para o segundo turno das
eleições. E Lula será o favorito da esquerda. A tendência é que, no segundo
turno, a maioria do eleitorado antipetista e de centro fique com Bolsonaro. Mas
falar em previsão é uma temeridade. Vamos aguardar...
Claro que a decisão de Fachin não vai
ser engolida a seco, assim. O próprio STF terá que chancelá-la. Também se
aguarda nas mãos de qual juiz irão parar em Brasília. Mas se tem em conta de
que a decisão será mantida. E que um novo caminho passa a ser percorrido,
estendendo-se sabe-se lá até quando. Mas, para o meio político, a situação está
bem clara. Sérgio Moro está sem rumo, teremos muitas novas articulações e a
sucessão de Jair Bolsonaro, por ele mesmo ou por um opositor, vão ficar muito
interessante. NO STF, o julgamento da suspeição de Sérgio Moro, na terça, na
segunda turma, ficou em 2 a 2 e com pedido de vistas de Kássio Nunes Marques,
nomeado por Bolsonaro. Moro, por todos os lados, vai sendo triturado.
Nos meios jurídicos, a notícia mexeu com
os advogados constitucionalistas que, cautelosamente, foram emitindo suas
opiniões, uma vez que muito procurados pela imprensa nacional, pois o assunto
dividiu os noticiosos com a pandemia. Nos econômicos, subida do dólar e queda
da bolsa. Nos postos de abastecimento, nova alta dos combustíveis, desta vez
sobreposta pelo noticiário originado pelo STF.
Enquanto isso, a Covid 19 ceifando vidas
e os casos ativos se propagando com intensidade violenta. Atrasos no
fornecimento de vacinas por falha técnica, pela demora na concretização das
suas compras, e assim por diante. Aqui na região, Joaçaba, São Miguel d´Oeste e
outras três regiões estão com nota máxima no estado gravíssimo, o vermelho mais
encarnado, enquanto que Chapecó, com tudo o que vem acontecendo, está um ponto
abaixo de nós. E, em nosso meio, é muito perceptível que grande parte da
população deu as costas ao risco, mudou seu comportamento, possibilitou a
expansão do vírus mais rapidamente, com afrouxamento da fiscalização e
acomodação. Mas o vírus letal está aí, levando a vida de amigos e conhecidos. Iniciamos
a semana com mais de 350 casos ativos em Joaçaba. No Estado, 108 óbitos da
terça, com 395 pessoas esperando por leitos na UTI. Quanto à fiscalização, é
possível constatar que, dentro dos supermercados grandes, as pessoas entram com
a máscara e, lá dentro, alguns teimosos deixam a mesma apenas no queixo, ou com
o nariz fungando sobre os produtos. Mesmo com o sistema de são recomendando aos
clientes o uso da máscara e do álcool disponível. Em alguns mercadinhos e
bares, nem sequer os funcionários as usam. A fiscalização precisa ser intensa e
operosa.
Nos meios televisivos, os tais
comentaristas ficaram atrapalhados, não tinham sequer posições claras sobre o
que estava acontecendo, buscando a ajuda dos advogados constitucionalistas.
Aqui em Santa Catarina, no meio da semana anterior, o apresentador da NSC,
sucessora da RBS TV, Fabian Londero, de origem gaúcha, depois de ficar 4
semanas afastado do trabalho, voltou à tela falando sobre a experiência de
passar pela Covid 19. Mas mostrou-se desatualizado ao criticar o Prefeito de
Chapecó, João Rodrigues, por optar para que sua cidade, a partir da
segunda-feira, seguisse o decreto estadual vigente, sugerindo que a cidade
deveria entrar em lockdown. A cidade, no entanto, vinha nessa condição já há
duas semanas, com o comércio não essencial fechado. João Rodrigues, comunicador
nato e bem mais ativo, rebateu Londero dizendo que o achava ótimo como
apresentador, mas nota zero comentarista. Nem sequer se viu qualquer reação do
apresentador, que deveria pedir desculpas pelas bobagens ditas.
E você, caro leitor, que se preocupa com
todas as pessoas, cuide-se e ajude a cuidar dos outros. Seja um bom exemplo.
Faça tudo o que é recomendado pelas autoridades da saúde. Esperemos que cheguem
vacinas o quanto mais rápido possível, mas sabemos que nada acontece assim,
pois houve demora na confirmação das compras pelo Ministério da Saúde e mesmo
na aplicação em muitos municípios. A chegada vai ser gradativa e lenta.
Cuidados e orações!
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com