Em 1972, quando cheguei a União da Vitória e ingressei no curso de Letras/Inglês da então FAFI, fui, aos poucos, me identificando com todos os meus colegas. Éramos 62 acadêmicos numa mesma sala. Alguns vinham menos vezes para o curso, utilizavam-se de um meio de frequência reduzida, pois moravam em outras cidades. Eu era o mais jovem dos homens e havia duas colegas que eram bem jovens, estavam com 17 anos, a Maria de Fátima Caus (Morgan), de Porto União, e Sheila Elisabeth Arnt (Gonçalves), de Clevelândia. As duas se tornaram minhas grandes amigas. A primeira foi minha madrinha de casamento e a segunda, Sheila, acabou desistindo do curso, pois já era noiva, contraindo matrimônio com o médico Doutor José Léo Gonçalves, que atuava aqui em Treze Tílias.
Em 1977 vim morar em Zortéa e, 3 anos depois, em Ouro. Em 2008 vim para Joaçaba. Mas sempre fiquei muito antenado em meus colegas de faculdade, pois tenho as melhores recordações possíveis deles todos. Alguns foram desistindo durante o curso, outros, depois de nossa formatura, em 28 de novembro de 1975, no Clube Concórdia, tomaram rumos diferentes. Sei que o colega Francisco Gaulosky tornou-se prefeito de Paulo Frontin e acabou falecendo. César Loyola Flenik tornou-se prefeito de Iradi e está naquela região. Lily Braun mora em União da Vitória, Esoani Parísio Lona Cleto faleceu recentemente, Maria Costa Godoi (Farias) mora em Porto União, tem um filho padre. Osvaldo João Jasinsky ficou em São Mateus do Sul, Janete Bauer Gatz no litoral catarinense, Francisco Samonek na Amazônia, Maria de Lourdes Reisdoerfer (Brehmer) em Mafra, Lineu Eli Bilinski em Porto União, Emelin Domit (Lusa) em Curitiba, Sônia Maria Ortiga foi para o litoral, Diva Jung para São Bento do Sul, Marlene Bachinski e Ivane Zacarias em São Mateus do Sul, Maria Inês Horski von Lindsengen em Canoinhas, Suely Masnik (Martini) no litoral catarinensee, Jair Francisco Lusa no litoral, Janete Santos em Curitiba, Celeste Ritter em União da Vitória, Mineo Yokomizo morou em várias cidades e está em Clevelândia, Floriano José da Costa Guérios em Curitiba. Com a Fátima Caus e seu marido Paulo Sérgio Morgan tive vários contatos depois que vim embora.
Fiquei umas duas décadas sem contato nenhum com a Sheila. Soube que ela casou-se com o Dr. Léo e morava em Treze Tílias. Uma vez eu estava num supermercado aqui em Joaçaba e avistei uma senhora de boa presença, acompanhada de 5 crianças. Olhamo-nos e perguntei: "Você não é a Sheila, lá da Faculdade de Letras, de União da Vitória?" E ela respondeu com outra pergunta: "Você não é o Euclides"? Foi muita alegria e muita conversa. Ela falou que três das crianças eram dela e uma era sobrinha. Depois emendou: "Tenho um filho na Faculdade, em Curitiba. Ele fez cursinho no Positivo! Sabe que ele foi aluno do nosso colega Floriano?" "E falamos muito do nosso amigo Floriano, que era fera em inglês, falamos dos outros colegas e nos despedimos.
Ao chegar em casa, falei para minha esposa: "Hoje eu encontrei uma colega dos tempos da Faculdade, a Sheila, que agora mora em Treze Tílias. É professora e trabalha naquela cidade, numa escola profissional. A Miriam falou; "Como é ela?" Fiz a descrição e a esposa me disse. "Conheço a Sheila, já participei de vários encontros com ela em Joaçaba". Eu conhecia e Sheila, ela conhecia minha esposa e não sabiam que eu era o marido da Miriam. Nem eu sabia que elas se conheciam...
Alguns anos depois, estive em Treze Tílias com dois amigos, como convidado. Fomos de helicóptero, que pousou no campo de futebol. Enquanto eles foram tratar de política na Prefeitura, fui a uma escola ali perto e não é que acabei encontrando a Sheila trabalhando la? Contei-lhe que eu era o marido da Miriam e ela fficou muito contente.
Passaram-se mais alguns anos e houve um evento na SOCAP, quando a AMMOC - Associação dos Municípios do Meio-Oeste Catarinense, através de seu presidente Rudi Olwheiler, Prefeito de Treze Tílias, homenageou os prefeitos e ex-prefeitos da entidade representativa dos municípios. Fomos na condição de ex-prefeito e ex-primeira dama de Ouro para receber a homenagem. A mesa que nos foi destinada para sentarmos teria para mais um casal. Pois bem, para nossa surpresa, o casal Dr. Léo Gonçalves e a esposa Sheila! Muita coincidência! Foi uma alegria para todos nós.
Há poucos anos, aqui no Hotel Joaçaba, um hospede me pedia informações sobre como ir a Treze Tílias. Fui explicando a ele, que era de São Paulo e vinha visitar um amigo médico em Treze Tílias. Era o Dr. Léo e Sheila. Falei que os conhecia e ele me colocou para falar ao telefone celular com o Léo.
Ontem, dando minhas costumeiras bisbilhotadas nos sites da região, descubro, no da Troícal FM, daquela cidade, que a Sheila faleceu em 31 de agosto do ano passado. Ficou 33 dias na UTI do HUST, aqui em Joaçaba, para reccuperar-se de sequelas da Covid e veio a falecer. Fiquei chocado! Minha amiga de exatos 50 anos atrás tinha perdido para a cruel Covid 19, que tantas vítimas fez pelo mundo. Nascida em 02 de novembro de 1954, na cidade de Erechim, Rio Grande do Sul, (onde nasceu também minha esposa), casada com José Léo Gonçalves, médico renomado na região, tiveram 5 filhos, Alexandre, leiza, João Manoel, Thelma e José Léo. Eles tinham também 7 netas. Trabalhou como educadora no serviço público e no privado, lecionando Língua Portuguesa, aposentou-se em 2015, mas continuou a apoiar as pessoas como sempre o fez. Perfeccionista, organizou e participou de eventos culturais, foi grande incentivadora de seus alunos, oferecendo-lhes seu carinho pessoal e seu modo gentil de ensinar.
A comunidade, de uma forma peculiar e carinhosamente, prestou-lhe as merecidas hpomenagens. Deixou um legado importante para sua cidade e em todos os lugares por onde passou. Seus filhos e netas são o melhor exemplo para as famílias de uma sociedade. Educados e gentis, são a representação do sorriso meigo da querida Sheila.
Deus abençoe todos os familiares e amigos que ficaram lamentando sua partida.
Euclides (Celito) Riquetti e Família
08-04-2022