sábado, 26 de março de 2022

Sinto saudades

 






Sinto saudades porque minha vida teve bons momentos
Sinto saudades porque eu a sinto, simplesmente
Porque tenho um passado
Porque tenho um presente.

Sinto saudades porque sou um ser humano
E, por isso mesmo, tenho sentimentos
Sinto saudades porque,  na longa caminhada
Para chegar a este instante e a este lugar
Tive muita estrada a percorrer, muitos lugares por quais  tive que passar.

Sinto saudades porque já sonhei demais
E porque, sonhando, realizei aquilo que almejei, que desejei
Porque, lutando, tudo o que eu queria  eu conquistei
E, se houvesse sido frustrado, isso não me motivaria a sentir saudades.

Sinto saudades porque pessoas bonitas passaram em minha vida
Algumas se foram e me deixaram marcas e registros
E cada uma delas me deixou algo que me faz delas lembrar.

Sinto saudades porque tive uma infância bem vivida
Alegre, difícil, mas divertida!

Sinto saudades porque  a distância existe
Uma distância abismal ou temporal, mas existe
E, se houver distância sem haver saudades
É porque faltou-nos algo na composição de nosso ser.

Sinto saudades porque eu a sinto, simplesmente...
Sinto saudades
Muitas saudades... de você!

Euclides Riquetti

Sonhos de luz

 



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Busque a realização de seus sonhos
Não deixe que nada a  atrapalhe
Busque-os com seu rosto risonho
Pois sem eles a vida pouco vale.

Procure realizá-los com sabedoria
Com a astúcia e a calma necessária
A luta pelos sonhos que contagiam
Não deve ser isolada ou solitária.

Buscar os sonhos mas não deixar
Que eles se sobreponham ao real
Realidade e sonhos,  um belo par
Caminhando juntos em especial.

Quero viver os seus sonhos azuis
Contar na noite as estrelas do céu
Quero viver os seus sonhos de luz
Partilhar sonhos de luz e de véu.

Euclides Riquetti

Na noite serenada

 




Na noite serenada
Bem de madrugada
Eu te encontrei.

Estavas caminhando
Quem sabe procurando
Me encontrar na estrada
Bem de madrugada
Na noite serenada.

Na noite serenada de março
Também te procurei
E eu não disfarço...

Viramos dois caminhantes
Duas almas errantes
Que vagavam naquela estrada
Divinamente serenada.

Naquele sábado de março
De baixo para cima
E de cima para baixo
Com os pés descalços.

Era um corpo desnudo
De mãos dadas e pensamentos afinados
Sintonizados
Despidos de tudo.

Apenas vestidos de amor e de paixão
Andávamos sem destino
Procurando abrigo
No nada
Na noite estrelada
Mas serenada!
.
Euclides Riquetti

Em meios às rosas

 


 






Perdidamente, te escondes em meio às rosas
Procurando, dentre todas elas, bem aquela
Descendo em meio aos canteiros, vais formosa
Trazendo-me tua alma digna e tão singela
Cantando doces canções em verso e prosa
Suavemente, dentre todas elas, és a mais bela ...

Infinitamente elegante e tão encantadora
Alegras-me e me fazes feliz e mais contente 
Marcando-me com tua aura de luz e sedutora.
Tardes se colorem na primavera aqui presente
Nuances de todos colores e de todos os matizes 
Sorriso nos olhos, faces rosadas, corpo quente
Deixa-me mergulhar em teus sonhos  mais felizes.

Baterias asas, se fosses uma borboleta azul
Pretendida musa que enfeitas  nosso belo sul.

Pequenas florinhas roçam os teus pés desnudos
Poucos pássaros cantam alegremente para mim 
Poeta, me encabulo e ao ver-te linda, fico mudo
Perco até a noção do tempo, fico embevecido, sim
Tropeço nas palavras, tu  pra mim és  tudo...

Euclides Riquetti

Nada há no céu azul

 


 





Nada há no céu azul
Além de meus pensamentos que trilham
Buscando encontrar teus olhos que brilham
E o desejo de mergulhar profundamente
Infinitamente e perdidamente
Em teu corpo fogoso e... atraente!

E, por detrás das  nuvens esparsas
A vontade de encontrar encantamentos
De acasalar corpos e sentimentos
De abraçar-te com  vigor e tenacidade
De refutar as fugacidades e veleidades
De trocar a dor pela inspiração
De ouvir as notas de uma sublime canção
De amor e de saudades!

Nada há no céu azul que não seja o nosso sonhar
Nada há no céu azul que não seja a vontade de te encontrar!
É no céu azul que flutuam as almas serenas
É no céu azul que eu disperso meus versos
E que nos abraçamos e nos beijamos
Nós dois. Apenas nós dois!

Euclides Riquetti

Que as estrelas abençoem os olhos seus

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Que as estrelas abençoem os olhos seus
É um desejo meu...
Que as estrelas ajudem a lua a pratear
Na noite de luar...

Que o céu a cubra com seu manto
Divino e santo...
Que o céu dispense toda a sua proteção
Ao seu coração...

Que o universo lhe lance os raios dourados
Do sol avermelhado...

Que o universo me traga a maior inspiração
Para eu compor uma canção...

E que, em cada momento de nossa vida
Tenhamos motivos para comemoração:

Tenhamos a vitória esperada e merecida
O vencer do sonho sobre a desilusão!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 25 de março de 2022

O tempo que passou

 



O tempo que passou
Deixou rastros, deixou marcas.
Rastros nos caminhos, nas estradas
Marcas nos corações e nas almas.

O tempo que passou deixou-me lições:
O tempo que passou mostrou-me que as ilusões
São vãs e fugazes.
Mostrou-me que há  o bem, ou o mal
Em todos os lugares.
Mostrou-me que há as certezas
Mas também as incertezas
O ganhar e o perder
Os reais e os imaginários
Mas, todos, muito necessários.

Muitas vezes perdi, outras ganhei
Mas nunca desanimei.
Levantei-me em cada tropeço
E, por isso, meu Deus a quem tanto louvei
Eu vos agradeço.

A quem amei com paixão
A reafirmação
A quem me estendeu a mão
Minha eterna gratidão
E a quem me quis tanto bem
Agradeço também.

E, nas marcas que ficaram
Nas ilusões que se apagaram
Nos ânimos e desânimos
A constatação:
Viver é amar
É ser amado
No desejar
Também ser desejado!

É pedir a bênção de Deus...
E ser por Ele abençoado!

Euclides Riquetti

Como se fosse sábado...

 


 




Engraçado...
Hoje me pareceu...
Como se fosse
Um dia de sábado!
E amanhã seria domingo
Um dia muito lindo!

Ora, meu pensamento faz calendários
Cria dias imaginários
Conforme sua conveniência...

Meus interesses se sobressaem
Enquanto as pessoas se distraem
E fogem da subserviência...

Fogem dos controles a lógica
Da vida metódica
O medo da mudança...

Mas há horas que se procuram
Novos e animadores horizontes:

Os horizontes que inspiram o poeta
Ele e sua pena indiscreta
Que corre sobre os papéis
Com versos amenos ou...
Cruéis!

Mas o poeta acanhado
Dá o seu recado:
O mundo é apenas uma passagem
E é preciso ter coragem
Para os novos desafios
Sejam nos dias chuvosos
Seja nos dias de estio.

E, não sei por que motivo
Mas há algo aqui comigo
Que me induz e impulsiona
A dizer que o que aprisiona
A ninguém faz bem.

E que todos os dias possam ser como os sábados
Com os pensamentos motivados
A pensar que o amanhã seja mais um domingo
Sempre adorável, sempre muito bem vindo!

Apenas assim...

Euclides Riquetti

Você me seduz...

 


 

Você me seduz
Com o seu jeito imponente e importante  de ser
Você me reduz
A um ninguém maltratado, largado outra vez.

Você é assim
A mais bela mulher que eu já vi  por aí
Você é pra mim
A mais formidável senhora que já conheci.

Procuro compor
Um poema com lindas palavras e rimas para lhe agradar
E sinto uma dor
Quando percebo que busco e não tenho o que encontrar.

Procuro pensar
Que você já sentiu quanto amo seus olhos castanhos
E me conformar
Pois não há como ser de você, que me vê como estranho.

Você  me seduz
E maltrata o meu coração perdido e incontido em desejo
Você me reduz
A um frangalho, um  rejeito sem coragem de olhar-se no espelho.

Você é assim
Eu não sei se é maldade, se é medo, ou pura vaidade
Você é pra mim
A deusa distante que finge e me esnoba assim sem piedade.

Procuro compor
As canções mais sensíveis com com letra romântica e melhor  melodia
E sinto uma dor
Que faz com que eu sofra por não receber nem um simples "bom dia"!

Um bom dia
Um aceno
Um olhar...

Apenas um olhar
Disfarçado que seja.
Como a noite sem luz
Você me seduz!


Euclides Riquetti


 

Rios de Leite e Mel – De Leite e cuscuz!

 


 


          Mais um ano de eleições presidenciais! Todos os milagres possíveis e impossíveis vão desfilar para os eleitores. Gosto de política, já fui um político muito partidário. Hoje, depois de décadas de acompanhamento e de militância, tenho conceitos bem diferentes do que já tive no passado. Consigo distinguir a realidade da ficção. Nas eleições para prefeito, vice e vereadores, escrevi, dia 13 de novembro de 2020, o texto que segue. Reedito, aqui, para que se pense e até se possa divertir com o assunto. Lá vai:

       Na reta final da campanha às eleições deste domingo, para a escolha de Prefeitos, Vices e Vereadores, voltaram a correr rios de leite e mel. E a chover leite com cuscuz, como dizem alguns campeiros por aí. Sim, porque nos estão pintando um cenário maravilhoso, em que todos os problemas das cidades estão sendo resolvidos. E que, a partir do ano que vem, todos os moradores das cidades vão viver uma nova e positiva realidade.

       Os candidatos precisam vender esperanças e os eleitores querem comprar. Pagam, antecipadamente, com o seu voto. Os candidatos, emocionalmente envolvidos, passam a vender a ilusão. Não os culpo, pois se assim não o fizerem, não contagiam a maioria do eleitorado, aquele público que os elege. E, tudo aquilo que o ser humano repete, exaustiva e insistentemente, parece uma verdade. E isso se consolida na mente do falante, que passa a acreditar, ele mesmo, no que diz.

        Na aproximação do dia do pleito, lembro-me de algumas passagens quando de minha eleição a Prefeito em Ouro. Visitei todas as casas do Município, cidade e área rural, menos uma, que lá não cheguei porque já estava escuro. E acabei não voltando lá. Por isso que, na política, bem como na administração pública, tudo o que se planeja fazer e precisa ser feito, deve acontecer de imediato, porque podem surgir imprevistos e as coisas não acontecerem como se deseja. Aqui na minha rua, esperávamos o asfalto há 12 anos. Viria depois do esgotamento sanitário, e não veio...

        O eleitor escolhe alguém em quem votar. Muitas vezes é amigo de vários candidatos a vereador e de quase todos os candidatos a prefeito. Então vai escolhendo por eliminação. E ali, em vez da preferência, passa a contar a rejeição. Ou não vota no candidato porque acha que a mulher do cara é orgulhosa, porque ele é rico, porque ele é pobre, porque não sabe administrar, porque só sabe viver de política, porque não fala bonito, porque vai levar seu time de amigos para trabalhar com ele na prefeitura, porque passou na casa do vizinho para pedir voto e não chegou na dele,  e assim por diante. Sempre há um motivo para dar o troco.

       Pois fora eu visitar uma família de companheiros lá na Canhada Funda, no Ouro. Cheguei sozinho, cumprimentei a senhora que veio me receber, perguntei pelo marido (que não estava), disse-lhe  que era candidato a prefeito e fui expondo minhas ideias. Ela me disse: - Voto em você se me der uma geladeira!  Falei que era professor, remediado, e que negociar voto era ilegal. Então ela me disse: -Ah então você é o professor, é? Você reprovou meu filho lá na escola! Falei que ele foi reprovado pelo Conselho de Classe, não fora só eu, que lá no Seminário o Frei fazia os meninos trabalharem muito na granja, então não usavam todo o tempo para estudar, e deu a reprovação, esperançoso de ganhar o perdão e o voto da família.

       Minha surpresa foi grande quando ela disse: - Vamos votar todos em você. A geladeira quero ganhar do outro, que é rico. Ainda bem que você ajudou a “rodar” meu filho. Se ele passasse, ia para o Seminário de Irati, no Paraná, e eu o ia ver só no fim do ano. Assim, ele  saiu do seminário, voltou pra casa, está nos ajudando muito, vai casar e  ficar aqui, para nossa alegria e felicidade! E ficou muito contente porque eu ajudara a reprovar o filho.  E eu levei os votos...

       Um outro caso, de que tive conhecimento, através do protagonista, o saudoso ex-Prefeito Ivo Luiz Bazzo, de Ouro, refere-se aos tempos da UDN e do PSD. Ouro ainda pertencia a Capinzal e Bazzo foi com o candidato da UDN, Deolice Zênere, fazer campanha lá na costa do Pelotas, numa casa onde havia 11 eleitores. Bem recebidos, tiveram a promessa de que ganhariam todos os votos. Na apuração das urnas, Bazzo era fiscal e a urna da comunidade onde votavam havia 11 votos com o XIS no quadrinho de Deolice Zênere, da UDN, e os mesmos XIS no quadrinho de Nízio Baretta, do PSD, sendo os 11 votos anulados.

       Dias depois, sendo eleito o candidato apoiado pelo Bazzo, ele foi para aquelas bandas para agradecer e passou na casa dos amigos e perguntou o que aconteceu que votaram em ambos os candidatos. O patriarca, muito humilde, um senhor moreno já com os cabelos brancos, disse-lhe que o outro candidato também os visitar, era muito simpático e bonzinho, e eles prometeram votar para ele também. E cumpriram a promessa!

       Eleições guardam surpresas. Eu sei o que quero para minha cidade. Eu tenho uma razoável compreensão da capacidade de angariar voto de cada candidato a Prefeito de algumas cidades, em especial de Joaçaba. As pessoas me contam sobre o que tiveram de positivo e o que tiveram de decepção com os que já ocuparam cargos públicos e mesmo o de prefeito. Quem deve escolher é o eleitor. Que corram os rios de leite e mel e que chova leite com  cuscuz. Quem teve melhor mensagem, tem mais credibilidade ou vendeu mais esperanças, pode levar o resultado positivo. Conta também organização, boa comunicação e equipe apoiadora. Boa sorte a todos!

Euclides Riquetti – Escritor 

 


        

Com açúcar ou adoçante?

 


 





Quero um beijo melecado
Com açúcar ou adoçante
Beijo ardentemente beijado
Deliciosamente estonteante.

Quero um beijo demorado
Daqueles de me faltar o ar
Beijo dado, beijo roubado
Aquele que me faz flutuar.

Quero em beijo qual me deu
Para eu nunca mais esquecer
Um beijo que seja meu e seu
Para sentir enquanto eu viver.

Euclides Riquetti

Quando o sol redesenhou o céu

 





Quando o sol redesenhou o céu ao fim daquele dia
E matizou em cores quentes o horizonte ondulado
Revivi emoções ternas que há muito eu não sentia
Parecia que eu contemplava um santuário sagrado.

Veja quão bela é a nossa natureza santa e colossal
Os quadros que ela pinta através das mãos divinas
Quando  a harmonia se dispõe,  levemente natural
Quando as perdizes se acocoram pelas campinas...

Descubra meus versos por entre todo esse cenário
Retire de cada um deles a mensagem que quiser
Guarde para você os meus poemas num sacrário.

E, depois de saborear todo o meu carinho  sincero
Venha até mim para me dizer que você me quer
Traga-me todo o seu ser, seu amor puro eu espero!

Euclides Riquetti

Mulheres exóticas

 



Mulheres exóticas são diferentes

Não têm beleza barbie, felizmente.

Têm em si a maturidade que encanta

A simpatia desde cedo, quando levantam

O charme que transparece, envolvente

Seguras, firmes, doces e inteligentes

Já nasceram com seu vivaz poder

Nada têm a provar, apenas ser!


Elas já são assim por sua natureza

Não se preocupam em produzir  beleza

Cuidam do corpo, a genética é privilegiada

Elas também têm sonhos bonitos na madrugada.

Cuidam de cuidar de tudo o que as rodeia

Mas têm alma quente que se incendeia

Por si só são tão fortes e poderosas

Altivas, fogosas, formosas!


Euclides Riquetti

25-03-2022


Quando me despedi das águas do mar

 



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Quando me despedi das águas do mar
Molhei meus pés nas suas espumas
E, na estrada me perdi entre brumas
Com o chuvisco frio a me incomodar.

E, nas areias macias que acariciavam
Meus pés ansiosos para te reencontrar
Desenhei corações que se buscavam
Que se fundiam na vontade de amar.

Nas horas que se seguem desde então
Meu pensamento vai encontrar o teu
Buscar em ti a mais doce ilusão...

E, nos outros dias que ainda virão
Buscar-te-ei para vir ao mundo meu
Para vivermos nossa grande paixão!

Euclides Riquetti

Um Príncipe Poeta!

 


 


Eu quisera ser
Um príncipe encantado
Aquele por ti esperado:
Alto, ágil, sedutor!
E, de ti, apenas poder  receber
E também te dar meu  amor!

Eu quisera merecer
Um pouco de tua atenção
Que me quisesses de paixão:
Ter teu olhar envolvente
Poder fazer-me perceber
Sentir-me desejável  e atraente!

Um príncipe galante e sorridente
Vestindo roupas brancas adornadas
Que,  com sua espada  afiada
Desafiasse os teus infortúnios e medos.
E que, no manejar  da lâmina reluzente
Cavalgasse por entre florestas e vinhedos...

Um príncipe encantado, sim!
Envolto em vestes de cetim
Um príncipe cavalheiro, na certa:
Um príncipe poeta!

Euclides Riquetti

A canção do amor verdadeiro

 







Sabe aquela canção nova, que de tanto que você a ouve, parece ser já bem antiga e você a canta no chuveiro?

Sabe aquela blusa que você considera manjada, mas que acaba sempre tirando do cabide, porque ela lhe deixa bem?

Sabe aquele caderno amarrotado, até gasto de tanto você pegar na mão, onde fez registros de sua vida?

Aquele onde um dia registrou seus sentimentos, transformou-os em poemas verdadeiros, mesmo sem a métrica convencional?

Sabe aquelas histórias que eu lhe conto, e que você finge que é a primeira vez que ouve, mas que já sabe de cor?

Sabe aquelas pedras das calçadas das ruas por onde você passa, e que já a conhecem muito bem, de tanto que você as pisou?

Sabe aquele sol que brilhou em muitas de suas manhãs e tardes, e que parece ser novo a cada dia?

Sabe aquele azul do céu, tão já conhecido seu, e que pode ser ainda mais bonito?

Sabe aquele vento que já roçou seu rosto tantas vezes, e que em cada uma delas parece ser mais doce e mais suave?

Sabe todos aqueles poemas que eu já lhe fiz, os milhares de versos, as rimas ricas e as rimas pobres, as estrofes boas e as bagunçadas?

Sabe aquela esperança, que mesmo nas horas mais difíceis, rebate na porta de seu quarto e a anima para dias melhores?

Sabe todos aqueles abraços e aqueles beijos entusiasmados que nós já tocamos?

         Pois tudo isso é muito perene, eterno, real, e precisa ir-se repetindo sempre, como uma grande manifestação de carinho e amor. Pois o verdadeiro amor é marcado por coisas simples, mas fundadas e verdadeiras, que se registram na nossa vida, no nosso dia a dia, nas calmarias e nas turbulências, nos defeitos e nas nossas virtudes, na nossa insistência de querermos ser felizes, pois bem que o merecemos.

Com muito carinho,

Euclides Riquetti

Pobrezinho, mas bem perfumado! - memórias de Porto União da Vitória

 


 


Mercedes-Benz LP 321 modelo e ano 1963 - Foi sucedido pelo modelo L-1111 a partir de 1969.



          Tenho ótimas lembranças e saudades de meu amigo Padilha. Trabalhei com ele de 1972 a 1977 no Mallon, em União da Vitória. Iniciamos na Rua Clotário Portugal 974, e depois nos transferimos lá para a BR, um pouco depois do Café Primor, da família Krügger dos Passos. O Padilha era o perfeito "gente boa"! Ele o Sapo (Alcir Teixeira), eram os bambas em Caixa, Diferencial e Motor.

          O barracão da oficina, agência Mercedes-Bez, era enorme. Havia a parte que dava de frente para a rua, em que, no térreo, trabalhávamos na Seção de Peças eu, o Mauro (Iwanko) e o Altamiro (Beckert). No kardex, a Alvina (Nunes Lell).  Nosso chefe era o Silvestre Schepanski, um compridão  que viera de Canoinhas. Jogara futebol no Santa Cruz. Tinha uma Synca Chambord em que a bateria não ajudava muito. Vinha de biclicleta para o serviço. Na oficina, o Solon Carlos Dondeo, que tinha uma novíssima Variant verde-oliva, comandava a tropa. O Carlos Konart era o recepcionista, que tinha o cargo charmoso de "Consultor Técnico". O Polaco (Dionízio Horodeski), o Justino (Polzin), o Miguel (Semianko) e  o Ilmo, lidavam com caixas e diferenciais. O Sr. Luiz era ótimo chapeador. O Sr. Pedro, com o genro Airton, faziam a parte de ferraria.

          O Padilha vinha à janelinha da Seção de Peças: "Bom dia, Euclides! O Respeito é a chave de todas as portas!". Eu o cumpimentava, ria. O Padilha era um ótimo astral, sempre tinha uma palavra amiga, um jeito bom de motivar os colegas. Pegava no pé todos. E ainda perguntava: "Como está a bonitona lá de cima? Será que vai trazer a folha hoje (de pagamento)? Referia-se à Sandra (Probst), uma moça de uns 19 anos, do escritório.  E emendava; Ah, seu eu fosse mais novo!!!

          De certa vez, o Padilha cometeu uma gafe sem tamanho. Ficou um tempão envergonhado. Ocorre que tínhamos um freguês, proprietário de um caminhão Mercedes LP-321, um "cara chata", azul, o Luiz Carlos Daldin. O Daldin tinha cabelo raspado, cabeça bem calva. Pois naquele dia viera um gaúcho muito parecido com ele e do mesmo tamanho, usando calças US Top, e com um caminhão idêntico ao dele. Precisava trocar uma mola da suspensão. Caminhão consertando, ele sentou ali defronte à recpção, ao lado esquerdo da entrada da oficina e ficou tomando um chimarrão. Havia uns exemplares do "Jornal O Comércio" e "Traço de União" para lerem,  e algumas revistas. Pois o Padilha veio com a mão suja  de graxa lubrificante  Marfak e passou na cebeça careca do cara. Este, virou-se e olhou para o Padilha sem entender nada. O Padilha endoideceu! Passou a mãe engraxada na cabeça do cara errado.  Só faltou ajoelhar-se para pedir desulpas...  E os colegas vieram, todos, para ver o que acontecia.Uns zoavam e outros tentavam ajudar o mecânico a explica-se. Ainda bem que o gaúcho era "do bem e da paz", entendeu a brincadeira e foi lavar a careca com uma estopa embebida em gasolina...

          O Padilha era muito feliz. E nos fazia felizes. Muitas vezes chegava na janela faceiro, cantando ou assobiando e dizia: "Pobrete, mas alegrete! Café preto, mas bem doce! Pobrezinho, mas bem perfumado!" Assim era nosso colega Padilha, o simpático amigo de quem nunca mais tive notícias...

         Tenho muitas saudades de meus colegas lá da Mercedes da Rua Clotário Portugal. Depois, mudamos lá para a BR, onde novos funcionários foram contratados e a turma ficou bem maior...

         Lembro, sempre com muita alegria, dos bons momentos que vivemos ali!

Euclides Riquetti
20-06-2014

Lágrima de cristal

 



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Lágrima de cristal
Uma lágrima de cristal
Rolou em teu rosto
Belo
Perfeito
Natural...

Não era uma lágrima de desgosto
Nem de desconforto
Era apenas uma lágrima casual
Como tantas outras que caem
Em momento especiais.

Uma lágrima límpida
Transparente
Insípida
Intransigente
Que apenas queria cair
Rolar
Sumir
No mar!

Uma lágrima de cristal
Como uma joia preciosa
Esplendorosa
Excepcional
De  beleza colossal
Num semblante divinal.

Apenas uma lágrima tímida
Fugidia
Que chegou para me dar bom dia
E foi-se embora
Venturosa.

Euclides Riquetti

Espero,sutilmente, pelo amanhecer

 



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Espero, sutilmente, pelo amanhecer
Para admirar as plantas e  gramados
As flores das roseiras a resplandecer
Canteiros verdes de chuva molhados.

Olho pela janela da contemplação
Transponho os vidros goticulados
Tenho um cenário na imaginação
A perfeição do dia tão esperado.

Ouço o cantar do alegre passaredo
Anunciando a chegada do novo dia
E inspirado na manhã e nos segredos
Mergulho-me no sonho e na poesia.

Um novo dia, novas expectativas
Que venha o sol depois da chuva
Que venha energia e força positiva
A harmonia que a vida nos arruma.

Euclides Riquetti

quinta-feira, 24 de março de 2022

Tons amarelos outonais

 



Tons amarelos outonais bordam as folhas

Que começam a cair para entapetar o chão

Chega o outono e elas, sem outra escolha

Não têm mais nada a fazer, esta é a opção.


Depois de terem vivido seu papel natural

De terem energizado as plantas e jazido 

E sombreado o rosto da mulher colossal

Descansam por seu roteiro já cumprido.


É assim seu ciclo como é o de nosso destino

De partir depois de realizarmos uma missão

De nascer, de amar, de ter os filhos queridos


Porque depois do outono, volta-nos o inverno

E, depois deste, nos brilhará o sol de um verão

Reencontros  que nos permitem os afagos ternos.


Euclides Riquetti

24-03-2022









Como se o tempo não tivesse passado

 


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É como se meu tempo não tivesse passado
E é como se tudo fosse um sonho eterno
Algo fascinante, algo encantador e terno
Que calou em mim; ficou aqui gravado..

É como se a vida fosse só o que foi vivido
É como se não houvesse um futuro adiante
Nada de novo, apenas o passado já distante
Apenas um livro diário já escrito,  antigo...

É como se tudo fosse estático, permanente
Apenas dias nublados, chuvas, tempestades
Ventos que sopram os fogos das vaidades
Como se tudo fora o passado sem presente...

É tudo muito confuso, escuro, sem clareza
É o céu na noite em que somem as estrelas
Em que se olha e não se pode percebê-las
É o futuro incerto e o presente sem certeza!

Euclides Riquetti

Como se fosse sábado...

 


 




Engraçado...
Hoje me pareceu...
Como se fosse
Um dia de sábado!
E amanhã seria domingo
Um dia muito lindo!

Ora, meu pensamento faz calendários
Cria dias imaginários
Conforme sua conveniência...

Meus interesses se sobressaem
Enquanto as pessoas se distraem
E fogem da subserviência...

Fogem dos controles a lógica
Da vida metódica
O medo da mudança...

Mas há horas que se procuram
Novos e animadores horizontes:

Os horizontes que inspiram o poeta
Ele e sua pena indiscreta
Que corre sobre os papéis
Com versos amenos ou...
Cruéis!

Mas o poeta acanhado
Dá o seu recado:
O mundo é apenas uma passagem
E é preciso ter coragem
Para os novos desafios
Sejam nos dias chuvosos
Seja nos dias de estio.

E, não sei por que motivo
Mas há algo aqui comigo
Que me induz e impulsiona
A dizer que o que aprisiona
A ninguém faz bem.

E que todos os dias possam ser como os sábados
Com os pensamentos motivados
A pensar que o amanhã seja mais um domingo
Sempre adorável, sempre muito bem vindo!

Apenas assim...

Euclides Riquetti

Anjo de luz (você...)

 


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Um raio de luz riscou o céu na noite estrelada
Deixou ali um rastro, uma silhueta longilínea
Como que de seu corpo, a imagem desenhada
De algo muito  real, uma verdadeira insígnia.

Era uma luz poética, uma propulsão de versos
Que os poetas escrevem e distribuem nos céus
Era um corpo esbelto, com atributos diversos
Que porei em tela branca, da alvura dos véus.

Era um anjo de luz, um ser com alma e dores
Com braços, pernas, cabeça, olhos, coração
Era um anjo de luz divina, de múltiplas cores.

Era um risco no céu, vagando no meu espaço
Aquele que reservei para descrever toda a paixão
Inspiração para meu verso, o risco de um  traço!

Euclides Riquetti

Catando grimpas e revirando a memória! Saudosismo...

 

 





          Há algumas coisas que a gente fazia quando criança e que, depois, o tempo nos dá uma pausa e as esquecemos por completo. Adiante, circunstancialmente, surgem ocasiões que nos fazem voltar atrás e nos remetem a reflexões... a lembranças, ternas e agradáveis lembranças!

          Pois, nesta manhã agradável e ensolarada aqui do Sul do Brasil, saí para dar uma volta na quadra, aqui perto de casa. Levei um pedaço de fio de luz que estava ali, "pendurado num prego". Ora, ainda tem gente que pendura coisas em pregos, como têm aqueles que mais ainda, penduram "num prego atrás da porta". Tenho um almoxarifado cheio de ferramentas em minha casa. Organizado, não bagunçado!

           Tenho muitas ferramentas, pois as fui angariando desde a construção da casa. Não vou ficar aqui dizendo quantas e quais, pois você não vai, mesmo, se interessar por minhas ferramentas, desde as convencionais às elétricas, do martelo à serra elétrica, da picareta à furadeira. Mas tem os "brinquedos", os apetrechos do esporte, das raquetes de tênis de quadra aos molinetes de pesca do Fabrício, da bola de futebol à de basquete, ainda todas as medalhas que ele ganhou desde o futebol até o haecon-do.

            Mas hoje vou falar das grimpas das araucárias. Das que caem dos pinheiros quando sopra o vento. Das da região de União da Vitória, onde morei na juventude, onde eu li "Eu Vi Cair o Último Pinheiro", do autor José Cleto, pai do Esoani Parísio Cleto, o fera que tirou primeiro lugar no vestibular de Letras da Fafi, em 1972, que tinha barba de filósofo, era uma inteligência acima da média, bem sucedido,  mas muito simples e amigo, capaz de dar atenção ao mais simples dos mortais... Ele nos dizia que seu nome era raro porque os pais, José e Celina usaram, as três ultimas letras de José, invertidas: ose virou "eso"; e de Celina: ina virou "ani" e, aglutinando-as, deu eso+ani= "Esoani". E assim os pais escolheram seu nome, exótico, diferente, único, talvez.

          E vou falar das aventuras da infância, primeiro no leãozinho (Capinzal-Ouro), onde o Stefenito Frank ajuntava os pinhões no potreiro, acendia um fogo de grimpas e jogava sobre este os pinhões, sapecando-os. Delícia!

           Lembro, também, dos pinhões maduros  que catávamos nos potreiros do Benjamim Miqueloto e do Augusto Masson, e que sapecávamos no meio das grimpas em chamas, nos domingos de tarde, ali próximo da "cadeia", no Ouro. O Dito, o Itcho e o Zé (Rosito, Heitor e Raul Masson); o Nito e o Neri (Irenito e Neri Miqueloto); o Bode Branco  e o Carlinhos (Ivo e Carlos Guerra), o Lombo Preto (Arcílio Massucatto), dos Coquiarinhas (Altivir e Valdir Souza), meu o Foguete e o Pisca (Ironi e Euclides Riquetti...), o Paulinho (Adelir Paulo Lucietti), o Tostão e o Nego (Darci e Valdecir Lucietti), o Armindo (Ermindo Campioni); o Tratorzinho (Luiz Alberto Dambrós), o Adecho, o Ademar e o Micuim  (Adelcio, Ademar e Adelto Miqueloto)   o Cosme e o Moacir (Richetti), do Nereu e do Nico (Nereu e Irineu Oliveira), e outros moleques.

          Pois hoje eu cato grimpas, como fiz outrora, para começar o fogo na churrasqueira aqui de casa. Melhor que papel, é fogo imediato e garantido. Lenha queimando, churrasco delicioso, pois, quem tem o costume de fazer fogo com lenha, não troca por carvão de jeito nenhum...

Grande abraço a todos os amigos que passaram pela minha vida, os que aqui citei e os demais, alguns presentes e outros já ausentes, foram morar no céu. A estes, minhas orações...

Euclides Riquetti

Por trilhas de raios solares

 


Por trilhas de eaios solares


Por trilhas de raios solares a iluminar o infinito

Procuro por uma musa que me atrai e me inspira 

Nas linhas que se postam há o céu azul e bonito.

Asas planadoras embalam teu corpo de menina

Canção melodiosa acalma instintos em explosão. 

Que emanam a fertilidade na minha imaginação. 


Lembranças que vão e vêm das ruas pedregosas

Realidade dos anos e das transformações havidas

Mares de águas verdes a se embalarem audaciosas

Primazia em poemas e doces palavras escolhidas

Lua e sol, sol e lua, e momentos da êxtase sentida.


Cupido a flechar com setas certeiras lançadas no ar 

Alento para meu coração que chora em seu silêncio

Seletos são sonhos que tu buscas novamente realizar

Presentes que mereces são como perfumes ao vento

Léguas precisas percorrer para buscar a felicidade.

Torres castelares são como o quarto onde te escondes

Alimentas minha alma quando sentes e me respondes

Sentimentos sufocados devem brotar de ti levemente

Coisas que só teu coração sensível compreende. 


E eu espero...


Euclides Riquetti

24-03-2022






Choveu na madrugada

 






Choveu na madrugada
Um chuvinha fresca
Bem pitoresca
Que molhou minha calçada
Quando choveu
Na noite de breu
Na madrugada...

Choveu e molhou os gramados
Molhou as plantinhas
Mesmo as ervas daninhas...

Molhou os telhados
Molhou as florinhas
Todas as plantas minhas...

E, enquanto chovia
Alimentei os sonhos meus...
Senti saudades
De andar pela cidade
Buscando reencontrar
Os olhos seus!

Choveu a chuva do alento
Que mexeu com meu pensamento
Irrequieto
Mas discreto:

Aquele que a procura
Na noite escura
Apenas porque
Quer reencontrar você...

Choveu na madrugada

Mas, depois, veio, de novo, o sol
O bendito e abençoado sol!

Euclides Riquetti

Quero ver você sorrindo

 


 


Quero ver você sempre sorrindo
Feliz, alegre, contente
O seu sorriso é tão lindo
Que não pode se apagar num repente...

Quero ver você cantando
Apenas canções de bom gosto
Ouvirei você e sonhando
Esperarei que venha agosto...

Quero ver seus olhos brilharem
Irradiando felicidade
E quando as luzes se apagarem
Dormirei sentindo saudade...

Apenas isso...
Bem assim!

Euclides Riquetti

Barulhos ecoam no céu ao amanhecer

 



Barulhos ecoam no céu ao amanhecer

São os trovões estrondosos a explodir

Acordam crianças, velhos e animais

Fazem até mesmo a terra estremecer. 


Os relâmpagos atravessam as vidraças

Passam as horas e eles continuam a vir

Parece que a chuva já não acaba mais

E as pessoas estão sujeitas às ameaças.


Correm as águas e levam as sujeiras

Conduzem bagulhos a entupir bueiros

E a chuva ainda cai impiedosamente

E o vento balança as plantas fruteiras. 


A água que corre vai-se com o vento

Alaga os lares de moradores lindeiros

Penso em você com minha alma silente

E peço a Deus que nos regule o tempo.


Euclides Riquetti

24-03-2022