sábado, 20 de abril de 2013

Colégio de Minha Infância

Em manhãs de sol brilhante
Em dias de céu azul como o mar
Eu olho pro alto do monte
E vejo a beleza sem par.

É o colégio dos bons anos
Dos anos de minha infância
A escola onde estudamos
Com toda a sua exuberância.

Em manhãs de inverno eu lembro
Eu lembro com emoção
Dos pique-niques em setembro
Dos passeios no verão.

Eu lembro dos colegas já idos
Que Deus levou para si
E que hoje estão vívidos
No coração que está aqui.

Ah, como a vida era bela
Que saudades do pingue-pongue
Do carinho da Irmã Marinella
De brincar de esconde-esconde.

Saudades eu sinto do amigo
Da amiguinha pura e inocente
Lembranças eu trago comigo
E falo o que minh ´alma sente.

Ah, quantos dias tão saudosos
Em que nós, pequenas crianças
Aprendíamos a ser corajosos
Aprendíamos, eu tenho lembranças.

E hoje, depois de um bom tempo
O Mater ali continua
Majestoso, soberbo elemento
Grandiosa a presença sua.

E eu canto por onde eu ando
Com o orgulho da vitória
A canção que por encanto
Me leva de volta à História.

A História que os filhos ouvem
É a verdade que eu vivi
Até parece que foi ontem
Que escrever eu aprendi.

E, para todos vocês
Colegas tão cheios de vida
Fica o abraço cortês
Meu e de minha família!

Euclides riquetti
26-05-1994 - composto e declamado
mum evento comemorativo do Colégio
Mater Dolorum, em Capinzal - SC,
onde estudei na infância
e lecionei quando adulto.



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Apenas poesia

A noite foi chuvosa, ruidosa...
Baldes de água caíam no meu telhado
Tudo encharcado
Tudo molhado.
Manhã com cara de outono
Vontade de emendar o sono.

Ao clarear do dia
Que alegria!
Dia de rever a amiga
Que há tanto não via.
Dia de ouvir histórias
Dia de compor poesias.

A palestrante, que doçura!
Fala com propriedade,  de litertura:
Fala da linguagem, da imaginação
Fala em memória literária
Fala da vida diária
Do marginalizado
Da escola sem bibliotecária!!!

O mundo precisa ser humanizado
Ele pode, sim, ser melhorado!
E é aí que eu me convenço
Entro em meu próprio consenso:
Realmente, não posso ficar parado
Preciso aumentar meu legado.
Gosto de rimas, bem vês
E gosto tanto, tanto de ler.

E, de vez em quando, escrever.
Gosto de ver pessoas atentas
Embevecidas por histórias e relatos
Com o seu olhar fixo nos falantes
Ouvindo as "histórias de dantes"
Dos tempos idos, marcados
Do passado, tão bem lembrado
Que é o que nos causa prazer.

Ouvir, falar, ler
Jamais esquecer
Palavras simples, jogadas
Mesmo que não sejam rimadas
Tornam-se interessantes e belas
Passam imagens singelas.

E, assim, constrói-se o mundo
Imenso, fantástico, rotundo
Construído em prosa e verso
Lógico, certinho... ou controverso.

Este é o mundo que é nosso
É o mundo de quem lê
É o mundo de quem vê.
Nós somos um monte de gente
Que gosta de você!

Euclides Riquetti
Composto enquanto ouvia uma palestra, em 26-05-2010,
proferida por uma amiga escritora,
coleguinha de minha juventude: Eloí Bocheco!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Torcedores Encrencados

          Em setembro de 2011, durante a realização do Campeonato Brasileiro de Futebol, assisti, com meu irmão Edimar, o sobrinho Guilherme, o Neri Miqueloto, o Kiko Michelotto, e três amigos deste, ao jogo do Avaí contra o Palmeiras, na Ressacada, na Capital Catarinense.  Empate, 1 a 1, o goleiro Marcos tomando seu último gol como profissional. Apelidado de São Marcos, teve grande importância para o Palmeiras e a Seleção Brasileira.

          O time do Palmeiras era limitadíssimo. Na frente, Kléber, o Gladiador, estava isolado, a bola pouco chegava até ele. O Treinador Luiz Felipe Scolari, o Felipão, nosso treinador Pentacampeão Mundial, sendo vaiado pela torcida "Mancha Verde". A cada jogada errada do time, medíocre, vaiavam o treinador. Ao final do jogo, quando se dirigia aos vestiários, a saída para os mesmos ficava bem embaixo do lugar onde os torcedors da Mancha se acotovelavam. Bebiam cerveja, muita, agitavam suas bandeiras, diziam palavrões. Estávamos a menos de 10 metros deles, daí ser muito fácil ouvir as bobagens que diziam e observar os seus  gestos obcenos. A linguagem deles impublicável. vergonhosa!  O treinador, impaciente, apontou-lhes o indicador direito, bem em riste, e disse: "Eu sei bem o que vocês vieram fazer aqui. Sei até quem pagou as suas despesas e a serviço de quem você estão. Conheço-os bem".  Pois que o consagrado treinador não teve vida fácil naquele clube e teve que sair.

          Há dois meses, no jogo do Corínthians contra o São José, de Oruro, na Bolívia, do meio de uma dúzia de tocedores corinthianos foi disparado um sinalizador direcionado à torcida adversária, alvejando o jovem Kevin Beltrán Espada,  14 anos, que veio a falecer. Doze torcedores foram presos, estão na Penitenciária de San Pedro. Aqui no Brasil, dias depois, um jovem de 17 anos assumiu a autoria do disparo, disse que fez isso sem intenção. Manifestações nas redes sociais indicam que os netistas não estão acreditando nessa história. As autoridades bolivianas desejam a sua extradição, mas a Lei Brasileira não possibilita isso em razão de ser menor em idade. Querendo fazer com a Justiça de lá o que costumam fazer com a Justiça daqui...

          No Brasil, nos meios políticos, diplomáticos, jurídicos e até na imprensa, a constatação é de que os bolivianos sabem muito bem que não são os doze torcedores que cometeram o delito, e que não seria difícil identificar os verdadeiros responsáveis, liberando os demais. Aqui, a opinião que prevalece, é a de que a confissão do menor soa como algo bem orquestrado, justamente por sua condição de idade e os privilégios que a Lei Brasileira faculta aos menores. E que a atitude das autoridades do país de Evo Morales têm uma grande mágoa diplomática em relação ao Brasil, por ter dado abrigo ao refugiado senador Roger Pinto, dos quadros da oposição boliviana. Aguardar para ver...

          Você, leitor, com  apenas dois exemplos, deve ter-se lembrado de quanta confusão já presenciou entre torcidas. Estádios com boa segurança não são suficientes para a contenção da fúria do torcedor quando presencia a derrota de seu time do coração ou quando é contrariado. Quantas vezes já invadiram os vestiários, não do adversários, mas de seu próprio clube, para agredir jogadores de quem se tornam desafetos. Quantas vezes treinos precisam ser interrompidos para que os seguranças possam retirar das arquibancadas torcedores que lá estão para xingar treinador, jogadores e dirigentes!

          Na europa, estádios com maior capacidade de público que os nossos, sem fossos e sem alambrados, apresentam espetáculos que nos encantam em termos de futebol. Tanto é que os canais de TV por assinatura que transmitem jogos da Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha e França têm elevada audiência. Jogadores, aqui, são venerados como verdadeiros santos. Alguns moleques, nem bem ainda conseguem lugar como titular em seus times e já começam a mostrar sua "panca", enchem-se de tatuagens, fazem cortes de cabelos exóticos... Nada contra isso, mas primeiro mostrem serviço e só depois virem "artistas". Jogadores de lá, em termos de seriedade e responsabilidade,  estão bem acima dos nossos. E, a grande capacidade de jogar, a grande diferença, a dita supremacia que tínhamos em relação aos outros países, diluiu-se faz tempo.

          Agora, famílias em casa sofrendo por causa de uns doidos. Tiveram, recentemente, um exemplo horrível com sinalizador, que ocasionou o devastador incêndio na boate de Santa maria. Pois não aprenderam. Foram exercitar sua imbecilidade lá fora. pensam que em todos os lugares tudo vale. Não imaginavam que aprontando lá num país mais pobre fossem ter consequências assim. Agora, que se defendam. Sem mentiras. Se dissessem a verdade, qualquer que fosse, desde o início, certamente que a maioria deles não teria ficado lá, detida. Usaram uma estratégia que se vê em filmes, mas a realidade é diferente da ficção.

               Enquanto isso, é aguardar para ver que desfecho vai ter o caso desses  12 corinthianos presos na Bolívia.

Euclides Riquetti
18-04-2013

         



    
         

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Ferrari do Felipe Melo

         Parabéns ao Felipe Melo. Parabéns a ele e a todos os que conseguem comprar Ferrari, Porshes, BMWs, Mercedes.

         O G1, um dos sites mais visitados do mundo, da Globo, empresa brasileira do ramo de comunicações, trazia, nesta terça-feira, 15, uma foto de uma exuberante Ferrari vermelha e,  ao lado dela,  seu proprietário, o brasileiro Felipe Melo, 29 anos. E a manchete: "Felipe Melo exibe sua Ferrari ao deixar treino da Galatasaray".

           A Galatasaray é uma agremiação esportiva que pratica o futebol, sediada em Istambul, a antiga Constantinopla, cantada e versada na História e na Literatura. Melo foi aquele volante brucutu, que parava os adversários com faltas violentas, desprovido de talento e habilidades esportivas, expulso no jogo das Quartas de Final da Copa de 2010, na terra das vuvuzelas, a África do Sul.  E o Brasil desclassificou-se depois de perder por dois a um para a "Laranja Mecânica", nossa querida Holanda. Após o treino, saiu com sua reluzente e potente máquina, coisa que só os bem endinheirados podem ter, e postou: "Indo para casa depois de um ótimo dia de trabalho".

         Juro que não tenho inveja dele. Tenho meu carro nacional que me oferece o conforto e a segurança que dele espero, é econômico, bonito, e tem seguro total. Quando o Melo nasceu, eu já tinha trabalhado fora por 19 anos, parte deles com carteira assinada. E eu já tinha um fusca básico, que comprei de um amigo, com 9.000 Km. Ia com meus familiares para Curitiba, União da Vitória, até para as praias. Eu era professor, exclusivamente. Tinha alunos na escola pública e na particular, assumia lecionar em um monte de turmas para sustentar minha família. Muitos de meus alunos tornaram-se Engenheiros, Advogados, Psicólogos, Fisioterapeutas, Professores, Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos, Jornalistas, Publicitários, Físicos, e outros vingaram em muitas profissões. Há os que conseguiram comprar seu carrinho, casar, ter filhos, plano de saúde e, boa parte, ter sua casa ou apartamento.

         Centenas, talvez milhares deles cursaram especialização, dezenas deles mestrado e, certamente, dezenas deles buscaram e conseguiram concluir o doutorado e estão perseguindo o pós-doutorado. Estudaram e trabalharam simultaneamente, estabeleceram-se com seus escritórios e consultórios, ingressaram em empresas ou no serviço público, estão contribuindo para com o desenvolvimento do país, aqui atuando ou mesmo bem representando-o lá fora.

         Num país em que as aparências contam muito, em que mostrar o bum-bum e os peitos siliconados dá ibope, falar bobagens é bonito, vencer na vida bancando o espertalhão é considerado talento, temos que parabenizar, mesmo, o tal de Felipe Melo. E esperar que nossos filhos tenham, também, um pouco mais de sorte.

Euclides Riquetti
17-04-2013
         



         

terça-feira, 16 de abril de 2013

Quadrinhas lá da roça...

Lá na roça tinha muito
Tinha muito do serviço
Mas dava cebola e batatinha
Tinha até porco-ouriço!

Lá na roça também tinha
Tinha melão e melancia
E altos pinheiros com pinhas
Onde fazíamos estrepolia!

Lá na roça tinha boi
Tinha vaca, tinha ovelha
Naquele tempo que já  foi
Tinha até caixa de abelha!

Tinha casa lá na roça
Coberta de tábua ou telha
Até chiqueiro com fossa
Uma porcada bem parelha!

Bem pertinho de uma taipa
Tinha em belo de um paiol
Um cavalo muito baita
Que não tinha medo do sol.

Tinha uma horta bem plantada
Com alface, tomate e almeirão
E era muito bem cercada
Pra não entrar a criação.

Dá saudade do leite morno
Tirado do ubre das vacas
Do pão de trigo no forno
Quentinho nas formas de lata.

Ah, sim, me dá muita saudade
Dos amigos da vizinhança
De criança e da mocidade
Trago as melhores lembranças.

Os anos passaram  ligeiro
Mas de nada eu esqueci
Foi-se o tempo prazenteiro
Da  roça onde eu vivi.

Deus abençõe o roceiro
Que teimou em lá ficar
Dê forças pra que trabalhe faceiro
Para a família sustentar.

Agora, já bem madurinho
Divido com você minha história
Daquele belo tempinho
Com muita alegria na memória!

Euclides Riquetti
16-04-2013
















segunda-feira, 15 de abril de 2013

O Sucesso dos Atletas com Deficiência

          Já está mais do que comprovado. Pessoas que, por alguma razão, acabam portadores de algumas limitações físicas, podem, sim, competir em atividades esportivas. E também buscarem meios de subsistência e formarem organizações que defendam seus interesses. Um exemplo de suceeso, nesse campo, é o grupo que prticipa da ARAD - a Associação Regional de Atletas  Deficientes, sediada em Joaçaba, mas que atende também os de Herval D´Oeste.

          Participamos, no sábado, 13, do jantar promovido pela entidade junto ao Restaurante BS, no Campus II da Unoesc, em Joalaba. Fomos muito bem recebidos pelos paraatletas e seus familiares, que estavam liderando os trabalhos de venda de ingresso, portaria e trabalhando na estrutura geral. Conhecemos as modernas biclicletas de corrida e outros equipamentos, inclusive para crianças cadeirantes, que têm sua mobilidade facilitada.

          A ARAD foi fundada em 2006 pelos professores Adão Cézar de Oliveira e Fernando Orso Alves e, desde então, gradativamente, tem incluído atletas a participar de suas atividades. Os atletas treinam sob a supervisão de seus professores e são levados a participar de competições em nível estadual e nacional. Já na abertura do jantar,  o Fernando Orso apresentou uma mídia em que relatou as atividades e as conquistas dos atletas, a forma como trabalham e como é feito o convencimento para que pessoas que estão marginalizadas venham a participar, inclusive com êxito, das competições.

          Pessoas como o ex-maratonista José Luiz Campanholi, que teve um acidente e ficou paraplégico e agora participa de corridas de atletismo com bicicleta, Ademir Carlet, Daluan Cardemas, Aline Valmórbida, Aline Rocha, Janderson Gegê Martins, Evandro da Rosa, Nádia, que só saiu de casa aos 38 anos,  e Regina, esta ex-lutadora de judô que ficou com limitações devido a um AVC e agora lança discos e dardos, e outros ainda, estavam lá.

          Hoje podemos dizer que a dobradinha Fernando-Orso e Aline Rocha têm agregado muito em termos de envolvimento de mais pessoas e de divulgação do esporte. Aline, orientada  pelo namorado/treinador Fernando, foi medalha de Ouro na última São Silvestre, em São Paulo, e está selecionada pelo Circuito Loterais Caixa para, ontendo índices olímpicos que permitirão que ela venha a participar de Olimpíadas. Agora, a principal meta é a Campanha "A Vida Precisa de Movimento". A comunidade vai conhecer e deve apoiar a nobre e bela iniciativa da ARAD.

          Celulose Irani, Unoesc, Fundação Municipal de Esports de Joaçlaba e Laboratório Pasteur têm sido os principais parceiros dos atletas do esport adaptado. Para conhecer melhor a entidade, acesse o www.arad.esp.br e você vai conhecê-la melhor.

          Ter participado do jantar, muito gostoso e preparado com carinho, com outras 150 pessoas,  e ainda reencontrado alguns amigos, como meu ex-aluno Joceli Andrade, que é empresário em Herval D ´Oeste, foi muito gratificante.

          Parabéns, atletas e professores, pela coragem e luta. Sua bandeira merece ser hastada em todas as cidades!
         

Euclides Riquetti
15-04-2013



domingo, 14 de abril de 2013

Quando as pessoas tinham medo de pecar...

          Quando criança, costumava ir sagradamente às missas da Igreja Católica, lá no Rio Capinzal. Primeiro, em Leãozinho, onde o Frei Crespin Baldo vinha celebrar uma missa a cada dois meses, pelo menos. Vinha a cavalo, fazia seus ofícios religiosos e ia embora. Meus padrinhos e seus filhos me levavam com eles. Eu ia faceiro, com a blusinha verde com listras brancas, horizontais, que minha mãe me mandara. E com os sapatos novos, pretos,  que meu pai comprara na loja dos Zuanazzi, ali na esquina contraposta à  dos seus concorrentes, da família Macarini, defronte ao casarão do Sílvio Santos.  Comprava sempre um ou dois números maior, para que, quando o pé crescesse, não escapasse. E já vinha com amassados do "Correio do Povo", na ponta, para que tomasse boa forma no pé., não escapassem.

          A parte boa da missa era que, após, íamos brincar com os filhos dos Seganfredo, Andrioni, Biarzi e Frank, Pissolo e Reina, correr pelo gramado e passar pela ponte coberta, sobre o Rio Leãozinho", que dava acesso à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

          Nos domingos em que não tínhamos a missa pela manhã, tínhamos a reza do terço à tarde. Lembro que praticamente cada família tinha um integrante no grupo que puxava as orações. Então, além das já mencionadas, havia os Santini, Bussacro, Tonini, Savaris, Poyer, Guzzo, Santórum e outros. E, ocasionalmente, puxavam a "Ladainha de Nossa Senhora", em latim, prática que desenvolvem até hoje. Acho que é um dos costumes mais antigos da Igreja Católica que está remanescente numa região de grande predominância da colonização por descendentes de italianos.

          Eu não prestava muita atenção aos sermões do Frei Crespim, mas lembro perfeitamente que ele condenava os pecadores, falava nos pecados mortais e veniais. Mortais, eram aqueles muito graves, como por exemplo, tirar a vida de outra pessoa. E as pessoas perguntavam: "E os soldados, que matam os outros soldados nas guerras, ficam com pecado mortal?" Para isso nem precisava da resposta do sacerdote: matar na guerra não era pecado...

          Adiante, adolescente, fui aprendendo. Havia os pecados veniais, que eram os mais simples, que bastava confessar-se, semanalmente, e pedir perdão ao padre que, representante de Deus, perdoava. O problema maior era a vergonha. Alguns desses pecados veniais eram, por exemplo, dar uma espiadinha nas pernas de alguma garota, coleguinha que fosse. Isso quando houvesse um descuido dela, porque as saias não eram curtas. Beijar, então, só quando fosse noivo, e não na frente dos pais. Então, aquele beijinho sutil, roçado, roubado, na subida da escada, só depois de noivos...Amassar, na época, era sovar a massa do pão, ou bater o paralama da bicicleta num poste, no meio da rua. Aliás, eram tão poucos os carros que, em muitas vias, estes eram fincados bem no meio, sobrando espaço dos dois lados para que os eventuais carros pudessem passar. Amassar, agora, é passar a mão, dar abraços apertados, enfim, dar amassos, você sabe em quem...

          Roubar era pecado grave. Além de pecado, era uma vergonha muito grande. Roubar galinhas para fazer brodo em turminhas de amigos, no inverno, era um pecadinho levezinho... Mas roubar galinha pra comer em casa era muito feio. Mais feio do que pecado. E, a gurizada, para não cometer o pcado, burlava: "maiava".  Maiavam melancias e jabuticabas, onde quer que houvesse. Maiar caquis na Siap, indo de bote, pelo Rio do Peixe, ah, isso fizeram muito, muito. Descumprir os "Dez mandamentos da Lei de Deus" era pecado. Agora há  outras classificações de pecados, além dos mortais e veniais, algumas novas nomenclaturas, tipo "leves" ou "pesados".   Nunca entendi direito e nem vou pesquisar sobre eles. Fala-se dos pecados capitais, pois os conceitos sobre pecado evoluíram: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça, vaidade ou orgulho. E cada um tem um entendimento sobre eles conforme sua conveniência. Claro que você, leitor (a), também tem o seu próprio entendimento e vamos respeitar isso.

          As pessoas não acreditam mais em céu e inferno (nem eu). E tiram a vida de outras por motivos muito banais. Há os "marcados para morrer", há toda a sorte possível de delitos contra a vida. Das pessoas, dos animais, da natureza.

          Antes, por medo de pecarem e irem para o inferno, continham-se nas ações, pensavam muito antes de atentar contra a vida, cometer qualquer delito, por simples que fosse. Agora, por pensarem que não há punição, por terem compreendido que a vida não é assim do modo como os padres e pastores dizem que deveria ser, fazem tudo o que julgam necessário para ficarem bem, levarem algum tipo de vantagem. Danando os outros.

          Claro que nem tudo o que nos ensinaram era "pecado", é isso que  nos revela nossa compreensão de adultos. Entretanto, tenho saudades daqueles tempos em que, se não fosse por educação, pelo menos pelo medo os seres respeitavam os outros seres. Ah, como era bom!

Euclides Riquetti
13-04-2013