quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Compondo meus sonetos na beira do mar...

 


 


 



Desconecte-se, completamente,  da sua realidade
Saia pra  fora de si, de seu mundo real
Embarque  no seu pensamento e viaje
Navegue pelo espaço sideral...

Vá, em nau imaginária, para os outros planetas
Tente encontrar neles os poetas e escritores
Abrace-se aos satélites e aos cometas
Mergulhe nos seus perfumes e colores.

E, em cada porto celestial, em cada estação
Em cada lugar em que estiver me procurando
Deixe-se entregar pela desmedida paixão

E, se outros poetas,  você não encontrar
Volte para mim, pois estou aqui esperando
Compondo meus sonetos na beira do mar.

Euclides Riquetti

Sonhos azuis

 


 


 



Meus sonhos são azuis, como azul é  o mar
Nas manhãs de sol brilhante...
Meus sonhos são azuis, como azuis são os olhos
Que  não canso de admirar...
Meus sonhos são azuis como azul é o céu na manhã
Do sol escaldante
Em que as nuvens brancas adornam o firmamento.
Meus sonhos são azuis porque escolheram ser.
Do mesmo azul dos sonhos seus, de sua vontade de viver.

Meus sonhos voam em busca dos seus nas noites do verão
Como já o fez na primavera, no inverno e no outono
Enquanto eu brinco de sonhar com versos, estrofes e poemas...

Meus  sonhos  têm a cor do sangue nobre que banha o seu coração
E que corre em suas veias ágil, rubro anil e morno
Enquanto colho rosas e margaridas nas manhãs serenas...

Meus  sonhos buscam os seus que teimam em não me sonhar
Que teimam em não me querer
Que teimam em não me amar...

Meus  sonhos  azuis dos poemas românticos e das brandas prosas
Meus sonhos azuis  que procuram seus sonhos cor-de-rosa
Meus sonhos de homem que procuram os sonhos de mulher
E que me fazem querer porque creem que você também me quer!

Euclides Riquetti

Pra ti, um poema muito especial

 


 



Pra ti, um poema muito especial

De fim de ano!

Escrito sem camisa, um tanto profano

Meu poema com versos ousados

Para este fim de ano!


Pra ti, os sonhos prateados

Os mais bem sonhados

Encantadores

Acalentados...


Pra ti, as palavras simples escolhidas

Articuladas para meus versos

Sem métrica ou medidas!


Pra ti, a liberdade de escrever e pensar

O sonho ( e o desejo) de andarmos de mãos dadas

Acariciadas

Na beira do mar

Seja em Mariscal ou Canasvieiras

Pisar nas quentess e clara areias!


Pra ti, a inspiração que é bem-vinda

Porque te amei e te ami ainda!


Pra ti, a liberdade de dizer-te,em poesia

Que se deve amar sempre, todos os dias

Porque o futuro é incerto

É um leque bem aberto

É o futuro que tanto quero

É o passado que me deixou nostalgia!


Pra ti, um pedido de desculpas

A reconquista de um sorriso

E os afagos suaves de que tanto preciso

Sem culpas!


Bem assim...


Euclides Riquetti

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

No dourado da tarde...






Na última noite de lua cheia de novembro
Ela veio correndo
E tomou o lugar do sol.
Trazia estampado o seu sorriso
Aquilo de que eu tanto preciso.
E era muito bonito
Do tamanho do infinito
Tão largo como o do girassol.

Na noite da lua plena
Minha alma me ordena
A escrever-lhe algo encantador:
Pode ser um verso, simplesmente
Mas tem que ser bem caliente...
Ou um poema inteiro
Bem real e verdadeiro
Com centenas de  palavras de amor.

E, nas outras noites,  quando andar pelas ruas
Verá que em todas as luas
Há beleza e charme.
Sim, porque elas nos trazem belas lembranças
De seu sorriso maroto, ou de criança
Dos sorrisos e de canções cantadas
Das amenidades e das gargalhadas
Na manhã azul, ou no dourado da tarde.

Apenas isso..
Bem assim!

Euclides Riquetti

Mergulhar em ti com ousadia

 


 


 



Todas as formas de arte muito me encantam

A dança, espetacularmente, me impressiona

A  poesia é a arte literária  que me emociona

As músicas que ouço me movem e agigantam.


Desenhos, pinturas, grafites por sua expressão

O movimento e as falas nos teatros sublimam

Os sonetos poéticos, magistralmente, rimam

E a natureza, por si, é um convite à emoção.


E, na arte, eu procuro, sempre, intensamente

Encontrar-te, com teus dotes e teus aributos

Ver, com os sentidos, o que te traz à mente.


Verdadeiramente, povoas sonhos e fantasias

Quero ser tua maçã e que sejas os meus frutos

Perder-me em ti, mergulhar em ti com ousadia!


Euclides Riquetti

Sagaz inspiradora de palavras e versos


 


 





Sagaz inspiradora de palavras e  versos
Mergulha-se  em devaneios e ilusão
Escravos pensamentos estão despertos
Companheiros na  sua solidão.

Olhos brilhantes e meigos que  censuram
As palavras nos seus lábios pronunciadas
As mãos graciosas outras mãos seguram
O sonho que rouba as  madrugadas.

Vaga pisoteando pedras entre a verde relva
Vaga sem cuidados, sem limites, sem reservas.
Entre sucessos, tropeços  e conquistas.

Voa o pensamento entre as nuvens alvas
Voa no firmamento sua dileta alma
Enquanto a névoa lhe embaraça as vistas.

Euclides Riquetti

Quando se douram os trigais

 




Quando se douram os novos  trigais
Fica primavera na minha alma
Quando se esverdeiam os laranjais
Deles brotam as  flores mais  alvas.

Quando se azulam as águas cristais
E correm em direção aos  oceanos
Penso em dias que não voltam mais
Que se somaram em meses e anos.

Quando o caminho fica  extenso
E o porvir fica bem  menor
Olho pro meu passado e penso
Se o que me aguarda será melhor.

Não posso deixar tristes as manhãs
Nem as tardes perderem o sentido
Minhas noites jamais serão vãs
Jamais  serei um poeta exaurido.

Quando se douram os novos trigais
É meu recomeço, minha nova energia
É a força que volta cada vez mais
E me dá ânimo, luz e alegria.

Euclides Riquetti

Feliz Dezembro

 






Feliz Dezembro 
Dezembro chegou, enfim
Chegou com os raios de sol
Ou com as chuvas  molhando os trigais
Com perfumes nos campos florais
Chegou dezembro, enfim
O dezembro das tardes... e das manhãs de sol.

Dezembro chegou com ares de dezembro mesmo
Dezembro chegou  porque era sua vez
Depois de novembro.

Dezembro veio para cobrir tua pele de verniz!

Chegou o dezembro tão esperado
O dezembro de Natal, do velhinho de vermelho
Do velhinho bom e animado
Que traz presentes pras crianças.

A chegada de dezembro suscita lembranças!
Doces e ternas lembranças
Da infância
Que todo mundo diz
Foi muito feliz!

Dezembro é o mês em que a cidade reluz
Para esperar...
O Menino Jesus!

(E eu espero você...)


Euclides Riquetti

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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

A música do vento...

 


 



A música do vento... embala meus sonhos
E me leva pra longe... me faz navegar
A música do vento... afaga meu rosto
E me transporta pra perto... pra perto do mar!

A música do vento me vem como uma canção
Que você cantava
Pra me animar
A música do vento acalma meu coração
Me faz pensar em você
E de novo sonhar

Adoro o vento que vem brando
Que sopra suavemente
Que vem me acariciando
Como se fossem suas mãos...

Adoro o vento soprando
Deliciosamente
E que vem acalentando
As minhas doces ilusões...

A música do vento é assim,  prazenteira
A música do vento me traz esperanças
De reencontrar a verdadeira
E a mais saudosa das lembranças.

A música do vento... me faz sonhar!

Euclides Riquetti

Seus olhos tristes

 



 



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Navegam seus olhos fundos,  entristecidos
Buscando no horizonte algumas respostas
Talvez buscando entender alguns desatinos
Escrevendo o poema certo nas linhas  tortas.

Navegam seus olhos bonitos nas incertezas
Buscando entender os difíceis mistérios da vida
No rio que leva distante,  em suas correntezas
Histórias de traumas, de lutas,  confrontos e brigas.

Navegam seus olhos com medo de ver as verdades
Estradas que levam no tempo, na busca da cura
E trazem consigo lembranças e muitas saudades
Dos tempos de amor, de ilusão e aventura.

Navegam seus olhos e,  ao longe, encontram os meus
Despertos na espera do encontro que tanto desejam
Que aguardam  respostas que venham de dentro dos seus
Respostam que acalmem meu ser e também me protejam.

Eu olho seus olhos, seguro suas mãos e você nem me vê
Em pensamentos, desejos, pecados, pecados, desejos
Só quero sentir o perfume sutil que vem de você
E, se possível, roubar de seus lábios apenas um beijo.

Um beijo do amor sentido e não correspondido
Um beijo para não mais ser esquecido!
Um beijo meu
Um beijo seu
Nada mais!

Euclides Riquetti

Como palavras sem verso

 


 


 



Sou como palavras sem verso, canção sem melodia

Sou verso sem estrofe, sou estrofe sem um poema

Este é meu dilema, meu infortúnio, meu problema

Sou ser perdido no tempo, sou refém da nostalgia...


Sou caminheiro sem rumo, minha estrada eu procuro

Sou andarilho da estrada, tenho uma luz a me guiar

Por isso eu não me perco, vou seguindo rumo ao mar

Sou apenas o poeta que acende tuas luzes no escuro!


Receba meu carinho, guarde o meu abraço afetuoso

Registre em seu caderno estes meus versos escritos

Guarde-o bem em sua estante, deixe em lugar vistoso

Leia-os ao sentir saudades com seus olhos bonitos!


Euclides Riquetti

Fui me pretear...na beira do mar!

 


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Praia de Canasvieiras 


Fui me pretear
Na beira do mar.
Preteei-me um pouco
Na beira do mar
Pois queria morenar.

Foram sete manhãs
Foram algumas tardes
Sem alardes
Apenas com saudades...

Apenas com a convicção
De que corpo e coração
Poderiam descansar
Na beira do mar.

E me morenei
Quase me preteei
Na beira do mar
Onde havia gavotas brancas
E algumas pardas dentre tantas
Voavam no mar.

Comiam o pão que lhes jogava aquela senhora
Que ali se soleou outrora
Mas que agora
Leva o neto
Esperto
Para ver o mar.

E eu, contemplativo
Fico olhando aquilo
Com a saudade a me  matar
Dos anos que se foram
Passados a sonhar
Vendo a vida passar.
(E melancolia a me judiar)
Na beira do mar.

Euclides Riquetti

Uma Oração para Evita (Perón)



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Uma Oração para Evita (Perón)

Santa Evita de todos os argentinos
Que já protegeste teus pobres descamisados
Cuida bem dos velhinhos e dos meninos
Que foram por todos abandonados
Não te esqueças de todos os oprimidos
Nem daqueles nos combates tombados.

Santa Eva Duarte de Perón
Olha pelas Madres de la Plaza de Mayo
Abre para todos teu coração
Ilumina as noites com teu candelaio
Escuta o lamento de minha oração
Mira os mais  fracos com teus olhos claros.

Santa Evita da Casa Rosada
Estende teus braços sobre  a Recoleta
Repousa teu corpo,  em granitos guardada
Inspira os poetas de todo o planeta:
Que seja  tua gente por ti abençoada
E deixe que no Plata vaguem as barquetas.

Mãe Evita de todos os filhos
Mito que se propaga nos lugares e nos anos
Bela e formosa menina de Junin
Deixa-nos uma história que tanto amamos
Eternizada em  "Não chores por mim..." (Argentina!)
Habitas o coração de todos los hermanos.

E também o meu...

Euclides Riquetti

Como os doces ventos

 







Os doces ventos de março voltaram
E, com eles, as belas recordações
E, por aqui, parece que ficaram
Trazendo-nos as ternas emoções...

Os doces ventos de março sopraram
E animaram as brasas certas
Aquelas que antes se ocultaram
Em praias distantes e desertas...

Os doces ventos de março reacenderam
Paixões há muito adormecidas
As almas frias se reaqueceram
E as noites tristes foram banidas...

Porque nos voltaram os doces ventos
Que há muito deixaram de soprar
E apagaram velhos ressentimentos
Que foram se extinguir no mar!

Euclides Riquetti

Pequena sombra nubla os gramados

 


 





Pequena sombra nubla os gramados

Quando o sol se põe bem na vertical

No largo do bosque verde e colossal

De um cenário sutilmente desenhado


Nuvens de algodão no céu flutuantes

Sol dourando a pele frágil levemente

Pássaros coloridos voando contentes

Com as penas tinturadas por corantes.


E a gazela vai, ágil, veloz, encantadora

Corre, elegantemente, pelas cercanias

Exalando perfume de mulher sedutora.


Então, ao lufar do vento fresco matinal

Volta a meus braços com toda a alegria

Vem me beijar com seu aroma natural.


Euclides Riquetti

Te quero

 



 





Te quero e não tenho nenhuma dúvida disso
Deixei-te isso bem claro, já faz muito tempo
És dona de meu corpo e do meu pensamento
Sou um poeta, apenas, sempre a teu serviço!

Te quero muito e nada há que possa me mudar
Digo-te agora, já te disse antes e ainda direi
Em ti me inspiro, em ti sempre me inspirarei
És um bom motivo por quem viver e sonhar!

Te quero e creio que também tanto me queres
E isso é tão verdadeiro como existe a terra
Te espero e acredito que também me esperas...

Te quero e conto que me digas se tu me quiseres
Isso é o que há de melhor da condição humana
Te esperamos eu, a noite e minha alma profana.

Euclides Riquetti

Eterno romântico

 


 


 



Eu até faria um poema acéfalo

Desarrumado, feio e esquálido
Infinitamente torto e indiscreto
Um poema desbotado e pálido...

Talvez um  poema heterorrítmico
Escrito com carvão preto, vegetal
Pra afrontar um outro isorrítmico
Árcade, brega, insosso sem igual. 

Eu faria algo bobo e detestável
Sem efeito, sem nenhum sentido
Poema inútil não recomendável
Falando sobre um amor bandido.

Mas isso está fora de cogitação:
Serei um eterno poeta dos sonetos
Cantarei o amor, o afeto e a paixão
Ser eterno romântico eu prometo!

(Apenas isso...
Bem assim!)

Euclides Riquetti

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Como um vento moreno de outono...

 





Venta o vento moreno de outono
Venta e venta...
Cai a pálida folha, vencida no tempo
E venta o vento.

Brilha o brilho do sol brilhante
É maio, maio de mês
É a noiva que noiva, que sonha
Sonha com a noite da primeira vez...

Cintila a estrela prateada
Na madrugada
E sibila o vento na gélida  noite
Embala a noite, adentro avançada...

Escreve o poeta o poema, e a noite
É a moça, a musa
E os versos, dispersos, não rimam: fascinam
E a noite provoca, encanta, abusa!

E viva você, tema do canto
Viva, viva!
Como o barco que vai, flutuando, leve
Na noite breve
Festiva!

Euclides Riquetti

Um par de sapatos com salto

 


 



Um par de sapatos com salto

bem alto.

Um corpo nu, longilíneo

Cabelos curtos, 

bem aparados

Olhos bem abertos, 

ou vendados?


Um segredo

Um toque fatal

sensual...


A coragem

o medo

de despertar

E não ter a quem querer

E não tem a quem amar.


Há  apenas vácuo

Vazio... ar.

E uma flor violeta!


Euclides Riquetti

Na praia, de mãos dadas

 


 





Na praia, de mãos dadas

Vivendo a espera do verão

Energias já bem renovadas

Novos tempos de emoção.


Alimentando a fantasia

Sonhos buscados e vividos

Ah, é tanta minha euforia

Nada de corações partidos!


O pensamento meu em ti

Foi assim e assim o será

Foi assim quando era guri

Amor que veio para ficar!


Girou a roda do moinho

Água rolou, água desceu

E você no meu caminho

É só o que Deus me deu!


Euclides Riquetti

Eu te espero pro café da manhã...


 



Eu te espero pro café da manhã
Eu e as uvas e minhas maçãs
Quero ouvir de baladas a tangos
Quero tortas, biscoitos, morangos.

Eu te espero porque eu preciso
Reencontrar o teu doce sorriso
Quero sentir teu perfume frutado
Quero morder o teu lábio rosado.

Eu te espero porque sinto saudades
Eu te quero com virtudes e defeitos
Quero viver nosso amor de verdade
Quero olhar pros teus olhos perfeitos.

Eu te espero pro café da manhã
Eu, meus versos e meus poemas
Vem meu sol, vem meu talismã
Vem tornar minhas horas amenas!

Euclides Riquetti

Poetava o poeta (na beira do mar...)

 


 



Poetava o poeta
Na beira do mar
Fora ali na manhã discreta
Apenas para pensar
Sentir o vento e ...
Imaginar
Fazer seu pensamento navegar:
Poetar!

Poetava o poeta alexandrinos
Sobre mulheres, velhos e meninos!

Poetava redondilhas maiores
De sonhos  encantados
Já sonhados
Que rimava com as menores.

Ritmava em seus sonetos as raridades
O  romance,  o desejo
O ardor de cada beijo
Os encantos e sonoridades:
Poetava poemas e...  musicalidades
Poetava...

E, enquanto poetava
Sussurrava aos ventos
O nome de uma mulher
Que amara
Que amava...

Quando lavavam roupas nos rios - para reviver! - crônica de memórias

 


 



          Quando de minha infância, ainda não havia rede de distribuição e fornecimento de águas em Rio Capinzal. Destarte, as senhoras tinham que buscar locais onde houvesse água em abundância para fazer o serviço de lavar roupas. Poucas famílias possuíam máquinas de lavar para esse serviço. E, as máquinas existentes, a maioria de madeira, umas espécies de tinas, não deram ditadas de dispositivos que lhe permitissem o enxágue, a centrifugação ou pré-secagem da roupa, antes de que fosse estendida no varal. E poucas pessoas conheciam sabão em pó, o famoso "Rinso".

         Lembro que as donas de casa buscavam a beira dos rios para o serviço. Tinham uns "lavadores" de madeira, uma espécie de "rampa" que era colocada na margem, escorados em pedras, com uma base para o ajoelhar-se e um detalhe  retangular onde era depositada a pedra de sabão para que não deslizasse e fosse perder-se nas águas.  Muitas vezes, quando o sabão escapava das mãos das lavadeiras, eram o filhotes que buscavam recuperá-lo nas águas. Crianças pequenas, de sete ou oito anos, nadavam bem e tinham domínio das águas. Eu mesmo recuperei muitos para as senhoras. Em alguns lugares, onde havia pedras, as lavadeiras gostavam de bater e esfregar as roupas sobre elas, o que ajudava muito para que ficassem bem limpas.

          O Rio do Peixe era muito frequentado, havia alguns lugares próprios, onde o barranco era menor, áreas preparadas pelas pessoas para que as senhoras pudessem colocar seus lavadores e ainda para a ancoragem de botes, que ficavam amarrados em angicos ou mesmo em sarandis. Quando o rio ficava sujo por causa das chuvas, fazer o que? Fácil. Sempre tinham um tonel que recebia a água das calhas e tinha água armazenada, da chuva. E ainda grande parte das casas tinham cisternas, onde armazenavam grande estoque de água. Quem não as tinha, guardava água em tonéis.

          Mas, pelo menos cinco  destinos eram, principalmente, os mais utilizados para lavarem roupas: O valo da Usina Hidrelétrica da Família Zortéa; os rios  Capinzal e Coxilha Seca, afluentes do Peixe;  e as duas margens deste, tanto na Sede Municipal quanto no Distrito de Ouro, nas localizações abaixo da barragem de pedras.

          No Rio Capinzal, desde a foz junto ao do Peixe, até onde ele adentrava o perímetro urbano, no Loteamento Santa Terezinha, havia muitos pontos onde as roupas pudessem ser lavadas. As águas eram limpas, havia lambaris, jundiás, joanas e carás habitando-as. E, ali, logo abaixo do Grupo escolar Belisário Pena, havia um grande pomar de caquis, de propridade da família  Soccol, onde a margem facilitava muito o trabalho das senhoras. Havia diversos pontos utilizados em todo o curso do rio.

          Na margem direita do Peixe, logo após a entrada ao "Valo da Usina" , havia outro ponto bastante utilizado. Lembro que minha mãe, a Dona Aurora Stopassola, a Dona Iracema Surdi, minhas Tia Elza Baretta e Maria Lucietti Richetti, e outras tantas, tinham seus lavadores,colocados  imediatamente acima de uma comporta para brecar o excesso de água a alimentar a usina, que depois transformou-se numa fábrica de pasta mecânica, para a produção de papel e  papelão.

          E, no Rio do Peixe, logo abaixo da barragem, nas duas margens, dezenas de locais próprios para serem colocados os lavadores, até o limite Sul da cidade. centenas de senhoras se alinhavam, com seus cestos de roupas e lavadores, próximo do rio. Depois, já em casa, com baldes de água bem limpa retirada dos poços, com anil adicionado, enxaguavam as peças brancas para que tomassem uma cor mais alva. Nessa época também começaram a utilizar "Q Boa", a única água sanitária então conhecida.

          Com o tempo, felizmente, veio o serviço de captação, tratamento e distribuição de águas  pelo Simae, no início da década de 1970, quando eram prefeitos, respectivamente, Apolônio Spadini e Adauto Colombo, em Capinzal e em Ouro. Mas, infelizmente, as águas de nosso Rio do Peixe deixaram de ser as mesmas. Houve o cresimento das cidades à montante e,  com isso,  a implantação de muitas indústrias, desde Caçador. E as lavouras da bacia hidrográfica passaram a utilizar defensivos agrícolas. Também se perdeu muito do respeito que se tinha pelas águas. E nossos rios ficaram  poluídos, sobraram poucos peixes. Também, com a danificação da barragem, menos água passou a ficar retida ali. E a paisagem perdeu muito de sua beleza.

          Gosto de lembrar e registrar essas atividades, pois refletem, além da história, as dificuldades que as pessoas tinham para algumas atividades que hoje são muito facilitadas pelas tecnologias. Bem melhor acionar o botão do automático da máquina de lavar do que ficar, algumas tardes por semana, ajoelhadas, com o corpo arcado sobre o lavador...

Euclides Riquetti
13/04/2013

Andar sobre as nuvens, sonhar

 


 


 



Andar sobre as nuvens, sonhar
Na flutuação divinamente algodoada
Na tarde azul e ensolarada
Deixar-se levar, viver,  embalar
Na tarde de outono encantada...

Andar sobre as nuvens alentadoras
Na imensidão do céu de azul pincelado
Na estação das folhas, no dia acanhado
Deixar-se afagar pelas vistas sedutoras
Na espera  da hora de um encontro almejado...

Andar sem corpo,sem peso,  sem volume
Apenas alma, olhos, coração
Apenas alma, olhos, paixão
Seguindo os rastros de teu perfume
Tentando me reencontrar da perdição...

Sim, apenas andar sobre as nuvens!

Euclides Riquetti

Busque, constantemente, a felicidade

 


 


 






Busque, constantemente, a sua felicidade
Busque encontrá-la perto ou na imensidão
Procure, na harmonia e na tranquilidade
Dar respostas ao que pede o seu coração.

Busque, firmemente, a sua felicidade
Busque alento para sua alma e seu ser
Procure nas pessoas a alegria e a bondade
Para reconquistar seu direito de reviver.

Busque, com toda a força de sua mente
Busque nas cidades, vilarejos ou no mar
Vá buscar respostas ao que você sente.

E, quando encontrar o que você procura
Comemore a alegria por de novo sonhar
Dissipadas que foram suas nuvens escuras!

Euclides Riquetti

Quando me deste o céu


 



Quando me deste o céu, eu te dei o mar
Quando me  deste o sol, eu te dei meu sorriso
Quando me deste as estrelas, eu te dei o luar
E descobri que tu és tudo de que eu tanto preciso.

Quando me propuseste sonhos, eu te permiti sonhar
Quando me disseste adeus, eu permiti o teu retorno
Quando me ofereceste carícias, te permiti me amar
E vi que tu és mais do que um simples adorno...

Quando a chuva molha as gramíneas e as plantas
Quando a chuva molha as pétalas das roseiras
Quando a chuva molha o corpo com que me encantas

Eu me entrego em divagações ternas e saudosas
Eu me inspiro em suas risadas doces e faceiras
Eu me perco em suas curvas belas e formosas.

Euclides Riquetti

domingo, 15 de dezembro de 2024

Deixe-me beijar teu sorriso largado

 






Deixe-me beijar o teu sorriso largado
Sentir o perfume dos teus cabelos escuros
Abraçar o teu corpo docemente adocicado
Acariciar os teus pensamentos puros...

Deixe-me apalpar a tua leve respiração
Afagar os teus olhos quando lacrimejam
Encostar meu peito ansioso no teu coração
Sentir teus sentimentos que marejam.

Deixe-me dizer-te palavras bem sensuais
E sentir a reação de teu íntimo entristecido
Sentir as sensações inesperadas e casuais

Deixe-me escrever-te versos livremente
Declarar-te o amor mais profundo já sentido
Deixe-me cortejar-te sempre, infinitamente.

Euclides Riquetti