A privacidade,
mais do que um direito legal, é um direito natural do ser humano. A exposição
ao ridículo, também, é uma agressão violenta ao ser humano. Em ambos os casos,
e em muitos outros, configura-se a falta de respeito. E, a eliminação de seres
que não podem se defender, é um crime.
Uma notícia
vazada em Santa Catarina, deu-nos conta de que uma menina sofreu estupro, e uma juíza, mais uma promotora da Vara da Infância, a aconselharam a não abortar a criança, pois
que a gravidez já apresentava 29 semanas e já não seria a eliminação de um
feto, mas sim de um pequeno ser já formado. A questão já vinha sendo tratada 5
semanas antes no âmbito judicial. Muita gente atirando pedras na juíza,
prejulgando-a, sem sequer conhecer o caso a fundo, apenas baseando-se num áudio
vazado. Críticas baseadas em uma informação fracionada, fora do seu contexto.
Uma semana
depois, outra informação vazada, de que uma jovem atriz brasileira, que sofrera
abuso sexual, teve o bebê e colocou para adoção. Muita especulação, a exposição
da jovem em todas as mídias possíveis, uma agressão ao ser humano. Mas teve a
criança, que deu em adoção regular.
Duas situações
que têm uma origem semelhante, mas uma condução diferente. No primeiro caso,
por ser uma infante, não houve divulgação do seu nome. No segundo, por ser uma
pessoa com alguma notoriedade no meio artístico, e sendo maior em idade, saiu a
divulgação, com foto da mãe e tudo. Falo
dos fatos e preservo as pessoas, pois meu objetivo não é dar mais espaço a
situações que nem deveriam ser trazidas a público, mas devo perguntar,
primeiro, por que não foram atrás de identificar o perfil dos estupradores, a
idade, a ocupação, qual o contato que tinham com suas vítimas, inclusive
dar-lhes o direito de se explicarem, se bem que no caso da infante, sendo
consensual ou não, o ato cometido foi ilegal. E ainda como as famílias tomaram
conhecimento dos fatos, quanto tempo levaram para tomar a decisão sobre o que
fazer diante da situação difícil, que ligação tinham com os acusados.
Agora que a
merda foi jogada no ventilador, e espalhou-se pelos ambientes mais nefastos da
comunicação, principalmente por ter sido politizada, por haver sido enquadrada
como questão religiosa ou ideológica, as autoridades têm obrigação de apurarem
todos os fatos precedentes e os consequentes, porque a sociedade não pode ficar
apenas na opinião de alguns que têm o privilégio de serem alimentadores de
informação aos meios de comunicação. Que apedrejaram pessoas que tentaram ajudar,
como foi o caso ocorrido com duas pessoas do judiciário catarinense. Opinião
sobre fatos e acontecimentos, as pessoas podem ter. Mas emitirem
prejulgamentos, sem antes verem apuradas as verdades, é agir muito mal.
A distribuição de renda no Brasil – Mais do que um intento positivo,
os projetos de distribuição de renda no Brasil sempre tiveram mais preocupação
político-eleitoral do que social. Sarney com seu “tudo pelo social”, FHC com
seus programinhas de ajuda na conta de luz e gás, Lula com as bolsas e, agora,
Bolsonaro, com auxílios sociais, muito preocupado com sua reeleição. Todos
programas com solução paliativa, jogando a encrenca para a frente, empurrando
com a barriga. É por isso que sou contra as reeleições, que poderiam ter sido
sepultadas e não o foram. Os parlamentares votam conforme sua posição no
momento, dependendo das circunstâncias e de seus interesses. Todas as medidas,
e as que serão aprovadas ainda neste ano, não passam de esmolas. A discussão
sobre isso deveria ser proibida em ano eleitoral, a validade de qualquer
programa novo deveria ser estabelecida para os primeiros dos anos de mandato. Ao contrário, cheirará sempre a interesse
eleitoral. E as bondades de hoje serão o tormento de amanhã.
A defasagem da
Tabela do Imposto de Renda - Se houvesse respeito com o cidadão brasileiro, a classe média deveria
ser salva, para que não se torne pobre também. Sempre se soube que a classe
média era a mola propulsora do nosso desenvolvimento, por diversos motivos. Mas
vejamos, por exemplo, o que vem acontecendo com a Tabela do Imposto de Renda
durante a vigência do Plano Real: Em 1994, o cidadão deveria ganhar oito salários mínimos por mês para pagar IR. Em
2010, três; em 2017, dois. A defasagem de sua correção está em 134 por cento. Então
você, que se acha líder político local ou regional, quando seu candidato a
Deputado ou Senador aparecer por aqui para lhe pedir apoio, vai se lembrar de
cobrar isso dele? Não seja mais um conivente com essa situação! Lembrando que, se
não for corrigida agora, no ano que vem, quem ganhar um salário mínimo e meio,
pagará Imposto de Renda. Horrível, né?!
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com