Sou antigo. Do tempo em que não tínhamos as facilidades de agora. Mas conseguíamos levar nossa vida. Sou do tempo em que:
. se adoçava o café com açúcar mascavo porque o branco era reservado para quanto "tinha visitas";
. óleo de soja ninguém conhecia e se consumia "Sol Levante" e "Pimor" fabricado com "caroço de algodão;
. azeite de oliva era chamado de "óio bom" (óleo bom) e era considerado remédio;
. toda a mãe preocupada com a saúde dos filhos lhes dava "Biotônico Fontoura ou Sadol";
. para dores em geral, comprava-se Melhoral ou Alicura na farmácia; mulheres consumiam Cibalena;
. garoto propaganda era o Mazaróppi; agora é o Neymar Júnior. Mas eu prefiro as com o Felipão e o Murtosa;
. Dona Flor tinha dois maridos; agora, muitas têm muitos e muitos têm muitas; outros, não têm nada ou ninguém porque "tudo é uma questão de preferência";
. nas listas de compras para ir às bodegas, chiquemente chamadas de "armazém de secos e molhados e armarinhos em geral", não poderia faltar: querosene, linha em carretel e retrós, sal amoníaco, café Sevezani ou Santini, colorau, bolacha "Maria", chimia, pimenta em grão e canela em rama. Coco ralado e margarina era coisa pra rico;
. carro era "auto", depois virou "possante", inflamante", carango, máquina, bólido; mas no Rio Grande continua sendo "auto";
. o sonho de consumo dos "que podiam" era ter um Jeep Willys. Quem comprava "Fuque", Sinca, Mercury, Chevrollet ou Ford, indispensavelmente, tinha que ter uma "jogo de correntes" guardado num saco no porta-malas para poder andar nas estradas enlameadas;
. gente fina usava camisa "Lunfor" das Casas Pernambucanas. Depois passaram a ficar "chiques" usando "Volta ao Mundo ou Volta ao Espaço"; roupas de Ban-lon, que deixava as mulheres belíssimas e elegantes e os rapazes "cheios de razão", também era coisa pra "gente fina";
. polenta a gente comia porque era comida "barata" e como havia sempre muitas bocas a alimentar e pessoas que precisavam de energia para o trabalho era indispensável. Hoje, é luxo; Pão de milho era feito mais para economizar trigo, mas já era muito gostoso, quentinho, com melado de cana ou mel;
Bem, você deve estar com uma lista de coisas em sua cabeça também. Cuide bem dela (da lista e da cabeça), pois agora, em que tudo acontece rapidamente, pode ser que ninguém mais saiba o que essas coisas representaram para você.
Um grande abraço!
Euclides Riquetti
. se adoçava o café com açúcar mascavo porque o branco era reservado para quanto "tinha visitas";
. óleo de soja ninguém conhecia e se consumia "Sol Levante" e "Pimor" fabricado com "caroço de algodão;
. azeite de oliva era chamado de "óio bom" (óleo bom) e era considerado remédio;
. toda a mãe preocupada com a saúde dos filhos lhes dava "Biotônico Fontoura ou Sadol";
. para dores em geral, comprava-se Melhoral ou Alicura na farmácia; mulheres consumiam Cibalena;
. garoto propaganda era o Mazaróppi; agora é o Neymar Júnior. Mas eu prefiro as com o Felipão e o Murtosa;
. Dona Flor tinha dois maridos; agora, muitas têm muitos e muitos têm muitas; outros, não têm nada ou ninguém porque "tudo é uma questão de preferência";
. nas listas de compras para ir às bodegas, chiquemente chamadas de "armazém de secos e molhados e armarinhos em geral", não poderia faltar: querosene, linha em carretel e retrós, sal amoníaco, café Sevezani ou Santini, colorau, bolacha "Maria", chimia, pimenta em grão e canela em rama. Coco ralado e margarina era coisa pra rico;
. carro era "auto", depois virou "possante", inflamante", carango, máquina, bólido; mas no Rio Grande continua sendo "auto";
. o sonho de consumo dos "que podiam" era ter um Jeep Willys. Quem comprava "Fuque", Sinca, Mercury, Chevrollet ou Ford, indispensavelmente, tinha que ter uma "jogo de correntes" guardado num saco no porta-malas para poder andar nas estradas enlameadas;
. gente fina usava camisa "Lunfor" das Casas Pernambucanas. Depois passaram a ficar "chiques" usando "Volta ao Mundo ou Volta ao Espaço"; roupas de Ban-lon, que deixava as mulheres belíssimas e elegantes e os rapazes "cheios de razão", também era coisa pra "gente fina";
. polenta a gente comia porque era comida "barata" e como havia sempre muitas bocas a alimentar e pessoas que precisavam de energia para o trabalho era indispensável. Hoje, é luxo; Pão de milho era feito mais para economizar trigo, mas já era muito gostoso, quentinho, com melado de cana ou mel;
Bem, você deve estar com uma lista de coisas em sua cabeça também. Cuide bem dela (da lista e da cabeça), pois agora, em que tudo acontece rapidamente, pode ser que ninguém mais saiba o que essas coisas representaram para você.
Um grande abraço!
Euclides Riquetti
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!