sexta-feira, 2 de junho de 2023

Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real Porto União da Vitória - aconteceu há 50 anos!


Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real!

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Colégio Cid Gonzaga - Porto União - foto da época


Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real Porto União da Vitória - aconteceu há 50 anos!

          Dois de junho de 1973 - sábado. Dia de Festa Junina em Porto União, no Colégio Cid Gonzaga. Toda a juventude das cidades gêmeas do Iguaçu estava ansiosa para que esse dia chegasse. É que acontecia uma festa muito badalada por lá. Além dos folguedos, dança na sala do auditório. Talvez que essa fosse a parte mais esperada da festa...

          O Professor Welcedino, um "serra-abaixo" catarinense gostava de ter tudo bem organizado. A festa era muito esperada. Quadrilhas de danças, quentão, pipoca, pinhão, doce de abóbora, amendoim, pé-de-moleque... Foguetes espocando no ar. As rádios Colmeia, Difusora e União com seus locutores falando do evento. Os jornais "O Comércio", "Caiçara" e "Traço de União" dando força. E nós, jovens, na expectativa.

          Mandei uma carta para minha irmã Iradi convidando-a. Veio com a prima Salete Baretta. Foram hospedar-se na casa da prima Gena Casara que estava estudando por lá. Chegaram na sexta à tarde. Tudo preparado para irmos à Festa no sábado. Imperdível.

          Mas um imprevisto quase que atrapalha nossos planos. Nosso colega da República Esquadrão da Vida, o Celso Lazarini, o Breca, nascido no hoje Lacerdópolis (quando ainda petencia a Capinzal) e que  morou na casa do Serafim Andrioni, no Ouro, e em 1968 trabalhava nas Casas Eduardo, em Capinzal, estava machucado.  Agora era o melhor goleiro de futsal em União da Vitória, fora profissional no futebol de campo. Pois na  sexta levou  um chute no nariz, na Quadra do Túlio de França.  O Dorinho  ia fazer o gol, o Breca foi brecar e o pé do artilheiro arrebentou o nariz de nosso colega. Emergência, cirurgia. Ficamos todos muito preocupados. Víamos o sofrimento do amigo e tínhamos nossa programação de lazer. Não queríamos perder a festa,  nem deixar o amigo sozinho em casa naquele sábado. Precisava de cuidados. Ele dizia que podíamos ir, que ele mesmo se cuidava. Gentil como sempre. É assim até hoje.

          Pertinho de casa havia um salão de estética, o "Silhueta". A Zina, a Célia comandavam. A Ivone, cunhada da irmã da Zina, estava sob seus cuidados. Eram minhas amigas. A Zina estava chorosa, de mal com a vida, deprimindo-se. Pedi-lhe um favor. Perguntei-lhe se poderia cuidar do Breca naquela noite para que pudesse participar da festa junina no Cid. Disse-lhe que ele estava machucado e precisava de cuidados. Pensei que um podia cuidar do outro. Aceitou que eu o deixasse em sua casa. Cuidaria dele. E assim o fez.

          Fomos com os colegas, o Osvaldo e os dois  Odacir, o Giaretta e o Contini, mais  minha irmã  e a prima para a festa. Eu de braços dados com minha irmã. O Boles não foi, tinha que ficar no ponto de táxi com seu Corcel 4 portas. Era um horário bom pra ganhar uma graninha.
Na chegada, percebi que havia uma bela garota com quem eu tinha dançado no "Clube 25"  duas semanas antes. Ela deve ter-se decepcionado comigo, pois eu estava de braços dados com uma de quase minha altura. Não sabia ela que era minha irmã que estava comigo.  Adiante, contou-me que pensou que era minha namorada...

         Na dança, muita animação na sala do auditório. Um colega meu era Cabo do Exército Brasileiro, do 5º BE, de Porto União, Odacir Contini. Educado, respeitava as regras dos militares. Quando íamos ao cinema, com os Cabos Frarom (Leo Fra) ,  Backes, Godói, Figueira ou Maciel, tínhamos que sentar atrás de qualquer oficial superior deles. Então, no Cine Ópera, entrávamos olhando para as cadeiras e precisávamos  ir ao fundo do cinema ver os filmes e respeitar essa regra hierárquica. Nenhum subalterno podia sentar à frente de um superior.  Pois bem, o Contini falou-me: "Vou tirar aquela morena que está com a Dora pra dançar. E, educadamente, deu a volta por detrás dos  presentes, pois havia um sargento no local.

          Quando vi que era a garota que eu conhecera poucas  semanas antes, cortei caminho pelo meio do salão. Eu não era militar, não  tinha superior, podia ir por onde bem entendesse. E, quando ele lá chegou, eu já estava com ela. E dançamos. Dançamos, dançamos  muito, rimos, contei-lhe piadas.

           Hoje, mais de 50 anos depois, continuamos a dançar, juntos. Temos três  filhos, uma neta, um neto... Dois genros, uma nora!

           E o Breca e a Zina?    Bem, ela cuidou dele até há pouco tempo. E foi morar no céu! A Marcela, filha deles, está na Holanda. O Breca  vende carros em sua loja numa bela esquina da ida para o Estádio do Ferroviário. É a Lazarini Automóveis. A Zina tinha seu salão ali perto do Clube Concórdia. Batalhou a vida toda com a mesma  A mesma disposição, a mesma silhueta, a mesma amabilidade e a mesma simpatia. Visitei-a em seus últimos anos. Rimos muito, contei para duas amigas dela essa história. Disseram-me que eu deveria escrever sobre isso. Então aqui está.

           Duas histórias que começaram no mesmo dia. E, mesmo com as dificuldades do dia-a-dia, com todas as barras enfrentadas, formamos nossas duas famílias. A Zina e o Breca, a Cachucha e o Cride.


Euclides Riquetti

Readaptado hoje, 022-06-2023
50 anos depois!

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